- O que é aprendizagem por descoberta?
- Princípios da teoria da aprendizagem por descoberta
- 1- As pessoas têm uma capacidade natural de descobrir conhecimento
- 2- A descoberta final a que se chega é uma realização que se faz no nível intrapsíquico
- 3- A aprendizagem por descoberta começa com o reconhecimento dos problemas
- 4- Consiste no desenvolvimento do processo de resolução de conflitos
- 5- A descoberta encontra sua lógica na verificação de hipóteses
- 6- A atividade de resolução deve ser autorregulada e criativa para ser identificada como descoberta
- 7- A aprendizagem por descoberta está associada à produção de erros
- 8- Aprender pela descoberta é inerente à mediação sociocultural
- 9- O nível de descoberta é inversamente proporcional ao nível de predeterminação do processo evolutivo
- 10- Aprendizagem por descoberta pode ser promovida
- Desenvolvimento intelectual e desenvolvimento de processos cognitivos
- Teoria da instrução
- Vontade de aprender
- Estrutura e forma de conhecimento
- Sequência de apresentação
- Forma e frequência de reforço
- Funções
- Instrutor
- Aprendiz
- Zona de desenvolvimento proximal
- Referências
A aprendizagem por descoberta é uma metodologia de aprendizagem na qual a pessoa é um sujeito ativo de pesquisa, ou seja, o indivíduo ao invés de receber instruções e conteúdos, deve descobrir por si mesmo associações e relações entre conceitos, e se adaptar bem ao seu esquema cognitivo.
Seria uma metodologia indutiva baseada no estudo individual e na obtenção de conclusões gerais. É obtido por meio de premissas individuais e com informações específicas de cada assunto, e envolve a reestruturação dos dados para o alcance de novos conhecimentos.
Vem da psicologia cognitiva, também é chamada de heurística e se opõe ao aprendizado por recepção. Incentiva a pessoa a adquirir conhecimentos por si mesma, de forma não passiva, tendo que descobrir o material didático aos poucos, uma vez que não lhe é apresentado desde o início.
Bruner, psicólogo e pedagogo, desenvolve essa teoria construtivista conhecida como aprendizagem por descoberta.
Jerome Seymour Bruner foi um psicólogo e pedagogo que nasceu em Nova York em 1 de outubro de 1915, falecendo em 5 de junho de 2016. Ele desenvolveu teorias sobre percepção, aprendizagem, memória e outros aspectos da cognição em crianças pequenas que tinham uma forte influência no sistema educacional americano.
Além disso, ele foi uma das pessoas que deu contribuições importantes para a psicologia cognitiva e as teorias de aprendizagem no campo da psicologia educacional.
Em contrapartida, encontramos Ausubel, um psicólogo e pedagogo muito importante também para o construtivismo, que defendeu o método dedutivo e o ensino expositivo ou a aprendizagem por recepção como o método mais adequado para o desenvolvimento da aprendizagem significativa.
O que é aprendizagem por descoberta?
A aprendizagem por descoberta é um tipo de aprendizagem ativa que surge graças à atividade autorreguladora que as pessoas têm para resolver problemas, na qual a pessoa constrói seu próprio conhecimento.
A pessoa não recebe o material de aprendizagem final, mas deve descobri-lo por si mesma. Essa descoberta refere-se à modificação de experiências ou fatos que nos são apresentados para ir além dessa informação dada, originando novas ideias e resolvendo problemas ou conflitos por si mesmo.
“Aprender pela descoberta é a melhor forma de estimular o pensamento simbólico e a criatividade do indivíduo” Bruner.
Pense que a forma correta de aprender é alcançada por meio da descoberta pela pessoa. Esse processo é orientado e, além disso, motivado pela curiosidade que desperta.
Por isso, defende que antes de explicar o problema, o conteúdo, a relação entre conceitos e dar instruções, as pessoas devem ser estimuladas e motivadas para que venham a descobrir como é, como funcionam as coisas, fornecendo-lhes um determinado material que os orienta esse aprendizado.
Por meio da observação, comparação, análise de semelhanças e diferenças, eles descobrem, para atingir de forma ativa, o objetivo pretendido de aprendizagem.
Para ele, esse aprendizado visa:
- Estímulo dos alunos para aprendizagem, autoestima e segurança.
- O desenvolvimento de estratégias metacognitivas (aprender a aprender).
- Superando as limitações da aprendizagem mecanicista.
Princípios da teoria da aprendizagem por descoberta
1- As pessoas têm uma capacidade natural de descobrir conhecimento
As pessoas são dotadas de uma capacidade de autorregulação que se inicia aplicando sistemas cognitivos, abrangentes e de desempenho, interpretando a realidade e desenvolvendo objetivos e planos de ação.
Nesse processo de descoberta, não só o nível intelectual que a pessoa apresenta intervém, mas também influencia seu nível emocional, afetivo, social, etc. Tudo contribui para desenvolver e realizar esse aprendizado.
2- A descoberta final a que se chega é uma realização que se faz no nível intrapsíquico
Com isso, queremos dizer que a descoberta que a pessoa alcança, embora não sirva em um nível coletivo, fornece utilidade para si mesma.
É um processo intrapsíquico novo, uma descoberta assimilativa feita por meio da reconstrução de um significado já existente em seu sistema cognitivo, com novos elementos.
3- A aprendizagem por descoberta começa com o reconhecimento dos problemas
Uma situação problemática surge quando a pessoa não dispõe dos recursos necessários para resolvê-la, emergindo a frustração e podendo desencadear o processo reflexivo, de busca e descoberta do indivíduo onde novos significados, ideias, teorias são reformuladas e reconstruídas.
4- Consiste no desenvolvimento do processo de resolução de conflitos
Processo de resolução de problemas por meio de testes de hipóteses, por meio de um processo construtivo por meio de testes de teorias e ações que o sujeito realiza para o problema levantado.
5- A descoberta encontra sua lógica na verificação de hipóteses
O processo de descoberta consiste principalmente em testes de hipóteses, que estão no centro do processo de descoberta. É inútil ter hipóteses e que estas não se verifiquem.
6- A atividade de resolução deve ser autorregulada e criativa para ser identificada como descoberta
A pessoa deve autorregular o processo de resolução e descoberta de problemas, principalmente no momento da verificação, exigindo pensamento produtivo e criativo.
7- A aprendizagem por descoberta está associada à produção de erros
A psicogênese e a epistemologia da descoberta demonstram produtividade cognitiva.
Estar ciente do erro cometido leva à elaboração de novas hipóteses, uma vez que o sujeito está motivado a construir novos conhecimentos. Deve ser valorizado positivamente e incentivado para permitir o acesso ao ensino superior.
8- Aprender pela descoberta é inerente à mediação sociocultural
Essa aprendizagem, apesar de ser uma capacidade autorreguladora e autônoma, é influenciada pelo nosso ambiente sociocultural.
Por meio de experiências de aprendizagem globais e cooperativas, eles motivam o sujeito a discutir seu pensamento e coordenar sua ação em relação ao dos outros, sendo muito favorável para descobertas cognitivas interpessoais.
9- O nível de descoberta é inversamente proporcional ao nível de predeterminação do processo evolutivo
A possibilidade da experiência cognitiva de descoberta não ocorrerá se a capacidade autorreguladora não estiver desempenhando sua função, porque o processo não está sendo realizado por nós mesmos, mas sim recebendo instruções externas e internas.
10- Aprendizagem por descoberta pode ser promovida
O processo de descoberta segue certas diretrizes, mas estas não são mecanizadas por se tratar de um processo criativo que, embora se baseie em potencialidades inatas, pode ser educado, pois é um fenômeno de natureza social. Isso destaca a interação e a influência de outras pessoas em seu desenvolvimento.
Desenvolvimento intelectual e desenvolvimento de processos cognitivos
Bruner afirma que o desenvolvimento intelectual tem características semelhantes em todo o mundo. No início, as ações da criança estão vinculadas ao meio ambiente, mas à medida que ela cresce e suas capacidades se desenvolvem, as ações tornam-se mais independentes e destacadas do contexto graças ao surgimento do pensamento.
Por outro lado, o desenvolvimento dos processos cognitivos tem três etapas principais:
- Representação ativa. Ele aparece primeiro e se desenvolve graças ao contato direto da criança com os objetos e com os problemas de ação que surgem no meio. São ações que as crianças realizam para atingir certos objetivos.
- Representação icônica. Representação das coisas por meio de imagens ou diagramas independentes da ação, ajudando-nos a reconhecer objetos quando eles mudam em certa medida ou não são exatamente os mesmos.
- Representação simbólica. Representar as coisas por meio de símbolos arbitrários que não precisam ter relação direta com a ação, para que isso aconteça é necessário que a linguagem já tenha aparecido.
Por meio da representação por ação, a criança interpreta seu mundo. Mais tarde, é seguido pela representação icônica e desenvolvendo a capacidade de representação por meio de imagens para transcender objetos imediatos e representação por meio da ação. Finalmente, a representação simbólica aparece quando a linguagem surge e o indivíduo controla objetos e eventos.
Teoria da instrução
Bruner, com base na aprendizagem por descoberta, propõe uma teoria que é construída em torno de quatro aspectos principais:
Vontade de aprender
- Ativação: incerteza e curiosidade que promove a exploração.
- Manutenção: uma vez estabelecido, o comportamento deve ser mantido e para isso a exploração deve ser mais benéfica do que prejudicial.
- Direção: você deve estabelecer uma direção específica, um objetivo ou meta, bem como uma compreensão da importância de atingir essa meta ou objetivo.
Estrutura e forma de conhecimento
- Modo de representação: o conhecimento pode ser representado de forma enativa, icônica ou simbólica.
- Economia: grau de informação necessária para representar ou processar conhecimento ou compreensão.
- Poder efetivo: o conhecimento tem valor real e psicológico.
Sequência de apresentação
Processo de aprendizagem orientado, proporcionando à criança orientações individualizadas e adaptadas ao seu desenvolvimento intelectual anterior e dependendo do que vai ser ensinado.
Com todas as orientações dadas, pretende-se que alcance o objetivo, através de uma sequência ordenada, com uma dificuldade que aumenta à medida que avança, indo das representações enativas às, em última instância, simbólicas.
A sequência de aprendizagem dependerá do critério de realização da aprendizagem que dependerá da velocidade de aprendizagem, modo de representação, economia, poder efetivo, resistência ao esquecimento e transferência para outros contextos.
Forma e frequência de reforço
- Momento em que a informação é entregue.
- Condições do aluno: a capacidade da pessoa depende de seus estados internos para o uso de feedback.
- Forma em que é entregue.
Funções
Instrutor
Mediador entre o conhecimento e a compreensão por parte dos indivíduos, possibilitando a aprendizagem, proporcionando estratégias, realizando atividades, revisando e respondendo dúvidas, examinando a correta execução das orientações e se há erros para que eles próprios se corrigam.
Aprendiz
Construir seus conhecimentos, enriquecendo-os, reconstruindo-os, retrabalhando suas próprias representações e transmitindo o que aprenderam para outros contextos.
Zona de desenvolvimento proximal
Bruner chama esse material fornecido pela pessoa de andaime, termo que não pode ser entendido sem se referir ao conceito desenvolvido por Vygotsky de ZDP ou Zona de Desenvolvimento Próximo.
Esta área é entendida como a área ou nível de desenvolvimento efetivo da pessoa, ou seja, esta área é a distância entre as capacidades e habilidades que a pessoa pode fazer de forma independente (nível de desenvolvimento real), e o nível de desenvolvimento potencial ou área que pode ser alcançada, mas com ajuda, chamado de andaime.
O professor ou a pessoa que realiza este processo de andaime dará mais apoio à criança no início para colaborar nesse processo de aprendizagem, mas depois irá retirá-lo para que seja mais independente na construção do seu próprio conhecimento.
A diferença entre a aprendizagem e o nível de desenvolvimento que pode ser alcançado sendo orientado por outra pessoa foi o que Bruner chamou de aprendizagem por descoberta, ou seja, a pessoa deve orientar o aprendiz a descobrir e construir conhecimento por conta própria.
A princípio, as diferenças entre professor e aluno são muito perceptíveis, mas aos poucos e conforme a pessoa instrui e motiva o aprendiz, o aprendiz deixa de ser tão dependente e cada vez precisa de menos apoio ou andaime durante o processo de aprendizagem. aprendizagem, alcançando autonomia.
Portanto, quem instrui tem um papel orientador e “provocador” nas situações de aprendizagem, de fazer o aluno refletir graças à motivação e à curiosidade de reconsiderar suas ideias e saberes para buscar novas ideias, novos conhecimentos, novos objetivos. e novas conquistas moldadas pela interação de cada um com seu contexto, com seu meio social e adaptando-os aos seus esquemas mentais.
Para que esse processo seja realizado com sucesso, a pessoa deve ter motivação suficiente para pressioná-la a aprender, ou seja, ter vontade de aprender.
Referências
- Centro virtual Cervantes. Aprendizagem por descoberta. Extraído de cvc.cervantes.es.
- Jerome Bruner. Extraído de wikipedia.org.
- Aprendizagem e descoberta significativas. Extraído de educando.edu.do.
- Barrón Ruiz, A. Aprendizagem por descoberta: princípios e aplicações inadequadas. Ensino de Ciências (1993).