- Morfologia
- Fêmea
- Masculino
- Ciclo biológico
- Transmissão
- Sintomas de infecção
- Diagnóstico
- Observação direta do verme
- Exame de sangue
- Reação em cadeia da polimerase (PCR)
- Tratamento
- Referências
Loa loa é uma espécie de lombriga que pertence ao filo Nematoda. É um parasita que afeta o homem, causando uma doença conhecida como loasis, também conhecida como filariose subcutânea.
Tem esse nome porque o parasita vive no tecido subcutâneo do hospedeiro. Além de Loa loa, existem também outros nematóides que causam filariose, como o Onchocerca volvulus.
Loa vista ao microscópio. Fonte: Michael Wunderli
-Espécies: Loa loa.
Morfologia
Loa loa é um verme nematóide e, como tal, tem uma forma cilíndrica alongada. Eles são dióicos, o que significa que os sexos são separados. Apresentam também dimorfismo sexual, de forma que o feminino e o masculino apresentam certas diferenças que permitem distingui-los.
O corpo desses vermes é dividido em três áreas ou zonas: uma cabeça simples, um corpo e uma cauda que termina em uma ponta romba. Além disso, são constituídos por uma espécie de cobertura protetora composta principalmente por colágeno.
Em termos de cor, são na sua maioria pálidos, de cor esbranquiçada.
Fêmea
Tal como acontece com muitos parasitas, as fêmeas de Loa loa são maiores que os machos. Eles podem medir até 8 cm de comprimento. Sua cauda é reta.
Internamente, seu sistema reprodutivo é composto por dois ovários, dos quais emergem dois ovidutos que se comunicam com o útero, que deságuam no poro genital.
Masculino
Os machos são menores do que as fêmeas. Eles medem até 3 cm. Sua cauda desenvolve uma curvatura ventral característica. Eles também têm duas espículas.
Seu sistema reprodutivo é composto de um testículo que deságua na vesícula seminal. Daí vem o ducto ejaculatório, que se abre para o exterior do animal na cloaca.
Ciclo biológico
Como é bem sabido, os parasitas requerem certas condições e elementos para que seu ciclo de vida se desenvolva com sucesso. Entre esses elementos são de vital importância um hospedeiro e um vetor. Bem, Loa loa não é exceção.
No caso particular desse parasita, o vetor é representado por um inseto, uma mosca pertencente ao gênero Chysops. É hematofogênico, ou seja, se alimenta do sangue que obtém pela picada de indivíduos como os humanos. Este constitui o hospedeiro por excelência deste parasita.
Este parasita possui três formas larvais: microfilárias (L1), labditiforme (L2) e filariforme (L3). As microfilárias são produzidas dentro do ser humano e posteriormente sofrem sua metamorfose dentro da mosca.
Uma vez esclarecido isso, o ciclo biológico de Loa loa trata do fato de que os seres humanos infectados pelo parasita têm microfilárias circulando em sua corrente sanguínea. Quando uma mosca pica você e suga seu sangue, ela também suga essas microfilárias.
Ciclo de vida Loa loa. Fonte: CNX OpenStax
No trato digestivo da mosca, as microfilárias perdem sua cápsula protetora e se movem em direção aos músculos torácicos. Lá ele sofre um processo de metamorfose, passando pelos estágios L2 (labditiforme) e L3 (filariforme).
As larvas L3 movem-se dos músculos do tórax em direção à tromba da mosca. A probóscide é um órgão alongado que alguns invertebrados usam para sugar. No caso das moscas, usam-no para sugar o sangue dos animais que picam.
Ao picarem um ser humano saudável, as larvas filariformes (L3) aproveitam o ferimento feito pelo inseto para entrar no corpo do hospedeiro.
Dentro do corpo humano, a larva viaja para o tecido subcutâneo. Lá eles passam por uma nova metamorfose e se transformam em um indivíduo adulto.
Os adultos acasalam e são capazes de produzir microfilárias (L1). As microfilárias foram coletadas do líquido cefalorraquidiano, urina e pulmão em pessoas infectadas. Eles também circulam no sangue durante o dia.
Quando uma mosca pica uma pessoa infectada, ela adquire as larvas L1, reiniciando o ciclo.
Transmissão
Como já explicado na descrição do ciclo biológico de Loa loa, esse parasita é transmitido pela picada de moscas do gênero Chysops. Isso ocorre porque quando picam a pessoa, depositam ali as larvas do parasita e aproveitam para entrar na corrente sanguínea.
Não há registro de casos de transmissão direta de um ser humano para outro, portanto esse mecanismo de transmissão está totalmente descartado.
Sintomas de infecção
A doença que causa Loa loa é conhecida pelo nome de loasis. É uma infecção que atinge principalmente o tecido subcutâneo do corpo, pois é onde o parasita se reproduz.
O período de incubação é de aproximadamente três meses. Após esse período, a pessoa infectada começa a manifestar alguns sintomas e sinais.
Entre os sinais mais característicos dessa infecção está o chamado edema de Calabar. É caracterizada por ser uma área em que há edema (inflamação) sem vermelhidão. Essa inflamação é subcutânea e muito extensa, podendo medir até 20 cm.
Além disso, antes que o edema apareça, você pode sentir prurido (coceira), queimação e dor. O edema do calabar se desenvolve principalmente na face, punhos e tornozelos, especificamente ao nível das articulações. Sua duração é variável, de horas a semanas. Quando o edema desaparece, é muito provável que reapareça, mas em outro local.
Ao nível do sangue, a pessoa afetada sofre de eosinofilia. Isso significa que os eosinófilos (um tipo de célula do sangue) aumentam sua concentração no sangue. Isso ocorre porque essas células têm, entre uma de suas inúmeras funções, o combate a infecções por parasitas.
Da mesma forma, as formas adultas do parasita tendem a causar certas reações locais onde são encontradas. Um dos tecidos favoritos desses vermes é a conjuntiva ocular. Quando isso ocorre, a pessoa sente lacrimejamento, formigamento e sensação de corpo estranho.
Quando a infecção progride, complicações são possíveis em nível renal, neurológico, pulmonar e cardíaco.
A gravidade da infecção depende principalmente do estado do sistema imunológico da pessoa afetada e do grau de imunidade ao parasita. Por exemplo, em regiões onde o loasis é endêmico, é possível encontrar microfilárias no sangue de seus habitantes, sem que estes apresentem sintomas ou sinais.
Diagnóstico
O diagnóstico de loase pode ser dado por vários mecanismos:
Observação direta do verme
O médico pode ver a forma adulta do verme na conjuntiva ou na pele do paciente.
Exame de sangue
Este é o teste mais usado para diagnosticar a infecção de Loa loa. Para realizá-lo, é necessário colher uma amostra de sangue do paciente. Deve ser feito entre 10h00 e 14h00, pois é o horário em que há maior concentração de microfilárias no sangue.
Reação em cadeia da polimerase (PCR)
Este é um teste de diagnóstico molecular altamente especializado. Graças a isso, é possível detectar diretamente o DNA do parasita, bem como quantificar a quantidade de parasitas que existem. É um exame extremamente caro que deve ser realizado em centros especializados. Não é comumente feito para diagnosticar infecções.
Microfilaria no sangue. Fonte: Stefan Walkowski
Tratamento
O medicamento usado para tratar infecções por Loa loa é a dietilcarbamizina. Isso nada mais é do que um anti-helmíntico (antiparasitário) usado para tratar infecções causadas por alguns nematóides, como Loa loa.
Porém, o esquema de tratamento da loasis é um tanto complexo, pois o comportamento a ser seguido depende de vários fatores.
O fator mais importante é o número de parasitas por mililitro de sangue. Em pacientes cuja concentração é superior a 8.000 microfilárias por mililitro, não é aconselhável iniciar o tratamento com dietilcarbamizina diretamente.
Isso porque os parasitas, quando atacados, liberam certas substâncias que podem desencadear reações terríveis no paciente, como a encefalopatia.
Em pacientes com alto nível de microfilárias no sangue, é comum submetê-los ao tratamento com albendazol por um período de 21 dias para reduzir o número de parasitas.
Uma vez que a carga parasitária atinge níveis mais controláveis, aplica-se o tratamento com dietilcarbamizina, sempre com os devidos cuidados e monitoramento.
Referências
- Agbolade O., Akinboye D. e Ogunkolo O. (2005) Loa loa e Mansonella perstans: infecções humanas negligenciadas que precisam de controle na Nigéria, Afr. J. Biotechnol. 4
- Akue, J. (2016). Loa loa Patogênese em humanos. Capítulo no livro: Infecções emergentes humanas: infecções virais e parasitárias. Primeira edição.
- Curtis, H., Barnes, S., Schneck, A. e Massarini, A. (2008). Biologia. Editorial Médica Panamericana. 7ª edição.
- Gómez, N., Primelles, R., Gómez, N., Pérez, H. e Tipantasig, W. (2015). Filariose Journal of Medical Sciences. 19 (1)
- Hickman, CP, Roberts, LS, Larson, A., Ober, WC, & Garrison, C. (2001). Princípios integrados de zoologia (Vol. 15). McGraw-Hill.
- Rajeev, J., Chen J., Butcher, A. e Casson, R. (2008). Verme Loa lloa subconjuntival. Jornal internacional de doenças infecciosas. 12 (6).