- Base
- Acusação
- Manchas histoquímicas
- Ácido Periódico Schiff (PAS)
- Grocott
- Ziehl-Neelsen
- Gram e tinta chinesa
- Orcein
- Tricrômico de Masson
- Pensamentos finais
- Referências
A histoquímica é uma ferramenta útil no estudo da morfologia de diversos tecidos biológicos (plantas e animais) devido ao seu princípio de reação de componentes teciduais como carboidratos, lipídios e proteínas, entre outros, corantes químicos.
Esta valiosa ferramenta permite não só identificar a composição e estrutura dos tecidos e células, mas também as várias reações que neles ocorrem. Da mesma forma, podem ser evidenciados possíveis danos aos tecidos causados pela presença de microrganismos ou outras patologias.
Colorações histoquímicas. Vírus do Nilo, bactérias Gram positivas e Gram negativas (Gram), Histoplasma capsulatum (Grocott), Mycobacterium tuberculosis (Ziehl Neelsen). Fonte: Pixinio.com/Wikipedia.org/Nephron / CDC / Dr. George P. Kubica
A histoquímica, dos séculos passados, forneceu contribuições importantes, como a demonstração da existência da barreira hematoencefálica por Paul Ehrlich. Isso foi possível porque o cérebro do animal experimental usado por Ehrlich não foi corado com anilina, que é um corante básico.
Isso levou ao uso de vários corantes, como azul de metileno e indofenol, para corar os diferentes tipos de células. Esse achado levou à classificação das células em acidofílicas, basofílicas e neutrofílicas, de acordo com sua coloração específica.
Estudos recentes têm aplicado essa técnica para mostrar a presença de vários compostos, incluindo fenóis, bem como carboidratos e lipídios não estruturais, nos tecidos da espécie Litsea glaucescens, mais conhecida como louro. Encontrar estes, tanto na folha como na madeira.
Da mesma forma, Colares et al, 2016, identificaram a planta de interesse medicinal Tarenaya hassleriana, utilizando técnicas histoquímicas. Nesta espécie foi evidenciada a presença de amido, mirosina, além de compostos fenólicos e lipofílicos.
Base
A histoquímica é baseada na coloração de estruturas celulares ou moléculas presentes nos tecidos, graças à sua afinidade com corantes específicos. A reação de coloração dessas estruturas ou moléculas, em seu formato original, é posteriormente visualizada em microscópio óptico ou eletrônico.
A especificidade da coloração deve-se à presença de grupos de aceitação de íons presentes nas células ou moléculas de tecido.
Finalmente, o objetivo das reações histoquímicas é ser capaz de demonstrá-lo por meio de coloração. Desde as maiores estruturas biológicas até os menores tecidos e células. Isso pode ser conseguido graças ao fato de que os corantes reagem quimicamente com as moléculas dos tecidos, células ou organelas.
Acusação
A reação histoquímica pode envolver etapas anteriores à realização da técnica, como fixação, incorporação e corte do tecido. Portanto, deve-se levar em consideração que nestas etapas a estrutura a ser identificada pode ser danificada, gerando resultados falsos negativos, mesmo que presente.
Apesar disso, a fixação prévia do tecido realizada de maneira adequada é importante, pois evita a autólise ou destruição celular. Para isso, são utilizadas reações químicas com solventes orgânicos como: formaldeído ou glutaraldeído, entre outros.
A inclusão do tecido é feita de forma que mantenha sua firmeza no corte e assim evite deformar. Por fim, o corte é feito com um micrótomo para estudo de amostras por microscopia óptica.
Além disso, antes de prosseguir com a coloração histoquímica, é recomendável incorporar controles positivos externos ou internos em cada lote de testes. Bem como a utilização de corantes específicos para as estruturas a serem estudadas.
Manchas histoquímicas
Desde o surgimento das técnicas histoquímicas até o presente, uma ampla gama de colorações tem sido usada, incluindo as mais frequentemente utilizadas, como: ácido periódico de Schiff (PAS), Grocott, Ziehl-Neelsen e Gram.
Da mesma forma, outros corantes têm sido usados com menos frequência, como nanquim, orceína ou corante tricrômico de Masson, entre outros.
Ácido Periódico Schiff (PAS)
Com essa coloração, podem ser observadas moléculas com alto teor de carboidratos, como: glicogênio e mucina. No entanto, também é útil para a identificação de microrganismos, como fungos e parasitas. Além de certas estruturas (membrana basal) na pele e em outros tecidos.
A base para essa coloração é que o corante oxida as ligações de carbono entre dois grupos hidroxila próximos. Isso produz a liberação do grupo aldeído, que é detectado pelo reagente de Schiff, emitindo uma cor roxa.
O reagente de Schiff é composto por fucsina básica, metabissulfito de sódio e ácido clorídrico, sendo esses componentes responsáveis pela coloração roxa, quando presentes grupos aldeídos. Caso contrário, um ácido incolor é gerado.
A intensidade da coloração dependerá da quantidade de grupos hidroxila presentes nos monossacarídeos. Por exemplo, em fungos, membranas basais, mucinas e glicogênio, a cor pode variar de vermelho a roxo, enquanto os núcleos coram de azul.
Grocott
É uma das manchas com maior sensibilidade na identificação de fungos em tecidos incluídos em parafina. Isso permite a identificação das diversas estruturas fúngicas: hifas, esporos, endosporos, entre outros. Portanto, é considerada uma coloração de rotina para o diagnóstico de micose.
É especialmente utilizado no diagnóstico de micoses pulmonares, como pneumocistose e aspergilose, causadas por alguns fungos dos gêneros Pneumocystis e Aspergillus, respectivamente.
Esta solução contém nitrato de prata e ácido crômico, sendo este último um fixador e corante. O raciocínio é que esse ácido produz a oxidação de grupos hidroxila a aldeídos por mucopoliacáridos presentes em estruturas fúngicas, por exemplo, na parede celular de fungos.
Por fim, a prata presente na solução é oxidada pelos aldeídos, causando uma coloração preta, que é chamada de reação argentafina. Também podem ser usados corantes de contraste como o verde claro e, assim, as estruturas fúngicas serão observadas em preto com fundo verde claro.
Ziehl-Neelsen
Essa coloração é baseada na presença de resistência ao álcool-ácido, parcial ou totalmente, em alguns microrganismos, como os gêneros Nocardia, Legionella e Mycobacterium.
O uso desse corante é recomendado, pois a parede celular dos microrganismos citados anteriormente contém lipídios complexos que dificultam a penetração dos corantes. Principalmente em amostras do trato respiratório.
Nele são usados corantes fortes como carbol fucsina (corante básico) e é aplicado calor para que o microrganismo retenha o corante e não descolorir com ácidos e álcoois. Finalmente, uma solução de azul de metileno é aplicada para colorir as estruturas que ficaram descoloridas.
A presença de resistência ao álcool-ácido é observada nas estruturas coradas de vermelho, enquanto as estruturas que não resistem ao desbotamento são coradas de azul.
Gram e tinta chinesa
O Gram é uma coloração muito útil no diagnóstico de infecções bacterianas e fúngicas, entre outras. Essa coloração permite a diferenciação entre microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos, mostrando claramente as diferenças que existem na composição da parede celular.
Já a tinta nanquim é uma mancha usada para contrastar estruturas que contêm polissacarídeos (cápsula). Isso porque um anel se forma no ambiente, sendo possível em Cryptococcus neoformans.
Orcein
Com essa coloração, as fibras elásticas e os cromossomos de várias células são coloridos, permitindo a avaliação do processo de maturação destas. Por esse motivo, tem sido muito útil em estudos citogenéticos.
Isso se baseia na captação do corante pela carga negativa de moléculas como o DNA, presentes no núcleo de uma grande variedade de células. Portanto, estes são tingidos de azul a roxo escuro.
Tricrômico de Masson
Esta mancha é usada para identificar alguns microorganismos ou materiais que contêm pigmentos melânicos. É o caso das micoses, causadas por fungos demáceos, feohifomicose e no eumicetoma de grão preto.
Pensamentos finais
Nos últimos anos, houve muitos avanços na criação de novas técnicas de diagnóstico, onde a histoquímica está envolvida, mas ligada a outros fundamentos ou princípios. Essas técnicas têm um propósito diferente, como no caso da imunohistoquímica ou da enzimo-histoquímica.
Referências
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- Tapia-Torres N, de la Paz-Pérez-Olvera C, Román-Guerrero A, Quintanar-Isaías A, García-Márquez E, Cruz-Sosa F. Histoquímica, teor de fenol total e atividade antioxidante da folha e madeira de litsea glaucescens Kunth (Lauraceae). Madeira e Florestas. 2014; 20 (3): 125-137. Disponível em: redalyc.org
- Colares, MN, Martínez-Alonso, S, Arambarri, AM. Anatomia e histoquímica de Tarenaya hassleriana (Cleomaceae), uma espécie de interesse medicinal. Boletim Latino-americano e Caribenho de Plantas Medicinais e Aromáticas 2016; 15 (3): 182-191. Disponível em: redalyc.org
- Bonifaz A. Micologia médica básica. 4ª edição. México: editores McGraw-Hill Interamericana, SA de CV 2012.
- Silva Diego Filipe Bezerra, Santos Hellen Bandeira de Pontes, León Jorge Esquiche, Gomes Daliana Queiroga de Castro, Alves Pollianna Muniz, Nonaka Cassiano Francisco Weege. Análise clínico-patológica e imuno-histoquímica do carcinoma espinocelular fusocelular de língua: um caso raro. Einstein (São Paulo) 2019; 17 (1): eRC4610. Disponível em: scielo.br