- fundo
- Darwinismo social e colonialismo
- CEPAL e teoria da dependência
- Raul Prebisch
- André Gunder Frank
- O declínio da teoria da dependência
- Referências
A teoria da dependência baseia-se no modelo centro-periferia, que estabelece que a pobreza de determinados países (os periféricos) se deve a uma posição histórica de desvantagem em relação aos países mais poderosos (os do centro), de modo que os os últimos foram enriquecidos às custas dos primeiros.
Durante as décadas de 50 e 60, vários cientistas sociais e intelectuais latino-americanos desenvolveram uma teoria para responder ao subdesenvolvimento que seu território sofreu.
Tio Sam ensinando crianças das Filipinas, Porto Rico, Havaí e Cuba.
fundo
Darwinismo social e colonialismo
Em outubro de 1929, o crash da Bolsa de Valores de Wall Street, conhecido como crash de 29, deu origem à grande crise do capitalismo dos anos 1930, que rapidamente se espalhou por quase todos os países do mundo. Esse período foi chamado de Grande Depressão e durou até os anos da Segunda Guerra Mundial.
Esta grande crise gerou uma série de teorias que questionavam o funcionamento clássico da economia capitalista. Isso fez com que os países latino-americanos passassem a apresentar ideias de cunho mais marxista, defendendo uma maior intervenção do Estado na economia.
CEPAL e teoria da dependência
Em sua forma mais extrema, a teoria da dependência tem fortes raízes marxistas. Ele vê o mundo da perspectiva da globalização como uma forma de exploração de certos países sobre outros, ricos contra pobres.
Além disso, defende um olhar “interno” para o desenvolvimento: maior atuação do Estado na economia, maiores barreiras ao comércio e nacionalização de indústrias-chave.
As premissas nas quais a teoria da dependência se baseia são as seguintes (Blomström & Ente, 1990):
- Existe uma desigualdade nas relações de poder, que é decisiva na deterioração das condições comerciais e consequentemente na manutenção do estado de dependência dos países periféricos.
- As nações periféricas fornecem às nações centrais matérias-primas, mão de obra barata e, em troca, recebem tecnologia obsoleta. Os países centrais precisam desse sistema para manter o nível de desenvolvimento e bem-estar de que desfrutam.
- Os países centrais têm interesse em perpetuar o estado de dependência, não só por razões econômicas, mas também políticas, midiáticas, educacionais, culturais, esportivas e qualquer outra área relacionada ao desenvolvimento.
- Os países centrais estão prontos para suprimir qualquer tentativa dos países periféricos de mudar esse sistema, seja por meio de sanções econômicas ou pela força.
Raul Prebisch
Raúl Prebisch foi um economista argentino membro da CEPAL, conhecido sobretudo por suas contribuições ao chamado estruturalismo econômico e por sua tese Prebsich-Singer, que deu origem à teoria da dependência.
Prebisch argumentou que havia uma tendência de piora das condições comerciais nas relações entre os países poderosos (centro) e os fracos (periféricos), beneficiando os primeiros e prejudicando os segundos.
Segundo ele, o caminho para que esses países fracos se desenvolvessem com sucesso era por meio da industrialização e da cooperação econômica entre os países do mesmo grupo periférico (Dosman, 2008).
Desta forma, e em parte graças ao seu papel como secretário executivo da CEPAL, foram realizadas reformas nas décadas de 1950 e 1960, com foco sobretudo na Industrialização por Substituição de Importações (ISI) (CEPAL, sd).
André Gunder Frank
André Gunder Frank foi um economista teuto-americano, historiador e sociólogo da ideologia neomarxista. Muito influenciado pela revolução cubana, nos anos 60 liderou o ramo mais radical da teoria, juntando-se a Dos Santos e Marini, e em oposição às ideias mais "desenvolvimentistas" de outros membros como Prebisch ou Furtado.
Frank afirmou que a existência de relações de dependência entre os países na economia mundial era um reflexo das relações estruturais dentro dos próprios países e comunidades (Frank, 1967).
Ele argumentou que, em geral, a pobreza é resultado da estrutura social, da exploração do trabalho, da concentração da renda e do mercado de trabalho de cada país.
O declínio da teoria da dependência
Em 1973, o Chile sofreu um golpe de estado que resultou na ruptura do pensamento da CEPAL e que fez com que o projeto perdesse influência com o tempo.
Finalmente, com a queda do Bloco Soviético nos anos 1990, os intelectuais "dependentes" que ainda viviam (Prebisch morreu em 86) tomaram caminhos diferentes.
Alguns mais radicais, como Dos Santos, trabalharam desenvolvendo teorias antiglobalização, outros, como Marini, se dedicaram ao campo acadêmico, e outros, como Frank e Furtado, continuaram trabalhando em torno da política econômica mundial.
Referências
- Blomström, M., & Ente, B. (1990). A teoria do desenvolvimento em transição. México DF: Fundo de Cultura Econômica.
- CEPAL. (sf). www.cepal.org. Obtido em
- Cypher, JM, & Dietz, JL (2009). O processo de desenvolvimento econômico. Londres e Nova York: Routledge.
- Dosman, EJ (2008). A vida e os tempos de Raul Prebisch, 1901-1986. Montreal: McGill-Queen's University Press. pp. 396–397.
- Frank, AG (1967). Capitalismo e subdesenvolvimento na América Latina. Nova York: Monthly Review Press. Obtido em Clacso.org.