- Origem
- A "Poética" de Aristóteles
- Desenvolvimento
- Drama romano
- O medieval
- Era elisabetana
- Drama moderno e pós-moderno
- Características do gênero dramático
- Gênero literário
- Ação direta
- Personagens relacionados por meio de conflitos
- Função de apelação
- Sub-gêneros
- Tragédia
- Comédia
- Melodrama
- Passo e hors d'oeuvre
- Sainete
- Auto sacramental
- Autores e trabalhos representativos
- Ésquilo (525/524 - 456/455 aC)
- Sófocles (496 AC - 406 AC)
- Eurípides (484/480 AC - 406 AC)
- Lope de Vega (1562-1635)
- Referências
O gênero dramático compreende o conjunto de composições literárias em verso ou prosa que buscam recriar passagens da vida, retratar um personagem ou contar uma história. Essas ações geralmente envolvem conflito e emoções.
O drama foi explicado pela primeira vez em "La Poetica", ensaio de Aristóteles que teoriza sobre os gêneros literários existentes na época: o lírico, o épico e o drama. No entanto, sua origem se dá antes do nascimento deste filósofo. Da mesma forma, foi na Grécia Antiga que surgiram os subgêneros do drama: tragédia, comédia, melodrama, entre outros.
O Drama, Honoré Daumier (1860)
O termo "drama" vem do grego δρᾶμα, que pode ser traduzido como "ação", "agir", "fazer". Por sua vez, o termo deriva do grego δράω, que significa "sim".
Origem
A origem deste gênero remonta à antiga cidade de Atenas, onde hinos rituais eram cantados em homenagem ao deus Dioniso.
Na antiguidade, esses hinos eram conhecidos como ditirambos e inicialmente faziam parte dos rituais desse deus e eram compostos exclusivamente de canções corais. Então, em um desenvolvimento posterior, eles se transformaram em procissões corais nas quais os participantes se vestiam com fantasias e máscaras
Mais tarde, esses coros evoluíram para ter membros com papéis especiais dentro da procissão. Nesse ponto, esses membros tinham papéis especiais, embora ainda não fossem considerados atores. Esse desenvolvimento do gênero dramático veio no século 6 aC pelas mãos de um bardo errante conhecido como Thespis.
Por volta dessa época, o governante da cidade de Atenas, Pisístrato (- 528/7 aC), estabeleceu um festival de competições de música, dança, dança e poesia. Essas competições eram conhecidas como "Las Dionisias". No ano 534 ou 535 a. C. Thespis ganhou o concurso introduzindo uma modificação revolucionária.
No decorrer da competição e talvez movido pela emoção, Thespis saltou na parte de trás de uma carroça de madeira. A partir daí, recitou poesia como se fosse o personagem cujas falas lia. Ao fazer isso, ele se tornou o primeiro ator do mundo. Por esta ação ele é considerado o inventor do gênero dramático.
Agora, em geral, esse tipo de gênero cumpre sua função por meio de ações, canções e diálogos especialmente pensados para a representação teatral. Atualmente, o drama também é objeto de representações no mundo do cinema e da televisão.
A "Poética" de Aristóteles
"A poética" foi escrita no século 4 aC. C. pelo filósofo estagirita Aristóteles. Deve-se notar que quando Aristóteles diz "poético", ele quer dizer "literatura".
Nesse texto, o filósofo aponta que existem três grandes gêneros literários: épico, lírico e drama. Esses três gêneros são semelhantes no fato de representarem a realidade de uma forma ou de outra. No entanto, eles diferem nos elementos que usam para representar a realidade.
Por exemplo, o épico e o drama trágico são essencialmente o mesmo: um texto escrito que representa a nobreza e as virtudes dos seres humanos. Porém, a dramatização é feita para ser representada por um ou mais atores, acompanhados por uma série de elementos que completam a apresentação dramática (canto, música, palco, figurino, entre outros), enquanto o épico não se destina a dramatizar..
Por sua vez, Aristóteles estabeleceu que existem dois tipos de drama: tragédia e comédia. Eles são semelhantes no fato de que ambos representam seres humanos.
No entanto, eles se diferenciam na forma de representá-los: enquanto a tragédia busca exaltar os indivíduos e apresentá-los como nobres e heróis, a comédia busca representar os vícios, os defeitos e as características mais risíveis do ser humano.
Segundo Aristóteles, os poetas nobres são os únicos capazes de escrever tragédias, enquanto os poetas vulgares são aqueles que escrevem comédias, sátiras e paródias.
Desenvolvimento
Drama romano
Com a expansão do Império Romano durante os anos 509 a. C. e 27 a. C., os romanos entraram em contato com a civilização grega e, por sua vez, com o drama. Entre o ano 27 a. C. e o ano 476 d. C. (queda do Império), o drama se espalhou por toda a Europa Ocidental.
O drama romano era caracterizado por ser mais sofisticado do que as culturas anteriores. Entre os dramaturgos mais relevantes estão Livio Andrónico e Gneo Nevio. No momento, as obras de qualquer um desses autores não estão preservadas.
O medieval
Durante a Idade Média, as igrejas realizavam dramatizações de passagens bíblicas, que eram conhecidas como dramas litúrgicos. No século 11, essas representações já haviam se espalhado por quase toda a Europa (a exceção era a Espanha, ocupada pelos mouros).
Uma das obras mais conhecidas desta época é "Robin e Marion", escrita em francês no século XIII, por Adam de la Halle.
Era elisabetana
Durante a era elisabetana (1558-1603), o drama floresceu na Inglaterra. As obras desse período foram caracterizadas por serem escritas em verso. Os autores mais relevantes deste período foram:
William Shakespeare; algumas de suas obras são "Hamlet", "Sonho de uma noite de verão", "A tempestade" e "Romeu e Julieta"
Christopher Marlow; suas obras mais relevantes são "O Judeu de Malta" e "Herói e Leandro".
Drama moderno e pós-moderno
A partir do século 19, o gênero dramático passou por várias mudanças, assim como os demais gêneros literários. As obras passaram a ser utilizadas como meio de crítica social, meio de divulgação de ideias políticas, entre outros.
Entre os principais dramaturgos desta época, estão:
- Luigi Pirandello; Suas obras incluem "Seis personagens em busca de um autor", "Isso mesmo (se você pensa assim)" e "A vida que te dei.
- George Bernard Shaw; suas obras mais marcantes são "Candida", "César e Cleópatra" e "O homem do destino".
- Federico García Lorca; as obras mais marcantes deste autor são "O amor de Dom Perlimplín com Belisa em seu jardim", "A casa de Bernarda Alba" e "O feitiço da borboleta".
- Tennessee Williams; Suas obras incluem "De repente, último verão", "27 vagões de algodão", "O gato no telhado de zinco", "O zoológico de vidro" e "Um bonde chamado Desejo".
Características do gênero dramático
Gênero literário
O gênero dramático pertence à literatura. Em geral, é um texto criado para ser representado diante de um público. Seus autores, chamados de dramaturgos, escrevem essas obras dramáticas com o objetivo de alcançar a beleza estética. Podem ser escritos em verso ou prosa, ou em uma combinação de ambos os estilos.
Ação direta
A ação no gênero dramático é direta; ou seja, não possui narradores em terceira pessoa, cabendo aos personagens desenvolver toda a obra por meio de seus diálogos e de suas ações.
Por outro lado, os textos são elaborados com anotações. Essas anotações são indicações dirigidas aos atores e ao diretor para definir particularidades sobre o modo como a peça deve se desenrolar.
Personagens relacionados por meio de conflitos
No gênero dramático, os personagens estabelecem suas relações por meio do conflito. Cada personagem principal, seja protagonista ou antagonista, representa um aspecto oposto da trama.
Função de apelação
A interação funcional entre os personagens é estabelecida a partir da oralidade (diálogos, monólogos, solilóquios). Embora funções expressivas e comunicativas possam aparecer no desenvolvimento da obra, a linguagem do gênero dramático é eminentemente atraente.
Sub-gêneros
Tragédia
O subgênero principal e original do gênero drama é a tragédia. Essa foi uma forma dramática da antiguidade clássica, cujos elementos são enredo, personagem, espetáculo, pensamento, dicção e harmonia.
Segundo Aristóteles (384 aC - 322 aC), a tragédia era a imitação da vida real elevada a um nível de ilustre e perfeito. Embora tenha sido escrito em uma linguagem elevada e divertida, não foi feito para ser lido, mas para ser encenado. Na tragédia, os protagonistas enfrentaram situações que colocam suas virtudes à prova.
Assim, nesse tipo de gênero dramático, o protagonista lutou heroicamente contra as situações adversas. Nessa luta, ele conquistou a simpatia do público por sua luta contra todos os fatores que o opuseram. No final, ele prevaleceu ou foi derrotado, mas nunca traiu seus princípios morais.
A tragédia exibiu o paradoxo da nobreza do personagem versus a falibilidade humana. Os defeitos humanos mais comumente representados eram arrogância excessiva, orgulho ou autoconfiança excessiva.
Quanto à estrutura, geralmente começava com um monólogo explicando o pano de fundo da história. Depois vinham os Párodos ou canção inicial do Coro para continuar com os episódios que eram os atos separados por canções. Finalmente, houve o Êxodo ou último episódio de onde o refrão saiu.
Comédia
O gênero dramático denominado comédia deriva seu nome do grego Komos (festival popular de aldeia) e Ode (canção), que se traduz em “canção do povo”. A comédia tratou de eventos que aconteceram a pessoas comuns. Isso ajudou na rápida identificação do público com os personagens da peça.
Por outro lado, a linguagem utilizada era vulgar e até, por vezes, desrespeitosa. Seu principal objetivo era zombar e era comumente usado para criticar figuras públicas. Além disso, destacou o grotesco e risível do ser humano, evidenciando comportamentos repreensíveis.
Da mesma forma, a comédia representava o lado festivo e alegre dos costumes familiares, o ridículo e o comum. Isso causou alegria imediata nos espectadores.
O caráter festivo, alegre e desenfreado desse gênero dramático se encaixa perfeitamente nas festas conhecidas como Dionísia, celebradas em homenagem ao deus do vinho (Dionísio).
Agora, o desenvolvimento desse gênero dramático levou a diferentes tipos de comédias. Dentre elas, destaca-se a comédia de enredos em que o espectador se surpreendeu com as complicações da trama. Da mesma forma, há a comédia de personagens em que o desenvolvimento moral do comportamento do protagonista afetou as pessoas ao seu redor.
Finalmente, a comédia também evoluiu para a comédia dos costumes ou maneiras. Nela estava representada a forma de comportamento dos personagens que viviam em determinados setores frívolos ou ridículos da sociedade.
Melodrama
O melodrama é um gênero dramático que se caracteriza principalmente por misturar situações cômicas com situações trágicas. O drama ou melodrama é exagerado, sensacional e apela diretamente aos sentidos do público. Os personagens podem ser unidimensionais e simples, multidimensionais ou podem ser estereotipados.
Além disso, esses personagens lutaram contra situações difíceis que se recusaram a aceitar, ao contrário do que acontece na tragédia, e que lhes causou danos. Nesse subgênero, o final pode ser feliz ou infeliz.
Passo e hors d'oeuvre
Sob esse nome eram conhecidas as peças de curta duração de tema humorístico e em um único ato (em prosa ou em verso). Sua origem está localizada na tradição popular e foi representada entre os atos de uma comédia.
Sainete
O sainete era uma peça curta (geralmente um ato) com um tema humorístico e uma atmosfera popular. Antigamente era representado após um trabalho sério ou como o fim de uma função.
Auto sacramental
Esta peça dramática de um ato, característica da Idade Média, também era conhecida simplesmente como um automóvel. Seu único propósito era ilustrar os ensinamentos bíblicos, por isso eram representados nas igrejas por ocasião de festivais religiosos.
Autores e trabalhos representativos
A lista de autores e obras do gênero dramático antigos e modernos é extensa. A lista de dramaturgos inclui nomes famosos como William Shakespeare (1564-1616), Tirso de Molina (1579-1648), Molière (1622-1673), Oscar Wilde (1854-1900) e muitos outros. Apenas quatro dos mais representativos serão descritos a seguir.
Ésquilo (525/524 - 456/455 aC)
Ésquilo foi o primeiro dos três grandes poetas trágicos da Grécia. Desde cedo mostrou seu talento como grande escritor. No entanto, o título de vencedor em competições dramáticas o escapou até os 30 anos. Depois disso, ele ganhou quase todas as vezes que competiu, até os 50 anos.
Acredita-se que este dramaturgo seja o autor de cerca de 90 peças, das quais cerca de 82 são conhecidas apenas pelo título. Apenas 7 deles foram preservados para as gerações atuais. Estes são os persas, os sete contra Tebas, os suplicantes, Prometeu acorrentado e o Orestiada.
Sófocles (496 AC - 406 AC)
Sófocles era um dramaturgo da Grécia Antiga. Ele é um dos três trágicos gregos cujas obras sobreviveram até hoje. Ele trouxe muitas inovações no estilo da tragédia grega.
Dentre elas, destaca-se a inclusão de um terceiro ator, que lhe deu a oportunidade de criar e desenvolver seus personagens com maior profundidade.
Agora, em termos de suas obras, vale a pena lembrar Édipo Rei, Édipo em Colonus e Antígona da série Édipo. Outras de suas criações incluem Ajax, Las Traquinias, Electra, Filoctetes, Anfiarao, Epigonos e Ichneutae.
Eurípides (484/480 AC - 406 AC)
Eurípides foi um dos grandes dramaturgos e poetas atenienses da Grécia antiga. Ele foi reconhecido por sua extensa produção de tragédias escritas. Acredita-se que ele escreveu cerca de 92 obras. De todas elas, apenas 18 tragédias e o drama satírico El Cíclope foram preservados.
Dizia-se que suas obras reinventavam os mitos gregos e exploravam o lado mais sombrio da natureza humana. Destes, podem ser mencionados Medea, Bacchantes, Hipólito, Alcestis e Las Troyanas.
Lope de Vega (1562-1635)
Lope Félix de Vega Carpio é considerado um dos mais relevantes poetas e dramaturgos da Idade de Ouro espanhola. Pela extensão de sua obra, também é considerado um dos autores mais prolíficos da literatura mundial.
De toda a sua extensa obra, são reconhecidas obras-primas da dramaturgia como Peribáñez e o Comandante de Ocaña e Fuenteovejuna. Da mesma forma, La dama boba, Amar sem saber quem, O melhor prefeito, o rei, O Cavaleiro de Olmedo, Castigo sem vingança e O cachorro na manjedoura se destacam.
Referências
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