- O que é espermatogênese?
- Elementos genéticos envolvidos
- Estágios e suas características
- 1. Fase espermatogonal
- 2. Fase espermatocítica
- Mitose I
- Meiose II
- 3. Fase do esperma
- Fase de Golgi
- Fase cap
- Fase de acrossomo
- Fase de amadurecimento
- Regulação hormonal
- Fertilização
- Capacitação espermática
- Reação cortical
- Características do esperma
- Diferenças entre espermatogênese e oogênese
- Referências
A espermatogênese é um processo de formação de espermatozóides a partir de células germinativas (espermatogônias). Ocorre em indivíduos masculinos de organismos eucarióticos com reprodução sexual.
Para que esse processo seja realizado de forma eficiente, são necessárias condições específicas, entre elas: uma divisão cromossômica correta com expressões gênicas precisas e um meio hormonal adequado, para produzir um grande número de células funcionais.
Fonte: Anchor207
A transformação das espermatogônias em gametas maduros ocorre durante a maturação sexual nos organismos. Este processo é desencadeado pelo acúmulo de certos hormônios do tipo gonadotrofina hipofisária, como o HCG (gonadotrofina coriônica humana) que intervém na produção da testosterona.
O que é espermatogênese?
A espermatogênese consiste na formação de gametas masculinos: os espermatozoides.
A produção dessas células sexuais começa nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos. Esses túbulos ocupam cerca de 85% do volume total das gônadas e neles estão as células germinativas imaturas ou espermatogônias que se dividem continuamente por mitose.
Algumas dessas espermatogônias param de se reproduzir e se tornam espermatócitos primários, que iniciam o processo de meiose para cada um produzir um par de espermatócitos secundários com sua carga cromossômica completa.
Este último completa o segundo estágio da meiose, dando origem finalmente a quatro espermátides com metade da carga cromossômica (haplóide).
Posteriormente, passam por alterações morfológicas, gerando espermatozoides, que vão para o epidídimo localizado no escroto próximo aos testículos. Nesse ducto ocorre a maturação dos gametas que estão prontos para transmitir os genes do indivíduo.
O processo de espermatogênese depende da regulação hormonal e genética. Esse processo é dependente da testosterona, então células especializadas (células de Leydig) são encontradas nos túbulos seminíferos na produção desse hormônio.
Elementos genéticos envolvidos
Alguns genes importantes na espermatogênese são o gene SF-1, que atua na diferenciação das células de Leydig, e o gene SRY, que intercede na diferenciação das células de Sertoli e na formação dos cordões testiculares. Outros genes estão envolvidos na regulação desse processo: RBMY, DBY, USP9Y e DAZ.
Este último é encontrado no cromossomo Y. Atua na codificação de proteínas de ligação ao RNA e sua ausência está ligada à infertilidade em alguns indivíduos.
Estágios e suas características
Túbulos seminíferos com espermatozoides maduros. Nephron
As células germinativas primordiais (gonócitos) são formadas no saco vitelino e viajam até a crista genital, dividindo-se entre as células de Sertoli, formando os túbulos seminíferos. Os gonócitos encontram-se em seu interior, de onde migram em direção à membrana basal para dar origem às espermatogônias.
A proliferação das células germinativas primordiais e a formação de espermatogônias ocorrem durante o desenvolvimento embrionário do indivíduo. Logo após o nascimento, a divisão mitótica dessas células cessa.
O processo pelo qual os espermatozoides maduros são produzidos é dividido em três fases: espermatogônio, espermatócito e esperma.
1. Fase espermatogonal
Com a aproximação do período de maturidade sexual dos indivíduos, um aumento nos níveis de testosterona ativa a proliferação de espermatogônias. Essas células germinativas se dividem para gerar uma série de espermatogônias que se diferenciam em espermatócitos primários.
Em humanos, vários tipos morfológicos de espermatogônias são distinguidos:
Espermatogônia Ad: Localizada próximo às células intersticiais do túbulo seminífero. Eles sofrem divisões mitóticas que geram um par do tipo Ad que, por sua vez, continua a se dividir, ou um par do tipo Ap.
Espermatogônias ap: seguem o processo de diferenciação para gerar espermatozoides, dividindo-se consecutivamente por mitose.
Espermatogônias B. Produto da divisão mitótica das espermatogônias Ap. Possuem núcleo esferoidal e a peculiaridade de serem conectadas entre si por “pontes citoplasmáticas”.
Formam uma espécie de sincício que persiste nas fases subsequentes, separando-se na diferenciação espermática, à medida que os espermatozoides são liberados no lúmen do túbulo seminífero.
A união citoplasmática entre essas células permite um desenvolvimento sincronizado de cada par de espermatogônias e que cada uma obtenha a informação genética completa necessária ao seu funcionamento, já que mesmo após a meiose, essas células continuam a se desenvolver.
2. Fase espermatocítica
Nessa fase, as espermatogônias B se dividiram mitoticamente, formando os I (primários) espermatócitos que duplicam seus cromossomos, de modo que cada célula carrega dois conjuntos de cromossomos, carregando o dobro da quantidade usual de informação genética.
Posteriormente, são realizadas divisões meióticas desses espermatócitos, de forma que o material genético neles contido sofre reduções até atingir o caráter haplóide.
Mitose I
Na primeira divisão meiótica, os cromossomos são condensados na prófase, resultando, no caso dos humanos, 44 autossomos e dois cromossomos (um X e um Y), cada um com um conjunto de cromátides.
Cromossomos homólogos acoplam-se enquanto se alinham na placa equatorial da metáfase. Esses arranjos são chamados de tétrades, pois contêm dois pares de cromátides.
As tétrades trocam material genético (crossing-over) com as cromátides se reorganizando em uma estrutura chamada complexo sinaptonêmico.
Nesse processo, a diversificação genética ocorre por meio da troca de informações entre os cromossomos homólogos herdados do pai e da mãe, garantindo que todas as espermátides produzidas a partir dos espermatócitos sejam diferentes.
No final do crossing-over, os cromossomos se separam, movendo-se para pólos opostos do fuso meiótico, “dissolvendo” a estrutura das tétrades, as cromátides recombinadas de cada cromossomo permanecendo juntas.
Outra forma de garantir a diversidade genética em relação aos pais é pela distribuição aleatória dos cromossomos derivados do pai e da mãe em direção aos pólos do fuso. No final desta divisão meiótica, são produzidos espermatócitos II (secundários).
Meiose II
Os espermatócitos secundários iniciam o segundo processo de meiose imediatamente após serem formados, sintetizando novo DNA. Como resultado disso, cada espermatócito tem metade da carga cromossômica e cada cromossomo tem um par de cromátides irmãs com DNA duplicado.
Na metáfase, os cromossomos são distribuídos e alinhados na placa equatorial e as cromátides se separam migrando para lados opostos do fuso meiótico.
Após reconstruir as membranas nucleares, as espermátides haplóides são obtidas com metade dos cromossomos (23 em humanos), uma cromátide e uma cópia da informação genética (DNA).
3. Fase do esperma
A espermiogênese é a última fase do processo de espermatogênese, e nela não ocorrem divisões celulares, mas alterações morfológicas e metabólicas que permitem a diferenciação celular em espermatozoides maduros haplóides.
As alterações celulares ocorrem enquanto as espermátides são fixadas à membrana plasmática das células de Sertoli e podem ser descritas em quatro fases:
Fase de Golgi
É o processo pelo qual o aparelho de Golgi dá origem ao acrossomo, pelo acúmulo de grânulos pró-acrossômicos ou PAS (ácido periódico-reativo de Schiff) nos complexos de Golgi.
Esses grânulos levam a uma vesícula acrossomal localizada próxima ao núcleo e sua posição determina a porção anterior do esperma.
Os centríolos movem-se em direção à porção posterior da espermátide, alinhando-se perpendicularmente à membrana plasmática e formam os dubletes que vão integrar os microtúbulos do axonema na base do flagelo espermático.
Fase cap
A vesícula acrossomal cresce e se estende sobre a porção anterior do núcleo, formando o acrossoma ou capa acrossomal. Nesta fase, o conteúdo nuclear se condensa e a parte do núcleo que fica sob o acrossomo se torna mais espessa, perdendo seus poros.
Fase de acrossomo
O núcleo se alonga de redondo a elíptico, e o flagelo é orientado de forma que sua extremidade anterior se fixe nas células de Sertoli apontando em direção à lâmina basal dos túbulos seminíferos, dentro dos quais se estende o flagelo em desenvolvimento.
O citoplasma move-se posteriormente à célula e os microtúbulos citoplasmáticos se acumulam em uma bainha cilíndrica (manchette) que vai da capa acrossomal à porção posterior da espermátide.
Após o desenvolvimento do flagelo, os centríolos voltam em direção ao núcleo, aderindo a um sulco na porção posterior do núcleo, de onde emergem nove fibras espessas que alcançam os microtúbulos do axonema; desta forma, o núcleo e o flagelo são conectados. Essa estrutura é conhecida como região do pescoço.
As mitocôndrias movem-se em direção à região posterior do pescoço, envolvendo as fibras grossas e são dispostas em uma bainha helicoidal apertada formando a região intermediária da cauda do esperma. O citoplasma se move para cobrir o flagelo já formado, e a "manchette" se dissolve.
Fase de amadurecimento
O excesso de citoplasma é fagocitado pelas células de Sertoli, formando o corpo residual. A ponte citoplasmática que se formou nas espermatogônias B permanece nos corpos residuais, então as espermátides são separadas.
Finalmente, as espermátides são liberadas das células de Sertoli, liberando-se para o lúmen do túbulo seminífero, de onde são transportadas através dos tubos retos, rete testis e canais eferentes para o epidídimo.
Regulação hormonal
A espermatogênese é um processo regulado finamente por hormônios, principalmente a testosterona. No homem, todo o processo é desencadeado na maturação sexual, pela liberação no hipotálamo do hormônio GnRH que ativa a produção e o acúmulo das gonodotrofinas hipofisárias (LH, FSH e HCG).
As células de Sertoli sintetizam proteínas transportadoras de testosterona (ABP) por estimulação do FSH e, juntamente com a testosterona liberada pelas células de Leydig (estimuladas pelo LH), garantem alta concentração desse hormônio nos túbulos seminíferos.
Nas células de Sertoli, o estradiol também é sintetizado, o qual está envolvido na regulação da atividade das células de Leydig.
Fertilização
O epidídimo se conecta com os canais deferentes que fluem para a uretra, finalmente permitindo a saída dos espermatozoides que mais tarde buscarão um óvulo para fertilizar, completando o ciclo da reprodução sexual.
Uma vez liberado, o esperma pode morrer em questão de minutos ou horas, tendo que encontrar o gameta feminino antes que isso aconteça.
Em humanos, cerca de 300 milhões de espermatozóides são liberados em cada ejaculação durante a relação sexual, mas apenas cerca de 200 sobrevivem até chegarem à região onde podem acasalar.
Os espermatozoides devem passar por um processo de treinamento no trato reprodutivo feminino onde adquirem maior mobilidade do flagelo e preparam a célula para a reação acrossômica. Essas características são necessárias para fertilizar os ovos.
Capacitação espermática
Dentre as alterações que os espermatozoides apresentam, destacam-se as modificações bioquímicas e funcionais, como hiperpolarização da membrana plasmática, aumento do pH citosólico, alterações de lipídeos e proteínas e ativação de receptores de membrana que permitem seu reconhecimento pela zona pelúcida. para se juntar a isso.
Essa região funciona como uma barreira química para evitar o cruzamento entre as espécies, pois, por não reconhecer receptores específicos, não ocorre a fertilização.
Os ovos possuem uma camada de células granulares e são circundados por altas concentrações de ácido hialurônico que formam uma matriz extracelular. Para penetrar nessa camada de células, os espermatozoides possuem enzimas hialuronidase.
Ao entrar em contato com a zona pelúcida, é desencadeada a reação acrossômica, na qual o conteúdo da capa acrossomal é liberado (na forma de enzimas hidrolíticas), que auxiliam os espermatozoides a cruzar a região e se unir à membrana plasmática do óvulo, liberando dentro dele seu conteúdo citoplasmático, organelas e núcleo.
Reação cortical
Em alguns organismos, ocorre uma despolarização da membrana plasmática do óvulo quando ele entra em contato com um espermatozóide, evitando que mais de um o fertilize.
Outro mecanismo de prevenção da poliespermia é a reação cortical, onde são liberadas enzimas que alteram a estrutura da zona pelúcida, inibindo a glicoproteína ZP3 e ativando ZP2, tornando essa região impenetrável para outros espermatozoides.
Características do esperma
Os gametas masculinos têm características que os tornam muito diferentes dos gametas femininos e altamente adaptados para espalhar os genes individuais para as gerações subsequentes.
Ao contrário dos óvulos, os espermatozoides são as menores células presentes no corpo e apresentam um flagelo que lhes permite mover-se para chegar ao gameta feminino (que não tem essa mobilidade) para fertilizá-lo. Este flagelo consiste em um pescoço, região intermediária, região principal e região terminal.
No pescoço estão os centríolos, e na região intermediária estão as mitocôndrias, responsáveis por fornecer a energia necessária para sua mobilidade.
Em geral, a produção de espermatozoides é muito alta, sendo estes muito competitivos entre si, pois apenas cerca de 25% conseguirão realmente fertilizar um gameta feminino.
Diferenças entre espermatogênese e oogênese
A espermatogênese tem características que a diferenciam da oogênese:
-Células fazem meiose continuamente desde a maturação sexual do indivíduo, cada célula produzindo quatro gametas maduros em vez de um.
-O esperma amadurece após um processo complexo que começa após a meiose.
-Para a produção de um espermatozóide, ocorrem duas vezes mais divisões celulares do que na formação de um óvulo.
Referências
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