A paleobiologia é responsável pelo estudo dos organismos fósseis a fim de compreender a vida do passado. Esta área de estudo é uma especialidade da paleontologia que usa a biologia como complemento. É assim que o modo de vida das espécies antigas pode ser vislumbrado.
A informação que se busca tem a ver com as formas de interação, evolução e conexão com o meio que os seres vivos de épocas passadas tiveram. Os dados também ajudam a identificar as principais mudanças climáticas e ecológicas que aconteceram na Terra.
Fóssil de Mecochirus longimanatus, um crustáceo extinto do Jurássico.
Didier Descouens
Dentro da mesma paleobiologia existem também outros sub-ramos que variam de acordo com seu objeto de estudo. Isso inclui plantas, animais, tipos específicos de fósseis, vestígios antigos, como pegadas, etc.
O estudo dos fósseis é importante para entender os processos evolutivos e as diferentes tendências da biodiversidade ao longo da história do planeta. A ideia de conhecer o passado para compreender o presente é muito marcante em todas as linhas de pesquisa que se relacionam com a pesquisa paleontológica em cada um de seus diferentes ramos.
História da Paleobiologia
Para falar em paleobiologia, é necessário vinculá-la à prática paleontológica cujos avanços no século XX permitiram o surgimento desse novo ramo de pesquisa. Muito do que ajudou o nascimento da paleobiologia foi o crescente interesse dos pesquisadores na evolução e ecologia dos seres vivos na pré-história.
A Paleobiologia foi fundada em 1912 por Othenio Abel, paleontólogo austríaco, sendo esta uma de suas principais contribuições em sua carreira. Ele formulou a paleobiologia como um ramo que combina os métodos e avanços da biologia com os da paleontologia. Esta proposta trabalha no sentido de compreender os modos de vida e as mudanças ao longo dos tempos, tendo a evolução como um dos principais temas.
Deve-se destacar que Othenio Abel se baseou na teoria lamarckiana da evolução, que tende a classificar o ambiente que circunda um organismo como o principal elemento que influencia o desenvolvimento de sua vida e posterior evolução. O meio ambiente, sua composição climática e geológica e outros aspectos que definem a forma como um ser vivo se move para alcançar sua sobrevivência.
Foi na década de setenta que a disciplina começou a se firmar muito mais. Vários paleontólogos americanos, como Niles Eldredge e Stephen Jay Gould, começaram a prestar atenção à estagnação evolutiva e à possibilidade de que a causa disso fosse que a especiação tivesse ocorrido em breves mudanças geológicas.
Outros estudos relacionados à passagem da paleontologia para uma nova disciplina como a paleobiologia têm a ver justamente com a questão geológica. A tectônica de placas costuma ser uma das teorias associadas à especiação, por ser um fenômeno capaz de causar subdivisões de espécies.
Especialidades
Assim como a paleobiologia é um ramo do estudo paleontológico, ela por sua vez possui várias especialidades para complementar seus estudos. As especialidades são definidas pelas espécies ou elementos que servem de objeto de estudo.
A Paleozoologia, por exemplo, trata do estudo de fósseis de animais extintos e enfatiza a taxonomia ou classificação das espécies. A paleobotânica, por sua vez, concentra-se nos organismos vegetais. O estudo de fósseis microscópicos e nanofósseis também é discutido na disciplina de micropaleontologia, cujo objetivo é identificar a evolução da biosfera ao longo do tempo.
Existem outras especialidades, como a paleocnologia, que se encarrega de estudar alguns vestígios antigos, como as pegadas de animais. Um exemplo são as pegadas de dinossauros, que se tornaram objeto de estudo particularmente comum neste ramo.
A paleoecologia também está relacionada à paleobiologia por seu estudo da ecologia de criaturas do passado e seu propósito de descobrir os ambientes e ecossistemas daquela época.
Por fim, pode-se citar a paleobiogeografia, que se concentra em analisar a distribuição espacial dos seres vivos e as causas que geraram essas localizações específicas.
As descobertas da paleobiologia
Com a paleobiologia, o estudo dos dados fósseis também se baseava na compreensão das formas de vida e da evolução dos seres vivos em eras remotas. Soma-se a isso a importância de se ter novas informações sobre os tipos de ambiente em que se desenvolveram e todas as mudanças que foram geradas ao longo do tempo.
No entanto, são as descobertas da paleontologia que permitem um estudo dos fósseis da paleobiologia, já que esta é uma derivação da primeira.
Alguns dos pesquisadores mais recentes incluem o falecido paleontólogo alemão Adolf Seilacher. Seus estudos se destacam por enfocar os icnofósseis, a evolução das espécies e sua morfologia.
Entre as obras mais marcantes de Seilacher, pode-se citar o estudo de fósseis do período geológico ediacariano, que datam de aproximadamente 635 milhões de anos atrás.
Em sua carreira ele demonstrou como através das trilhas é possível encontrar pistas sobre o estilo de vida dos animais do passado. Um exemplo são as pegadas de trilobitas encontradas em uma expedição ao Paquistão.
Fóssil de trilobita.
Museu de História Natural da Estônia
Além disso, a conservação de fósseis foi um fator importante para sua pesquisa. Seilacher entendeu que a maneira como um vestígio fóssil é preservado fala do modo de vida de um animal, das condições em que viveu ou do comportamento que manteve.
Por exemplo, uma pegada pode falar da morfologia de um organismo, mesmo que nenhum registro fóssil de sua estrutura óssea seja encontrado. É possível encontrar pistas sobre o ambiente que o cercava e como ele se relacionava com ele. Deve-se notar que muitos dos icnofósseis geralmente vêm de animais aquáticos.
Referências
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