Os subgêneros líricos são todas aquelas classificações em que o gênero lírico pode se manifestar, em que emoções enquadradas em diferentes figuras literárias se refletem na escrita que ampliam sua compreensão.
A letra é um gênero literário em que o autor transmite sentimentos com certa profundidade e que podem se manifestar de maneiras muito diferentes. Geralmente, a letra é apresentada na forma de versos, especialmente na poesia. No entanto, a presença de poesia em prosa não é desprezível.
A presença histórica da letra transcende a era atual. Uma das primeiras manifestações registradas deste gênero literário é o Rigveda, um texto escrito em sânscrito e que é provavelmente o mais antigo encontrado escrito em uma língua indo-europeia. Esta escrita é composta de hinos e sua escrita está localizada entre 1700 e 1100 AC
Foi somente na Grécia Antiga que a letra se consolidou como gênero e a partir daí começou sua expansão na cultura ocidental. O nome lírico vem justamente desse momento histórico, já que os sonetos eram recitados ao som de lira.
Atualmente, esse gênero é subdividido em vários tipos e a partir dele se manifesta a compreensão de grande parte da literatura moderna.
Classificações da letra: subgêneros
Como em qualquer gênero literário, a letra possui diversas subdivisões que permitem que seu estudo seja realizado de forma mais específica. Alguns deles são:
Canção
É um dos tipos de letra mais populares e foi representado ao longo da história em diferentes épocas. Na música, sentimentos compostos são expressos, geralmente em versos, destinados a serem reproduzidos na música.
A canção lírica atingiu seu auge na Idade Média, com obras inovadoras como El Cancionero de Francesco Petrarca. Atualmente, manifesta-se através do canto lírico, principalmente em coros, orquestras e óperas, com a participação de tenores, sopranos e muitos outros cantores deste subgênero. Ele difere de outros tipos de cantores pela duração e profundidade da voz.
Tributo
Parte da admiração e veneração. A ode pode ser entendida como um poema que possui um caráter reflexivo profundo, mas ao mesmo tempo, cuja finalidade é venerar ou exaltar determinada qualidade, objeto, ambiente ou pessoa.
Na Grécia Antiga, a ode era feita às divindades mitológicas, vitórias militares ou beleza, emoldurada em uma reflexão sobre seu papel.
Na Idade Média teve Frei Luis de León como um de seus maiores representantes, que realizou mais de 23 odes, entre as quais se destacam a Ode à Vida Aposentada e A Nossa Senhora.
Mais tarde, em 1785, o poeta alemão Friedrich von Schiller publicou a Ode à Felicidade, da qual Ludwig van Beethoven mais tarde se inspirou a fazer a Sinfonia nº 9, conhecida como Hino à Felicidade e que atualmente é o Hino da União Europeia.
Écloga
Os diálogos alcançam a letra através da écloga. Nele, tradicionalmente é mostrado um diálogo entre duas ou mais pessoas, que pode constituir uma pequena peça teatral, geralmente de um único ato.
Sua origem está no campo, portanto, na maioria de suas apresentações, costuma haver dois pastores falando sobre sua vida no campo.
Os primeiros eclogues datam de séculos anteriores à era atual, mas sua popularidade se espalhou pela Europa renascentista, tendo Garcilaso de la Vega como um de seus maiores autores em sua Écloga I.
Elegia
O motor desse subgênero lírico é a lamentação, acompanhada de melancolia e memória bucólica. A elegia lamenta a perda de algo ou alguém, físico ou não. Por isso, é comumente utilizada em conjunto com diferentes gêneros, entre os quais está a canção.
A elegia esteve presente em praticamente qualquer momento histórico, então a melancolia transcendeu as mudanças políticas e sociais. Na Grécia Antiga era definida pelo metro elegíaco, composto pela alternância de um hexâmetro com um pentâmetro.
A literatura hispânica é uma das mais abundantes em elegias. Por exemplo, um dos mais famosos são os Versos para a morte de seu pai, de Jorge Manrique, escritos em 1476.
Mais recentemente, o Cry for Ignacio Sánchez Mejías de Federico García Lorca é uma das melhores amostras. Assim é a canção Amor eterno, do artista mexicano Juan Gabriel, onde narra o arrependimento que sente pela partida da mãe.
Sátira
Considerado por muitos como o subgênero lírico mais engraçado, a sátira é destaque em poemas contundentes com intenções burlescas.
Por meio da sátira, alguma pessoa, objeto ou circunstância pode ser desacreditada ou irônica. É um dos subgêneros mais versáteis, podendo ser escrito em prosa ou verso com freqüência.
A sátira também é usada como recurso literário, auxiliar em muitas outras apresentações, como o teatro. Entre os elementos que ele mais usa estão a ironia e o sarcasmo.
Embora, como quase todos eles, tenha sua origem na Grécia Antiga, sua aplicação literária se desenvolveu mais na Idade Média, com autores como Francisco de Quevedo e Félix Lope de Vega.
Hino
Alguns autores o colocam dentro da música, porque geralmente é interpretado dessa forma. Os hinos são um subgênero lírico que se baseia principalmente na exaltação de um povo ou de um determinado grupo que os executa.
Antigamente, era uma canção de cunho religioso, usada nas liturgias para exaltar alguma divindade.
Mais tarde, seu conceito evoluiu para dar forma a hinos nacionais. Hoje, todos os países do mundo possuem um Hino Nacional, que geralmente vem junto com o escudo e a bandeira, um de seus três símbolos nacionais.
Madrigal
Considerado por alguns como parte da música. No entanto, possui delimitações específicas, com um máximo de quinze versos de sete sílabas e hendecasílabas.
Ou seja, são poemas extremamente curtos que geralmente têm como tema pastores ou histórias de amor. O poeta espanhol da Geração de 27, Rafael Alberti, escreveu Madrigal na passagem do bonde, que é um dos maiores exemplos do gênero.
Haicai
Transcendendo a cultura ocidental, as manifestações líricas também são encontradas no hemisfério oriental. Um deles é o tradicional haicai japonês, composto por dezessete amoras-pretas, unidades menores que a sílaba. Geralmente não rimam.
Seu conteúdo costuma estar relacionado à contemplação da natureza e ao assombro pelas ações a ela relacionadas. Autores como Jorge Luis Borges ou Mario Benedetti escreveram haicais adaptados à língua espanhola.
Referências
- Aguilera, A. (1990). Amor eterno. Em Juan Gabriel no Palácio de Belas Artes.. México: Sony Music.
- Alberti, R. (nd). Madrigal para o bilhete do bonde. Poemas da Alma. Recuperado de poemas-del-alma.com.
- De la Vega, G. (2003). Écloga. Biblioteca Virtual Universal. Recuperado de library.org.ar.
- Editorial Santillana. (2008). Linguagem e comunicação 1. Caracas: Editorial Santillana.
- García, F. (sf). Chore por Ignacio Sánchez Mejías. Cidade de Seva. Recuperado de ciudadseva.com
- Universos Pequenos (nd). O Haikus de Jorge Luis Borges. Pequenos universos. Recuperado de pequeniosuniversos.wordpress.com.
- Petrarca, F. (sf). Livro de canções. Wikisource. Recuperado de es.wikisource.org.
- Von Schiller, F. (1785). Ode á alegria. A carta viaja na onda. Recuperado de artontheradiogorliz.wordpress.com.