- O que a sociolinguística estuda
- Características da sociolinguística
- Teoria sociolingüística
- William Labov (Estados Unidos, 1927)
- Charles A. Ferguson (Estados Unidos, 1921-1998)
- Joshua Fishman
- Dell Hymes
- Basil Bernstein (Reino Unido, 1924-2000)
- Métodos de pesquisa sociolinguística
- Quantitativo urbano ou variância
- Sociologia da linguagem
- Etnografia da comunicação
- Variantes
- Variantes contextuais ou diafásicas
- Variantes socioculturais ou diastráticas
- Variantes históricas ou diacrônicas
- Referências
A sociolinguística é uma disciplina que estuda a relação entre a língua e o meio cultural e social em que as pessoas operam e como isso influencia a forma de falar.
Entre outros aspectos, analisa como a idade, o gênero, a origem étnica, a classe social, a educação, o espaço e o tempo afetam o desenvolvimento da comunicação linguística.
A sociolinguística estuda a linguagem e a relação que ela tem com o contexto social e cultural em que é gerada. Fonte: pixabay.com
Essa disciplina surgiu com o objetivo de ampliar o campo de pesquisa sobre a linguagem, que até então era vista como um sistema abstrato, independente do sujeito que a utilizava e de suas circunstâncias.
O termo sociolinguística foi usado pela primeira vez por Harver Currie em seu trabalho A Projection of Sociolinguistics: The Relationship of Speech to Social Status (1952).
No entanto, foi a partir de 1964, quando vários encontros entre linguistas, sociólogos e antropólogos foram realizados nos Estados Unidos para analisar essa nova perspectiva, que a disciplina ganhou impulso e se estabeleceu como um campo de estudo de destaque.
A sociolinguística divide-se atualmente em dois grandes ramos: o empírico, que trata da obtenção de dados sobre a relação entre a linguagem e a sociedade em que ela ocorre, e o teórico, que se encarrega de analisá-los e tirar conclusões sobre eles..
O que a sociolinguística estuda
A sociolinguística é uma disciplina que estuda a linguagem e a relação que ela tem com o contexto social e cultural em que é gerada.
Para fazer isso, ele investiga situações reais de uso em uma determinada comunidade, analisando como os indivíduos interagem verbalmente e compartilham determinados códigos e regras idiomáticas.
Todas as sociedades possuem um modo de falar específico, que por sua vez varia em função da idade, sexo, nível de formação e classe social dos interlocutores.
Por outro lado, as palavras e as formas de comunicação também mudam dependendo do lugar e do contexto em que o diálogo ocorre.
Esses fatores, e a maneira como condicionam a linguagem e influenciam a escolha das palavras, são estudados pela sociolinguística.
Características da sociolinguística
A sociolinguística é caracterizada por analisar a linguagem como um fenômeno social e cultural, e não como um sistema abstrato, independente de quem a utiliza.
Para isso, estuda as línguas e a forma de falar no contexto em que ocorrem, em situações da vida real e focando a atenção nas circunstâncias.
Desta forma, esta disciplina tem pontos de contacto com as ciências sociais, especialmente a antropologia e a sociologia, com as quais partilha metodologias de investigação semelhantes.
O conhecimento da sociolinguística tem sido utilizado para facilitar a aprendizagem da primeira e da segunda línguas, pois o contexto social é um elemento fundamental neste processo.
Por exemplo, uma pessoa não fala da mesma maneira com um adulto e com uma criança. Também muda o idioma dependendo do assunto sobre o qual você está falando ou se você está na rua com amigos ou servindo um cliente no trabalho.
Teoria sociolingüística
Entre os teóricos da sociolinguística, destacam-se os seguintes autores:
William Labov (Estados Unidos, 1927)
Ele é considerado o fundador da sociolinguística quantitativa urbana ou variacionista. Ele foi um dos pioneiros no estudo da relação entre a linguagem e a situação social do falante e apresentou a ideia de que a maneira como uma língua é usada varia entre as pessoas e suas circunstâncias.
Ao contrário de linguistas tradicionais como Ferdinand de Saussure e Noam Chomsky, que reconheceram essas variações mas não lhes deram grande relevância, para Labov era um aspecto fundamental.
Charles A. Ferguson (Estados Unidos, 1921-1998)
Ele é conhecido por suas pesquisas sobre a diglossia, que ocorre quando duas línguas são faladas na mesma população e uma tem maior preponderância que a outra.
A este respeito, analisou como os usos variavam de acordo com a área em que se realizava a conversa, o prestígio de cada língua, a aquisição como língua materna, sistemas gramaticais, variedade de léxicos, herança literária, fonologia e outros fatores..
Joshua Fishman
Ele foi um pioneiro na pesquisa em sociologia da linguagem, analisando a maneira como a linguagem influenciava as populações e modificava a dinâmica social e o caráter das pessoas.
Entre outros aspectos, estudou o motivo pelo qual duas comunidades semelhantes alcançaram uma organização social diferente do uso da linguagem, avaliando atitudes individuais e coletivas e referências culturais.
Dell Hymes
Ele analisou a relação entre a fala e as relações humanas e a forma como a linguagem molda o pensamento.
Partindo da teoria de que para compreender uma língua não era necessário apenas aprender seu vocabulário e esquema gramatical, mas também o contexto em que cada palavra era utilizada, desenvolveu um modelo para identificar os componentes que marcam a interação linguística.
Basil Bernstein (Reino Unido, 1924-2000)
A sua obra centra-se na sociologia da linguagem e na estrutura do discurso pedagógico, estabelecendo uma relação determinante entre o modo de falar e a classe social da pessoa.
Métodos de pesquisa sociolinguística
Quando se trata de pesquisa sociolinguística, existem três campos principais, cada um dos quais com sua própria metodologia e objeto de estudo.
São variacionismo urbano ou quantitativo, sociologia da linguagem e etnografia da comunicação.
Quantitativo urbano ou variância
Este campo estuda a variação linguística relacionada a fatores sociais em que os falantes vivem e se encontram. Entre outros aspectos, analisa a influência da religião, escolaridade, nível socioeconômico, profissão, idade, sexo, aspectos históricos e origem étnica das pessoas.
Sociologia da linguagem
Esta corrente estuda a forma como a linguagem influencia as comunidades e afeta a dinâmica social e a identidade individual.
Para isso, analisa o uso habitual de duas línguas na mesma região (bilinguismo), porque uma delas tem preferência pelo uso em determinadas circunstâncias (diglossia), os motivos da escolha e o contato entre línguas diferentes.
Etnografia da comunicação
Este ramo estuda a interação comunicativa em pequenas populações e a forma como a linguagem influencia a visão de mundo que seus membros possuem. Para fazer isso, ele analisa a estrutura linguística e as regras sociais, culturais e psicológicas que regem seu uso dentro de uma comunidade.
A sociolinguística também é usada para facilitar a aprendizagem de novas línguas. Fonte: pixabay.com
As variantes linguísticas referem-se às diferentes formas que existem em uma língua para se referir ao mesmo conceito.
Nesse sentido, a sociolinguística estuda por que certos grupos ou pessoas optam por usar uma determinada palavra em vez de outra e em que circunstâncias a usam.
Existem quatro tipos de variantes: geográfica ou diatópica, contextual ou diafásica, sociocultural ou diastrática e histórica ou diacrônica.
Variantes
Essas variantes referem-se a diferenças linguísticas devido às diferentes origens geográficas dos falantes. Por exemplo, a vestimenta para tomar banho na Argentina é chamada de malha, na Espanha maiô, na Colômbia maiô, em Cuba trusa, na cueca de El Salvador e no Chile.
Variantes contextuais ou diafásicas
Essas variantes referem-se às diferenças linguísticas que são devidas aos diferentes registros dos falantes e de seu contexto. Diferentes vocabulários são utilizados dependendo do meio de comunicação utilizado, do tema em discussão, da relação entre os interlocutores e do motivo da palestra.
Por exemplo, em uma circunstância profissional ou formal, a outra pessoa costuma ser chamada de "você". Por outro lado, em uma situação mais familiar ou informal, é denominado “tú” ou “vos”.
Variantes socioculturais ou diastráticas
Essas variantes referem-se às diferenças linguísticas que são devidas aos diferentes níveis socioculturais dos falantes. Dependendo do nível de instrução e da extensão do domínio do idioma, a forma de comunicação muda.
Dentro deste grupo, 3 níveis de linguagem são distinguidos: adoração, usada por pessoas altamente educadas; o padrão, usado por pessoas de nível médio; e o vulgar, usado por pessoas sem educação.
Essa variação é uma das mais estudadas pela sociolingüística, pois analisa como as relações sociais e a formação influenciam os fatos linguísticos.
Variantes históricas ou diacrônicas
Essas variantes referem-se às diferenças linguísticas que ocorrem ao longo dos anos como consequência da evolução da língua. Na língua espanhola, distinguem-se 5 etapas históricas: espanhol arcaico (entre os séculos 10 e 12), espanhol medieval (entre os séculos 13 e 15), espanhol clássico ou da Idade do Ouro (entre os séculos 16 e 17), espanhol moderno (entre os séculos XVIII e XIX) e espanhol atual (do século XX).
Por exemplo, com o passar do tempo, algumas palavras desaparecem ou param de ser usadas, como pool ou perish, e aparecem outras que não eram usadas no passado, como internet ou zapping.
Referências
- Fishman, JA (1971). Sociolinguística: uma breve introdução. Rowley, Massachusetts. Newbury House.
- Fasold, R. (1990). The Sociolinguistic of Language. Oxford
- López Morales, Humberto (2004). Sociolinguística. Editorial Gredos. Madrid. Espanha.
- Moreno Fernández, Francisco (1998). Princípios da sociolinguística e sociologia da linguagem. Barcelona. Espanha
- Centro Virtual Cervantes. Sociolinguística. Disponível em: cvc.cervantes.es
- Sociolinguística, Wikipedia. Disponível em: wikipedia.org