- Características da autorregulação emocional
- Modelos de autorregulação emocional
- Russell Barkley Model (1998)
- Modelo de autorregulação de experiências emocionais de Higgins, Grant & Shah (1999)
- Modelo sequencial de autorregulação emocional de Bonano (2001)
- Modelo cibernético de Larsen (2000)
- Modelo de regulação do humor baseado na adaptação social por Erber, Wegner & Therriault (1996)
- Modelo de processos de autorregulação de Barret e Gross (2001)
- Modelo homeostático de Forgas (2000)
- Regulação emocional e psicopatologia
- Regulação emocional e neurociência afetiva
- Sistema límbico
- Córtex pré-frontal
- Referências
O self emocional e a regulação emocional é uma capacidade complexa que se baseia na capacidade das pessoas de controlar as emoções.
É a faculdade que nos permite responder às demandas de nosso contexto em um nível emocional de uma forma que seja socialmente aceita. Também deve ser flexível para poder se adaptar a cada situação específica, experimentar reações espontâneas e retardar essas reações quando também necessário.
É um processo encarregado de avaliar, observar, transformar e modificar emoções e sentimentos próprios e alheios, constituindo assim uma função muito importante e indispensável para as pessoas.
Esta capacidade que possuímos permite-nos adaptarmo-nos às exigências do ambiente e adaptarmo-nos às exigências específicas, modificando o nosso comportamento quando necessário.
Muitos estudos têm se voltado para a investigação dessa autorregulação devido à sua intervenção no funcionamento social.
Características da autorregulação emocional
A regulação emocional refere-se à capacidade que trazemos praticamente como padrão, de modificar nossas emoções de acordo com os eventos que se desenrolam ao nosso redor, tanto positivos quanto negativos.
É uma forma de controle, de gestão das emoções que nos permite adaptar ao nosso meio. Ao ativar estratégias de regulação, conseguimos modificar as emoções produzidas por razões externas que alteram nosso estado de espírito habitual.
Esta regulação é necessária tanto para emoções negativas como positivas, proporcionando-nos a capacidade de nos adaptarmos à situação.
Para entender o que é, Gross e Thompson (2007) propuseram um modelo para explicá-lo a partir de um processo composto por quatro fatores.
A primeira seria a situação relevante que dá origem à emoção, que pode ser externa devido a eventos que ocorrem em nosso meio, ou interna devido às representações mentais que fazemos. A segunda seria a atenção e importância que damos aos aspectos mais relevantes do evento. O terceiro fator seria a avaliação que é feita em cada situação, e o quarto seria a resposta emocional que surge devido à situação ou evento que ocorre em nosso meio.
Além disso, para alguns, a autorregulação é um exercício cognitivo de controle que pode ser alcançado por meio de dois mecanismos associados a diferentes aspectos da experiência emocional.
Por um lado, encontraríamos o mecanismo de reavaliação ou modificação cognitiva, que é responsável por modificar uma experiência emocional negativa, tornando-a benéfica para o indivíduo.
Por outro lado, encontramos o segundo mecanismo denominado supressão, que é um mecanismo de controle ou estratégia responsável por inibir a resposta emocional.
Gross e Thompson explicam que a autorregulação pode ocorrer em vários níveis. Em outras palavras, essas emoções podem ser reguladas modificando as situações que as desencadeiam, transformando-as ou evitando-as.
Também são regulados modificando a atenção e mudando o foco para outra ação, ou conduzindo comportamentos para se distrair, reavaliando a situação que desencadeia um tipo de reação emocional específica ou suprimindo a resposta que aparece antes dessas situações.
Definem a autorregulação como um processo que pode ser externo e interno e que nos permite avaliar e modificar nossos comportamentos, influenciando as emoções, como e quando as vivenciamos.
Além disso, a autorregulação constituiria um elemento que influencia claramente o desempenho dos elementos necessários à aprendizagem, bem como a atenção, a memória, o planejamento e a resolução de problemas.
Para sua avaliação e mensuração, diversos parâmetros têm sido utilizados, como relatórios autoaplicáveis, medidas fisiológicas ou índices comportamentais, focalizando o interesse no momento de ocorrência da regulação ao longo do processo emocional.
Gross também diferencia entre estratégias de início precoce ou antecedentes, como o contexto e o significado atribuído à situação, e estratégias de início tardio com foco na resposta do indivíduo e nas mudanças somáticas.
Modelos de autorregulação emocional
Russell Barkley Model (1998)
Barkley define a autorregulação como as respostas que alteram a probabilidade de uma resposta esperada a um determinado evento.
A partir desse modelo, são propostos déficits na inibição da resposta, afetando certas ações de autorregulação chamadas funções executivas, que são memória de trabalho não verbal e verbal, autocontrole de ativação, motivação e afeto e reconstituição. ou representação de elementos, características e fatos do meio ambiente.
Modelo de autorregulação de experiências emocionais de Higgins, Grant & Shah (1999)
A ideia central desse modelo é que as pessoas preferem alguns estados mais do que outros e que a autorregulação favorece o surgimento destes. Além disso, as pessoas que dependem da autorregulação experimentam um tipo de prazer ou desconforto.
Indicam três princípios fundamentais que estão envolvidos, que são a antecipação regulatória com base na experiência anterior, a referência regulatória pelo ponto de vista positivo ou negativo dependendo do momento, e a abordagem regulatória, no caso das declarações finais a aqueles que você deseja alcançar, como aspirações e autorrealizações.
Modelo sequencial de autorregulação emocional de Bonano (2001)
Esse modelo propõe que todos nós possuamos inteligência emocional que, para ser utilizada de forma eficaz, deve aprender a se autorregular, propondo três categorias gerais.
A primeira seria a regulação de controle, que é a regulação apresentada por meio de comportamentos automáticos, a segunda categoria seria a regulação antecipatória de eventos emocionais futuros destacando o riso, a escrita, a procura de pessoas próximas, a evitação de determinadas situações, etc. A terceira categoria seria a regulação exploratória para obtenção de novos recursos devido ao surgimento de possíveis mudanças no futuro.
Modelo cibernético de Larsen (2000)
Propõe a aplicação do modelo geral de controle-regulação cibernético, que se inicia de acordo com o estado de espírito que você deseja alcançar e em que se encontra naquele momento.
Processos que podem ser automáticos, mas também controlados, são ativados para reduzir essas diferenças entre os dois estados mentais, por meio de mecanismos que podem ser direcionados para dentro, como distração, ou para fora, como solução de problemas.
Modelo de regulação do humor baseado na adaptação social por Erber, Wegner & Therriault (1996)
Baseia-se na adaptação do estado de espírito ao acontecimento concreto, seja ele positivo ou negativo. Além disso, eles afirmam que nossos estados emocionais desejáveis variam dependendo do contexto social em que nos encontramos.
Modelo de processos de autorregulação de Barret e Gross (2001)
A partir desse modelo, eles entendem as emoções como o resultado da interação produzida entre processos explícitos e implícitos.
Por um lado, destacam a importância das nossas representações mentais sobre as nossas próprias emoções e nas quais intervêm os recursos cognitivos sobre as emoções, o acesso a esses recursos e a motivação de cada um. Por outro lado, encontramos como e quando regular essas emoções.
Além disso, eles criam cinco estratégias de autorregulação, como seleção de situação, modificação da situação, implantação da atenção, mudança cognitiva e modulação da resposta.
Modelo homeostático de Forgas (2000)
Este modelo tenta explicar o efeito que os estados de espírito têm nos processos cognitivos e sociais, propondo que o estado de espírito gira em torno de algo concreto que ativa mecanismos reguladores à medida que nos afastamos desse ponto.
De acordo com isso, a autorregulação emocional é um processo homeostático que é regulado automaticamente.
Regulação emocional e psicopatologia
Estudos e pesquisas afirmam que muitos dos comportamentos problemáticos que se originam nas pessoas são devidos a problemas no processo de regulação de suas emoções, levando a um efeito negativo na saúde geral da pessoa.
Por exemplo, pessoas cujo estilo de regulação é a supressão têm maior probabilidade de sofrer alterações devido à diminuição de sua expressividade afetiva, levando a uma diminuição na comunicação dos estados internos da pessoa e apresentando uma ativação do sistema legais. Além disso, geram afetos negativos em outras pessoas por terem uma expressão emocional mais diminuída, e são percebidos como pouco estimulantes diante de situações de conflito.
A capacidade de controlar as emoções depende da aptidão, da capacidade de distinguir estados internos, conseguindo gerir melhor os seus estados afetivos. O problema surge quando essa habilidade é deficiente, já que essas pessoas não são capazes de se comunicar sobre seus estados internos.
Muitos dos comportamentos problemáticos, como o uso de substâncias ou comportamentos autolesivos, podem ser consequência de uma deficiência notável no processo de regulação emocional.
Assim, os esforços que fazemos para modificar nossos estados emocionais conseguem ser adaptativos e funcionais, mas também podem ser disfuncionais e adversos para o indivíduo.
Muitos autores entendem a autorregulação emocional como um continuum que se estende, dando origem a dois pólos opostos que ocupariam os extremos.
Por um lado, em um pólo estariam as pessoas com pouca autorregulação emocional ou desregulação afetiva que levaria a uma labilidade emocional excessiva. E no outro pólo encontramos pessoas com autocontrole emocional excessivo que estão associadas a altos níveis de ansiedade, reatividade emocional e depressão.
Regulação emocional e neurociência afetiva
Por muito tempo, o núcleo ou centro de estudo das emoções tem sido o sistema límbico.
Posteriormente, a atenção começou a se concentrar nos aspectos corticais do processamento emocional, e estudos revelaram que o córtex cerebral, especialmente o pré-frontal, tem um papel e participação nas emoções.
Sistema límbico
Duas partes principais do sistema nervoso estão envolvidas nas emoções. Um deles seria o sistema nervoso autônomo e outra parte fundamental, o sistema límbico.
Este sistema é composto de estruturas complexas, como amígdala, hipotálamo, hipocampo e outras áreas próximas localizadas em ambos os lados do tálamo. Todos eles desempenham um papel fundamental em nossas emoções e também estão envolvidos na formação de memórias.
A amígdala desempenha um papel fundamental nas emoções, tanto em humanos quanto em outros animais. Essa estrutura do cérebro está intimamente relacionada às respostas de prazer e também às de medo.
O hipocampo desempenha um papel fundamental nos processos de memória. Uma pessoa não será capaz de construir novas memórias se ela estiver danificada. Participa do armazenamento de informações na memória de longo prazo, incluindo conhecimentos e experiências anteriores.
O hipotálamo é responsável por regular funções como fome, sede, resposta à dor, prazer, satisfação sexual, raiva e comportamento agressivo, entre outras. Também regula o funcionamento do sistema nervoso autônomo, regulando o pulso, a pressão sanguínea, a respiração e a excitação em resposta a circunstâncias emocionais.
As outras áreas relacionadas e conectadas a esse sistema seriam o giro cingulado, que fornece a via pela qual o tálamo e o hipocampo se conectam. Relaciona-se na associação das memórias à dor ou cheiros e no foco da atenção para eventos de grande conteúdo emocional.
Outra área seria a área tegmental ventral, cujos neurônios são emitidos graças à dopamina, o neurotransmissor que produz sensações de prazer em nosso corpo, de modo que as pessoas que sofrem danos nesta área têm dificuldade em obter prazer.
Os gânglios da base são responsáveis por experiências gratificantes, foco de atenção e comportamentos repetitivos.
Córtex pré-frontal
É uma parte do lobo frontal que está intimamente ligada ao sistema límbico. É uma área envolvida na realização de planos de longo prazo, no planeamento de comportamentos cognitivos complexos, na tomada de decisões, na adoção de medidas, no pensamento do futuro, na moderação do comportamento social e na expressão da personalidade (relação entre a personalidade e as funções do córtex pré-frontal).
A atividade básica desta região é a realização de ações de acordo com o pensamento, de acordo com os objetivos internos.
Referências
- Gargurevich, R. (2008). Autorregulação da emoção e desempenho acadêmico em sala de aula: O papel do professor. Revista Digital de Pesquisa em Ensino Universitário.
- Aramendi Withofs, A. Regulação emocional na Educação Infantil: A importância da sua gestão através de uma proposta de intervenção educacional.