- Nascimento
- Rota e boca
- Alto rio Uruguai
- Médio rio Uruguai
- Rio Baixo Uruguai
- História
- Caracteristicas
- Ilhas fluviais
- Crescendo
- Diversidade de comportamentos
- Motor hidroelétrico da região
- Alertas ambientais
- Principais afluentes
- Flora
- Fauna
- Mamíferos
- Pássaros
- Peixes
- Répteis, anfíbios e insetos
- Referências
O rio Uruguai está localizado na região central da América do Sul. Faz parte da Bacia do Prata, a segunda maior do continente atrás apenas da Bacia Amazônica. Por seu traçado é reconhecido como um rio internacional, já que em seu curso atravessa o território de três países: Brasil, Argentina e Uruguai, servindo inclusive como marco geográfico para demarcar fronteiras territoriais.
Constitui-se como via fluvial para o transporte de mercadorias e viajantes da região, especialmente em seu trecho inferior (entre Salto e Nueva Palmira), devido à construção de reservatórios como o da barragem de Salto Grande interrompendo a movimentação de embarcações.
O Rio Uruguai percorre diversos tipos de relevo e feições geográficas que modificam seu comportamento. Foto: Luis Esnal no Flickr.
Por sua beleza e diversidade do bioma, a bacia do Uruguai é considerada uma joia para o turismo na região. Seu fluxo banha o território de parques e monumentos naturais que convidam à exploração e à fruição.
Nascimento
Rio Uruguai na bacia do Prata. Kmusser
Nasce do encontro dos rios Pelotas e Canoas a uma altitude de 2.050 metros acima do nível do mar, na Serra do Mar entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no planalto brasileiro.
Desde sua origem e em seu percurso pelo território brasileiro, o Uruguai passa pela Mata Atlântica, bioma declarado em 1992 pela UNESCO como reserva da biosfera devido à diversidade de fauna e flora que abriga.
Sua descoberta aparece documentada (sendo confundida com o rio San Cristóbal) em um mapa mundial que mostra os resultados da exploração do reino espanhol por volta de 1525.
Admite-se que seu nome venha do guarani, porém há divergências quanto ao seu significado. As hipóteses mais aceitas relacionam-se a elementos da fauna, dois exemplos disso são: agua del urú (ave presente na região) e rio dos caramujos.
Rota e boca
Curso e bacia do rio Uruguai. Kmusser
Ele flui de norte a sul, descrevendo uma curva em seu curso. Banha uma área de 370.000 km² em um percurso de 1.800 km pelo Brasil, Argentina e Uruguai.
Deságua no Río de la Plata, bem na fronteira da Argentina com o Uruguai em um lugar conhecido como Punta Gorda. É dividido em três seções para estudo: superior, intermediário e inferior.
Alto rio Uruguai
Vai desde sua nascente na Sierra del Mar até a foz do rio Piratiní. Este trecho está inteiramente em território brasileiro e tem 816 km de extensão. A presença de barragens hidrológicas neste trecho impede sua navegação contínua, embora haja tráfego fluvial de embarcações menores.
Médio rio Uruguai
Vai da foz do rio Piratiní (Brasil) até a cidade de Salto (Uruguai) com uma extensão de 606 km. O lago formado pela barragem de Salto Grande é um dos principais atrativos turísticos que se desenvolve em torno do rio neste trecho.
Rio Baixo Uruguai
Este trecho vai de Salto (Uruguai) a Punta Gorda (Argentina / Uruguai), com uma extensão de 348 km. É a rota com maior desenvolvimento fluvial graças à interconectividade representada pelos portos e acesso ao mar.
História
O Uruguai é um rio rico em beleza, diversidade biológica e história. Desde a sua descoberta em janeiro de 1520 pela expedição marítima de Fernando Magalhães, tem participado do desenvolvimento sócio-político da região.
Assim, em 11 de março de 1641, as águas do rio Uruguai foram palco da primeira batalha naval da América do Sul. Enfrentou-a porta-bandeiras enviados de São Paulo a serviço dos colonizadores portugueses e monges jesuítas que buscavam proteger a população indígena da escravidão.
Por volta de 1810, José Artigas, herói uruguaio da independência da América Latina, aproveitou a posição estratégica da Ilha de Artigas para defender seu centro de operações.
Em resposta aos avanços das forças de independência, os monarquistas ocuparam a Ilha Martín García em maio de 1810 e a transformaram em um local de reclusão para soldados que se recusavam a seguir ordens. A história desta ilha é cheia de conflitos e invasões. Finalmente, em 1852, foi devolvido à Confederação Argentina.
Em 2002 teve início o conflito mais recente envolvendo o rio Uruguai, enfrentando os governos do Uruguai e da Argentina. O atrito ocorre com a instalação de duas fábricas de celulose pelo governo uruguaio.
Por pressão dos cidadãos e grupos ambientalistas, o governo argentino pede explicações e rejeita o projeto pelo impacto ambiental que gera na região. O conflito avançou para o cenário internacional com litígios em Haia e Mercosul que ainda estão em andamento.
Caracteristicas
O rio internacional Uruguai tem uma vazão de 5.500 m3 / s (metros cúbicos por segundo). Na seção superior chega a 12 quilômetros por hora, descendo para 2 quilômetros por hora na seção inferior.
Ilhas fluviais
No percurso desde a nascente até a foz, o Uruguai possui mais de 100 ilhas que somam uma área aproximada de 20.000 hectares. A maioria deles deve sua formação ao acúmulo de sedimentos carregados pela corrente. Em menor medida, devem-se à degradação do terreno continental.
Brasil, Argentina e Uruguai distribuem a jurisdição dos territórios das ilhas com tratados internacionais. No entanto, há disputas pelo controle de alguns territórios, é o caso da Ilha do Brasil e Rincón de Artigas, em disputa entre Brasil e Uruguai desde 1940.
Outro caso de disputa pesa nas ilhas Martín García e Timoteo Domínguez, desta vez entre os governos do Uruguai e da Argentina. As ilhas foram unidas devido à sedimentação, sendo necessária a demarcação da primeira fronteira terrestre entre os dois países.
Crescendo
O rio Uruguai tem dois períodos crescentes de regime irregular, o primeiro ocorre em janeiro e novamente em agosto. Isso acontece graças aos 2.000 mm anuais de chuva que recebe em toda a sua bacia.
Nessas temporadas, as autoridades ficam atentas ao comportamento do fluxo para fazer previsões antecipadas em benefício da população.
Diversidade de comportamentos
No seu percurso passa por vários tipos de relevo e feições geográficas que modificam o seu comportamento. Corredeiras e saltos abundam na seção superior. No trecho intermediário, a presença de cachoeiras se alterna com o reservatório da barragem, o que modifica o comportamento natural do escoamento como efeito de sua construção.
No trecho inferior o canal se alarga devido à natureza litorânea da área, perdendo até 80% de sua velocidade.
Motor hidroelétrico da região
Ao todo, estão instaladas quatro barragens na vazão do rio Uruguai que aproveitam o potencial da água para a produção de eletricidade, destinada ao atendimento das necessidades da população. Existem também várias propostas de instalação de novas fábricas em outras áreas.
O aproveitamento do potencial hidrelétrico do fluxo do Uruguai levou ao desenvolvimento da região e mudou drasticamente a paisagem. Exemplo disso é o desaparecimento sincero da cachoeira Salto Grande (Uruguai) devido ao enchimento, em 1979, do lago com a barragem homônima.
Alertas ambientais
O desenvolvimento da atividade humana nas margens do rio teve um impacto profundo na biodiversidade da região.
As atividades econômicas que ocorrem ao longo do leito do rio colocam em risco a vida de animais que desaparecem de seu habitat natural. As atividades de maior impacto são a exploração agrícola, a exploração madeireira, o desenvolvimento de barragens e estradas. A caça e o contrabando de espécies somam-se a essas atividades regulamentadas.
Por ser uma porcentagem significativa de espécies nativas endógenas, a destruição de seu habitat as coloca em risco de extinção. Somente em sua seção superior encontram-se em torno de seu canal 383 das 633 espécies consideradas em perigo de extinção no território brasileiro.
Em junho de 2019, no âmbito da visita do presidente brasileiro Jair Bolsonaro à Argentina, a construção de um complexo hidrelétrico com duas barragens (Garabí e Panambí) nas águas do rio Uruguai foi tema da agenda de negociações.
Um grupo de ambientalistas brasileiros interrompeu o projeto da barragem de Panambí com um recurso de amparo para o Parque Nacional do Turvo e as Cataratas do Moconá. Por sua vez, a construção da barragem de Garabí gerou rejeição por parte de alguns cidadãos das comunidades próximas ao empreendimento devido ao seu impacto sobre o ecossistema, a biodiversidade e o patrimônio cultural da região.
Principais afluentes
Desde sua nascente na Sierra del Mar até sua foz no Río de la Plata, o Uruguai é alimentado por mais de vinte afluentes que merecem a classificação de rios.
Entre estes estão, além de Pelotas e Canoas, o Peixe, Chapecó, Pepirí Guazú, Passo Fundo, Várzea, Ijuí, Piratiní, Icamaquã, Ibicuí, Aguapey, Miriñay, Mocoretá, Gualeguaychú, Cuareim, Arapey, Daymán, Queguay, rios, Negro e San Salvador.
Através do Rio Uruguai se desenvolvem atividades econômicas de diversos tipos, nacionais e internacionais, entre elas o transporte de passageiros e mercadorias.
Flora
A flora que circunda o Rio Uruguai é muito diversa devido ao fato de sua bacia percorrer três regiões ecológicas: matas e campos paranaenses, savanas mesopotâmicas e pastagens úmidas de pampa.
200 árvores nativas e mais de 2.000 espécies de plantas vasculares foram identificadas, muitas das quais são endêmicas.
Nas áreas de selva predomina a presença do pinheiro-do-pará, também conhecido como pinheiro-bravo ou pinheiro-brasileiro. Além de louro, cedro, bambu, palmito e samambaia. Nessas áreas a vegetação é fechada com árvores que chegam a 40 metros de altura coroadas de cipós e intrincadas herbáceas.
Na savana predominam as espécies xerófilas, arbustos, gramíneas e palmeiras, distribuídas em matas e selvas marginais. A árvore mais distinta do ñandubay. Nas áreas inundadas proliferam: juncos, palha e junco. Espécies lenhosas como alfarroba e ñandubay, bem como gramíneas são abundantes nas pastagens.
Fauna
Ao passar pela Mata Atlântica e outros biomas ricos, diferentes trechos do rio abrigam uma enorme diversidade de mamíferos, aves e peixes, além de répteis, anfíbios e insetos.
Mamíferos
Mais de 264 espécies de mamíferos já foram identificadas na área, como o veado matero, o jaguarundí ou gato-mouro e a onça. Ele destaca a presença de mamíferos endêmicos, como a preguiça de três dedos e a irritante gambá de cauda curta.
Além disso, 26 primatas habitam a região, incluindo espécies endêmicas: o mico-leão-dourado, o mico-leão-da-cara-preta e os macacos-aranha-peludos.
Pássaros
Já foram descritas 436 espécies de aves, entre elas o amazona-de-rabo-vermelho, o paujil alagoano, o periquito-de-peito-azul, o pica-pau, a yacutinga e as harpias.
Na província de Misiones (Argentina) são desenvolvidos projetos sociais para a observação de espécies de aves da região. Com isso, buscam promover a proteção de áreas silvestres e de sua fauna.
Peixes
Especialistas descreveram mais de 350 espécies de peixes que habitam o rio Uruguai, entre eles o curimbatá, a boga, o bagre armado, o bagre cego, a paiva, o dourado e o patí.
A pesca recreativa é uma atividade popular nas águas do Rio Uruguai. A diversidade e beleza da sua paisagem, juntamente com a clareza das suas águas, tornam-na uma atividade turística muito atrativa.
Répteis, anfíbios e insetos
A riqueza desse ecossistema se manifesta em todos os níveis. Entre os répteis presentes na área, destacam-se o jacaré overo e a tartaruga-pescoço-de-cobra.
Da mesma forma, existe toda uma família de rãs que só são encontradas na região e mais de 1.000 espécies de borboletas foram registradas em diferentes áreas.
Referências
- “Estabeleceram a primeira fronteira terrestre com o Uruguai”, artigo do jornal El Litoral de Argentina, publicado online em 27 de abril de 2019, ellitoral.com/index.php/diarios/2019/04/27/politica/POLI-05. html.
- "Compilação e análise das questões relativas à infraestrutura de transporte e movimentação de cargas entre os países da Bacia do Prata", relatório da X Reunião de Chanceleres dos Países da Bacia do Prata em 1978, retirado das oas. org / usde / publicações / Unit / oea18s / ch05.htm # TopOfPage.
- Bacia do rio Uruguai na Argentina, relatório do Ministério do Governo do Interior da Argentina, novembro de 2005, extraído de mininterior.gov.ar/obras-publicas/pdf/39_nueva.pdf.
- Breve revisão sobre o Rio Uruguai, artigo na publicação anual do Laboratório Tecnológico do Uruguai, extraído de ojs.latu.org.uy.
- O baixo rio Uruguai: duas nações, um território?, Artigo do portal de acesso aberto ao conhecimento da Universidade Politécnica da Catalunha, retirado de upcommons.upc.edu