- Soneto de vinho
- O remorso (
- Ode ao dia feliz (Pablo Neruda)
- Morra devagar (Martha Medeiros)
- XXVI - Aleluia!
- Felicidade (Manuel Acuña)
- Remorso (Jorge Luis Borges)
- Canção da Primavera (Federico García Lorca)
- Ele me disse uma tarde (Antonio Machado)
- Em ti encerrei as minhas horas de alegria (José Martí)
- Poema perdido em alguns versos (Julia de Burgos)
- Eles estão todos felizes? (Luis Cernuda)
- Palavras para Julia (José Agustín Goytosolo)
- Para o olmo seco (Antonio Machado)
- Doze em ponto (Jorge Guillén)
- A voz (Herberto Padilla)
- Agora (Walt Whitman)
- A bela (Herman Hesse)
- LXVII (Gustavo Adolfo Bécquer)
- O ar puro correu (Ricardo Peña)
- Cidade do paraíso, para minha cidade de Málaga (Vicente Aleixandre)
- Oltre la rough (Dante Alighieri)
- Eu sou vertical (Sylvia Plath)
- Prazer (Charlotte Brõnte)
- No meu jardim avança um pássaro (Emily Dickinson)
- Os sinos estão dobrando por você (John Donne)
- Fique perto do meu coração (Rumi)
- Eu canto para mim mesmo (Walt Whitman)
- Pedras na janela (Mario Benedetti)
Deixo-vos uma lista de poemas de felicidade de alguns dos maiores poetas da história, como Pablo Neruda, Rubén Dario, Antonio Machado, Federico Garcia Lorca, Gustavo Adolfo Bécquer, Vicente Aleixandre e muitos mais.
Você também pode se interessar por essas frases positivas ou ficar feliz.
Soneto de vinho
Em que reino, em que século, sob que silenciosa
conjunção das estrelas, em que dia secreto
que o mármore não salvou, surgiu a
ideia corajosa e única de inventar a alegria?
Com queda de ouro para inventar. O vinho
corre tinto através das gerações
como o rio do tempo, e no árduo caminho
esbanja sua música, seu fogo e seus leões.
Na noite de alegria ou no dia adverso, ele
exalta a alegria ou ameniza o terror
e o novo ditirambo que canto para ele neste dia.
Já foi cantada por árabes e persas.
Ele veio, me ensinou a arte de ver minha própria história
como se ela já fosse cinzas na memória.
O remorso (
Eu cometi o pior dos pecados
que um homem pode cometer. Eu não fui
feliz. Que as geleiras do esquecimento
me arrastem para baixo e me percam, sem piedade.
Meus pais me geraram para o jogo
arriscado e bonito da vida,
para a terra, a água, o ar, o fogo.
Eu os decepcionei. Eu não estava feliz. Realizado
não era sua jovem vontade. Minha mente
se concentrou na teimosia simétrica
da arte, que entrelaça ninharias.
Eles me deram coragem. Eu não fui corajoso.
Não me abandona.
A sombra de ter sido infeliz está sempre ao meu lado.
Ode ao dia feliz (Pablo Neruda)
Desta vez, deixe-me
ser feliz,
nada aconteceu com ninguém,
não estou em lugar nenhum,
acontece
que estou feliz
nos quatro lados
do meu coração, caminhando,
dormindo ou escrevendo.
O que vou fazer com ele, estou
feliz.
Sou mais inumerável
que a grama
das pradarias,
sinto a pele como árvore áspera
e a água embaixo,
os pássaros em cima,
o mar como um anel
na minha cintura,
feito de pão e pedra a terra
o ar canta como um violão.
Você ao meu lado na areia
é areia,
você canta e você é canção,
o mundo
é minha alma hoje,
canção e areia,
o mundo
é sua boca hoje,
deixe-me
na sua boca e na areia
seja feliz,
seja feliz porque sim, porque eu respiro
e porque você respira,
ser feliz porque toco o
seu joelho
e é como se eu tocasse
a pele azul do céu
e seu frescor.
Hoje deixe-
me
ser apenas feliz,
com todos ou sem todos,
ser feliz
com grama
e areia,
ser feliz
com ar e terra,
ser feliz,
com você, com sua boca,
ser feliz.
Morra devagar (Martha Medeiros)
Quem não viaja,
quem não lê,
quem não escuta música,
quem não encontra graça em si mesmo morre lentamente.
Aqueles
que destroem o amor próprio,
que não se deixam ajudar, morrem lentamente.
Quem
se torna escravo do hábito morre aos poucos,
repetindo os mesmos
caminhos todos os dias,
quem não muda de marca,
não ousa mudar a cor da
roupa
ou não conversa com quem não
conhece. Quem evita uma paixão e seu turbilhão de emoções
morre aos poucos, justamente aquelas que devolvem o brilho aos olhos e restauram os corações despedaçados.
Aqueles
que não giram a roda quando estão descontentes
com o seu trabalho, ou com o seu amor, morrem lentamente, aqueles
que não arriscam a verdade ou o incerto para ir
atrás de um sonho
que não se permitem, nem uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos …
Viva hoje!
Dê uma chance hoje!
Faça hoje!
Não se deixe morrer lentamente!
Não pare de ser feliz!
XXVI - Aleluia!
Rosas cor de rosa e brancas, ramos verdes,
corolas frescas e
buquês frescos, Joy!
Ninhos nas árvores quentes,
ovos nos ninhos quentes,
doçura, Alegria!
O beijo daquela
loira, e daquela morena,
e daquela negra, Alegría!
E a barriga daquela garotinha de
quinze anos, e seus braços
harmoniosos, Joy!
E o sopro da floresta virgem,
e o das virgens femininas,
e as doces rimas da Aurora,
Alegria, Alegria, Alegria!
Felicidade (Manuel Acuña)
Um céu azul de estrelas
brilhando na imensidão;
um pássaro apaixonado
cantando na floresta;
pelo ambiente os aromas
de jardim e flor de laranjeira;
ao nosso lado a água
jorrando da nascente
nossos corações se fecham,
nossos lábios muito mais,
você se elevando ao céu
e eu te seguindo lá,
isso é amor minha vida,
isso é felicidade!…
Cruze
os mundos do ideal com as mesmas asas;
pressa todas as alegrias,
e todas as boas pressas;
dos sonhos e da felicidade de
volta à realidade,
acordando entre as flores
de um gramado primaveril;
os dois se olhando muito,
os dois se beijando mais,
isso é amor, minha vida,
isso é felicidade…!
Remorso (Jorge Luis Borges)
Eu cometi o pior dos pecados
que um homem pode cometer. Eu não fui
feliz. Que as geleiras do esquecimento
me arrastem para baixo e me percam, sem piedade.
Meus pais me geraram para o jogo
arriscado e bonito da vida,
para a terra, a água, o ar, o fogo.
Eu os decepcionei. Eu não estava feliz. Realizado
não era sua jovem vontade. Minha mente
se concentrou na teimosia simétrica
da arte, que entrelaça ninharias.
Eles me deram coragem. Eu não fui corajoso.
Não me abandona.
A sombra de ter sido infeliz está sempre ao meu lado.
-Fingimos que sou feliz (Sor Juana Inés de la Cruz)
Vamos fingir que estou feliz,
pensamento triste, por um tempo;
Talvez consiga persuadir-
me, embora eu saiba o contrário,
que porque só na apreensão
dizem que o dano reside,
se te imaginas feliz
não será tão infeliz.
Sirva-me o entendimento
algum tempo de descanso,
e a engenhosidade nem sempre está
com o benefício encontrado.
Todo mundo tem opiniões
tão diferentes
que o que um é negro
prova que o outro é branco.
Para alguns, o
que é atraente é o que outro concebe a raiva;
e o que este aqui para alívio,
aquele outro para o trabalho.
Aquele que está triste censura
o alegre como a luz;
e quem está feliz zomba
de ver o triste sofrer.
Os dois filósofos gregos
provaram bem esta verdade:
pelo que em um riso
fez o outro chorar.
Sua oposição
foi famosa por tantos séculos,
sem a qual uma era correta, foi
até agora verificada.
Antes, em suas duas bandeiras
o mundo todo alistado, como
dita o humor,
cada um segue o lado.
Diz-se que
só o mundo diverso é digno de riso;
e outro, que seus infortúnios
são apenas para os enlutados.
Para tudo há provas
e razões para fundá-lo;
e não há razão para nada, se
há razão para tanto.
Todos são juízes iguais;
e sendo iguais e diversos,
ninguém pode decidir
qual é o mais bem sucedido.
Bem, se não há ninguém para sentenciá-lo,
por que você pensa, erroneamente,
que Deus confiou
a você a decisão dos casos?
Ou por que, contra você mesmo,
gravemente desumano,
entre o amargo e o doce,
você quer escolher o amargo?
Se meu entendimento é meu,
por que deveria sempre considerá-lo
tão enfadonho para obter alívio,
tão agudo para causar danos?
O discurso é um aço
que serve para os dois fins:
matar, pela ponta,
pelo pomo, de proteção.
Se você, conhecendo o perigo,
quer usá-lo desde a ponta,
qual é a falha do aço pelo
mau uso da mão?
É não saber, saber fazer
discursos sutis e vãos;
esse conhecimento consiste apenas
em escolher o mais saudável.
Especulando os infortúnios
e examinando os presságios,
só serve para que o mal
cresça com antecipação.
Em empregos futuros, a
atenção, sutilmente,
mais formidável do que o risco,
geralmente simula a ameaça.
Quão feliz é a ignorância
de quem, indolentemente sábio,
acha
sagrado o que sofre, o que ignora!
Nem sempre eles escalam
voos seguros de engenhosidade ousada,
que procuram um trono no fogo
e encontram uma sepultura no choro.
Também é um vício saber
que, se você não parar,
menos você sabe que
o dano é mais prejudicial;
e se a fuga não te desanima,
nas sutilezas primitivas,
cuidando dos curiosos você
esquece o que é necessário.
Se a mão culta não impede
o crescimento da árvore coroada, a loucura dos ramos
tira a substância do fruto
Se navegar em um navio leve
não interfere no lastro pesado,
o vôo que é
o precipício mais alto serve.
Na amenidade inútil,
que importa ao campo florido,
se o outono não encontra frutos,
que dê flores em maio?
De que adianta a engenhosidade
produzir muitos nascimentos,
se a multidão é seguida pelo
fracasso em abortá-los?
E essa miséria
deve necessariamente ser seguida pelo fracasso
em ser aquele que produz,
senão morto, dano.
A engenhosidade é como o fogo
que, com a matéria ingrata,
consome mais
quando se mostra mais claramente.
Ele é
um vassalo tão rebelde de seu próprio Senhor,
que faz de suas ofensas
as armas de sua proteção.
Este péssimo exercício,
esta labuta pesada, Deus deu
aos olhos dos homens
para exercê-los.
Que ambição louca
nos tira do esquecimento de nós mesmos?
Se é para viver tão pouco, de
que adianta saber tanto?
Oh, se como é de se saber,
houve algum seminário
ou escola onde se ignorar
as obras foram ensinadas!
Quão feliz viveria aquele
que, preguiçosamente cauteloso,
zombasse das ameaças
da influência das estrelas!
Aprendamos a ignorar,
pensamos, pois descobrimos
que, por mais que acrescente ao discurso, tanto
usurpo os anos.
Canção da Primavera (Federico García Lorca)
Eu
As crianças felizes saem
da escola,
Colocando no ar quente
De abril, canções ternas.
Que alegria tem o profundo
Silêncio do beco!
Um silêncio quebrado
por risos de prata nova.
II
Estou a caminho à tarde
Entre as flores do jardim,
Deixando na estrada as
águas da minha tristeza.
Na montanha solitária
Um cemitério de aldeia
Parece um campo semeado
Com grãos de crânios.
E os ciprestes floresceram
Como cabeças gigantes
Que com órbitas vazias
E cabelos esverdeados
Pensativos e sofridos
O horizonte que contemplam.
Divino Abril, que venha
carregado de sol e essências,
cheio de ninhos de ouro,
os crânios floridos!
Ele me disse uma tarde (Antonio Machado)
Ele me disse em uma tarde de
primavera:
Se você procura caminhos
em flor na terra,
mate suas palavras
e ouça sua velha alma.
Que o mesmo linho branco
que você
usa seja seu
traje de duelo, seu traje de festa.
Ame a sua alegria
e ame a sua tristeza,
se você procura caminhos
floridos na terra.
Eu respondi à tarde de
primavera:
-Você me contou o segredo
que reza na minha alma:
odeio a alegria
porque odeio a dor.
Mas antes de
seguir seu caminho florido,
gostaria de trazer
minha velha alma morta.
Em ti encerrei as minhas horas de alegria (José Martí)
Em você eu tranquei minhas horas de alegria
E de dor amarga;
Permita pelo menos que nas suas horas eu saia
Minha alma com meu adeus.
Eu vou para uma casa enorme onde eles me disseram
O que é vida expirando.
A pátria me leva até lá. Para o meu país, Morrer é desfrutar mais.
Poema perdido em alguns versos (Julia de Burgos)
E se dissessem que sou como um crepúsculo devastado
onde a tristeza já adormeceu!
Espelho simples onde coleciono o mundo.
Onde toco a solidão com minha mão feliz.
Meus portos chegaram, perseguiram os navios
como se quisessem fugir de sua nostalgia.
As luas sombrias
que deixei com o meu nome gritando duelos voltaram ao meu flash
até que todas as sombras silenciosas eram minhas.
Minhas pupilas voltaram amarradas ao sol de seu amor amanhecer.
Ó amor entretido em estrelas e pombas,
quão feliz o orvalho atravessa minha alma!
Feliz! Feliz! Feliz!
Enorme em gravitações cósmicas ágeis,
sem reflexão nem nada…
-Locus amoenus (Garcilaso de la Vega)
Riachos de águas puras e cristalinas,
árvores que neles se olham,
prados verdes cheios de sombra fresca,
pássaros que aqui semeiam suas brigas,
hera que caminha por entre as árvores,
retorcendo seu passo por seu seio verde:
Eu me vi tão alheio ao
túmulo Sinto
que por puro contentamento
com a tua solidão me recriava,
onde repousava com um doce sono,
ou com os meus pensamentos percorria
onde encontrava
apenas memórias cheias de alegria.
Eles estão todos felizes? (Luis Cernuda)
A honra de viver com honra gloriosa,
Patriotismo para com a pátria sem nome,
Sacrifício, o dever dos lábios amarelos,
Eles não valem um ferro devorando
gradualmente algum corpo triste por causa de si mesmos.
Abaixo a virtude, a ordem, a miséria;
Abaixo tudo, tudo, exceto a derrota,
Derrota até os dentes, até aquele espaço congelado
De uma cabeça dividida em duas pela solidão, Não
saber nada além de viver é estar sozinho com a morte.
Nem mesmo esperar aquele pássaro com braços de mulher,
Com voz de homem deliciosamente obscurecida,
Porque um pássaro, mesmo que esteja apaixonado,
não merece esperar por ele, como qualquer monarca Ele
espera que as torres amadureçam em frutos podres.
Vamos gritar apenas,
Vamos gritar para uma asa inteira,
Para afundar tantos céus,
Tocando então solidões com uma mão dissecada.
Palavras para Julia (José Agustín Goytosolo)
Você não pode voltar
porque a vida já está empurrando você
como um uivo sem fim.
Minha filha, é melhor viver
com a alegria dos homens
do que chorar diante da parede cega.
Você se sentirá acuado,
perdido ou sozinho,
talvez queira não ter nascido.
Sei muito bem que eles vão lhe dizer
que a vida não tem propósito,
que é um caso infeliz.
Portanto, lembre-se sempre do
que um dia escrevi
pensando em você como penso agora.
A vida é linda, você verá
como, apesar dos arrependimentos,
você terá amigos, terá amor.
Um homem sozinho, uma mulher
assim tomada, um por um eles
são como pó, eles não são nada.
Mas quando falo com você,
quando escrevo estas palavras,
também penso em outras pessoas.
Seu destino está nos outros,
seu futuro é sua própria vida,
sua dignidade é de todos.
Outros esperam que você resista ao fato de
que sua alegria os ajuda com
sua canção entre as canções deles.
Portanto, lembre-se sempre do
que um dia escrevi
pensando em você
como penso agora.
Nunca se renda ou vagueie
pela estrada, nunca diga
que não agüento mais e aqui fico.
A vida é linda, você verá
como, apesar dos arrependimentos,
você terá amor, terá amigos.
Caso contrário, não há escolha
e este mundo como ele é
será todo seu patrimônio.
Desculpe, não sei dizer
mais nada, mas você entende
que ainda estou na estrada.
E sempre me lembro do
que um dia escrevi
pensando em você como penso agora
Para o olmo seco (Antonio Machado)
O velho olmo, partido pelo raio
e meio podre,
com as chuvas de abril e o sol de maio,
brotaram algumas folhas verdes.
O olmo centenário da colina
que rodeia o Duero! Um musgo amarelado
mancha a casca esbranquiçada
do tronco podre e empoeirado.
Não será, como os choupos cantores
que guardam a estrada e a margem,
habitadas por rouxinóis marrons.
Um exército de formigas em fila
está escalando-o, e as
aranhas teceram suas teias cinzentas em suas entranhas.
Antes que ele o derrube, olmo-
do-rei, o lenhador com seu machado e o carpinteiro o
transformam em crina de sino,
lança de carruagem ou canga de carroça;
Antes do vermelho na lareira, amanhã, você
queima de alguma cabana miserável,
à beira de uma estrada;
antes que um redemoinho o leve para baixo
e interrompa a respiração das montanhas brancas;
Antes que o rio até o mar te empurre
por vales e ravinas,
olmo, quero anotar em meu portfólio
a graça de seu ramo verde.
O meu coração espera
também, para a luz e para a vida,
outro milagre da primavera.
Doze em ponto (Jorge Guillén)
Eu disse: Já está tudo cheio.
Um choupo vibrou.
As lâminas de prata
tocaram com amor.
Os verdes eram cinzentos, o
amor era o sol.
Então, ao meio-dia,
Um pássaro mergulhou
Seu canto ao vento
Com tanta adoração
Que parecia cantado
Sob o vento a flor
Crescida entre as colheitas,
Mais alto. Fui eu, o
Centro naquele momento
De tanta coisa ao redor,
Que vi tudo
Completo por um deus.
Eu disse: Tudo, completo.
Doze em ponto!
A voz (Herberto Padilla)
Não é o violão que anima
ou afasta o medo à meia
- noite Não é seu bastão redondo e manso
como um olho de boi
Não é a mão que roça ou se agarra às cordas em
busca de sons,
mas a voz humana quando canta
e se espalha os sonhos do homem.
Agora (Walt Whitman)
Neste momento, sentado sozinho, ansioso e pensativo,
Parece-me que em outras terras há outros homens que também estão ansiosos e pensativos,
Parece-me que posso olhar mais longe e vê-los na Germânia, Itália, França, Espanha,
E muito, ainda mais, na China, ou na Rússia, ou no Japão, falando outros dialetos,
E eu acho que se eu pudesse encontrar esses homens
com eles eu me uniria, assim como faço com os homens de minha própria terra,
Oh! Entendo que nos tornaríamos irmãos e amantes,
sei que ficaria feliz com eles.
A bela (Herman Hesse)
Metade da beleza depende da paisagem;
e a outra metade da pessoa olhando para ela…
Os amanheceres mais brilhantes; os pores do sol mais românticos;
os paraísos mais incríveis;
eles sempre podem ser encontrados nos rostos dos entes queridos.
Quando não há lagos mais claros e profundos que seus olhos;
quando não há cavernas de maravilhas comparáveis à sua boca;
quando não há chuva para superar seu choro;
nem o sol que brilha mais que o seu sorriso…
A beleza não faz o possuidor feliz;
mas quem pode amá-la e adorá-la.
É por isso que é tão bom nos olharmos quando aqueles rostos
se tornam nossas paisagens favoritas….
LXVII (Gustavo Adolfo Bécquer)
Como é lindo ver o dia
coroado de fogo subir,
e seu beijo de fogo
as ondas brilharem e o ar se incendiar!
Que lindo é depois da chuva
do outono triste na tarde azulada,
das flores molhadas
o perfume respira até se saciar!
Como é lindo quando
a neve silenciosa e branca cai em flocos,
das chamas inquietas
vemos as línguas avermelhadas ondulando!
Que lindo é quando há dormir para
dormir bem… e roncar como um socantro…
e comer… e ganhar peso… e que sorte
que só isso não basta!
O ar puro correu (Ricardo Peña)
O ar puro correu
pelo meu cabelo preto.
Meu sonho branco era
uma pétala muito fina.
Uma opala que o ar
beijou com deleite.
Que bom que
o mar cheirava a campo, a leve brisa.
Cidade do paraíso, para minha cidade de Málaga (Vicente Aleixandre)
Meus olhos sempre vêem você, cidade dos meus dias marinhos.
Pendurado na montanha imponente, mal parado
em sua queda vertical para as ondas azuis,
você parece reinar sob o céu, sobre as águas,
intermediário no ar, como se uma mão feliz o
tivesse segurado, um momento de glória, antes de afundar para sempre nas ondas de amor.
Mas tu és dura, tu não desce nunca, e o mar suspira
ou ruge por ti, cidade dos meus dias felizes,
cidade mãe e branca onde vivi e lembro,
cidade angelical que, mais alta que o mar, preside as suas espumas.
Ruas apenas suaves e musicais. Jardins
onde flores tropicais erguem suas jovens palmeiras grossas.
Palmeiras de luz que nas cabeças, aladas,
balançam o brilho da brisa e suspendem
por um instante lábios celestiais que se cruzam
até as mais remotas ilhas mágicas,
que aí no azul índigo, libertadas, navegam.
Lá eu também morei, lá, uma cidade divertida, uma cidade profunda.
Lá, onde os jovens deslizam na pedra amiga,
e onde as paredes brilhantes beijam
sempre quem sempre atravessa, chaleiras, com brilho.
Lá fui conduzido por uma mão materna.
Talvez de uma cerca florida um violão triste
cantasse a canção repentina suspensa no tempo;
ainda a noite, mais quieta o amante,
sob a lua eterna que passa instantaneamente.
Um sopro de eternidade poderia te destruir,
cidade prodigiosa, momento em que na mente de um Deus você emergiu.
Os homens viveram por um sonho, eles não viveram,
eternamente brilhantes como um sopro divino.
Jardins, flores. Mar animador como um braço que anseia
pela cidade voadora entre a montanha e o abismo,
branco no ar, com a qualidade de um pássaro suspenso
que nunca se eleva. Oh cidade não na terra!
Por aquela mão maternal fui levada levemente
por suas ruas sem vida. Pé descalço durante o dia.
Pé nu à noite. Lua grande. Sol puro.
Lá o céu era você, a cidade em que você morava.
Cidade que você voou com suas asas abertas.
Oltre la rough (Dante Alighieri)
Além do orbe girando mais devagar,
vem o suspiro que meu peito exala:
novo intelecto com o qual o Amor sobe às
alturas celestiais nas asas do lamento.
Quando atinge o auge de sua tentativa, ele
vê a Mulher que nenhuma outra pode igualar
em seu esplendor: a quem tudo aponta
como Amor para o melhor desempenho.
Vendo-a assim, com uma voz sutil e ardente, o
Amor fala ao coração dolorido
que o questiona e nada entende.
Sou eu que falo comigo e
diante da bela filiação de Beatriz tudo pisca
e minha mente iluminada entende.
Eu sou vertical (Sylvia Plath)
Eu estou na vertical.
Mas prefiro ser horizontal.
Não sou uma árvore com as raízes na terra
absorvendo minerais e amor materno
para que as folhas desabrochem todo mês de março,
nem sou a beleza do jardim
de cores marcantes que atrai exclamações de admiração,
ignorando que em breve perderá suas pétalas.
Comparada a mim, uma árvore é imortal
e uma flor, embora não tão alta, é mais impressionante,
e eu quero a longevidade de uma e a bravura da outra.
Esta noite, sob a luz infinitesimal das estrelas,
as árvores e flores espalharam seus aromas frescos.
Eu ando entre eles, mas eles não percebem.
Às vezes penso que quando estou dormindo
Devo parecer-lhes perfeitamente,
obscurecido e pensamentos.
É mais natural para mim deitar.
É então que o céu e eu conversamos livremente,
e assim serei útil quando finalmente cuidar:
então as árvores poderão me tocar uma vez,
e as flores terão tempo para mim.
Prazer (Charlotte Brõnte)
O verdadeiro prazer não se respira na cidade,
Nem nos templos onde a Arte habita,
Nem nos palácios e torres onde
A voz da Grandeza é tocada.
Não. Procure onde a Alta Natureza mantém
Sua corte em meio a bosques majestosos,
Onde Ela libera todas as suas riquezas,
Movendo-se em uma beleza fresca;
Onde milhares de pássaros com as vozes mais doces,
Onde a tempestade selvagem assola
E milhares de riachos deslizam suavemente,
Lá seu poderoso concerto é formado.
Vá para onde a floresta encoberta sonha,
Banhado pelo luar pálido,
Em direção à abóbada de galhos que embalam
Os sons ocos da Noite.
Vá onde o rouxinol inspirado
Comece as vibrações com sua canção,
Até que todo o vale solitário e silencioso
Soe como uma sinfonia circular.
Vá, sente-se na saliência de uma montanha
E olhe o mundo ao seu redor;
As colinas e as depressões,
O som das ravinas,
O horizonte distante amarrado.
Então olhe para o amplo céu acima de sua cabeça,
A cúpula profunda e imóvel de azul,
O sol que lança seus raios dourados,
As nuvens como pérolas de azul.
E enquanto seu olhar repousa sobre esta vasta cena
Seus pensamentos certamente viajarão para longe,
Embora anos desconhecidos devam passar pelos
momentos rápidos e fugazes do Tempo.
Para a época em que a Terra era jovem,
Quando os Padres, cinzentos e velhos,
Louvaram a seu Deus com uma canção,
Ouvindo em silêncio a sua misericórdia.
Você os verá com suas barbas de neve,
Com roupas de formas largas,
Suas vidas pacíficas, flutuando suavemente, Eles
raramente sentiram a paixão da tempestade.
Então, um prazer silencioso e solene penetrará
Na parte mais íntima de sua mente;
Nessa aura delicada, seu espírito sentirá
uma suavidade nova e silenciosa.
No meu jardim avança um pássaro (Emily Dickinson)
No meu jardim, um pássaro avança
em uma roda com raios -
de música persistente
como um moinho errante -
Ele nunca se
detém na rosa madura - ele
tenta sem descansar,
elogia ao sair, Quando ele provou todos os sabores -
seu cabriolet mágico
vai girar à distância -
então me aproximo do meu cachorro, e nós dois nos perguntamos
se nossa visão era real
ou se tínhamos sonhado com o jardim
e aquelas curiosidades
Mas ele, sendo mais lógico,
aponta para os meus olhos desajeitados -
as flores vibrantes!
Resposta sutil!
Os sinos estão dobrando por você (John Donne)
Quem não olha para o sol quando escurece?
quem tira os olhos de um cometa quando ele cai?
Quem não escuta um sino quando toca por algum motivo?
Quem pode ignorar aquele sino cuja música o leva para fora deste mundo?
Nenhum homem é uma ilha própria.
Cada homem é um pedaço do continente, uma parte do todo.
Se o mar toma um pedaço de terra, toda a Europa fica diminuída,
como se fosse um promontório, ou a casa de um de seus amigos, ou a sua.
Nenhuma pessoa é uma ilha; a morte de qualquer um me afeta,
porque estou unido a toda a humanidade;
portanto, nunca pergunte por quem os sinos dobram; o dobro para você.
Fique perto do meu coração (Rumi)
Meu coração, fique perto de quem conhece seus caminhos
Venha à sombra da árvore que conforta com flores frescas,
Não ande descuidadamente pelo bazar dos perfumistas,
Fique na loja de açúcar.
Se você não encontrar o verdadeiro equilíbrio, qualquer um pode enganá-lo:
qualquer um pode decorar algo de palha
E fazer com que você tome por ouro.
Não se curve com uma tigela antes de qualquer panela fervente,
em cada panela no fogão você encontrará coisas muito diferentes:
Nem em todas as canas há açúcar, nem em todos os abismos há picos;
Nem todos os olhos podem ver, nem todos os mares estão repletos de pérolas.
Ó rouxinol, com sua voz de mel escuro! Continue se arrependendo!
Só o seu êxtase pode penetrar no duro coração da rocha!
Renda-se e se o Amigo não te receber,
saberá que o seu interior está se revelando como um fio
que não quer passar pelo fundo de uma agulha!
O coração desperto é uma lâmpada, proteja-o com a bainha do seu manto!
Corra e fuja desse vento porque o tempo está adverso.
E quando você fugir, você alcançará uma fonte
E lá você encontrará um Amigo que sempre nutrirá sua alma
E com sua alma sempre fértil, você se tornará uma grande árvore que cresce por dentro
Produzindo doces frutos para sempre.
Eu canto para mim mesmo (Walt Whitman)
Eu canto para mim, uma pessoa simples e isolada,
mas pronuncio a palavra democracia, a palavra missa.
Canto para o organismo humano da cabeça aos pés,
Os motivos únicos da Minha Musa não são só a fisionomia nem só o cérebro,
digo que a Forma completa vale,
E canto para a mulher assim como canto para o Homem.
Vida imensa em paixão, pulsação, força,
Vida feliz, formada na mais livre ação,
sob o domínio das leis
divinas.Eu canto para o homem moderno.
Pedras na janela (Mario Benedetti)
De vez em quando, a alegria joga pedras na minha janela.
Ele quer que eu saiba que está esperando, mas me sinto calmo, quase diria equânime.
Vou esconder minha angústia e me deitar de frente para o teto, que é uma posição galante e confortável para filtrar as notícias e acreditar.
Quem sabe onde estão minhas próximas pegadas ou quando minha história será computada, quem sabe que conselho ainda inventarei e que atalho encontrarei para evitar segui-los.
Tudo bem, não vou brincar de despejo, não vou tatuar a memória de esquecimento, ainda há muito a ser dito e silenciado e também há uvas para encher a boca.
Tudo bem, estou convencido de que a alegria não vai jogar mais pedrinhas, vou abrir a janela, vou abrir a janela.