- Taxonomia
- Caracteristicas
- Eles são eucariotos multicelulares
- Eles são diblásticos
- Meia vida
- Eles mostram simetria radial
- Produz toxinas
- Morfologia
- Pólipo
- medusa
- Órgãos receptores: ocelos e estatocistos
- Sistema digestivo
- Sistema nervoso
- Sistema reprodutivo
- Sistema respiratório
- Habitat e distribuição
- Alimentando
- Reprodução
- Toxina
- Picada
- Referências
A vespa do mar ou Chironex fleckeri é uma água-viva que pertence à classe cubozoa do filo Cnidaria. É famoso mundialmente pela toxicidade de seu veneno, responsável pela morte de alguns banhistas na costa australiana.
Foi descrito pela primeira vez em 1956 pelo médico australiano Ronald Southcott. O nome científico deriva da palavra grega cheiro, que significa "mão", e do latim nex, que significa "assassino". A segunda palavra do nome é uma homenagem ao Dr. Hugo Flecker, natural de Queensland, que estudou os efeitos dos venenos de águas-vivas.
Espécime de Chironex fleckeri. Fonte: Sea Wasp.jpg: Guido Gautsch, Toyota, Japanderivative work: Mithril
Embora seu veneno seja bastante poderoso, já houve casos de animais imunes a ele, como algumas espécies de tartarugas marinhas.
Taxonomia
- Domínio: Eukarya.
- Reino Animalia.
- Filo: Cnidaria.
- Classe: Cubozoa.
- Ordem: Cubomedusae.
- Família: Chirodropidae.
- Gênero: Chironex.
- Espécie: Chironex fleckeri.
Caracteristicas
Eles são eucariotos multicelulares
Chironex fleckeri é um organismo constituído por células eucarióticas. Isso significa que seu material genético está localizado em uma organela celular conhecida como núcleo celular, delimitada por uma membrana.
Da mesma forma, os tecidos dessa água-viva são compostos por vários tipos de células, cada uma com suas características e funções específicas, o que lhe dá o nome de organismo multicelular.
Eles são diblásticos
Em seu estágio de desenvolvimento embrionário, duas camadas germinativas aparecem: ectoderme e endoderme. Essas camadas são fundamentais, uma vez que todos os tecidos e órgãos que compõem esse animal são diferenciados delas.
Meia vida
A meia-vida da vespa do mar é bastante curta, em comparação com outras espécies de água-viva. Segundo estudos, foi estabelecido que essas águas-vivas podem viver até três meses.
Eles mostram simetria radial
As medusas da espécie Chironex fleckeri apresentam simetria radial. Isso significa que todas as partes do corpo estão dispostas em torno de um eixo central. Esta é uma característica comum a todos os organismos do filo cnidaria.
Produz toxinas
Chironex fleckeri, como o resto dos membros do filo cnidaria, possui células chamadas cnidócitos que são responsáveis por sintetizar uma substância tóxica que eles usam para paralisar e matar suas presas. A toxina desta água-viva tem múltiplos efeitos em vários órgãos, uma vez que atua ao nível dos músculos, do sistema nervoso, do músculo cardíaco e do sangue.
Morfologia
Como em todas as águas-vivas, durante a sua vida as vespas do mar apresentam duas aparências, a de um pólipo e a da própria água-viva. Isso vai depender da fase do seu ciclo de vida em que o animal se encontra.
Pólipo
O pólipo Chironex fleckeri é semelhante aos outros pólipos que ocorrem no filo cnidaria. Estão fixados ao substrato e apresentam a região oral, o corpo e a região basal.
Através da área basal, o pólipo é fixado ao substrato. Na extremidade superior estão os tentáculos que ele usa para pegar suas presas e levá-las à boca.
medusa
Considerando que o Chironex fleckeri pertence à classe cubozoa, não é surpreendente que ele compartilhe a mesma morfologia que o resto dos membros dessa classe. Esta água-viva é caracterizada por sua forma de cubo ou caixa quadrada.
A umbrela é translúcida e também possui bioluminescência, por isso tem a capacidade de brilhar no escuro. Pode atingir medidas de até 24 cm. Da mesma forma, em termos de peso, pode pesar até 2 Kg.
No fundo do guarda-chuva, pode-se observar o típico manúbrio de medusa, ao final do qual está a abertura oral. A boca abre caminho para a chamada cavidade gastrovascular, que ocupa quase toda a parte interna da umbrela dessa água-viva.
Nos cantos do guarda-chuva existe uma estrutura conhecida como pedal. Tentáculos emergem dele. Aproximadamente 15 tentáculos emergem de cada pedal, dando um total de 60 tentáculos para cada espécime. Os tentáculos podem ter até 3 metros de comprimento.
Os tentáculos estão cheios de nematocistos (milhões), que são constituídos por cnidócitos. São células que têm a capacidade de sintetizar e liberar as toxinas dessa água-viva. Por isso, afirma-se que esta água-viva é uma das mais venenosas e tóxicas do mundo.
Nematocistos de Chirnonex fleckeri. Fonte: Brinkman DL, Aziz A, Loukas A, Potriquet J, Seymour J, Mulvenna J
Da mesma forma, apresentam uma estrutura conhecida pelo nome de velario. Ele está localizado ao longo de toda a borda inferior do guarda-chuva. A função do velario é dupla: restringir a abertura do guarda-chuva e ajudar a água-viva a se mover, criando um jato quando o guarda-chuva atinge a superfície.
Órgãos receptores: ocelos e estatocistos
Da mesma forma, as vespas do mar têm uma estrutura conhecida como ropalio no guarda-chuva. Eles têm quatro no total, que têm uma localização pré-radial. Os ropalios possuem ocelos (olhos simples) e estatocistos.
Já os ocelos, em número de 24, apresentam certas estruturas semelhantes aos olhos dos animais mais desenvolvidos. Eles têm corpo vítreo, retinas e lentes. Com esses receptores, eles não conseguem perceber seus arredores de forma clara e clara, diferenciando formas e cores, mas apenas distinguem claro ou escuro.
Desta forma, utilizando os ocelos, as vespas do mar podem orientar-se durante o seu movimento pelas correntes marinhas. Da mesma forma, eles podem perceber alguns contornos, o que facilita a captura de sua presa.
Por outro lado, os estatocistos são órgãos comuns em animais invertebrados e sua função é ajudar o organismo a manter o equilíbrio em todos os momentos de seu movimento.
Sistema digestivo
É bastante simples, como no resto das águas-vivas. Apresenta uma única abertura na extremidade do guiador. Essa abertura tem uma dupla função: a da boca e do ânus. Este orifício se comunica com um espaço denominado cavidade gastrovascular. É aqui que ocorre a digestão dos nutrientes.
A cavidade gastrovascular é dividida por quatro septos em quatro bolsas gástricas e um estômago central.
Sistema nervoso
O sistema nervoso da vespa do mar é composto por uma intrincada rede de fibras nervosas que possuem neurônios multipolares e bipolares. Eles também têm um grande número de receptores dispostos ao longo do guarda-chuva.
Dentre os receptores, destacam-se as vestimentas e os estatocistos já citados acima. Além disso, é importante mencionar que eles possuem um outro tipo de receptor, os cnidocílios, que são responsáveis por perceber os sinais relacionados aos estímulos táteis.
Sistema reprodutivo
É composto por quatro gônadas que se localizam aos pares em ambos os lados de cada septo na cavidade gastrovascular. Nessas gônadas são produzidos os gametas ou células sexuais, que mais tarde são liberados para a reprodução.
Sistema respiratório
Chironex fleckeri carece de estruturas organizadas e especializadas para realizar o processo respiratório. Isso ocorre porque, por serem organismos tão simples, o oxigênio se difunde diretamente pela parede do corpo.
Habitat e distribuição
Chironex fleckeri é uma água-viva encontrada quase exclusivamente na costa norte da Austrália. Ele está localizado principalmente em Exmouth, no Golfo de Carpentaria e na costa de Queensland. Constitui uma grande ameaça para os banhistas nas praias destas localidades.
No entanto, embora se acredite que seja exclusivo da Austrália, os espécimes também foram encontrados em outras áreas do Oceano Indo-Pacífico, como as Ilhas Filipinas, Vietnã e Papua-Nova Guiné.
Acredita-se que avistamentos nessas áreas distantes podem ser devidos a um evento fortuito, uma vez que essas águas-vivas podem se mover e cobrir grandes distâncias em curtos períodos de tempo.
Alimentando
As medusas desta espécie são heterotróficas. Eles também são carnívoros e se alimentam principalmente de pequenos peixes e crustáceos que encontram em águas rasas, onde há uma alta densidade de presas potenciais.
A forma como ocorre o processo de alimentação é a seguinte. A água-viva identifica, por meio de seus receptores localizados na roupa, possíveis presas. Imediatamente, com a ajuda dos tentáculos, inocula a toxina na presa, que morre quase instantaneamente. Isso se deve à poderosa toxidade que o veneno dessa água-viva possui.
Feito isso, a água-viva, com a ajuda de seus tentáculos, direciona a presa para a boca, introduzindo-a ali para ser digerida.
Na cavidade gastrovascular, a presa é submetida à ação de uma grande variedade de enzimas digestivas que a processam e convertem em nutrientes que são absorvidos. Posteriormente, os resíduos dessa digestão são expelidos pela boca.
Reprodução
Quanto ao processo reprodutivo, ele ocorre na primavera. Embora o habitat desta água-viva seja nos mares, a reprodução ocorre em águas doces.
A fertilização nessas águas-vivas é externa. Tanto os óvulos quanto os espermatozoides são liberados na água e ali se fundem, dando origem a uma larva de formato achatado, conhecida como planula.
Essa larva viaja por um curto período de tempo na corrente, até encontrar um local ideal no substrato para se estabelecer com a ajuda de seus tentáculos. Nesse local, o pólipo se forma. Permanece nesta forma por um tempo.
Por fim, o pólipo sofre uma metamorfose até se transformar em uma pequena água-viva, que começa a se mover até estar novamente em seu habitat natural nos ecossistemas marinhos.
É importante observar que o cuidado parental não é contemplado nesse tipo de água-viva. As medusas adultas simplesmente liberam gametas para o exterior para que a fertilização ocorra.
Toxina
A toxina sintetizada e secretada por Chironex fleckeri é considerada uma das mais poderosas e tóxicas do planeta. Tanto que essa água-viva foi considerada a mais perigosa e venenosa de todas as espécies conhecidas.
A eficácia mortal dessa toxina é que ela é composta de compostos químicos que afetam diferentes órgãos do corpo.
Esses compostos incluem:
- Miotoxina (T1 e T2). Eles afetam diretamente o tecido muscular. Os especialistas consideram que eles interferem no transporte de alguns íons muito importantes no processo de contração, como o cálcio e o sódio.
- Hemolisina. Essa é uma substância que afeta muito a membrana plasmática dos glóbulos vermelhos, causando a formação de poros nos mesmos. Isso resulta na morte da célula por lise celular.
- Neurotoxinas. São toxinas que interferem notavelmente na condução dos impulsos nervosos, dificultando muito o bom funcionamento do sistema nervoso.
- Toxina hemolítica. É um composto químico que causa danos irreversíveis aos glóbulos vermelhos, destruindo-os totalmente.
Os mencionados acima são tipos de compostos encontrados no veneno do Chironex fleckeri. No entanto, apenas algumas proteínas foram completamente sequenciadas. Os mais conhecidos e mais estudados são o CfTX-A e o CfTX-B. Ambas as proteínas são comuns em outros membros do filo cnidaria e têm potente atividade hemolítica.
Picada
Como o Chironex fleckeri é abundante em áreas de praia, acidentes envolvendo contato com ele são comuns, sendo a picada a mais frequente.
Apenas esfregar os tentáculos dessa água-viva já faz com que uma reação seja desencadeada na vítima. Inicialmente, os sinais e sintomas que podem aparecer são:
- Tiro e dor incômoda.
- Marcas que mostram contato com os tentáculos. Eles podem ser roxos, avermelhados ou mesmo marrons.
- Edema da área afetada.
- Queima insuportável.
- Coceira incontrolável
Porém, com o passar do tempo após o avanço da picada, a toxina começa a afetar alguns sistemas do corpo, gerando neles reações específicas. Entre os sintomas sistêmicos causados pela toxina Chironex fleckeri estão os seguintes:
- Dificuldade para respirar.
- Insuficiência cardíaca.
- Dor de cabeça severa.
- Espasmos musculares.
- Nausea e vomito.
- Efeitos neurológicos: sonolência, confusão, desmaios.
É importante mencionar que a picada desta água-viva é tão perigosa que pode causar a morte por falência de múltiplos órgãos, principalmente quando atinge o coração e os pulmões.
Atualmente, especialistas estão trabalhando no desenvolvimento de um antídoto contra o veneno dessa água-viva. Houve avanços promissores, portanto, espera-se que no futuro um antídoto na forma de spray ou creme esteja disponível para minimizar os danos que as vespas marinhas causam nas praias da costa australiana.
Referências
- Brinkman, D., Konstantakopoulos, N., McInerney, B., Mulvenna, J., Seymour, J., Isbister, G. e Hodgson, W. (2014). Proteínas de veneno de Chironex fleckeri (Box medusa). Journal of Biological Chemistry. 289 (8). 4798-4812.
- Curtis, H., Barnes, S., Schneck, A. e Massarini, A. (2008). Biologia. Editorial Médica Panamericana. 7ª edição.
- Fenner, PJ (2000). Chironex fleckeri - a água-viva do norte da Austrália. marine-medic.com
- Hickman, CP, Roberts, LS, Larson, A., Ober, WC, & Garrison, C. (2001). Princípios integrados de zoologia (Vol. 15). McGraw-Hill.
- Ponce, D. e López, E. (2013) Medusas: os dançarinos do mar. Biodiversitas. 109. 1-6
- Tobin, B. (2010) Animais marinhos perigosos do norte da Austrália: Sea Wasp. Instituto Australiano de Ciências Marinhas.