- Características das deformações cranianas
- Achatamento
- Curativo
- História
- Culturas que usaram esta técnica
- Paracas
- Nazcas
- Incas
- Maias
- Referências
As deformações cranianas eram formas artificiais de modificar intencionalmente o crânio. Era feito através da utilização de diversos dispositivos de deformação como pranchas de madeira, bonés ou bandagens com aplicação de força.
Esse procedimento estético ocorreu durante a infância da pessoa submetida à distorção craniana. Durante a infância, a estrutura óssea do crânio é mais macia e mais maleável. Portanto, a cabeça era mais fácil de modificar.
Museu de Lima. Amostra de crânios deformados.
Existem quatro formas possíveis de deformação craniana: achatamento, alongamento, formato redondo causado por bandagens de tecido e formato de cone. O achatamento e o alongamento ocorrem enfaixando duas placas em ambos os lados da cabeça.
As várias culturas indígenas latino-americanas praticavam esse tipo de tradição como um símbolo de beleza e poder. Esses grupos incluem os Paracas, os Incas, os Nazcas, os Maias, entre outros.
Geralmente, a bandagem da cabeça e outros métodos de deformação craniana começam no momento em que a criança nasce e continuam por cerca de seis meses.
Características das deformações cranianas
As deformações cranianas também são conhecidas como achatamento ou bandagem na cabeça. Eles ocorrem quando a criança é submetida a um processo de moldagem do crânio por vários métodos.
A distorção craniana deve ser realizada em idade precoce, ainda na época do nascimento da criança, quando os ossos da cabeça estão mais macios e permitem essa modificação.
Na idade adulta não é possível fazê-lo, devido à dureza do crânio quando totalmente formado. Isso é feito por meio de várias técnicas.
Achatamento
O achatamento da cabeça era feito com tábuas de madeira dura, o que causava um efeito alongado no crânio. Por um longo período, a cabeça foi pressionada contra as pranchas, uma pela frente e outra por trás.
Algumas tribos nativas pré-colombianas e os Estados Unidos usaram um dispositivo de madeira no berço para moldar o crânio das crianças.
Curativo
Outra técnica consistia em enfaixar a cabeça da criança com força para produzir o efeito de um crânio cilíndrico. Com a mesma técnica de colocação de bandagens na cabeça, a cabeça foi moldada em forma de cone.
Este era um método perigoso; se o curativo estivesse muito apertado, a criança corria o risco de morrer, conforme comprovado em várias escavações arqueológicas nos Andes.
História
A moldagem ou deformação da cabeça foi praticada ao longo da história por muitos povos da América, África, Europa, Ásia e Oceania, simultaneamente.
Até mesmo algumas tribos na República do Congo e Vanuatu ainda o praticam. Isso indica que a técnica foi inventada mais de uma vez por diferentes culturas.
Os dados arqueológicos conhecidos até o momento indicam que a prática das deformações cranianas vem sendo realizada há cerca de 45 mil anos em diversos locais do planeta.
Outros registros antigos datados da época de Hipócrates em 400 aC descrevem a forma dos crânios de uma tribo africana chamada Macrocéfalo ou Cabeças Longas.
As razões para fazê-los eram estéticas ou um símbolo de poder. Cerca de 2.000 anos atrás, a deformação da cabeça era comum entre as tribos de caçadores-coletores da Patagônia.
Culturas que usaram esta técnica
Vários povos e culturas recorreram historicamente à prática da deformação craniana. Tudo por questões de status e estéticas, tanto no continente americano quanto na África.
O formato da cabeça foi alterado de acordo com a vontade dos pais das crianças, algumas eram largas, outras alongadas. Para isso, diferentes ferramentas e métodos foram utilizados. Também havia variações entre uma cultura e outra.
Estes foram alguns dos povos pré-colombianos que a praticavam:
Paracas
Os Paracas foram um povo que viveu na costa do Peru ao sul de Lima, entre 700 aC e 100 dC, segundo estudos antropológicos realizados.
Em escavações arqueológicas há evidências da prática de deformação da cabeça por meio da técnica de bandagem. Mas, essa prática foi reservada para a nobreza como um símbolo de status e distinção.
Os crânios deformados foram encontrados em vários cemitérios indígenas, especificamente em Chongos, um local próximo à cidade de Pisco, localizado ao norte da cidade portuária de Paracas.
Eles são conhecidos como cabeças longas por causa de sua aparência tubular. São maiores do que uma cabeça normal, com capacidade craniana de 1,5 litros. A média de uma cabeça atual é de 1,4 litros ou cm3.
Na cultura Paracas utilizava-se uma almofada preenchida com lã que era colocada no osso frontal e outra bolsa de tecido preenchida com lã também na região occipital, ambas amarradas com cordas. Enquanto isso, a criança foi imobilizada em um envoltório em seu provavelmente berço suspenso.
O chapéu de malha ou turbante (llauto) era usado nas costas e na nuca com bolinhas que deformavam a região occipital. Era usado contra um travesseiro de lã cheio de lã ou cabelo de vicunha.
Nazcas
O Paracas se fundiu com o Nazca. Este povo peruano viveu aproximadamente 1200 anos AC.
Eles usaram artefatos parecidos com paracas, como o turbante para causar deformação craniana em abóbada alta e as almofadas que foram colocadas na parte frontal e occipital da criança.
Os principais achados de crânios com deformação da cultura Nazca foram feitos nos cemitérios de Montegrande, Callango Tunga, Laramate e Palpa.
Incas
Os incas também fizeram modificações cranianas como símbolo de status social. Geralmente, era usado para distinguir a nobreza. Pessoas de classe alta tinham uma cabeça tubular ereta.
Essa cultura usava o método do berço e do llauto para causar deformações cranianas. Nos primeiros anos da Colônia, os conquistadores espanhóis perceberam esse costume.
Em 1576, o I Conselho Provincial de Lima promulgou leis para combater “a superstição de formar cabeças”, devido à morte de muitas crianças.
Três anos depois, o vice-rei do Peru, Francisco de Toledo, ordenou que "nenhum índio, nem mesmo índio, apertasse a cabeça de criaturas recém-nascidas" porque seus crânios estavam crescendo, causando-lhes danos irreparáveis.
O Oruro da Bolívia, outra cultura pré-colombiana, também praticava deformações cranianas como símbolo de classe social.
A aristocracia indígena tinha cabeça tubular ereta e os da classe média tinham cabeça tubular oblíqua. O resto tinha uma cabeça em forma de anel.
Maias
Para os antigos maias, a prática da deformação craniana era um símbolo de beleza.
Os crânios conservados no Museu da Cultura Maia de Mérida (Yucatán, México) mostram os métodos usados pelos aborígenes mesoamericanos para realizar essas deformações.
Inicialmente, acreditava-se que os maias deformavam seus crânios alongando-os para usar grandes cocares. Mas, mais tarde, mais crânios com deformações de formas mais arredondadas foram encontrados.
Os maias usavam a técnica de esmagar a cabeça, usando tábuas de madeira amarradas firmemente na cabeça da criança na frente e atrás. Eles também arredondaram o crânio usando bandagens.
Referências
- Por que e como algumas culturas antigas deformaram os crânios de bebês? Obtido em 12 de fevereiro de 2018 em bbc.com.
- O enigma dos olmecas e as caveiras de cristal (PDF). Recuperado de books.google.co.ve.
- Allison, Marvin J. e outros (PDF): A prática da deformação craniana entre os povos andinos pré-colombianos. Recuperado de books.google.co.ve.
- Borja Villanueva, César Andrés e Gálvez Calla, Luis H (PDF): Deformações de cabeça artificial no Peru antigo. Recuperado de google.co.ve.
- A deformação craniana como ideal de beleza dos maias. Recuperado de ellitoral.com.