- Biografia
- Personalidade forte
- Expulsão de Hermodoro
- Filosofia (pensamento)
- Procure o oposto
- Conceito de Arjé
- Tocam
- Uso de aforismos
- Frases mais marcantes
- Principais contribuições
- Fogo como elemento primário
- A mobilidade do universo existente
- Dualidade e oposição
- O princípio da causalidade
- Logos
- Primeiras concepções de Estado
- Concepção sobre guerra e autoconhecimento
- Referências
Heráclito de Éfeso (535 a 475 aC) foi um filósofo pré-socrático cujas contribuições à filosofia e à ciência representaram um precedente importante que daria origem ao pensamento filosófico mais importante da Grécia Antiga: o socrático.
Ele era um homem com treinamento autodidata, então ele não é informado em nenhuma escola ou corrente de pensamento filosófico ou protofilosófico da época. Natural da cidade de Éfeso, foi considerado um dos pioneiros na exploração do inconsciente humano em relação à natureza.
Seus principais postulados incidem sobre o movimento e a mudança constante de todos os elementos e fenômenos presentes, bem como sobre a dualidade e o enfrentamento do oposto como parte de um equilíbrio universal.
Como a Escola da Milésia, com Tales, Anaximandro e Anaxímenes, Heráclito também definiu um elemento primordial e original para o material e existente: o fogo, também considerado parte da alma humana.
Biografia
Heráclito nasceu em 535 aC em Éfeso, uma colônia da Grécia localizada onde hoje fica a Turquia.
Embora não se saiba muito sobre este filósofo grego, há registros históricos que indicam que Heráclito fazia parte de uma família nobre que era privilegiada e pertencia à aristocracia da época.
Na verdade, em sua família a atribuição da posição de padre era hereditária; reflexão de que eles eram ricos e ricos.
Apesar do destaque que teve a família de Heráclito, este filósofo caracterizou-se desde cedo por ser introvertido e sem gosto pela vida pública.
Personalidade forte
Diz-se que Heráclito opôs-se tanto aos tiranos que no passado dominaram Éfeso, quanto aos novos representantes ligados à democracia que começavam a ter preponderância na época.
Essa falta de simpatia por ambas as abordagens rendeu-lhe fortes críticas, razão pela qual passou boa parte de sua vida isolado dos outros, dedicado a entender o porquê das coisas.
De acordo com os registros encontrados, pode-se dizer que Heráclito tinha um caráter forte; diversas fontes indicam que costumava ser estrito, pouco paciente e sarcástico. Além disso, alguns historiadores afirmam que ele expressou certo desprezo pelos cidadãos comuns, o que pode ter sido uma consequência de sua origem aristocrática.
Essas características de sua personalidade também o influenciaram a preferir se isolar das críticas que recebeu durante sua vida e evitar ser vinculado a aspectos relacionados às artes e à religião.
Expulsão de Hermodoro
Outro evento que teria reafirmado seu desprezo por seus semelhantes em Éfeso e sua decisão de se isolar da sociedade foi que seu amigo Hermodorus, também filósofo e nativo da Grécia, foi exilado daquela cidade, o que deixou Heráclito muito irritado e desacordo.
Para aprofundar o pensamento e criar o que mais tarde seriam as teorias de Heráclito, foi morar nas montanhas, onde ficou quase totalmente isolado da sociedade.
Acredita-se que Heráclito tenha morrido em um ano por volta de 470 aC. Muito de sua filosofia transcendeu os tempos modernos graças às referências do escritor Diógenes Laercio, nascido na Grécia.
Filosofia (pensamento)
No pensamento de Heráclito, existem abordagens que indicam que ele não escreveu nenhum livro como tal, mas que todos os ensinamentos que ensinou eram orais.
Com base nesse cenário, acredita-se que foram seus discípulos que traduziram as palavras de Heráclito nas letras. Este fato torna muito difícil confirmar a autoria de algumas frases e frases.
No entanto, há registros que indicam que parte de seu pensamento ia contra o sistema - até então considerado natural - formado e liderado pela aristocracia, e a favor das leis criadas e estabelecidas por meio do Estado, um órgão representativo.
De maneira geral, pode-se dizer que a filosofia de Heráclito se baseia em três conceitos: theós, lógos e pỳr. O primeiro termo se refere ao que é divino.
Por sua vez, o logos está relacionado ao que Heráclito chamou de “devir” do universo, bem como a tudo que faz parte do discurso filosófico em relação à razão e ao pensamento.
Este último é o elemento mais importante da filosofia de Heráclito, pỳr, que corresponde ao fogo criador de tudo o que existe. Este termo é a interpretação de Heráclito do conceito de arche.
Procure o oposto
Heráclito estabeleceu que o mundo estava em constante e perene mudança, e que no meio desse processo de transformação cada elemento se torna sua entidade oposta.
Além disso, o fato da mudança constante e, portanto, da renovação periódica, implica que os mesmos cenários não podem ser vividos várias vezes. Em outras palavras, nunca será possível que um lugar permaneça o mesmo, porque as coisas daquele lugar estão constantemente sendo transformadas.
Quanto ao ser humano, Heráclito estipulou que o homem está em constante luta diante dessas mudanças e transformações que estão ocorrendo o tempo todo.
Como consequência dessa alternância perene entre personagens opostos, o conceito de qualidade associado a uma característica humana torna-se um tanto relativo.
Ao mesmo tempo, em meio a essa luta, o ser humano tem o cenário perfeito para descobrir sua própria identidade, uma vez que se transforma continuamente em coisas opostas.
Segundo Heráclito, esse processo é importante na medida em que constitui o motor pelo qual o mundo e as coisas evoluem e se transformam. Essa visão foi considerada contrária ao que era considerado certo na época.
Conceito de Arjé
Como mencionado acima, um dos pontos mais relevantes da filosofia de Heráclito é que ele passou a considerar o fogo como o elemento principal e essencial de todas as coisas.
O arche, também conhecido como arché ou arque, é o conceito que se tinha nos tempos da Grécia Antiga para se referir ao início do universo conhecido; foi a explicação dada sobre a origem de todas as coisas.
Heráclito considerou que todas as mudanças geradas na natureza foram desencadeadas pelo fogo.
De acordo com Heráclito, todas as coisas que existem nascem do fogo, seguindo a ordem do fogo, do ar, da água e da terra. Da mesma forma, indicou que as coisas pereceram da mesma maneira, mas em um sentido inverso; isto é: terra, água, ar e fogo.
Resumindo, para Heráclito, o fogo era o começo e o fim de todas as coisas que faziam parte da natureza, era até considerado a origem da alma. Segundo este filósofo, este fogo nasce como consequência de uma necessidade específica.
Tocam
De acordo com os registros obtidos, Heráclito escreveu uma única obra chamada De la Naturaleza. Vale destacar que esse mesmo título continha as obras que tratavam de questões filosóficas na Grécia Antiga.
Como mencionado acima, não há certeza se o livro de Heráclito foi realmente concebido por ele como tal ou se foi uma compilação feita posteriormente por seus discípulos, uma compilação que incluiu as noções e descrições de Heráclito sobre vários assuntos.
Em todo caso, Diógenes Laércio foi o escritor grego que atribuiu o livro Da Natureza a Heráclito. Este livro está dividido em três capítulos: o primeiro deles fala sobre cosmologia, o segundo enfoca a esfera política e o terceiro capítulo trata do assunto teológico.
Uso de aforismos
A estrutura de sua única obra é composta por mais de cem frases, sem conexão direta entre si. Heráclito caracterizou-se por usar aforismos como forma de expressar seu pensamento.
Os aforismos são aquelas frases que têm a característica de serem rudes e curtas, e que são utilizadas para descrever conceitos considerados verdadeiros em um determinado campo.
Diz-se que o facto de utilizar aforismos para dar a conhecer as suas ideias vai ao encontro das características que se conhecem deste personagem, uma vez que Heráclito se caracterizava por ser algo enigmático, mas também introspectivo e muito severo.
Todas essas peculiaridades valeram-lhe o apelido de "o escuro", e são consistentes com o significado dos fragmentos dele que foram encontrados.
Frases mais marcantes
Conforme explicado anteriormente, a obra de Heráclito é composta de frases e sentenças específicas. A seguir, citaremos alguns dos mais emblemáticos:
-Nada resiste, exceto a mudança.
-Todos os dias o sol é um novo elemento.
-Não é possível pisar duas vezes no mesmo rio, porque não é o mesmo rio e não é o mesmo homem.
-Deus é inverno e verão, saciedade e fome, guerra e paz, dia e noite.
-Tudo muda; portanto, nada é.
-Aqueles que entram no mesmo rio, as águas que os cobrem são diferentes.
- Por não ter esperança é possível encontrar o inesperado
-As leis do homem são alimentadas pela lei divina.
-Deus vê tudo de bom e justo; foram os homens que criaram o justo e o injusto.
- Quem procura ouro cava muito e não encontra nada.
-A doença torna a saúde mais agradável; a fome torna a saciedade mais agradável; e a fadiga torna o descanso mais agradável.
-A origem e o fim se confundem em um círculo.
-A alma que está seca é a mais sábia e, portanto, a melhor.
-É sábio prestar atenção não em mim, mas no logos (a palavra), e assim entender que cada uma das coisas é realmente uma.
Principais contribuições
Fogo como elemento primário
Assim como os filósofos da Escola da Milésia desenvolveram em suas obras a existência de um elemento natural que serve de essência e origem de tudo o que existe, Heráclito deu continuidade a essa linha de pensamento e atribuiu essa qualidade ao fogo.
Heráclito abordou o fogo como um elemento central que nunca se extinguiu, cujos movimentos naturais lhe permitiam uma existência não estática e que estava em sintonia com o resto da mobilidade natural do Universo.
O fogo não estaria presente apenas na terra, mas também faria parte da alma humana.
A mobilidade do universo existente
Para Heráclito, todos os fenômenos da natureza faziam parte de um estado de constante movimento e mudança. Nada é inerte, nem permanece inerte ou dura para sempre. É o movimento e a capacidade de mudança que permitem o equilíbrio universal.
Heráclito é creditado com algumas frases metafóricas famosas que expõem esse pensamento: "Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio". Dessa forma, o filósofo consegue expor o caráter mutante não só da natureza, mas também do homem.
Da mesma forma, Heráclito exibiu certa vez “Tudo flui”, conferindo ao universo uma certa arbitrariedade quanto às suas ações, mas nunca um caráter estático.
Dualidade e oposição
Heráclito considerou que os fenômenos mutáveis da natureza e do homem eram o resultado de contradições e oposições na realidade. Seu pensamento desenvolveu que não era possível experimentar um estado se sua contraparte não fosse conhecida ou previamente experimentada.
Tudo se compõe de seu oposto e, em algum momento, passa de um para o outro. Para desenvolver esse ponto, Heráclito usou a metáfora de um caminho que sobe e outro que desce, que no final não passam do mesmo caminho.
A vida dá lugar à morte, a saúde à doença; um homem não pode saber o que é ser saudável se nunca adoeceu.
O princípio da causalidade
Durante sua vida, Heráclito desenvolveu em seu pensamento a busca da causalidade; Qual é a causa de cada ação ou fenômeno físico ou natural? O filósofo afirmou que tudo o que acontece tem uma causa e que nada pode ser a causa de si mesmo.
Se você continuar a explorar retrospectivamente, em algum ponto chegará a uma causa inicial, que Heráclito chamou de Deus. Sob esse fundamento teológico, Heráclito também justificou a ordem natural das coisas.
Logos
Em sua obra, Heráclito desenvolveu sua percepção do Logos. A palavra, o reflexo, a razão. Esses foram os atributos que Heráclito imprimiu no Logos quando pediu que não só a palavra que professava fosse ouvida, mas o Logos.
Ele considerou que o Logos estava presente, mas poderia ser incompreensível para os homens.
Heráclito convidava o raciocínio como parte daquele esquema universal que determinava que, embora tudo fluísse, também seguia uma ordem cósmica específica, e o Logos fazia parte desse caminho a ser percorrido.
O Logos, então, facilitou as relações entre os elementos naturais, o bem-estar da alma, a natureza do divino, etc.
Primeiras concepções de Estado
Em sua obra, Heráclito começou a esboçar o que seria um estado ideal ou funcional. Porém, a essa altura, as condições sociais ainda eram muito precárias, dificultando o processo de classificação em uma sociedade.
Naquela época, na Grécia, o número de pessoas que eram consideradas cidadãs era mínimo, e crianças, mulheres e escravos foram excluídos. Diz-se que Heráclito tinha uma formação aristocrática, o que lhe conferia certo viés social ao desenvolver esses conceitos.
No entanto, ele não se aprofundou muito e, em vez disso, expôs concepções particulares de guerra e o poder de um homem sobre o outro.
Concepção sobre guerra e autoconhecimento
Heráclito considerou, filosófica e politicamente, a guerra como um fenômeno necessário para dar continuidade à ordem cósmica natural, por meio da qual outros conceitos por ele levantados, como dualidade e oposição, foram evidenciados.
O choque de posições opostas que só dão lugar a um novo estado ou acontecimento, permitiu também determinar a posição de cada homem nesta nova ordem e, portanto, lançar uma nova perspectiva sobre o poder e a estrutura que começava a se tecer. abaixo disso.
Esse tipo de conflito permitiu ao homem conhecer a si mesmo e saber se ele possuía os atributos de um ser superior, ou aqueles que o condenariam à baixeza (como no caso dos escravos).
A partir disso, Heráclito passou a desenvolver os primeiros ideais éticos do homem, como comportamentos necessários à continuidade da vida individual e em sociedade, que mais tarde seriam retomados e ampliados por um grande número de filósofos posteriores, dando à ética um caráter próprio. campo de estudo e reflexão.
Referências
- Barnes, J. (1982). The Presocratic Philosophers. Nova York: Routledge.
- Burnet, J. (1920). Filosofia Grega Antiga. Londres: A & C Black.
- Harris, W. (nd). Heráclito, os fragmentos completos. Middlebury College.
- Osborne, R., & Edney, R. (2005). Filosofia para iniciantes. Buenos Aires: Foi nascente.
- Taylor, CC (1997). Do começo a Platão. Londres: Routledge.