- Biografia
- Primeiros anos
- Viagens e descobertas
- A viagem à Índia que desembarcou no Brasil
- Descoberta do brasil
- Controvérsia sobre a legitimidade da descoberta
- Continuação da viagem à Índia
- Morte na índia
- Voltar para portugal
- Últimos anos
- Referências
Pedro Álvares Cabral (1467-1520) foi um navegador português a quem se atribui o descobrimento do Brasil no ano de 1500, supostamente por acidente durante uma expedição comercial encomendada pelo reino português à Índia.
Álvares Cabral demonstrou a sua capacidade de liderança e valentia face às trágicas e desafiadoras experiências que teve de enfrentar nesta jornada marcada por naufrágios, homicídios, perdas materiais e vinganças.
O uploader original foi Dinx na Wikipedia holandesa.
O seu legado de navegador e explorador reservou-lhe um lugar importante na chamada 'Era dos Descobrimentos' que se prolongou entre os séculos XV e XVII, sendo também uma das figuras mais importantes da navegação.
Biografia
Primeiros anos
Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, Portugal, em 1467. Era o segundo filho de Fernão Cabral e Isabel de Gouveia, nobres com longa tradição ao serviço da Coroa Portuguesa.
Nesse ambiente, o jovem Pedro recebeu uma educação condizente com sua posição nobre, estudando humanidades, aprendendo a lutar com armas e embarcando em viagens exploratórias ao Norte da África, como era costume entre os jovens de sua posição social na época..
Muitos detalhes da sua vida pessoal não são exactamente conhecidos, mas historiadores apontam que teve dez irmãos que também viveram na Corte portuguesa e que desde muito jovem aprendeu a destacar-se neste mundo altamente competitivo.
Por volta de 1497 ganhou a estima do recém-coroado Rei D. Manuel I de Portugal (1469-1521) que lhe atribuiu um subsídio de trinta mil reais, deu-lhe o título de Fidalgo e Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Pensa-se que esta proximidade com o monarca foi a razão pela qual em 1500 foi nomeado capitão-mor responsável pela segunda expedição de Portugal à Índia, apesar de não ter a experiência marítima necessária para um projecto desta envergadura.
Porém, naquela época era comum que nobres inexperientes fossem escolhidos para liderar expedições, pois sempre havia pessoal treinado a bordo para comandar ações importantes.
Viagens e descobertas
A viagem à Índia que desembarcou no Brasil
A 9 de março de 1500, Álvares Cabral deixou Lisboa com treze barcos e 1200 homens entre soldados e civis com rubo para a Índia.
O objetivo desta expedição era estabelecer acordos comerciais para a compra de especiarias que seriam vendidas a um preço muito bom na Europa. O próprio Álvares Cabral tinha autorização para comprar em seu benefício uma quantidade considerável de mercadorias, que poderia vender com isenção de impostos no regresso a Portugal.
A primeira dessas expedições de Portugal à Índia foi comandada entre 1497 e 1498 pelo explorador português Vasco da Gama (1460-1524) que traçou a rota mais confiável e rápida conhecida até então.
Este percurso também foi utilizado por Álvares Cabral, que recebeu instruções do próprio da Gama para se deslocar um pouco mais para oeste depois de passar pelas ilhas do arquipélago de Cabo Verde para evitar tempestades.
Esse desvio foi justamente a causa da descoberta aparentemente acidental do Brasil em 22 de abril de 1500.
Na imagem seguinte poderá observar o percurso da expedição de Álvares Cabral representado por uma linha vermelha. Pode ser comparado com o percurso seguido por da Gama três anos antes e que se distingue por uma linha azul.
Cabral_voyage_1500.svg: * Cabral_voyage.png: Lecen (baseado no trabalho criado por Castoro
Descoberta do brasil
Assim, e seis semanas depois de ter partido de Lisboa, a expedição de Álvares Cabral desembarcou num local que o navegador inicialmente confundiu com uma ilha que chamou de “Terra de Vera Cruz” e que hoje faz parte do Estado da Bahia., Brasil.
Imediatamente, a expedição fez contato com os nativos da região que não mostraram sinais de agressão contra a expedição portuguesa que chegou inesperadamente às suas praias.
Relatos da viagem histórica indicam que os portugueses entregaram crucifixos aos índios, presumivelmente pertencentes à tribo Tupiniquim e que vários deles foram até convidados a embarcar nos barcos.
Álvares Cabral pediu a construção de um altar, onde o padre Henrique de Coimbra celebrou uma missa no dia 26 de abril, historicamente considerada a primeira cerimônia católica celebrada no Brasil e que contou com a presença de indígenas que curiosamente observaram a liturgia com atenção.
Álvares Cabral mandou um dos navios de volta a Lisboa para dar a notícia da sua descoberta ao rei D. Manuel I. Mais tarde, percorreu 65 quilômetros ao norte da costa, escolheu um lugar que chamou de Puerto Seguro e ali ergueu uma cruz de sete metros com a qual declarou aquele terreno em nome de Portugal.
Victor meirelles
Controvérsia sobre a legitimidade da descoberta
Alguns historiadores não concordam com a versão do achado do Brasil, afirmando que os navegadores espanhóis Vicente Yánez Pinzón e Diego de Lepe já haviam explorado essas terras anteriormente.
Estimam que a chegada de Álvares Cabral fazia parte do roteiro para formalizar a declaração dessas terras, que já haviam sido atribuídas a Portugal após a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Tratava-se de um acordo estabelecido em 1494 entre Espanha e Portugal sobre a distribuição das zonas de navegação atlântica e as terras do Novo Mundo.
Outros historiadores continuam a apoiar Álvares Cabral como legítimo descobridor do Brasil, uma vez que os demais exploradores que possivelmente chegaram àquela região nunca proclamaram a terra em nome de seu país ou reino, como fez o navegador português.
Continuação da viagem à Índia
A descoberta do Brasil não alterou os planos iniciais traçados na rota para a Índia. Depois de passar apenas dez dias no Brasil, Álvares Cabral retomou a viagem, rumo ao Cabo da Boa Esperança, na África.
Porém, em 29 de maio de 1500, a expedição enfrentou tempestades tão fortes que quatro dos navios afundaram, matando seus ocupantes. Este grande acidente fez com que vários navios se separassem da frota, atrasando novamente os planos de Álvares Cabral.
Antes de chegar à Índia, tratou de reparar os restantes navios que sobreviveram à tempestade e desembarcaram em vários pontos da costa africana como Sofala, Moçambique, Kilwa e Melinde, onde contratou um guia para a chegada à Índia.
Finalmente, em 13 de setembro de 1500, Álvares Cabral e suas embarcações chegaram a Calicute, hoje conhecida como Kozhicode, na Índia. Nessa cidade reinou a dinastia Zamorín, o que permitiu aos portugueses estabelecerem armazéns para o seu comércio.
Morte na índia
No começo tudo estava indo bem, mas eventualmente surgiram confrontos com mercadores árabes estabelecidos na região. Em 17 de dezembro de 1500, eles atacaram as bancas portuguesas, causando a morte de cinquenta comerciantes portugueses.
A vingança de Álvares Cabral foi contundente, capturou dez navios árabes e executou a tripulação. Ele então bombardeou a cidade em rejeição à segurança nula oferecida pelas autoridades locais. Historiadores apontam que pelo menos 600 pessoas, pertencentes a ambos os lados, morreram naquela noite.
De lá, Álvares Cabral partiu para o sul da Índia, visitando os portos de Cochín, Carangolos e Cananor, onde foi recebido sem inconvenientes e onde pôde continuar desenvolvendo seus tratados comerciais.
Voltar para portugal
Em 16 de janeiro de 1501, iniciou a viagem de regresso a Portugal. No caminho encontrou dois navios que tinha dado por perdidos e cinco meses depois, a 23 de junho do mesmo ano, chegou a Lisboa.
Apesar das perdas materiais e humanas, diz-se que D. Manuel I ficou muito satisfeito com os resultados da viagem, a ponto de prometer a Álvares Cabral que o encarregaria da próxima expedição, mas finalmente foi o navegador Vasco da Gama quem escolhido para essa tarefa poucos dias após a terceira expedição zarpar.
Os historiadores apontam que da Gama possivelmente se opôs à nomeação de Álvares Cabral, criticando os resultados da sua viagem e considerando-se mais antigo do que ele para comandar a terceira expedição de Portugal à Índia.
Após a sua famosa expedição à Índia, Cabral não tinha outra posição de autoridade ao serviço do rei D. Manuel I e, decepcionado, retirou-se da corte.
Últimos anos
Depois destes acontecimentos, Álvares Cabral casou-se com Isabel de Castro em 1503, com quem teve seis filhos; Ele viveu uma vida tranquila, longe dos perigos do mar e morreu em 1520 em Santarém, Portugal, com 53 anos de idade.
A vida de Álvares Cabral continua a ser estudada, principalmente na ausência de informações em torno dela, mas seu nome e legado permanecem na memória do coletivo.
Uma estátua com sua imagem foi erguida em sua cidade natal, Belmonte, e um município brasileiro, Santa Cruz de Cabralia, foi batizado em sua homenagem. Este local foi possivelmente o ponto de chegada do navegador ao país sul-americano, embora não tenha sido possível verificar, já que dois outros municípios disputam o marco geográfico.
Seu túmulo em Santarém foi identificado em 1848 pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen.
Referências
- Antonio Carrasco Rodríguez. (2012). Navegação transoceânica: Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil. Retirado de blogs.ua.es
- Daniel Salgado. (2013). A história de Pedro Álvares Cabral. Retirado de pedritoelportugues.blogspot
- O Tratado de Tordesilhas. Retirado de unesco.org
- Tabea Tietz. (2014). Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil. Retirado de schi.org
- Pedro Calmon. (2019). Pedro Álvares Cabral. Retirado de britannica.com
- Fundação para a genealogia medieval. Sanches de Baéna, Visconde de (1897) ou Descobridor do Brasil: Pedro Álvares Cabral. Retirado de fmg.ac