- Origem
- Literatura regionalista
- Características do criollismo
- Afirmação cultural como meta
- Espaço para reclamação
- Representação estética nativa
- Cenários não modernizados
- Terra como elemento fundamental
- Efeito propaganda
- Tópicos Frequentes
- Representantes e suas obras
- Francisco Lazo Martí (1869 -1909)
- Rômulo Gallegos (1884-1969)
- Mariano Latorre (1886-1955)
- José Eustasio Rivera (1888-1928)
- Augusto D'Halmar (1882-1950)
- Baldomero Lillo (1867-1923)
- Horacio Quiroga (1878-1937)
- Ricardo Güiraldes (1886-1927)
- Benito Lynch (1885-1951)
- Mario Augusto Rodriguez (1917-2009)
- Mario Vargas Llosa (1936-)
- Referências
O criollismo foi um movimento literário que ocorreu na América Latina entre os séculos XIX e XX. De raízes exclusivamente americanas, nasceu depois que o continente se deu conta das diferenças em relação à Europa e ao resto do mundo. Essa consciência veio junto com o renascimento do orgulho da cultura indígena.
Entre suas peculiaridades, essa tendência privilegiou o rural sobre o urbano e deu cara aos novos países do continente americano. As realidades geográficas foram apresentadas de forma esplêndida. As diferentes paisagens, planícies, selvas, pampas, bem como seus habitantes, fazendeiros, latifundiários e gaúchos foram um tema inesgotável de escrita.
Francisco Lazo Martí (1869-1909), representante do crioulo
Por outro lado, o criollismo trouxe para a cena literária uma luta que os escritores assumiram como uma entre a civilização e o que chamaram de barbárie. Os escritores desse gênero tomaram esses dois termos dos significados dados na Grécia e Roma antigas.
Nesse sentido, para os gregos, o termo barbárie era relacionado aos povos que só serviam como escravos. Para os romanos, por sua vez, o termo civilização traduzido como “vem da cidade”. Sob esses dois sentidos, os escritores dessa corrente literária basearam suas histórias.
Desta forma, o criollismo destacou o conflito entre civilização e barbárie. A luta dos homens contra a natureza e os "bárbaros" que a habitavam tornou-se assim uma fonte de inspiração. Seus representantes sugeriam (e também acreditavam sinceramente) que a América Latina era uma grande selva que se recusava a ser conquistada.
A resistência de seus habitantes constituiu, então, uma tentativa de prevalecer a barbárie. Toda essa carga simbólica e poética foi registrada por grandes narradores e prolíficos escritores que se encarregaram de dar vida a esse conflito.
Origem
O termo criollismo vem de uma expressão cunhada durante o período colonial: criollo. Essa palavra chamou os filhos de espanhóis que nasceram nas terras do Novo Mundo.
Essa denominação começou a ter relevância durante os tempos da guerra de emancipação porque era utilizada pelas forças patrióticas que se opunham ao rei.
Com o passar dos anos, esse adjetivo evoluiu para se tornar uma característica da identidade da América hispânica. Em particular, referiu-se às tradições, costumes e modos de ser da população descendente dos colonos pré-hispânicos. Sob este termo, povos indígenas, gaúchos, llaneros e outros grupos humanos foram nomeados da mesma forma.
Assim, o criollismo literário surgiu da vontade de retratar os costumes do povo, refletindo os traços característicos de cada um desses grupos humanos.
Na ânsia de diferenciá-los dos grupos colonizadores europeus, tudo o que reafirmou a identidade desses povos foi objeto de criollismo literário.
Literatura regionalista
À medida que as cidades se desenvolveram, a corrente literária do criollismo evoluiu. A razão passou de rústica e campestre a mais urbana e civilizada para acompanhar o ritmo desse desenvolvimento social. Nessa nova etapa de desenvolvimento, o criollismo gerou o que ficou conhecido como literatura regionalista.
Essa nova corrente foi utilizada para refletir a realidade política, econômica, humana e social de um determinado espaço geográfico. Dessa forma, foi criada uma espécie de literatura original a partir dos elementos de cada um dos espaços naturais do continente americano.
Características do criollismo
Afirmação cultural como meta
O objetivo principal do criollismo literário era alcançar a afirmação cultural. Através das suas obras, procurou marcar a diferença com a cultura europeia e universal.
Este objetivo teve sua principal razão de ser durante a Guerra da Independência. Politicamente, essa diferenciação era necessária como motivo de sua separação.
Após a independência, a necessidade de estabelecer a identidade dos países recém-libertados promoveu a exaltação dos autóctones. Embora ainda portem padrões herdados da colônia, os povos americanos exibiram com orgulho suas características internas.
Espaço para reclamação
A produção literária crioula foi concebida por alguns de seus escritores como um romance social de denúncia. Seu motivo era apenas mostrar a desvantagem dos criollos como produto do tratamento colonialista. As grandes maiorias autóctones estavam fora das esferas de decisões sociais e econômicas do Estado.
Da mesma forma, o criollismo surgiu como um elemento do que mais tarde ficou conhecido como nacionalismo cultural. Cada um dos grupos sociais apresentou fragilidades hereditárias e revelou suas diferenças entre eles, mesmo entre grupos localizados no mesmo continente americano.
O romance crioulo privilegiou, como seus personagens representativos, grupos de pessoas, os setores mais afetados pela modernização. Eles foram erigidos como representantes da idiossincrasia nacional. Essa ação alertou o resto do mundo para a mudança no conceito de nação ocorrida entre os séculos XIX e XX.
Representação estética nativa
O criollismo literário aproveitou a abundância de figuras e signos característicos de um país ou região. Ele retratou cada uma dessas especificidades para representar uma cultura nacionalista. Ele pegou, por exemplo, as descrições físicas do gaúcho, do llanero e do guaso, incorporando-as à história.
Da mesma forma, ele levou seus costumes, tradições, alegrias e arrependimentos para fazer o retrato completo. Quanto mais recursos eram incorporados à história, mais específico era o retrato. Qualquer leitor pode localizar geograficamente os personagens descritos.
Cenários não modernizados
No início, as ações dos romances localizavam-se preferencialmente em regiões não modernizadas. Conforme as sociedades evoluíram, outros cenários foram usados (ruas, bairros, cidades). A única condição que eles tinham que cumprir era que eles eram mais atrasados do que o resto do grupo em que se inscreveram.
Nas histórias foram detalhadas a vida de analfabetos, minorias étnicas, mulheres e despossuídos. O leitor poderia, assim, conhecer o estado de modernização negado a esses personagens.
Terra como elemento fundamental
A terra é um elemento essencial nas obras de criollismo. Costumbrismo, telurismo ou regionalismo são categorias que se sobrepõem no entendimento tradicional do termo.
Efeito propaganda
A literatura crioula era uma forma de propaganda a serviço da integração nacional. Os grupos sociais consolidaram-se em suas características comuns que os identificam. Falamos de gaúchos, cariocas, nicas e ticos para significar grupos de características semelhantes.
Todas essas características estão unidas à denominação social. Assim, a menção da denominação traz à mente do leitor suas características distintivas. Por exemplo, dizer carioca traz à mente samba, carnavais e caipirinhas, mas também traz favelas, pobreza e discriminação.
Tópicos Frequentes
A partir do momento em que o criollismo surgiu como tendência literária, no início do século XIX, foi declarado literatura camponesa. Nele predominavam as descrições da paisagem e o enfoque dos coloridos ambientes locais.
Em geral, pensava-se que os costumes primitivos se preservavam melhor no campo e que se tratava de um lugar menos poluído, mais cosmopolita e com formas mais europeias.
Mais tarde, a maioria dos escritores menosprezou a vida camponesa como assunto preferido e optou pela cidade com suas descrições e complicações.
No melhor dos casos, o meio rural constituía uma moldura decorativa ou representava um local de descanso para uma personagem romântica que ia ao seu ambiente para esquecer uma desilusão amorosa ou para admirar a natureza. Em muitos casos, as descrições das paisagens eram incompletas e marginais.
No final do século 19, a vida urbana nas cidades latino-americanas assumiu preponderância dentro desse movimento. Cidades empobrecidas e pressionadas por enchentes migratórias substituíram o ambiente rural pacífico de seus primórdios. Essas novas contradições serviram de tema de redação para os artistas do criollismo literário.
Representantes e suas obras
Francisco Lazo Martí (1869 -1909)
Francisco Lazo Martí foi um poeta e médico cujas obras marcaram a tendência da poesia e narrativa venezuelana de sua época. A sua obra foi fonte de inspiração para outros escritores, como Rómulo Gallegos (1884-1969) e Manuel Vicente Romero García (1861-1917).
Em 1901, Francisco Lazo Martí publica sua obra-prima, Silva Criolla A Un Bardo Amigo. Nele, a planície venezuelana se destaca como um espaço icônico de contemplação onde acontecem as evocações de sua terra natal.
Entre outros poemas de sua autoria podemos destacar Crepusulares, Flor de Pascua, Veguera e Consuelo.
Rômulo Gallegos (1884-1969)
Rómulo Ángel del Monte Carmelo Gallegos Freire foi um político e romancista venezuelano. Sua obra-prima Doña Bárbara, publicada em 1929, teve origem em uma viagem que o autor fez pelas planícies venezuelanas do estado de Apure. Nessa viagem, a região e seu caráter primitivo o impressionaram e motivaram a escrever a obra.
Outras obras de seu extenso repertório também incluem El Último Solar (1920), Cantaclaro (1934), Canaima (1935), Pobre Negro (1937), El forastero (1942), S obre la misma tierra (1943), La rebelión (1946), A lâmina de palha ao vento (1952), Uma posição na vida (1954), O último patriota (1957) e O velho piano.
Mariano Latorre (1886-1955)
Mariano Latorre foi um acadêmico e escritor considerado o iniciador do crioulo no Chile, mostrando ao mundo a cultura e os costumes dos habitantes locais. Em 1944, foi homenageado com o Prêmio Nacional Chileno de Literatura.
Sua extensa produção inclui Cuentos del Maule (1912), Cuna de Cóndores (1918), La sombra del caserón (1919), Zurzulita (1920), Chilenos del Mar (1929) e Hombres de la selva.
José Eustasio Rivera (1888-1928)
José Eustasio Rivera foi um advogado e escritor colombiano. Em 1917, enquanto trabalhava como advogado de uma comissão de fronteira, teve a oportunidade de conhecer a selva colombiana e as condições em que viviam seus habitantes. Dessa experiência, Rivera se inspirou para escrever sua grande obra que intitulou La Vorágine (1924).
Este romance se tornou um clássico na literatura hispano-americana. As dezenas de edições colombianas e internacionais, bem como as traduções para o russo e o lituano, atestam essa merecida fama.
Além de sua atividade novelística, Rivera foi um poeta prolífico. Estima-se que em toda a sua vida escreveu cerca de 170 poemas e sonetos. Em seu livro intitulado Land of Promise (1921), ele compilou 56 de seus melhores sonetos.
Augusto D'Halmar (1882-1950)
Augusto D'Halmar era o pseudônimo do escritor chileno Augusto Goemine Thomson. Filho de pai francês e mãe chilena, D'Halmar recebeu o Prêmio Nacional de Literatura em 1942.
Sua produção romanesca inclui Juana Lucero (1902), A lâmpada no moinho (1914), Los Alucinados (1917), La Gatita (1917) e A sombra da fumaça no espelho (1918).
Entre seus poemas são reconhecidos Mi otro yo (1920), O que não foi dito sobre a verdadeira revolução espanhola (1936) e Palavras para canções (1942), entre outros.
Baldomero Lillo (1867-1923)
Baldomero Lillo Figueroa foi um contista chileno. De sua experiência de trabalho nas minas de carvão, ele se inspirou para escrever uma de suas obras mais famosas, Sub terra (1904). Este trabalho delineou as duras condições em que trabalharam os mineiros, especialmente os da mina chilena conhecida como “Chiflón del Diablo”.
Entre outras obras de seu repertório, podemos citar Sub sole (1907), Contos populares (1947) e O achado e outros contos do mar (1956). Da mesma forma, La hazaña (1959) e Pesquisa tragica (1964) são bem lembrados.
Horacio Quiroga (1878-1937)
Horacio Quiroga foi um contista uruguaio reconhecido como professor de contos. Suas histórias refletiam a luta do homem e dos animais para sobreviver na selva tropical.
Em suas obras, ele representou o primitivo e o selvagem com imagens exóticas. A obra geralmente reconhecida como sua obra-prima, Anaconda (1921), retratava as batalhas das cobras da selva tropical, da sucuri não venenosa e da víbora venenosa.
Entre outras obras do seu repertório estão Cuentos de la selva (1918) e La gallina degollada y otros cuentos (1925). Da mesma forma, delineou o que em sua opinião deveria ser a forma das histórias latino-americanas com sua obra Decálogo do contador de histórias perfeito (1927).
Ricardo Güiraldes (1886-1927)
Ricardo Güiraldes foi um poeta e romancista argentino reconhecido por sua obra em que refletiu o estilo de vida gaúcho com o qual viveu grande parte de sua vida.
Sua obra mais destacada foi o romance Don Segundo Sombra (1926). Nessa produção literária narrou-se a perigosa vida do campo e sua ameaça de extinção devido à expansão do progresso.
Entre outras obras de sua bibliografia estão El cencerro de cristal (1915), Raucho: momentos de uma juventude contemporânea (1917), Telesforo Altamira (1919), Rosaura (1922), Dom Pedro Figari (1924), Ramón (1925) e O caminho (1932).
Benito Lynch (1885-1951)
Benito Lynch foi um romancista e contista que se dedicou a retratar em sua obra a psicologia do cidadão comum na vida rural argentina no cotidiano.
Seu primeiro grande romance, Los caranchos de la Florida (1916), tratava do conflito entre um pai, dono de uma fazenda, e seu filho, que voltou após estudar na Europa.
Também merecem destaque em sua obra de romancista e conto Raquela (1918), El inglés de los güesos (1924), La evasión (1922), O potro roano (1924), El antojo de la patrona (1925) e El romance de un gaucho. (1930).
Mario Augusto Rodriguez (1917-2009)
Mario Augusto Rodríguez foi um dramaturgo, jornalista, ensaísta, narrador, poeta e crítico literário panamenho. Ele foi um dos escritores panamenhos que mais souberam retratar a história interna de seu país no campo literário.
De suas histórias, os destaques são Campo em (1947), Luna en Veraguas (1948) e Los Ultrajados (1994). Em sua obra novelística, encontra Black nightmare red (1994), e na poesia sua obra Canto de amor para la patria novia (1957). Finalmente, de sua produção teatral, são conhecidos Pasión campesina (1947) e El dios de la Justicia (1955).
Mario Vargas Llosa (1936-)
Mario Vargas Llosa é um escritor, político, jornalista, ensaísta e professor universitário peruano. É um dos romancistas e ensaístas mais importantes da América Latina e um dos principais escritores de sua geração. Em 2010 ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.
Vargas Llosa possui uma extensa bibliografia de obras de ficção e não-ficção. Entre os primeiros destacam-se os caciques (1979), A cidade e os cães (1966), A Casa Verde (1968), A Conversa na Catedral (1975), Pantaleón e os Visitantes (1978), Tia Julia e o Escritor (1982).), A guerra no fim do mundo (1984) e La fiesta del chivo (2001).
As obras de não ficção incluem García Márquez: Historia de un deicidio (1971), La orgía perpetua: Flaubert e "Madame Bovary" (1975), The Truth of Lies: Essays on the Modern Novel (1990) e The Fish na água (1993).
Referências
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