- Características do estuário
- As marés
- Maré alta e maré baixa
- Dinâmica no estuário
- Gradiente de salinidade
- Zoneamento e estratificação
- Produtividade
- Tipos de estuários
- Pela amplitude de suas marés
- Por causa de sua topografia (formato do terreno)
- Estuários tectônicos
- Localização
- Flora
- Manguezais e pastagens subaquáticas
- Fauna
- Pássaros
- Área de reprodução
- Clima
- Exemplos de estuários do mundo
- - Estuário do Rio de La Plata (Argentina e Uruguai)
- Clima
- Fauna
- - Estuário do Guadalquivir (Espanha)
- Clima
- Fauna
- Referências
Um estuário é um acidente geomorfológico que forma um ecossistema localizado na foz de um grande rio até o mar. É identificada pela existência de uma única saída para o mar com forte influência das marés que impedem a sedimentação.
O que define o estuário é a dinâmica que se estabelece entre a água doce do rio e a água salgada do mar. O ecossistema resultante tem características tanto de ecossistemas ribeirinhos (fluviais) quanto marinhos.
Estuário do Rio de La Plata. Fonte: Laboratório de Ciências da Terra e Análise de Imagens, NASA Johnson Space Center / Domínio público
Estuários são encontrados em todas as costas do mundo onde um grande rio corre sob as marés fortes. É considerado um bioma de grande importância, devido à diversidade de ecossistemas que gera.
Nos estuários localizados em zonas tropicais e subtropicais, desenvolvem-se manguezais e pastagens subaquáticas. A fauna abriga uma grande variedade de peixes, tartarugas aquáticas, crustáceos, moluscos e mamíferos marinhos, como os botos.
O clima dos estuários é variável, dependendo da latitude em que se encontram, podendo ocorrer em climas tropicais, temperados ou frios. Porém, devido à sua condição costeira, seu clima é temperado pela influência da massa oceânica.
A produtividade no estuário é elevada devido aos diferentes ambientes aquáticos que alberga e à carga de nutrientes fornecida pelo rio. Neles estão algumas das áreas de pesca mais importantes.
Alguns exemplos de estuários são o Rio de La Plata entre a Argentina e o Uruguai e o estuário Guadalquivir na Espanha.
Características do estuário
O estuário é uma zona de transição entre um rio de grande caudal e profundidade e o mar, onde as marés determinam a dinâmica hidrológica. A forma límpida e aberta, com um único canal de foz que caracteriza o estuário, deve-se às marés.
Nesta zona, as marés são fortes e quando sobem retêm a água do rio, deixando-a sair repentinamente ao recuar, evitando assim a sedimentação. Isso o diferencia dos deltas onde o rio acumula sedimentos que formam os canais característicos com múltiplas bocas.
As marés
A maré é o movimento ascendente e descendente experimentado pelas águas marinhas sob a atração gravitacional do Sol e da Lua. Este fluxo (subida) e vazante (descida) das águas marinhas ocorre a cada 6 horas, ou seja, duas vezes ao dia.
Maré alta e maré baixa
O ponto mais alto atingido pela maré em uma determinada área é denominado maré alta, bem como a duração desse fenômeno. Enquanto a maré baixa é o ponto mais baixo do nível do mar atingido na vazante da maré.
Dinâmica no estuário
Durante a maré alta, a subida das águas marinhas em direção ao continente exerce pressão contra as águas do rio que avançam para esvaziar. Essa força das águas marinhas retém as águas do rio, então o canal na foz se alarga.
Da mesma forma, causa transbordamento, formando pântanos (pântanos de água salgada). Então, quando as águas marinhas recuam na maré baixa, as águas do rio movem-se fortemente em direção ao mar.
A vazão que o rio atinge, a força da maré bem como a direção e a velocidade dos ventos também afetam essa dinâmica. Por exemplo, se o fluxo do rio é baixo, a ação das marés domina e a salinidade da água será máxima.
Gradiente de salinidade
No estuário existe um gradiente dinâmico de salinidade, com zonas onde existe maior quantidade de água doce e outras onde predomina a água salgada. É o produto da interação da água doce do rio com a água do mar.
Zoneamento e estratificação
O gradiente de salinidade ocorre tanto horizontal quanto verticalmente. Portanto, há água doce na entrada do rio e água salgada no mar, com uma zona estuarina intermediária de salinidade média.
Por outro lado, dada a diferença de densidade entre a água doce e a salgada, existem camadas diferentes. Como a água doce é menos densa, ela tende a ocupar a camada superior enquanto a água salgada forma a camada inferior do estuário.
Essas camadas se movem em direções opostas, onde a água doce desagua no mar e a água salgada tende a penetrar no interior.
Produtividade
Devido ao aporte de nutrientes transportado pelo rio, os estuários são muito produtivos, atraindo um grande número de espécies marinhas, fluviais e terrestres. Em alguns estuários, a contribuição de água doce com nutrientes é considerável, como no rio La Plata, onde os rios Paraná e Uruguai contribuem com 20.000 m 3 / s.
Tipos de estuários
Dada a complexidade dos fatores marinhos e fluviais que atuam, existem diferentes tipos de estuários.
Pela amplitude de suas marés
Falamos de estuários de microtidais quando a diferença de altura entre a maré alta e a maré baixa é inferior a 2 m. Enquanto nas áreas mesotidas a diferença é de 2 a 4 m e na macrotidal entre 4 e 6 m.
Da mesma forma, existem estuários hipertidos onde a diferença entre a maré alta e a maré baixa é superior a 6m.
Por causa de sua topografia (formato do terreno)
Tendo em conta o relevo da costa no estuário, apresentam-se estuários de planícies costeiras, fiordes e estuários com barreiras. As primeiras são formadas pela inundação do vale em que ocorre a foz.
Estes estuários de planícies costeiras têm a forma de um funil em direção ao mar e uma profundidade não superior a 30 m, exceto em direção à foz. Se o vale costeiro for inundado pelo mar em vez do rio, forma-se um estuário.
Fiorde. Fonte: Sam Beebe / CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/2.0)
Os fiordes ocorrem em regiões que foram cobertas por gelo no Pleistoceno. O peso dessas massas de gelo escavou vales pré-existentes tornando-os estreitos, profundos e de formato retangular, com paredes quase verticais.
Os estuários de barreira, por outro lado, são semelhantes aos estuários de planície costeira, mas a sedimentação formou uma barreira transversal na foz.
Estuários tectônicos
Existem também estuários causados por movimentos tectônicos, por exemplo, elevações da terra. Por exemplo, o estuário que constitui a Baía de São Francisco nos Estados Unidos.
Localização
Os estuários estão localizados na foz de grandes rios nas costas de todos os continentes.
Flora
Como o estuário é um ecossistema definido por características geomorfológicas e hidrológicas, presentes em diferentes latitudes, a flora varia muito de uma para outra. Em todos os casos, as plantas pantanosas e halófitas são frequentes.
Pastagens de Spartina sp. Fonte: Pacific Southwest Region US Fish and Wildlife Service / domínio público
Por outro lado, os estuários abrigam vários ecossistemas associados às suas próprias espécies, como manguezais, prados de ervas marinhas, planícies lamacentas de maré e pântanos salgados. Por exemplo, os campos de Spartina, combinados com diferentes espécies de algas, são comuns em pântanos temperados.
Manguezais e pastagens subaquáticas
Nos estuários localizados em áreas tropicais e subtropicais, cujas águas não ultrapassam 20 ºC, o ecossistema de manguezais se desenvolve em suas costas. Da mesma forma, você pode encontrar prados submersos de ervas aquáticas, como Thalassia e Zostera.
Fauna
Tal como acontece com a flora, a fauna varia dependendo de onde ocorre o estuário, seja ele tropical, temperado ou latitude fria. Um animal proeminente em muitos estuários tropicais e subtropicais é o golfinho do rio, do qual existem quatro gêneros (superfamília Platanistoidea).
Pássaros
Um grupo abundante nas áreas estuarinas são as aves, com várias espécies de aves marinhas associadas. São comuns entre eles o gannet (Morus bassanus) e a gaivota (família Laridae).
Alcatraz (Morus bassanus). Fonte: Andrew C / CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/2.0)
Em geral, as espécies aquáticas mais abundantes são as eurialinas, ou seja, aquelas que suportam grandes variações de salinidade. Isso é natural se considerarmos as diferenças neste fator ao longo do estuário.
Por outro lado, existem muitas espécies de peixes, tartarugas, crustáceos e moluscos, tanto fluviais como marinhos.
Área de reprodução
Para algumas espécies marinhas, o estuário constitui uma área de desenvolvimento das suas larvas que sobem o rio e regressam ao mar quando adultas. É o caso do Sável do Atlântico (Brevoortia tyrannus), peixe do grupo dos arenques.
Clima
Os estuários podem se originar em qualquer clima, seja em regiões tropicais, temperadas ou frias, dependendo da latitude em que estão localizados. Mas, devido à sua natureza costeira, seu clima é temperado pela influência das massas oceânicas.
De forma que, mesmo em uma região fria, seu clima será menos extremo do que o clima característico do interior.
Exemplos de estuários do mundo
- Estuário do Rio de La Plata (Argentina e Uruguai)
Este estuário nasce na foz conjunta dos rios Paraná e Uruguai no Atlântico, entre a Argentina e o Uruguai. É uma das maiores do mundo, com 40 km de largura na área interna e 200 km na área externa.
Nas suas costas existem pântanos povoados por espécies de Spartina e outras plantas que suportam salinidade (halófitas).
Clima
Apresenta um clima temperado temperado pela incidência da massa oceânica do Atlântico ocidental.
Fauna
O boto chamado Franciscana ou Golfinho da Prata (Pontoporia blainvillei) é típico de suas águas e o golfinho (Tursiops gephyreus) também está localizado. Por outro lado, existem várias espécies de tartarugas aquáticas, como a tartaruga de sete quilhas (Dermochelys coriacea) e a tartaruga cabeçuda (Caretta caretta).
Entre os peixes, 72 espécies são reconhecidas, incluindo a anchova (Engraulis anchoita) e a corvina branca (Micropogonias furnieri).
- Estuário do Guadalquivir (Espanha)
É formada na foz do rio Guadalquivir, na província de Andaluzia, Espanha, próximo à cidade de Sevilha. Nos tempos antigos, o estuário se abria para uma lagoa ou golfo (Golfo Tartessian ou Lacus Ligustinus), que se estabeleceu.
Estuário do Guadalquivir (Espanha). Fonte: Jándalo / CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)
Os chamados pântanos Guadalquivir, parte da reserva de Doñana, foram implantados nesses sedimentos pantanosos.
Gramíneas halofíticas, como wiregrass (Spartina spp.) Dominam este ecossistema. Nas suas margens existem também árvores como a azinheira (Quercus rotundifolia) e o choupo branco (Populus alba).
Clima
A área do estuário do Guadalquivir está sujeita a um clima oceânico mediterrâneo, com verões quentes e invernos amenos.
Fauna
Abundam peixes como a enguia (Anguilla anguilla), o jarabugo (Anaecypris hispanica), a colmilleja (Cobitis paludica) e a truta comum (Salmo trutta). Nas herdades circundantes poderá encontrar o lince ibérico (Lynx pardinus), o veado (Capreolus capreolus) e o javali (Sus scrofa).
Da mesma forma, abundam aves como a águia imperial ibérica (Aquila adalberti), o pato de cabeça branca (Oxyura leucocephala) e o flamingo (Phoenicopterus roseus).
Referências
- Boschi, E. (1987). Ecossistema estuarial do Rio de La Plata (ARGENTINA e Uruguai). Anais do Instituto de Ciências Marinhas e Limnologia.
- Calow P (Ed.) (1998). A enciclopédia da ecologia e gestão ambiental.
- Cole, S. (1998). O Surgimento de Zonas Húmidas de Tratamento. Ciência e tecnologia ambiental.
- Acordo RAMSAR (visto em 21 de setembro de 2019). ramsar.org/es
- Cowardin, LM, Carter, V., Golet, FC & LaRoe, ET (1979). Classificação dos pântanos e habitats de águas profundas dos Estados Unidos.
- Malvárez AI e Bó RF (2004). Documentos do curso-workshop "Bases ecológicas para a classificação e inventário de áreas úmidas na Argentina".
- Secretariado da Convenção de Ramsar (2016). Introdução à Convenção sobre Zonas Úmidas.
- World Wild Life (visto em 26 de março de 2020). worldwildlife.org ›ecorregions