O Endolimax nana é uma ameba parasita intestinal que atinge apenas o intestino dos humanos. No entanto, é um parasita comensal não patogênico, o que significa que não causa danos consideráveis aos humanos.
A distribuição dessa ameba é cosmopolita, mas é mais provável de ser encontrada em ambientes quentes e úmidos. Sua prevalência é ainda maior em áreas com falta de higiene ou poucos recursos de saúde.
A rota de transmissão é por meio da ingestão de alimentos ou bebidas contaminados com cistos de ameba.
Sintomas
Embora não cause doença como outras amebas, casos de diarreia crônica, urticária, constipação, dor retal, vômito, entre outras condições, foram relatados em alguns pacientes contaminados com Endolimax nana.
É importante ressaltar que, de acordo com algumas pesquisas, a prevalência pode chegar a 30% em algumas populações.
Morfologia
Endolimax nana é a menor das amebas intestinais que infectam humanos, daí seu nome "nana". Esta ameba, como outras amebas intestinais, tem duas formas em seu desenvolvimento: o trofozoíto e o cisto.
Trofozoíta
O trofozoíto tem forma irregular e seu tamanho médio é bastante pequeno, 8-10μm (micrômetros). Possui um único núcleo, às vezes visível em preparações não coradas, e seu citoplasma tem uma aparência granular.
Cisto
O cisto é a forma infecciosa do Endolimax nana, sua forma é esférica e seu tamanho varia entre 5-10μm. Durante a maturação, os cistos totalmente desenvolvidos contêm 4 núcleos, embora alguns possam ter até 8 núcleos (formas hipernucleadas). O citoplasma pode conter glicogênio difuso e pequenas inclusões.
Ciclo de vida
Tanto os cistos quanto os trofozoítos desses microrganismos são transmitidos nas fezes e usados para o diagnóstico. Os cistos são geralmente encontrados nas fezes bem formadas e os trofozoítos são encontrados principalmente nas fezes diarreicas.
1-As fezes humanas infectadas contêm ambas as formas de ameba, trofozoítos e cistos.
2-A colonização do hospedeiro ocorre após a ingestão de cistos maduros presentes na comida, água ou qualquer objeto contaminado com matéria fecal.
3-No intestino delgado da pessoa infectada ocorre a excistação, que é a divisão do cisto maduro (com quatro núcleos) dando origem a 8 trofozoítos que migram para o intestino grosso. Os trofozoítos se dividem por fissão binária e produzem cistos. Finalmente, ambas as formas passam nas fezes para repetir o ciclo.
Devido à proteção conferida por suas paredes celulares, os cistos podem sobreviver por muitos dias, até semanas, fora já estão protegidos por sua parede celular. Os cistos são responsáveis pela transmissão.
Por outro lado, os trofozoítos não possuem aquela parede celular protetora que os cistos possuem, portanto, uma vez fora do corpo, eles seriam destruídos nessas condições. Se uma pessoa ingere comida ou água contaminada com trofozoítos, ela não sobreviverá ao ambiente ácido do estômago.
Diagnóstico
A confirmação da parasitose é feita pela identificação microscópica de cistos ou trofozoítos em amostras de fezes. No entanto, cistos e trofozoítos vivos são difíceis de diferenciar de outras amebas, como Entamoeba histolytica, Dientamoeba fragilis e Entamoeba hartmanni.
Os cistos podem ser identificados em preparações de montagem úmida concentradas, esfregaços corados ou outras técnicas microbiológicas. Os cistos ovoides típicos são facilmente identificados em amostras de fezes com iodo e hematoxilina.
A importância clínica do Endolimax nana é diferenciá-lo de amebas patogênicas como a E. histolytica. Como E. nana é comensal, o tratamento específico não é indicado.
Referências:
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