- Caracteristicas
- Presença de cratões
- Estromatólitos apareceram
- Aumento da concentração de oxigênio
- A grande oxidação
- geologia
- Flora e fauna
- Fauna ediacara
- Clima
- Glaciações
- Subdivisões
- Era Paleoproterozóica
- Era mesoproterozóica
- Era neoproterozóica
- Referências
O Proterozóico Aeon é uma das escalas geológicas que compõem o Pré-cambriano. Vai de 2,5 bilhões de anos para 542 milhões de anos atrás. Foi uma época de muitas mudanças importantes, importantes para a evolução do planeta.
Dentre eles podemos citar: aparecimento dos primeiros organismos fotossintéticos e aumento do oxigênio atmosférico. Em suma, nesta era, o planeta passou pelas primeiras mudanças que o prepararam para se tornar um lugar habitável.
Estromatólitos, característicos desta era. Fonte: C Eeckhout, via Wikimedia Commons
Do ponto de vista geológico, durante esta era se formaram certas estruturas que foram o ponto de partida para dar origem ao que mais tarde ficou conhecido como o supercontinente Pangéia.
Essa era foi uma época de transição, de um planeta que, por suas condições, pode ser considerado hostil, para um em que, aos poucos, foi possível que a vida se instalasse e se desenvolvesse.
Caracteristicas
Presença de cratões
Estudiosos da área estabeleceram que os crátons são os "núcleos" dos continentes. Isso significa que os crátons são as primeiras estruturas a partir das quais as plataformas continentais foram estabelecidas.
São formados por rochas arcaicas, com antiguidade que vai de 570 milhões de anos a 3,5 giga anos.
A principal característica dos crátons é que há milhares de anos eles não sofrem qualquer tipo de fratura ou deformação, por isso são os locais mais estáveis da crosta terrestre.
Alguns dos crátons mais conhecidos do planeta são: Escudo das Guianas na América do Sul, Escudo Siberiano, Escudo Australiano e Escandinavo.
Estromatólitos apareceram
Estromatólitos são estruturas formadas por microrganismos, especificamente cianobactérias, além do carbonato de cálcio precipitado (CaCO 3). Da mesma forma, descobriu-se que nos estromatólitos não existem apenas cianobactérias, mas também podem existir outros organismos como fungos, insetos, algas vermelhas, entre outros.
Estromatólitos são registros geológicos de grande importância para o estudo da vida no planeta. Isso porque, em primeiro lugar, constituem o primeiro registro de vida na Terra (os mais antigos têm 3.500 milhões de anos).
Da mesma forma, os estromatólitos fornecem evidências de que já naquela época eram realizados os chamados ciclos biogeoquímicos, pelo menos o do carbono.
Da mesma forma, os estromatólitos têm sido de grande ajuda na área da paleontologia como indicadores. Isso significa que, de acordo com os estudos realizados, estes são desenvolvidos em condições ambientais específicas.
Por isso, foi possível predizer as características que uma região tinha durante um determinado tempo, apenas com a análise dos estromatólitos ali encontrados.
Essas estruturas produzem uma matriz mucilaginosa, na qual se fixam sedimentos e carbonato de cálcio. Eles têm alguma atividade fotossintética, então eles liberam oxigênio na atmosfera
Aumento da concentração de oxigênio
Uma das características mais importantes e representativas da era Proterozóica é que houve um aumento significativo na concentração de oxigênio atmosférico.
Durante a era Proterozóica, houve grande atividade biológica, o que resultou em uma maior disponibilidade de oxigênio atmosférico. Agora, com relação ao elemento oxigênio, vários eventos ocorreram que foram marcos nesta era.
É importante mencionar que o oxigênio atmosférico não atingiu um nível significativo até que os chamados sumidouros químicos fossem satisfeitos, entre os quais o mais importante era o ferro.
Conforme o oxigênio atmosférico aumentou, a deposição de ferro em faixas também aumentou. Isso, por sua vez, ajudou a remover o oxigênio livre, pois ele reagiu com o ferro para formar óxido férrico (Fe 2 O 3), precipitando-se como hematita no fundo do mar.
Depois que esses sumidouros químicos foram preenchidos, a atividade biológica continuou, incluindo a fotossíntese, de modo que o oxigênio atmosférico continuou a aumentar. Isso porque não era utilizado pelas pias químicas, pois estavam totalmente cheias.
A grande oxidação
Este foi um evento de grande importância e significado. Compreende uma série de eventos relacionados ao aumento do oxigênio atmosférico discutido no ponto anterior.
Quando a quantidade de oxigênio excedia a absorvida pelas várias reações químicas, os organismos anaeróbicos (que eram a maioria) eram diretamente afetados, para os quais o oxigênio era muito tóxico.
Isso também teve consequências a nível climático, uma vez que as várias reações químicas que envolviam o oxigênio livre, o metano e a radiação ultravioleta, resultaram em uma redução considerável da temperatura ambiental, o que, no longo prazo, levou às chamadas glaciações.
geologia
Os registos arqueológicos desta época estão entre os melhores que existem, em termos da quantidade de informação que facultaram.
A mudança primária que ocorreu durante o Eon Proterozóico foi no nível tectônico. Nesta era, as placas tectônicas ficaram maiores e sofreram deformações apenas como resultado de múltiplas colisões em suas bordas.
De acordo com especialistas, um total de cinco supercontinentes foram formados nesta era:
- Antiga Sibéria: composta por grande parte da Mongólia e dos escudos siberianos.
- Gondwana: talvez um dos maiores, já que era formado por territórios no que hoje é conhecido como América do Sul, África, Antártica, América Central e grande parte da Ásia.
- Velho Continente da América do Norte: também outro de grande porte, incluindo o Escudo Canadense, a Ilha da Groenlândia e parte da Sibéria.
- China Antiga: inclui a China, parte da Mongólia, Japão, Coréia, Paquistão e alguns territórios da Índia.
- Antiga Europa: abrange grande parte do que hoje é o continente europeu, além de parte da costa canadense.
Da mesma forma, de acordo com as evidências geológicas, naquela época, a Terra girava muito mais rápido em seu eixo, com dias que duravam aproximadamente 20 horas. Ao contrário, o movimento de tradução ocorreu de forma mais lenta do que agora, pois os anos tiveram uma duração média de 450 dias.
Da mesma forma, as rochas recuperadas e estudadas, provenientes da Era Proterozóica, mostraram que sofreram pouco efeito da erosão. Rochas que permaneceram totalmente inalteradas foram até resgatadas, o que tem sido de grande ajuda para aqueles que estudam esses fenômenos.
Flora e fauna
As primeiras formas de vida orgânica começaram a aparecer na era anterior, a Arcaica. No entanto, foi graças à transformação atmosférica ocorrida na Era Proterozóica que os seres vivos começaram a se diversificar.
Desde o arcaico, começaram a surgir as formas de vida mais simples ainda conhecidas: os organismos procarióticos. Isso inclui algas azul-esverdeadas (cianobactérias) e as próprias bactérias.
Mais tarde, os organismos eucarióticos (com um núcleo definido) começaram a aparecer. Da mesma forma, neste período também apareceram as algas verdes (Clorophytas) e as algas vermelhas (Rodhophytas). Ambos são multicelulares e fotossintéticos, por isso contribuíram para a expulsão de oxigênio na atmosfera.
É importante notar que todos os seres vivos originados nesta época foram encontrados em ambientes aquáticos, pois estes eram os que os forneciam as condições mínimas necessárias para a sobrevivência.
Entre os membros da fauna desse período podemos citar organismos que hoje são considerados pouco evoluídos, como as esponjas. Sabe-se que existiram porque certas análises químicas detectaram uma forma particular de colesterol que só é produzida por esses organismos.
Da mesma forma, fósseis de animais representando celenterados também foram recuperados desse período. Este é um grande grupo no qual são encontrados principalmente medusas, corais, pólipos e anêmonas. A principal característica deles é a simetria radial
Fauna ediacara
Nas Montanhas Ediacara (Austrália), em 1946 o paleontólogo Reginald Sprigg fez uma das maiores descobertas da paleontologia. Ele descobriu um local com registros fósseis dos primeiros seres vivos conhecidos.
Aqui foram observados fósseis de esponjas e anêmonas, bem como outras espécies que ainda hoje confundem os paleontólogos, pois alguns os classificam como organismos moles (do reino animal) e outros como líquenes.
Dentre as características desses seres podemos citar: ausência de partes duras como concha ou alguma estrutura óssea, sem intestino ou boca, além de ser vermiforme sem padrão de simetria específico.
Recriação da Fauna Ediacara. Fonte: Ryan Somma, via Wikimedia Commons
Essa descoberta foi muito importante, pois os fósseis encontrados não apresentam semelhanças com os que correspondem a épocas mais recentes. Na fauna ediacariana existem organismos planos que podem ter simetria radial ou espiral.
Existem também alguns que têm simetria bilateral (que é abundante hoje), mas são uma porcentagem minúscula em comparação com os outros.
No final do período, essa fauna praticamente desapareceu por completo. Hoje, nenhum organismo foi encontrado que representasse uma continuidade evolutiva dessas espécies.
Clima
No início do período o clima poderia ser considerado estável, com grande quantidade do que se conhece como gases de efeito estufa.
No entanto, graças ao surgimento das cianobactérias e seus processos metabólicos que resultaram na liberação de oxigênio para a atmosfera, esse raro equilíbrio foi desestabilizado.
Glaciações
Durante este período, ocorreram as primeiras eras glaciais que a Terra experimentou. Entre eles, o mais conhecido e talvez o mais devastador foi a Idade do Gelo Huroniana.
Esta glaciação ocorreu especificamente há dois bilhões de anos e resultou no desaparecimento de seres vivos anaeróbicos que povoavam a Terra naquela época.
Outra grande glaciação ocorrida neste período foi a chamada superglaciação, explicada na teoria da "Terra em bola de neve". Segundo essa teoria, houve um tempo, durante o período criogênico da Era Proterozóica, em que o planeta estava totalmente coberto por gelo, que do espaço lhe dava a aparência de uma bola de neve.
De acordo com vários estudos e as evidências coletadas por cientistas, a principal causa dessa glaciação foi uma diminuição significativa de alguns gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).
Isso ocorreu por meio de vários processos, como a combinação de CO2 com silicatos para formar carbonato de cálcio (CaCO3) e a eliminação de CH4 por oxidação, graças ao aumento do oxigênio atmosférico (O2).
Devido a isso, a Terra entrou em uma espiral de resfriamento progressivo, em que toda a sua superfície foi coberta por gelo. Isso resultou na superfície da Terra refletindo fortemente a luz do sol, fazendo com que o planeta continuasse resfriando.
Subdivisões
O Aeon Proterozóico é dividido em três eras: Paleoproterozóico, Mesoproterozóico e Neoproterozóico.
Era Paleoproterozóica
Ela vai de 2,5 bilhões de anos atrás a 1,8 bilhões de anos atrás. Nessa época, aconteceram dois grandes eventos de grande importância: a grande oxidação, produto da fotossíntese que as cianobactérias começaram a realizar, e uma das primeiras estabilizações duradouras dos continentes. Este último foi graças à grande expansão dos crátons, que contribuiu para o desenvolvimento de grandes plataformas de tipo continental.
Da mesma forma, acredita-se, segundo várias evidências, que foi nessa época que surgiram as primeiras mitocôndrias, produto da endossimbiose de uma célula eucariótica e de uma proteobactéria.
Este foi um fato transcendental, uma vez que as mitocôndrias utilizam o oxigênio como aceptor de elétrons durante o processo de respiração celular, do qual teriam se originado os organismos aeróbios.
Esta época está subdividida em quatro épocas: Sidérico, Riácico, Orosírico e Estaérico.
Era mesoproterozóica
Essa era se estende de 1600 a 1200 milhões de anos atrás. É a meia-idade do Aeon Proterozóico.
Os eventos característicos desta era incluem o desenvolvimento do supercontinente conhecido como Rodinia, bem como a fragmentação de outro supercontinente, Columbia.
Desta época, existem alguns registros fósseis de alguns organismos que apresentam certas semelhanças com as rodofitas atuais. Da mesma forma, concluiu-se que durante esta era os estromatólitos são particularmente abundantes.
A Era Mesoproterozóica é subdividida em três períodos: Calímico, Ectático e Estético.
Era neoproterozóica
É a última era do Aeon Proterozóico. Abrange de 1000 a 635 milhões de anos atrás.
O evento mais representativo desta era foi a superglaciação na qual a Terra foi coberta quase totalmente de gelo, o que é explicado na Teoria da Bola de Neve da Terra. Nesse período, acredita-se que o gelo pode até atingir áreas tropicais próximas ao Equador.
Da mesma forma, essa era também foi importante do ponto de vista evolutivo, pois dela surgiram os primeiros fósseis de organismos multicelulares.
Os períodos que compõem esta época são: o Tônico, o Criogênico e o Ediacarano.
Referências
- Beraldi, H. (2014). Início da vida na Terra e os primeiros ecossistemas terrestres. Boletim da Sociedade Geológica Mexicana. 66 (1). 65-83
- Cavalier-Smith T (2006). "Evolução celular e história da Terra: estase e revolução". Philos Trans R Soc Lond B Biol Sei 361 (1470): 969-1006.
- D. Holland (2006), "A oxigenação da atmosfera e dos oceanos." Philosophical Transactions of The Royal Society B, Vol. 361, No. 1470, pp. 903-915
- Kearey, P., Klepeis, K., Vine, F., Precambrian Tectonics and the Supercontinent Cycle, Global Tectonics, Terceira edição, pp. 361–377, 2008.
- Mengel, F., Proterozoic History, Earth System: History and Variablility, volume 2, 1998.