- Epidemiologia de paciente duplo
- Perfil duplo do paciente (sintomas)
- Hospitalização
- Pior adaptação social
- Falta de consciência da doença
- Drogas mais frequentes
- Causas
- Diretrizes de diagnóstico e tratamento
- Psicoeducação
- Abordagem cognitivo-comportamental
- Intervenção motivacional
- Intervenção social e familiar
- Referências
A dupla patologia é a concomitância no mesmo indivíduo de uso abusivo de substâncias, juntamente com a presença de transtornos mentais graves, principalmente psicóticos e / ou afetivos.
Na patologia dupla, o vício pode ser a uma substância ou comportamental (jogo). Quanto às substâncias, podem ser culturalmente aceitas, como xantinas (café, teína), álcool, tabaco ou não aceitas como cannabis, opiáceos ou estimulantes.
Por outro lado, os transtornos mentais são geralmente transtornos do humor (por exemplo, depressão maior ou transtorno bipolar), transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade, transtornos psicóticos ou transtorno de déficit de atenção (TDAH).
A importância dessa comorbidade tem sido evidenciada em inúmeros estudos devido à influência que tem no tratamento clínico, na evolução de ambas as doenças e nos custos que gera.
O uso de substâncias psicoativas está fortemente associado à morbidade psiquiátrica, não apenas em adultos, mas também no início da vida.
Em nossa sociedade, o abuso de substâncias é um problema de saúde pública. Na população em geral, a porcentagem de pessoas que consomem ou já consumiram algum tipo de substância legal / ilegal em algum momento de suas vidas é muito alta.
Epidemiologia de paciente duplo
A patologia dupla é um problema sério devido às suas taxas epidemiológicas. Diferentes estudos na população em geral e na população clínica mostraram que a comorbidade entre um transtorno mental e um transtorno por uso de substâncias está entre 15 e 80%.
Observa-se também que cerca de 50% das pessoas com transtorno mental atendem aos critérios para transtorno por uso de substâncias em algum momento de seu ciclo de vida.
Cerca de 55% dos adultos com transtorno por uso de substâncias também tiveram diagnóstico de transtorno psiquiátrico antes dos 15 anos.
Além disso, diferentes estudos têm demonstrado que as prevalências de comorbidade em pacientes psiquiátricos com transtornos por uso de substâncias são maiores do que na população geral, que fica entre 15 e 20%.
Perfil duplo do paciente (sintomas)
Hospitalização
Pacientes com dupla patologia, comparados àqueles com apenas diagnóstico de uso de substâncias ou apenas transtorno mental, geralmente requerem internação mais longa e atendimento de emergência mais frequente.
Além disso, envolvem um aumento nos gastos com saúde, maior comorbidade médica, maiores taxas de suicídio, menor adesão ao tratamento e seus resultados são escassos.
Pior adaptação social
Eles também apresentam maior desemprego, marginalização, comportamentos perturbadores e de risco. Além disso, um maior risco de infecções como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatites, etc., e mais comportamentos auto e heteroagressivos.
Muitas vezes carecem de redes de apoio social, vivem em circunstâncias que podemos considerar estressantes, sofrem de várias toxicodependências (padrão de policonsumo) e apresentam um risco elevado de se tornarem sem-abrigo.
Falta de consciência da doença
Geralmente apresentam desconhecimento da doença, dificuldade em assumir e comunicar que tem um vício. Além disso, geralmente são identificados com apenas um dos transtornos, dependência de drogas ou transtorno psiquiátrico.
Eles têm uma alta taxa de falha em intervenções terapêuticas anteriores e são altamente propensos a recaídas.
Drogas mais frequentes
Em relação às substâncias, com exceção da nicotina, a droga mais utilizada na patologia dupla costuma ser o álcool, depois a cannabis, seguida da cocaína / estimulantes.
A evolução natural da patologia dupla grave tende a piorar a adaptação social, agravar os comportamentos mal-adaptativos e muitas vezes terminar em problemas como admissões em prisões, hospitalização psiquiátrica e exclusão social.
Causas
A maioria dos estudiosos da patologia dupla (como Casas, 2008) indica que a patologia dupla é o resultado de diferentes variáveis etiológicas.
Ambos são genéticos e ambientais e também se alimentam mutuamente, gerando mudanças neurobiológicas nas quais são criadas cognições, emoções e comportamentos que dão origem à doença mental formada por duas entidades: um transtorno mental e um vício.
Diretrizes de diagnóstico e tratamento
O duplo paciente exige mais atenção e tempo, maior habilidade do profissional no cuidado e maior aceitação e tolerância. Devem ser estabelecidas metas que o paciente possa alcançar, reduzir o consumo e aumentar a adesão ao tratamento.
Devemos conscientizar o paciente sobre seu problema, trabalhar o desejo de consumir e prevenir a recaída, seu apoio social e habilidades sociais e estratégias de enfrentamento.
É fundamental trabalhar a melhoria da dinâmica familiar e a reabilitação nos diversos níveis, seja familiar, social, laboral…
A intervenção deve ser nos níveis motivacional, psicoeducacional, sócio-familiar e por meio de técnicas como prevenção de recaídas, gerenciamento de contingências, técnicas de resolução de problemas e prevenção de recaídas.
Psicoeducação
É sobre o paciente conhecer sua doença, cumprir o tratamento, prevenir o consumo de toxinas e sintomas psiquiátricos, aprender a manejar seus sintomas e a resolver e enfrentar problemas.
Pretende-se aumentar o bem-estar, a comunicação com os outros e saber enfrentar as diferentes situações sociais.
Abordagem cognitivo-comportamental
Essa abordagem argumenta que o sintoma é uma expressão de pensamentos e crenças não adaptativos que se devem à história pessoal de aprendizagem.
Programas multicomponentes são usados para tratar comportamentos aditivos.
Intervenção motivacional
É fundamental porque a adesão ao tratamento depende disso. É levar em consideração o paciente, suas opiniões, necessidades, motivações, soluções, suas características…
É sobre o paciente participando do tratamento e promovendo a mudança de si mesmo.
Intervenção social e familiar
A patologia dupla tem um efeito negativo nas famílias dos pacientes. A família sente medo, raiva, culpa, etc.
É também trabalhar com as famílias para trabalhar na manutenção do tratamento, trabalhar os comportamentos inadequados, etc., oferecendo-lhes também apoio emocional.
Referências
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