- Desde quando se diz que existe alcoolismo crônico?
- Diferenças entre alcoolismo crônico e outros tipos de consumo
- Consumo de risco
- Consumo prejudicial
- Alcoolismo
- Síndrome de dependência de álcool
- Sintomas de alcoolismo crônico
- Desejo forte de beber álcool
- Falta de controle sobre o consumo
- Síndrome de abstinência
- Tolerância
- Esquecimento frequente
- Interferência na vida diária
- Consequências do alcoolismo crônico
- Danos ao fígado
- Hipertensão
- Problemas digestivos
- Distúrbios alimentares
- Deficiência cognitiva
- Depressão
- Danos no sistema nervoso central
- Tratamento
- Referências
O alcoolismo crônico é caracterizado por dificuldade psicológica habitual e repetida para controlar o consumo de bebidas alcoólicas. Uma pessoa com esse vício é altamente dependente do álcool e o consome todos os dias em níveis perigosamente altos.
Em geral, a deterioração da capacidade de controlar o consumo de álcool pode ser intermitente e muito leve nos estágios iniciais da doença. Quando você começa a beber, e mesmo durante os primeiros anos de consumo excessivo de álcool, a incapacidade de parar de beber geralmente não é muito alta.
No entanto, com o passar dos anos e o álcool continuar a ser consumido de forma patológica, a incapacidade de controlar o consumo pode tornar-se contínua e intensa, levando à dependência absoluta dessa substância.
Desde quando se diz que existe alcoolismo crônico?
Obviamente, dizer que uma pessoa que bebe há um ano sofre de alcoolismo crônico é inapropriado, pois o padrão de consumo ainda não se tornou crônico.
Esse fato levanta a opção de que a pessoa que consome álcool há alguns anos ainda não é alcoólatra, uma vez que não apresenta uma clara dependência do consumo de álcool.
Agora, por que essa pessoa continua bebendo álcool? O que o leva a continuar consumindo por tantos anos até chegar ao estado de alcoolismo crônico?
Essas questões são de difícil resposta, pois muitos são os fatores que podem ter um papel importante no desenvolvimento desse fenômeno, porém, o fato de haver tantos casos de alcoolismo crônico levanta a possibilidade de que o consumo de álcool pela primeira vez já constitua. uma primeira fase da doença.
Da mesma forma, ao se deparar com uma pessoa que sofre de alcoolismo crônico e que há 30 anos consome álcool de forma patológica, sua patologia não pode ser entendida como uma situação nova.
Ou seja, não se pode dizer que o alcoolismo começa no momento em que se observa uma clara dependência da substância na pessoa, pois antes que isso ocorresse a pessoa já consumia patologicamente há muitos anos.
Assim, o alcoolismo crônico é uma doença que se instala no momento em que o uso de álcool por uma pessoa pode ser diagnosticado como crônico e mostra sinais de dependência de substâncias, mas que começa muito antes.
Para definir com precisão o conceito de alcoolismo, é conveniente distingui-lo e relacioná-lo a outros problemas relacionados ao consumo de álcool.
Diferenças entre alcoolismo crônico e outros tipos de consumo
Consumo de risco
O consumo de álcool de risco é considerado aquele que ultrapassa os limites do consumo prudente e que aumenta o risco de padecer de doenças, acidentes, lesões ou perturbações mentais ou comportamentais.
Em valores qualificativos, esse consumo foi definido como um consumo quase diário de mais de 40g de etanol por dia, ou seja, o equivalente a 4 Unidades Padrão de Bebida (UBEs) por dia.
Consumo prejudicial
De acordo com o manual da OMS para o diagnóstico de doenças mentais, o consumo nocivo é aquele tipo de consumo de álcool que já afetou a saúde física ou mental.
Esse padrão de consumo não atende aos critérios diagnósticos para dependência de álcool e baseia-se em um consumo regular superior a 60 gramas por dia nos homens e 40 nas mulheres.
Pessoas que apresentam esse padrão de consumo podem obter um grande benefício para sua saúde se conseguirem reduzir seu consumo, mas se não o fizerem, têm grandes chances de desenvolver dependência da bebida e apresentar alcoolismo.
Alcoolismo
O alcoolismo se refere àquelas pessoas que já desenvolveram uma dependência grave do álcool e não podem retornar ao consumo moderado ou têm a capacidade de reduzir ou eliminar a ingestão de álcool.
Para chegar a essa situação de alcoolismo, são necessários vários anos de consumo contínuo de álcool, apresentando os padrões de ingestão mencionados acima.
Síndrome de dependência de álcool
Essa síndrome é caracterizada pela apresentação de uma série de manifestações fisiológicas, comportamentais e cognitivas em que o consumo de álcool adquire a maior prioridade para o indivíduo.
Nestes casos, a pessoa apresenta uma série de sintomas ao não consumir álcool e apresenta uma sensação constante de desejo e necessidade de ingerir bebidas alcoólicas.
O desenvolvimento desta síndrome é geralmente muito mais lento do que o observado com outras drogas, por isso aparece em média após 30-40 anos de uso. No entanto, mudanças nos padrões de consumo e uso anterior ou simultâneo de outras substâncias podem motivar um desenvolvimento mais rápido da dependência.
Sintomas de alcoolismo crônico
Como vimos anteriormente, o alcoolismo constitui uma dependência e vício físico do álcool.
Esta situação a que uma pessoa pode chegar, surge depois de muitos anos em que existe um consumo impróprio e excessivo de álcool.
Da mesma forma, para definir a presença de alcoolismo crônico, os seguintes sintomas devem estar presentes continuamente.
Desejo forte de beber álcool
A pessoa deve vivenciar um desejo interpretado como necessidade de consumir álcool.
Normalmente, essas sensações levam automaticamente ao consumo, momento em que a necessidade de beber álcool diminui.
No entanto, nos momentos em que o álcool não é consumido, o desejo de ingerir bebidas alcoólicas aumenta progressivamente.
Falta de controle sobre o consumo
Em geral, uma pessoa com um padrão de consumo inadequado tem algumas dificuldades em controlar a ingestão de álcool.
No entanto, no alcoolismo crônico há um descontrole absoluto no consumo de substâncias alcoólicas, referindo-se tanto à necessidade de iniciar o consumo de álcool quanto à impossibilidade de suspender ou reduzir esse consumo.
Síndrome de abstinência
É um dos principais sintomas para determinar a presença de alcoolismo crônico.
Nestes casos, a pessoa apresenta uma série de sensações físicas incômodas, bem como alterações comportamentais e / ou emocionais nos momentos em que não consome e em que seus desejos de beber álcool não podem ser satisfeitos.
Tolerância
Esse sintoma não é exclusivo do alcoolismo crônico, pois uma pessoa que não tem uma dependência clara do álcool, mas que consome essa substância regularmente, também pode apresentá-lo.
Porém, no alcoolismo crônico existe uma alta tolerância à substância, de tal forma que a pessoa necessita consumir maiores quantidades de álcool para atingir os mesmos efeitos que antes alcançava com doses menores.
Esquecimento frequente
É bastante comum que o alcoolismo crônico apareça falhas na memória e no funcionamento cognitivo da pessoa.
Lapsos, esquecimento repentino ou lacunas de memória podem aparecer, especialmente nos momentos de maior consumo.
Interferência na vida diária
Para poder falar em alcoolismo crônico, o consumo tem que interferir no funcionamento normal da pessoa.
Desta forma, o consumo excessivo de álcool pode afetar diferentes áreas como social, trabalho, acadêmico ou familiar.
Consequências do alcoolismo crônico
O alcoolismo crônico é uma das condições que constituem os maiores riscos para a pessoa.
Desta forma, sofrer de alto consumo de álcool e dependência por muito tempo dessas substâncias pode levar a graves doenças de saúde, bem como transtornos mentais e problemas sociais.
No que se refere ao componente físico da pessoa, o alcoolismo crônico é um fator de risco para muitas doenças e distúrbios do organismo.
Danos ao fígado
Provavelmente, o órgão mais afetado pelo consumo crônico de álcool é o fígado, pois é o órgão responsável pela metabolização dessa substância no organismo.
Assim, o alcoolismo crônico pode afetar o fígado de várias maneiras, causando alterações como a doença hepática alcoólica, cujos danos podem variar desde a inflamação do fígado até o desenvolvimento de doenças muito mais graves, como a cirrose.
Hipertensão
O consumo de álcool é um dos principais inimigos da hipertensão, por isso o alcoolismo crônico é o principal fator de risco para o desenvolvimento dessa doença.
Problemas digestivos
O álcool é uma substância altamente irritável para o sistema digestivo, ataca a mucosa digestiva e pode causar distúrbios como azia, vômitos ou úlceras hemorrágicas.
Dessa forma, as pessoas que sofrem de alcoolismo crônico costumam ter muitos problemas digestivos e alterações em seu funcionamento.
Distúrbios alimentares
O abuso de álcool diminui a absorção de muitas vitaminas e minerais, portanto, o alcoolismo crônico geralmente leva à deterioração acelerada do corpo.
Pessoas com alcoolismo crônico geralmente apresentam anemia megaloplástica, osteoporose e níveis baixos de açúcar no sangue regularmente.
Deficiência cognitiva
Ao contrário de outras doenças que podem ser mais ou menos previsíveis, o alcoolismo crônico sempre acaba resultando em uma diminuição da capacidade intelectual da pessoa.
As alterações intelectuais que o consumo crônico de álcool pode produzir costumam ser variáveis, porém raramente são observados casos de alcoolismo crônico sem alterações no funcionamento cognitivo.
O comprometimento cognitivo pode variar desde a diminuição da capacidade de memória ou esquecimento frequente, até o desenvolvimento de demência franca.
Depressão
O alcoolismo envolve uma série de circunstâncias que provocam uma redução do círculo social e um isolamento progressivo da pessoa.
Muitos estudos mostraram a forte correlação entre alcoolismo e depressão.
Em geral, as pessoas com alcoolismo crônico ficam deprimidas e são invadidas por sintomas como sentimentos de tristeza, apatia e diminuição da energia.
Danos no sistema nervoso central
Finalmente, o álcool causa danos irreparáveis ao sistema nervoso humano, razão pela qual as pessoas que sofrem de alcoolismo crônico freqüentemente apresentam sintomas como tremores, falta de coordenação e manifestações parkinsonianas.
Tratamento
O tratamento do alcoolismo crônico não é uma tarefa fácil e requer muito esforço por parte da pessoa afetada para ser superado.
No entanto, alguns estudos, como o realizado por Antonio Gual do Hospital Clínic de Barcelona, mostraram como, ao contrário da crença popular de que o alcoolista recai inexoravelmente no consumo, se o tratamento adequado for aplicado, o alcoolismo crônico pode ser superar.
As estratégias terapêuticas que se mostraram eficazes para o tratamento do alcoolismo crônico têm sido a psicoterapia e a farmacoterapia.
Em relação aos medicamentos, recomenda-se o uso de benzodiazepínicos, clometiazol e tetrabamato na fase de desintoxicação e dissulfiram e cianamida de cálcio na fase de manutenção e cessação.
Porém, para alcançar efeitos em longo prazo, esse tratamento deve ser acompanhado de psicoterapia, que se baseia em fornecer ao indivíduo estratégias que reduzam o desconforto produzido pela abstinência, evitem comportamentos de consumo e aumentem a motivação para a mudança.
Referências
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