- Weber e a teoria da burocracia administrativa
- Características principais
- Divisão de trabalho
- Estrutura de autoridade hierárquica
- Regras de operação
- Relações impessoais entre seus membros
- Críticas à teoria da burocracia
- Referências
A teoria burocrática da administração determina que, para obter resultados ótimos, toda empresa deve incluir a divisão do trabalho, uma estrutura hierárquica, relações impessoais entre os membros e regras que regulam seu funcionamento.
Esta teoria propõe uma estrutura de trabalho racionalizada diferente dos métodos personalistas, autoritários ou tradicionais, para que o funcionamento de qualquer organização alcance um desempenho eficiente e óptimo.
Nasceu da mão do sociólogo alemão Max Weber, que se considera seu fundador. Para ele, burocracia significava um conjunto de características que toda organização formal de pessoas deve incluir.
O fato de a administração de um grupo ser realizada de forma racional significa que todos os meios e componentes são ajustados da melhor maneira possível, a fim de atingir determinados fins ou objetivos.
Falamos de burocracia administrativa porque se trata da racionalização da estrutura administrativa de qualquer associação humana.
A atividade administrativa que ocorre em qualquer grupo, incluindo a gestão do lar e da família, agrupa todas as tarefas de planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar as atividades.
Weber e a teoria da burocracia administrativa
A burocracia era uma teoria concebida por Weber que propunha um tipo de funcionamento organizacional que não existia em sua época.
Em vez disso, Weber usou sua teoria da burocracia para desenvolver uma concepção de trabalho em grupo em grande escala, que acabou moldando grande parte do protótipo de acordo com o qual as organizações de trabalho em vários domínios são projetadas no mundo contemporâneo.
Para Weber, a burocracia era a forma mais racional de organização e a única que garantia o mais alto grau de disciplina, continuidade, calculabilidade, precisão, rigor e confiança, qualidades desejadas em qualquer empreendimento humano. Ele o considerou como um dispositivo com alto grau de eficiência técnica.
Características principais
Divisão de trabalho
A divisão do trabalho é um dos traços mais distintivos da estrutura burocrática proposta por Weber e hoje foi amplamente aceita e implantada em todas as burocracias e estruturas administrativas.
É o processo pelo qual todo o trabalho da organização é organizado e distribuído de forma racional, para atingir níveis mais elevados de eficiência.
De acordo com este esquema, diferentes áreas de ação ou competência são estabelecidas, e atividades complexas são divididas em tarefas distintas e simples, de forma que a estrutura de trabalho funcione por meio de um conjunto de subprocessos com diferentes áreas de trabalho e níveis de importância.
Cada trabalhador tem um cargo definido, com uma área de competência específica e com atribuições estritamente definidas.
Isso ajuda a que o trabalho seja feito de forma mais eficiente: é mais produtivo dividir as tarefas entre várias pessoas do que uma única pessoa ou um pequeno grupo realizar uma série de tarefas complexas.
Por outro lado, graças à divisão do trabalho, as tarefas podem ser padronizadas, o que significa que a forma específica como devem ser realizadas é definida sem deixar espaço para a improvisação ou a desordem.
Quando se trata de recrutar mais trabalhadores para a organização, esse recurso facilita seu treinamento.
Graças à divisão do trabalho, gera-se também a especialização do trabalhador, o que implica que a sua seleção se baseie nas suas aptidões para o desempenho da função atribuída ao seu cargo. Visa aumentar o desempenho e a capacidade de eficiência de cada colaborador.
Estrutura de autoridade hierárquica
A estrutura hierárquica determina que existam funções de nível inferior, sob o controlo e supervisão de outra função de nível superior, de forma a que seja garantida a existência de várias unidades de controlo de acordo com as áreas de operação, nas quais os colaboradores tenham um único chefe responsável por garantir o trabalho.
Ou seja, a linha hierárquica estabelece uma linha de comando e autoridade a quem cabe zelar pelo cumprimento das regras de funcionamento da organização, respondendo aos diversos níveis de formação profissional dos trabalhadores.
Assim, a estrutura de autoridade hierárquica incentiva e exige que os funcionários sejam obedientes e atendam às ordens superiores.
Regras de operação
As regras de funcionamento são um conjunto de regras geralmente escritas que estabelecem tudo o que se refere à organização, divisão de funções e modos de ação dentro da empresa.
Eles são a estrutura estabelecida que deve existir em toda burocracia e dentro da qual a atividade da organização deve ocorrer. Portanto, nessas regras são decretadas as formas racionais de agir.
Um exemplo claro das regras de funcionamento da burocracia encontra-se nas leis orgânicas dos diferentes países, nas quais se estabelece tudo o que se relaciona com a formação e funcionamento das instituições públicas: objetivos, estrutura, divisão de tarefas, funções gerais e específicos para cada um de seus membros, entre outros.
As regras de funcionamento da burocracia são estabelecidas visando a obediência dos trabalhadores ou funcionários.
A implementação de regras de funcionamento abstratas, gerais e claramente definidas ajuda a evitar a necessidade de gerar instruções para cada caso específico, para que se estabeleça uma racionalidade formal e objetiva, separada da individualidade de cada um dos que compõem a organização.
Relações impessoais entre seus membros
Em sua forma ideal, as regras em que se baseia a burocracia tornam as relações e interações que ocorrem entre seus membros claramente aquelas estabelecidas nas normas. Por esta razão, relacionamentos de parentesco, amizade ou autoridade carismática são deixados de lado.
Esta dimensão da burocracia é o resultado da racionalização da estrutura e do ambiente de trabalho, visto que o objetivo da burocracia administrativa como forma de organização é justamente a gestão puramente racional da estrutura para a máxima eficiência.
As regras de trabalho, juntamente com a estrutura hierárquica de autoridade e a delimitação do trabalho, fazem com que a relação de trabalho dentro da organização seja de natureza impessoal.
O funcionamento da sociedade não está sujeito à subjetividade e individualidade dos membros que a integram; ao contrário, é gerada uma espécie de personalidade formal racional e objetiva, que visa organizar o trabalho sob o melhor método possível.
A principal forma de interação dentro da burocracia é por meio do escritório ou arquivo; ou seja, por meio de notificações escritas, sendo estas produzidas entre os escritórios e também entre os sujeitos.
Por outro lado, os trabalhadores devem se concentrar exclusivamente no cumprimento dos deveres objetivos de seu cargo, além de suas crenças pessoais.
Críticas à teoria da burocracia
São diferentes as críticas aos elementos que compõem a teoria sobre o funcionamento burocrático da administração.
Vários críticos afirmam que a impessoalidade formalista gerada por regras e rotinas pré-estabelecidas pode gerar um apego à rotina que inibe a criatividade e a capacidade de inovação.
Por outro lado, a palavra "burocracia" ou "burocrático" passou a denotar pejorativamente certos processos, como procedimentos com excesso de papelada e etapas pouco compreensíveis para o público, excesso de regras e regulamentos, pouca capacidade de resposta rápida ou eficiente problemas, pouca capacidade de adaptação, entre outros.
No entanto, apesar das limitações da proposta burocrática, seus elementos influenciaram a evolução de outras teorias organizacionais, como a teoria estruturalista, que se desenvolveu a partir da estrutura proposta por Weber com algumas mudanças e aprimoramentos.
Mesmo assim, teóricos organizacionais como Richard Hall descobriram que as características ideais da burocracia na verdade se apresentam em graus variados em cada organização.
Cada elemento varia em uma escala contínua que vai de um mínimo a um máximo, por isso Hall estabelece que existem diversos graus de burocratização em cada empresa ou associação.
Uma empresa pode ser muito burocratizada em termos de divisão do trabalho, mas pouco burocratizada por não possuir regras claras que regulem seu funcionamento.
Referências
- Baca, L.; Bokser, J.; Castañeda, F.; Cisneros, I. & Pérez, G. (2000). Lexicon of Politics. Recuperado em 12 de outubro de 2017 na web: books.google.com
- Britannica Encyclopaedia. Burocracia. Recuperado em 12 de outubro de 2017 da world wide web: britannica.com
- Chiavenato, I. (2004). Administração: Processo administrativo. Colômbia: Mc Graw Hill
- Wikipédia, a enciclopédia livre. Burocracia Acessado em 12 de outubro de 2017 na web: wikipedia.org