- Biografia
- Anos de faculdade e exílio
- Promotora cultural e defensora dos povos indígenas
- Morte
- Contribuições e trabalhos
- Importância como promotor cultural
- Características de seu trabalho
- Legado
- Poemas
- Referências
Manuel Scorza (1928-1983) foi um famoso romancista, poeta e ativista político peruano. Sua prosa e verso entrelaçaram elementos míticos e fantásticos com características de realismo social. Como muitos outros escritores do boom latino-americano, Scorza procurou tornar visíveis os problemas e injustiças sofridos pelos marginalizados de seu povo.
Problemas como capitalismo, corporativismo e exploração e sua relação com o povo andino foram amplamente tratados na obra de Scorza. Além do trabalho como escritor, Scorza se destacou como editor e gestor cultural.
Fonte: Diario Uno
A promoção da literatura em seu país e na América Latina o levou a criar uma editora de curta duração, mas de sucesso, através da qual ele não só promoveu a literatura peruana, mas também conseguiu colocar títulos importantes da literatura universal ao alcance dos marginalizados de. a sociedade.
Ao longo da sua vida, Manuel Scorza foi um homem profundamente preocupado com as carências culturais do seu país, que procurou resolver a partir de diferentes áreas.
Biografia
Manuel Scorza nasceu em Lima, Peru, em 1928. Ele passou a maior parte de sua infância doente, afetado pela asma.
Pouco depois de seu nascimento, sua família mudou-se para o distrito de Acoria, na província de Huancavelica. Naquela pequena cidade, casa da mãe de Manuel, sua família estabeleceu uma padaria. Naquela região andina, Scorza enfrentou a pobreza em que viviam nas montanhas.
Anos depois, a família de Scorza voltou à capital peruana e seu pai decidiu abrir uma banca de jornal. É possível que essa tenha sido a primeira abordagem do jovem à leitura; Porém, pouco tempo depois, foi mandado para a montanha como internato de um colégio salesiano.
É sabido que a doença de Scorza obrigou seus pais a mandá-lo para as montanhas em busca de melhores condições para o tratamento da asma.
Depois de se recuperar, Scorza voltou à capital e logo depois ingressou no Colégio Militar Leôncio Prado. Essa instituição era conhecida por receber alunos de várias classes sociais, principalmente da classe média.
Anos de faculdade e exílio
Os anos de faculdade de Scorza foram passados na Universidade Nacional de San Marcos. Esse período foi de intensa atividade política para Scorza, que se opôs febrilmente ao presidente Manuel Prado.
Desde 1948, ele organizou e participou de protestos estudantis contra o general Manuel Odría. Por causa disso, ele foi preso por um ano.
Após seu período na prisão, ele foi exilado. Este período deu a Scorza a oportunidade de viver no Chile, Argentina e Brasil, países nos quais exerceu diversas atividades: vendedor de perfumes, livreiro, editor e professor foram algumas das ocupações que desempenhou durante o exílio.
Seu nomadismo acabou quando ele decidiu se estabelecer no México, onde estudou na Universidade Nacional Autônoma do México. Como estudante, ele viu uma oportunidade de mostrar sua caligrafia em um concurso de poesia.
Scorza conquistou o monopólio dos prêmios: os três primeiros lugares foram atribuídos a ele, já que ele entrou na competição sob três pseudônimos diferentes.
Ainda no México, Scorza publica sua primeira coletânea de poemas: Canto a los mineros de Bolivia (1954). O alto conteúdo social desta obra levou o autor a se envolver no ativismo político da mineração na Bolívia.
Promotora cultural e defensora dos povos indígenas
Em 1956 voltou ao Peru, país onde viveu durante os onze anos seguintes. Nesse mesmo ano casou-se com Lydia Hyle, com quem teve um filho e uma filha.
No final da década de 1950, fundou a Populibros peruanos, uma editora cooperativa. Sua empresa não durou muito, pois rapidamente faliu.
O desejo de protestar levou Scorza a participar de manifestações camponesas na província de Pasco, em 1959. Ele foi preso novamente.
Ao sair dos bares, foi para o exílio em Paris em 1967. Scorza viveu dez anos na cidade das luzes, onde se impregnou da energia dos protestos estudantis da época.
Em 1978, Scorza voltou ao Peru. Decidiu se candidatar à vice-presidência do Peru pela Frente Camponesa, Estudantil e Popular dos Trabalhadores (FOCEP), mas acabou se retirando.
Em 1979, tornou-se secretário nacional da FOCEP e foi o primeiro escritor peruano a ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Em 1980 assumiu a vice-presidência do partido.
Dois anos depois, fundou a Frente dos Intelectuais Peruanos pela Identidade e Soberania dos Povos da Nossa América (FIPISPNA) e, em 1983, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura, após o qual voltou a Paris. Scorza alcançou grande popularidade em seu país natal, bem como internacionalmente.
Morte
Scorza morreu em 27 de novembro de 1983 em um acidente de avião no vôo 11 da Avianca, em uma colina perto do aeroporto de Madrid.
Contribuições e trabalhos
O primeiro livro de poesia de Scorza, As imprecações, foi publicado no México em 1955. Esses poemas, como os publicados em solidariedade aos mineiros bolivianos, demonstram um compromisso social e um desejo de dar voz aos marginalizados na sociedade.
Em 1956, Scorza voltou ao Peru e fundou a Populibros peruanos. Em sua curta duração, Populibros peruanos publicou mais de sessenta livros.
Em seu catálogo convergem títulos de renomados autores peruanos, como Manuel González Prada, César Vallejo, Garcilaso de la Vega e José María Arguedas. Como promotor cultural, Scorza divulgou sua editora em diversas séries e festivais de livros.
A qualidade das edições, assim como o baixo custo, fizeram da Populibros peruanos uma das editoras preferidas da América Latina.
Além disso, por ser uma cooperativa formada em conjunto com outros escritores peruanos, Scorza deu a conhecer ao público as letras de escritores como Ciro Alegría, Mario Vargas Llosa, Joan José Vega e Julio Ramón Ribeyro, entre outros.
Da mesma forma, Scorza buscou divulgar as obras de escritores icônicos da literatura mundial, como Oscar Wilde, Willliam Shakespeare, Ernest Hemingway, Edgar Allan Poe, Anton Chejov, Flaubert, Gabriel García Máquez, Rubén Darío e José Martí, entre outros.
Importância como promotor cultural
Outra grande contribuição de Manuel Scorza para a divulgação da cultura na América Latina foi a organização de festivais de livros. Essas coleções buscaram reunir as obras mais destacadas dos escritores mais reconhecidos do país e do exterior.
Com essas coleções, Scorza conseguiu publicar várias obras da Venezuela, Colômbia, Equador e América Central. No total, conseguiu imprimir 2.750.000 exemplares, facilmente acessíveis a qualquer peruano.
Como promotor cultural, Scorza conseguiu levar o livro - antes considerado um objeto de luxo - para a classe trabalhadora. Por meio de grandes tiragens, impressão técnica inovadora e uso de papel barato e de segunda categoria, o autor peruano conseguiu reduzir custos.
Outro ponto fundamental para a divulgação dos livros foi a colocação de estandes em praças, esquinas e espaços públicos. É preciso destacar também o forte uso da publicidade para divulgar as edições do Populibros.
A obra de Scorza é considerada pela crítica como uma prosa indigenista, carregada de forte conteúdo de protesto social. Em geral, seu trabalho dignifica o povo andino ao oferecer uma nova perspectiva de vida.
Características de seu trabalho
Outra característica de Scorza é a intertextualidade com outros textos, períodos e gêneros, o que enriquece a narrativa sobre os indígenas. A prosa de Scorza foi fortemente influenciada pelas letras de José María Arguedas, seu conterrâneo.
Entre as técnicas mais utilizadas por Scorza estão a paródia, a sátira e a ironia para criticar e expressar as injustiças sofridas pelo povo peruano. Porém, em nenhum momento o autor se impõe à voz do narrador e muitas vezes é colocado como um terceiro, ou uma testemunha no meio da história.
A obra de Scorza conseguiu mostrar a necessidade de um grande público, até então marginalizado, consumir obras literárias. Apesar dos erros, Manuel Scorza foi um dos pioneiros das editoras latino-americanas.
Além disso, soube aproveitar os ensinamentos sobre marketing, publicidade e as estratégias do mercado editorial para se vender como escritor.
Legado
O sucesso internacional de Manuel Scorza tornou-o uma figura pública. Paralelamente à publicação de seus romances, Scorza manteve a luta pelos direitos dos indígenas peruanos; Esse discurso tornou o problema visível aos olhos dos europeus. Além disso, Scorza usou sua narrativa e poesia para realçar a retórica de seu ativismo.
Esses ensinamentos anteriores tornaram Scorza um orador habilidoso e bem ciente de seu poder como figura pública. O autor peruano ficou conhecido pelo caráter ambíguo de suas entrevistas, nas quais ficção e realidade se entrelaçaram em suas respostas.
Poemas
Um escritor prolífico, Scorza concentrou seu trabalho em prosa e verso. Ele foi o autor dos seguintes poemas:
-As imprecações (1955).
-As despedidas (1959).
-Decepções do mágico (1961).
-Requiem para um homem gentil (1962).
-Love poetry (1963).
-A valsa dos répteis (1970).
Romances:
-Rodado por Rancas (1970).
-História de Garabombo, o Invisível (1972).
-O cavaleiro insone (1977).
-Cantar de Agapito Robles (1977).
-The Tomb of Lightning (1979).
-A dança imóvel (1983).
Referências
- Vários autores "Manuel Scorza" (1998) na Britannica. Obtido em 5 de outubro de 2018 da Britannica: britannica.com
- Perlado, J. "Manuel Scoza: entrevista não publicada" (1979) na Universidade Complutense de Madrid. Recuperado em 5 de outubro de 2018 da Universidade Complutense de Madrid: ucm.es
- Miravet, D. "O autor: nota biobibliográfica" in Cervantes Virtual. Obtido em 5 de outubro de 2018 do Cervantes virtual: cervantesvirtual.com
- Bobadilla, Jaime “E quem foi Manuel Scorza” (2013) em Derrama Magisterial. Recuperado em 5 de outubro de 2018 de Derrama magisterial: derrama.org.pe
- "Manuel Scorza" na Wikipedia. Obtido em 5 de outubro de 2018 da Wikipedia: wikipedia.org