- Morfologia
- Classificação de acordo com a morfologia
- Estrutura da parede celular
- Coloração de Gram
- Patógenos clinicamente importantes
- Estafilococo
- Estreptococo
- Referências
Os cocos Gram positivos são bactérias com formas esféricas que apresentam resultados positivos quando submetidos à coloração de Gram. Este grupo é formado por 21 gêneros de bactérias capazes de colonizar humanos.
Além da forma esférica e da reação positiva ao cristal violeta, esse grupo de procariontes não possui esporos. O resto de suas características são bastante heterogêneos.
Fonte: pixnio.com
Os cocos gram-positivos pertencem ao filo denominado Actinobacteria, junto com os actinomicetos aeróbios e anaeróbios, e outros gêneros de bacilos gram-positivos facultativos.
Eles podem ser aeróbios catalase positivos, como Staphylococcus, Micrococcus, Stomatocuccus e Alloicoccus); aeróbios catalase negativos (como Enterococcus) e anaeróbios como o gênero Peptostreptococcus.
O habitat desses organismos inclui o corpo humano, como as membranas mucosas e a flora normal da pele, embora também possa ser encontrado em outros mamíferos e até pássaros.
Morfologia
As bactérias têm quatro modelos básicos de morfologia: bastonetes ou bacilos, espirais ou em forma de espirila, vírgulas ou vibrios e células esféricas ou cocos.
Os cocos são caracterizados por terem formas arredondadas e se agruparem de várias maneiras, dependendo da tendência das células para se manterem unidas e dos planos de divisão celular. O diâmetro desses procariontes é variável, variando entre 0,8 e 10 um.
Algumas espécies, como Enterococcus e Vagococcus, apresentam flagelos e são responsáveis pela mobilidade celular.
Classificação de acordo com a morfologia
Dependendo do padrão de agrupamento, os cocos podem ser classificados em diplococos, tétrades, sarcinos, estreptococos e estafilococos.
As bactérias que permanecem unidas aos pares após o processo de divisão celular pertencem ao primeiro grupo. Um exemplo desse grupo é a espécie Streptococcus pneumoniae.
Em contraste, os sarcinos sofrem divisões em três direções perpendiculares, resultando em um agrupamento cúbico. Como exemplo deste grupo temos o gênero Sarcina. As tétrades são divididas em duas direções perpendiculares, gerando um arranjo quadrado.
Os estreptococos são caracterizados por um plano de divisão em um único plano, gerando cadeias de quatro ou mais unidades. Finalmente, os estafilococos se assemelham ao formato de um cacho de uvas, já que a disposição das células é irregular.
Os cocos podem não apresentar nenhum padrão visível ou agrupamento especial e seu tamanho é menor do que os citados acima, neste caso são chamados de micrococos.
Porém, a classificação morfológica pode apresentar variações intermediárias com células lanceoladas ou achatadas, que são denominadas cocobacilos.
Por Mariana Ruiz (LadyofHats); tradução para o português por PatríciaR (Arquivo: diagrama de morfologia bacteriana.svg), via Wikimedia Commons
Estrutura da parede celular
A parede bacteriana é de extrema importância, pois proporciona a rigidez necessária e dá forma à célula. Bactérias pertencentes à categoria Gram-positiva possuem uma organização definida e complexa em sua parede celular, caracterizada por uma espessa camada (aproximadamente 80 nm) de peptidoglicano.
Da mesma forma, muitas das bactérias gram-positivas se distinguem por terem uma grande quantidade de ácidos teicóicos ancorados na parede. Os referidos ácidos são polímeros de ribitol ou glicerol ligados por uma ligação fosfodiéster. Além dos ácidos teicóicos, várias proteínas e polissacarídeos podem ser encontrados dentro da parede.
A estrutura pode ter certas peculiaridades dependendo da espécie de estudo. No caso do Staphylococcus aureus, a parede possui uma série de resíduos de aminoácidos cruzados com os fios da parede por cinco resíduos de glicina. Graças a esta disposição, a parede é mais rígida e apertada.
No caso das bactérias patogênicas, a parede celular é um elemento que desempenha um papel importante na virulência. Um dos fatores de virulência mais conhecidos é a proteína M dos estreptococos, e o polissacarídeo C foi encontrado na espécie Streptococcus pneumoniae.
Coloração de Gram
A coloração de Gram é uma das metodologias mais utilizadas em estudos microbiológicos, principalmente por sua simplicidade, rapidez e potência. Essa técnica permite diferenciar dois grandes grupos de bactérias, tendo como critério a estrutura da parede celular.
Para fazer essa coloração, as bactérias são fixadas por calor e é aplicado o violeta cristal (corante que precipita com o iodo). A próxima etapa é a remoção do excesso de corante. Em seguida, um segundo corante de "contraste", denominado safranina, é aplicado.
As bactérias Gram positivas retêm sua cor roxa, pois sua parede celular é composta por uma espessa camada de peptidoglicano que é organizado como uma malha e envolve a célula. Como um lembrete, a regra mnemônica "roxo positivo" é usada.
O peptidoglicano está presente em todas as bactérias (exceto micoplasma e ureoplasmas) e é composto por carboidratos alternados de N-acetilglucosamina e ácido N-acetilmurâmico, que estão ligados por meio de uma ligação β-1,4.
Patógenos clinicamente importantes
Existem vários gêneros de cocos gram positivos que se destacam no campo da medicina: Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Alloicoccus, entre outros.
Em termos de metabolismo, esses gêneros são aeróbios facultativos e anaeróbios. Para sua cultura, eles podem crescer em meio usual, com exceção dos estreptococos, que necessariamente requerem ágar sangue.
No entanto, nem todas as espécies dos gêneros mencionados são patogênicos, alguns podem viver como hospedeiros inofensivos em humanos.
Estafilococo
A espécie Staphylococcus aureus, também chamada de Golden Staphylococcus, é encontrada na mucosa nasal e é o agente causador de várias infecções cutâneas, sejam foliculites, furúnculos, entre outras.
Os organismos pertencentes à espécie S. epidemidis são encontrados principalmente na pele. Essa bactéria é capaz de contaminar as próteses quando colocadas no paciente, causando infecções no material.
Este gênero se caracteriza por causar problemas terapêuticos de difícil tratamento, principalmente pela rapidez com que desenvolvem resistência aos antibióticos.
Estreptococo
A espécie Streptococcus pyogenes pode ser encontrada na faringe e é a causa da condição denominada faringite purulenta, além de várias infecções. A espécie S. agalactiae é encontrada no aparelho digestivo, no trato reprodutivo feminino e pode ter consequências graves em crianças recém-nascidas.
Por último, o conhecido Streptococcus pneumoniae pode colonizar a orofaringe, causando pneumonias e otites típicas.
Referências
- Jiménez, JR (2012). Infectologia clínica. Editorial El Manual Moderno.
- Koneman, EW, & Allen, S. (2008). Koneman. Diagnóstico microbiológico: Text and Color Atlas. Panamerican Medical Ed.
- Murray, P., Rosenthal, KS, & Pfaller, MA (2015). Microbiologia médica. Elsevier Brasil.
- Negroni, M. (2009). Microbiologia Estomatológica. Panamerican Medical Ed.
- Prats, G. (2006). Microbiologia clínica. Panamerican Medical Ed.
- Rincón, S., Panesso, D., Díaz, L., Carvajal, LP, Reyes, J., Munita, JM, & Arias, CA (2014). Resistência a antibióticos de última linha em cocos Gram positivos: a era pós-vancomicina. Biomedica: jornal do National Institute of Health, 34 (0 1), 191.