Os guerrilheiros liberais na Colômbia eram grupos armados que emergiram de conflitos entre membros dos partidos Liberal e Conservador em regiões rurais do país.
Este conflito deu lugar a um período conhecido como La Violencia. La Violencia ocorreu entre 1946 e 1963, período durante o qual grupos camponeses armados surgiram para proteger os membros do Partido Liberal de ataques conservadores.
Jorge Eliecer Gaitan, líder liberal cujo assassinato fortaleceu os movimentos guerrilheiros na Colômbia
Os diversos guerrilheiros que se formaram a partir desses conflitos se concentraram em realizar operações em áreas isoladas para frustrar as tentativas do governo central de exercer a soberania sobre os territórios.
Embora o fim de La Violencia tenha sido declarado formalmente em 1963 pelo presidente Rojas Pinilla, as consequências desse período, e em particular as ações da guerrilha liberal, ainda são visíveis hoje.
Os principais guerrilheiros liberais na Colômbia são as FARC fundadas em 1964, o ELN (Exército de Libertação Nacional) fundado em 1964, o M19 fundado em 1970 e o EPL (Exército de Libertação Popular), fundado em 1965.
Início da Guerrilha Liberal
Em sua primeira fase, os guerrilheiros liberais eram pequenos grupos armados criados com o objetivo de equilibrar as rivalidades internas das classes dominantes em várias partes do território colombiano.
Essas disputas assemelhavam-se a uma guerra civil mascarada sob vários pretextos de diferenças ideológicas, como o papel da Igreja no Estado e a natureza da organização nacional.
Esses grupos foram o terreno fértil para os poderosos guerrilheiros que se formaram posteriormente.
O bogotazo
Um dos eventos que promoveram a formação e o fortalecimento da guerrilha liberal na Colômbia e que ocorreu em abril de 1948 foi El Bogotazo.
O Bogotazo refere-se aos fortes motins em Bogotá, capital colombiana, após o assassinato do líder liberal e candidato à presidência Jorge Eliecer Gaitán.
Bonde pegando fogo em frente ao Capitólio Nacional onde a IX Conferência Pan-Americana estava ocorrendo no Salão Elíptico do Capitólio
Gaitán era o candidato liberal com maior probabilidade de se tornar presidente da Colômbia e substituir o conservador Mariano Ospina.
Esse fato na capital colombiana foi um motor para que os guerrilheiros liberais nas regiões se fortalecessem contra o governo conservador. Guerrilhas históricas como o ELN e as FARC foram algumas delas.
Depois da violência
Imprensa colombiana da época
Os grupos armados fortalecidos durante a época de La Violencia tornaram-se posteriormente guerrilheiros com amplo poder em diferentes territórios rurais da Colômbia.
Durante a década de 1960, as classes dominantes haviam perdido poder militar e político e viviam uma forte crise ideológica, que as levou a perder o controle central sobre as áreas de atuação das guerrilhas que passaram a formar numerosos e influentes grupos.
Os guerrilheiros oficialmente constituídos durante este período eram grandes o suficiente para ver possível a tomada do poder por meio das armas, embora nunca tenham conseguido.
Notícias da guerrilha liberal
Atualmente, a maioria dos guerrilheiros liberais cessou suas ações armadas e ingressou como grupos políticos.
Em 2016 a última grande guerrilha da América Latina, as Farc, chegou a um acordo de paz que culminou em sua desmobilização e atualmente seus integrantes estão em processo de desarmamento e reintegração à vida civil.
Com essas mudanças, a última guerrilha liberal na Colômbia é o ELN, grupo armado que também está em negociações com o governo colombiano.
Referências
- Dudley S. (2004). Fantasmas ambulantes: assassinato e política de guerrilha na Colômbia. Routledge, Taylor and Francis Books, Inc, Londres
- Hawkins J. Guerrilla Wars - Ameaça na América Latina. Assuntos mundiais. 1963; 126 (3): 169-175
- Legrand C. Colonização e violência na Colômbia: perspectivas e debates. Revista Canadense de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos / Revue canadienne des études latino-américaines et caraïbes. 1989; 14 (28): 5-29
- Sanchez G. Bakewell P. La Violencia na Colômbia: Nova Pesquisa, Novas Questões. The Hispanic American Historical Review. 1985; 65 (4): 789-807
- Watson C. Violência Política na Colômbia: Outra Argentina?. Third World Quarterly. 1990; 12 (3): 25-39.