Os principais recursos naturais do Uruguai são fauna e flora, uso do solo, mineração e energia hidrelétrica. O Uruguai ocupa o 50º lugar mundial em riqueza de recursos naturais per capita e é o segundo menor país das Américas, com uma área de apenas 176.215 km 2 (Lanzilotta e Zunino, 2015).
Ele está localizado ao norte do Rio da Prata (Figura 1). Este rio drena a segunda maior bacia da América do Sul e deságua no Oceano Atlântico, gerando um sistema estuarino de aproximadamente 35 km 2 com apenas 5 a 15 metros de profundidade de água. (Guerrero, 1997).
Barcos de pesca no Uruguai
As principais regiões biogeográficas que influenciam a flora do território uruguaio são os Pampas, Paraná e Chaqueña (Zuloaga et al., 2008). O domínio marinho do Uruguai é composto pelo Rio de la Plata e a plataforma adjacente e compartilha ecossistemas com o Brasil e a Argentina. (Calliari, 2003).
Figura 1. Localização do Uruguai
Plantas e animais
No Uruguai predomina a vegetação campestre com abundância de cactos e bromélias; na região do Chaco do país também podemos encontrar vegetação de floresta decídua xerófita. São conhecidas 2.400 espécies de plantas vasculares, 140 espécies de moluscos, 226 peixes de água doce, 48 anfíbios, 71 répteis, 453 aves e 114 mamíferos.
A diversidade de moluscos no Uruguai é grande apesar de ser um país pequeno, até o momento 53 espécies nativas de gastrópodes de água doce, 46 terrestres e 41 espécies de bivalves foram registradas (Clavijo, 2010).
Os mamíferos nativos representam aproximadamente 2% da diversidade global e menos de 8% da riqueza dos mamíferos neotropicais. Do total de mamíferos, 79 espécies de mamíferos continentais e 31 espécies de cetáceos (González et al. 2013).
As espécies de répteis estão distribuídas em 22 famílias e 50 gêneros, representando 0,74% das espécies de répteis conhecidas no mundo e 4,5% das registradas na América do Sul. Algumas espécies como o jacaré (Caiman latirostris) são caçadas em todo o território nacional; no norte do país a população local consome sua carne (Carreira et al. 2013)
No que diz respeito às aves no Uruguai existem muitas das espécies ameaçadas que existem no mundo, por exemplo: o cardeal amarelo (G Gobiernotrix cristata), a viúva branca (Heteroxolmis dominicanus), o capuchinho-de-peito-branco (Sporophila palustris), o capuchinho boina cinza (S. cinnamomea), loica pampeana (Sturnella defilippii), dragão (Xanthopsar flavus), entre outros (Aldabe et al. 2013).
Entre as espécies de peixes do país estão mojarras, dientudos, tarariras, piranhas, tarpões, dourados, bagres e velhas de água entre outros. Alguns deles, como o tarpão, a boga, a tararira (Hopliass pp.) E o bagre amarelo (Pimelodus maculatus) são um recurso pesqueiro (Loureiro et al. 2013).
No Uruguai, os pescadores usam técnicas simples e dependem do trabalho manual para pescar. A produtividade da pesca varia, pois depende muito das condições climáticas e da disponibilidade de peixes (Szteren, 2002).
Uso do solo
Neste país, as atividades primárias representam apenas 8% do PIB do país, este número é menor em comparação com outros países da América Latina.
Isso torna a renda per capita um pouco mais alta, já que é comum que países cuja economia depende apenas do setor primário sejam mais pobres do que aqueles em que o setor primário não é o principal fator do PIB (Figura 2).
Figura 2. Comparação da porcentagem do PIB do setor primário (eixo Y) com o PIB total (eixo X) do Uruguai e de outros países. (Lanzilotta e Zunino, 2015).
O Uruguai tem se beneficiado muito com o alto preço dos alimentos, já que a agricultura e a pecuária representam o principal uso produtivo dado aos solos do país. Os principais produtos agrícolas são trigo, milho e soja, na pecuária os principais produtos são carne bovina e ovina. (Lanzilotta e Zunino, 2015).
No entanto, a alteração e destruição do habitat pela urbanização e certas práticas agrícolas, como o uso de pesticidas e desmatamento, tem sido um dos principais fatores de declínio das espécies. (Arrieta et al. 2013).
As pastagens fertilizadas são o principal meio para aumentar a produção e exportação do gado uruguaio. A introdução de pastagens fertilizadas com gramíneas e leguminosas aumentou a produção do gado em cerca de 18% entre 1961 e 1975. (Lovell S. Jarvis. 1981).
Devido ao efeito da pastagem, os campos do Uruguai tendem a ser formados por vegetação herbácea com predomínio de gramíneas e baixa proporção de arbustos ou arbustos. A vegetação original dos campos uruguaios era pastagem cultivada por herbívoros nativos.
Estes foram deslocados pelo gado, que ainda hoje mantém em grande parte a diversidade de espécies herbáceas nativas, foi demonstrado que se o gado for removido, a diversidade de herbáceas tende a diminuir. (Rodríguez, et al. 2003).
A silvicultura no Uruguai consiste na monocultura de espécies exóticas (Pinus spp. E Eucalyptus spp.). Esta atividade afeta as plantas nativas, substituindo a vegetação natural para o cultivo da floresta, as populações de vertebrados e gastrópodes terrestres que vivem associados a áreas rochosas e pastagens também são afetadas (Soutullo et al. 2013).
Ecoturismo
O ecoturismo no país é uma importante atividade relacionada ao aproveitamento do meio ambiente natural, atingindo no máximo 90 mil turistas por ano que visitam áreas protegidas.
Além disso, desde 2013 o Uruguai é membro da rede mundial de geoparques promovida pela UNESCO, que inclui duas áreas do Sistema Nacional de Áreas Protegidas.
Embora o ecoturismo não represente uma atividade extrativista de recursos naturais, deve-se destacar que o aumento dessas áreas turísticas e a urbanização em geral produzem grandes mudanças ambientais, por vezes negativas, como fragmentação de habitats e distúrbios no ecossistema.
Mineração e energia
Embora o país seja pequeno, possui um importante setor de minerais industriais. Minerais industriais, incluindo: basalto, dolomita, feldspato, gesso, calcário, marga, quartzo e areia. T
Também são produzidas rochas ornamentais, como lajes, granito e mármore. É também importante produtora de cimento, materiais de construção e pedras semipreciosas, como ágata e ametista, para joalheria. (Velasco 2001)
O Uruguai não tem recursos de combustíveis fósseis e apenas uma pequena quantidade de energia hidrelétrica, por isso depende de importações para atender suas necessidades energéticas. O Uruguai importa cerca de 42 mil barris por dia para seu consumo (Velasco 2001).
Referências
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