- Origem
- Epicuro
- O Jardim
- Características da doutrina
- Os prazeres e sofrimentos
- Canônico
- Fisica
- Ética
- Os quatro medos
- Objetivo
- Representantes e suas ideias
- Diógenes de Enoanda
- Zenão de Sidon
- Horatio
- Lucrécio
- Referências
O epicureísmo era um sistema filosófico surgido no século IV. C. em Atenas. Foi criado por Epicuro de Samos, que ensinou sua doutrina em uma escola chamada O Jardim. A principal base de sua filosofia era a busca pela felicidade.
Para atingir esse objetivo, o epicurismo promulgou a necessidade de encontrar um equilíbrio entre os prazeres do corpo e da mente, bem como a eliminação dos medos. Entre estes últimos, ele apontou aqueles causados pela ideia de destino, morte ou os próprios deuses.
Epicuro
Para Epicuro, cada elemento era feito de átomos e os homens podiam perceber suas formas e qualidades por meio dos sentidos. Seus seguidores eram chamados de epicureus e deviam evitar dores e perturbações.
Da mesma forma, eles também tiveram que se afastar de luxos e confortos excessivos e levar uma vida harmoniosa. Uma das peculiaridades dessa escola é permitir a entrada de todos os interessados, inclusive mulheres.
O epicurismo, que alguns consideram relacionado ao hedonismo, teve alguns seguidores importantes na Roma antiga. Entre eles, os poetas Lucrecio e Horácio, em cujas obras se pode vislumbrar o seguimento das teorias dessa corrente.
Origem
A doutrina do epicurismo foi ensinada por Epicuro de Samos, que também lhe deu o seu nome. O filósofo nasceu em 341 AC. C e, depois de viajar para vários lugares, fundou uma escola chamada Jardim. Foi lá que ele desenvolveu suas ideias.
Epicuro
Epicuro nasceu na ilha de Samos em uma família ateniense. Sua educação foi fornecida por seu pai, professor e por vários filósofos.
Quando completou 18 anos, foi para Atenas cumprir o serviço militar. Mais tarde, ele se reencontrou com seu pai em Colofão, onde começou a lecionar.
No ano de 311, ele criou sua primeira escola filosófica na ilha de Lebos. Pouco depois, foi diretor de outra escola em Lampsaco, hoje na Turquia.
O Jardim
O filósofo voltou a Atenas em 306. Ele logo começou a ensinar suas idéias a um grupo de seguidores. O local escolhido foi o pátio da casa de Epicuro, jardim que acabou dando o nome à escola.
Ao contrário de outros filósofos, as mulheres podiam ir ao Jardim para aprender com o professor. Isso causou algumas calúnias sobre as atividades desenvolvidas. No entanto, Epicuro teve muito sucesso e estudantes da Ásia Menor e do resto da Grécia se aglomeraram para ouvi-lo.
Além de ministrar essas aulas, Epicuro escreveu algumas obras. Segundo historiadores, ao morrer deixou mais de 300 folhetos, embora quase nada tenha sido preservado.
O conhecimento atual sobre o autor vem de três cartas distintas: a Heródoto, sobre a teoria do conhecimento; a Pitocles, em astrologia e cosmologia; e o último a Meneceo, sobre ética. Além disso, algumas notas indiretas sobre seus ensinamentos são preservadas.
Características da doutrina
Ao contrário de boa parte do hedonismo, o epicurismo não focava a busca do prazer apenas no corpo. Os adeptos desta corrente deram maior importância ao intelecto. Além disso, grande parte da definição de prazer ou felicidade desta escola se refere à ausência, ao invés da presença.
Dessa forma, consideram prazer como ausência de dor ou de qualquer aflição, como fome ou tensão sexual. Tratava-se de alcançar um equilíbrio perfeito entre corpo e mente, que proporcionasse serenidade ou ataraxia.
Em suma, Epicuro apontou que essa serenidade vinha do domínio do medo, que se identificava com os deuses, a morte e a incerteza sobre o futuro. O objetivo do filósofo era eliminar esses medos para ser feliz.
Os prazeres e sofrimentos
O epicurismo considerava que os prazeres, e também os sofrimentos, eram consequência de alcançar ou não os apetites. Essa doutrina distinguia três tipos de prazeres:
-As primeiras foram naturais e necessárias. Entre eles estavam se alimentando, procurando abrigo e se sentindo seguros.
-O seguinte foi natural, mas não necessário. Eles se destacaram neste grupo para uma conversa agradável ou sexo.
-Finalmente, ele apontou prazeres não naturais ou necessários, como a busca por poder, fama ou dinheiro.
Os especialistas enfatizam que Epicuro não era dualista. Diante de Platão, por exemplo, Epicuro não acreditava que houvesse diferença entre a alma e o corpo. Ambos eram materiais e feitos de átomos.
Isso o levou a distinguir dois outros tipos de prazeres, baseados na alma e no corpo, diferentes mas unidos.
As do corpo não eram as mais importantes para os adeptos dessa corrente. Epicuro defendeu equilibrar esses prazeres de forma consciente. Assim, ele disse que não se poderia desfrutar de comida se a alma não fosse conhecida.
Por outro lado, havia os prazeres da alma. Estes foram superiores, pois são mais duráveis e têm influência no corpo.
Canônico
A Canônica faz parte da filosofia que se dedica a analisar o conhecimento e como o ser humano pode alcançá-lo.
Epicuro e seus seguidores acreditavam que a sensação, percebida por nossos sentidos, era a base de todo conhecimento. Qualquer uma dessas sensações causou prazer ou dor no ser humano, o que dá origem aos sentimentos, base da moralidade.
O filósofo considerou que existiam as chamadas “ideias gerais”, que eram as sensações que se repetem muitas vezes e ficam gravadas na memória.
Um de seus seguidores mais conhecidos, Diógenes Laercio, também escreveu sobre as chamadas “projeções imaginativas”. Por meio deles, pode-se inferir que existem elementos como os átomos, embora não possam ser vistos a olho nu.
Fisica
A realidade, segundo Epicuro, é composta por dois elementos fundamentais. O primeiro seriam os átomos, materiais. O segundo seria o vácuo, o espaço através do qual os átomos se movem.
Os epicureus pensavam que tudo no mundo são várias combinações de átomos. Para eles, a mesma alma era constituída de átomos, embora de um tipo especial, mais sutil do que os que fazem parte do corpo.
No entanto, isso não significa que a alma deixou de ser material. Esta escola pensava que quando uma pessoa morria, a alma também morria.
Segundo os especialistas, Epicuro tirou essa ideia de Demócrito, embora tenha modificado boa parte de sua doutrina. A principal diferença é que ele introduziu um elemento de acaso na forma como os átomos se movem, afirmando que, ao contrário do que dizia Demócrito, não havia determinismo em seu comportamento.
Nesse sentido, Epicuro sempre procurou dar grande importância à liberdade. Ele considerava a ética o aspecto fundamental e as demais questões estavam subordinadas a ela.
Ética
Como observado acima, a ética era a parte mais importante da filosofia de Epicuro. É a base para alcançar o objetivo dos epicureus: felicidade baseada na ataraxia e autonomia de espírito.
A ética dessa corrente filosófica baseava-se em dois pontos opostos: o medo, que deve ser evitado; e prazer, considerado valioso.
Os quatro medos
Superar os medos era, para Epicuro, o caminho para a felicidade. Na verdade, o epicurismo também tem sido chamado de "tetrarmac", ou remédio contra os quatro medos que, segundo a doutrina, eram os mais significativos: o medo dos deuses, a morte, a dor e o medo de não conseguir procure o bem.
Apesar de citar os deuses como a causa de um desses medos fundamentais, os especialistas dizem que Epicuro não era ateu. Se, por outro lado, ele pensava que eles realmente não se importavam com o que acontecia aos humanos, pois estavam muito distantes. Segundo o filósofo, esse afastamento tornava absurdo temê-los.
Sobre a morte, Epicuro afirmou que não adiantava ter medo dela. Em suas próprias palavras, ele explicou o assunto dizendo “a morte não nos diz respeito, porque enquanto existimos, a morte não está aqui. E quando chega, não existimos mais "
Para concluir, também não se deve ter medo do futuro, pois “o futuro não depende inteiramente de nós, nem nos é totalmente alheio, por isso não devemos esperar por ele como se viesse a vir infalivelmente nem desesperar como se não viesse. Nunca".
Objetivo
A filosofia de Epicuro, ao contrário de outras escolas, não pretendia ser teórica. Os ensinamentos dados pretendiam que todos os que o desejassem pudessem colocar em prática o caminho que descreveram para alcançar a felicidade. Tratava-se de eliminar medos e levar uma vida agradável e gratificante.
Para isso, eles usaram elementos empiristas de conhecimento, física atomística e uma ética hedonística.
Representantes e suas ideias
Os seguidores mais famosos de Epicuro estavam na Roma Antiga. Entre eles, destacam-se o poeta Horácio, autor da frase “Carpe Diem”, Virgílio e Lucrecio. Os historiadores qualificam o epicurismo como uma doutrina tipicamente mediterrânea, com características seculares e pontos pagãos.
Apesar de a escola de pensamento ter tido um certo prestígio durante os sete séculos após a morte de seu criador, a Idade Média marcou o fim de sua influência. Muitos de seus escritos foram destruídos, visto que o Cristianismo rejeitou fortemente suas idéias. A visão cristã da dor colidia totalmente com a filosofia epicurista.
Apenas alguns seguidores do platonismo ou do aristotelismo incorporaram ligeiramente algumas de suas idéias, mas com pouco sucesso.
Diógenes de Enoanda
Uma vez que muito poucos escritos de Epicuro sobreviveram até hoje, o trabalho de alguns de seus seguidores é fundamental para a compreensão de sua filosofia. Dentre esses destacou-se Diógenes de Enoanda, filósofo grego do século II que difundiu o pensamento dessa corrente.
Como parte de seu trabalho evangelístico, Diógenes ordenou que algumas das máximas de Epicuro fossem gravadas em uma grande parede perto do principal mercado da cidade de Enoanda, hoje na Turquia. O objetivo era que os cidadãos se lembrassem de que não encontrariam a felicidade nas compras ou no consumismo.
Precisamente, os fragmentos encontrados desta parede, destruída por um terremoto, constituem uma das principais fontes para os historiadores do epicurismo. Neles aparece uma parte de sua doutrina quase desconhecida dos especialistas, o clinâmen (desvio).
Infelizmente, apenas um terço do que foi gravado na parede foi recuperado.
Zenão de Sidon
Zenón foi um filósofo nascido no século I a. Na Grécia, provavelmente na cidade de Sidón (hoje no Líbano). Ele foi contemporâneo de Cícero, que afirmou em seu livro "Sobre a Natureza dos Deuses" que Zenão desprezava outros filósofos, incluindo clássicos como Sócrates.
Seguindo Epicuro, Zenão afirmava que a felicidade não residia apenas em desfrutar o presente, muito menos na riqueza que se possuía. Para ele, a esperança de que houvesse uma continuidade de prosperidade e prazer era fundamental. Tratava-se de não olhar para o futuro com medo.
Horatio
Os seguidores de Epicuro não eram encontrados apenas entre os filósofos. Houve também outros intelectuais que divulgaram suas idéias em suas obras, como Quinto Horacio Flaco, um dos principais poetas da Roma Antiga.
Horácio, conhecido por seus poemas satíricos, viveu vários anos em Atenas, onde estudou grego e filosofia, especialmente epicurismo.
Seu trabalho é caracterizado pela reflexão sobre o que se deseja. Além dos elogios recorrentes por uma vida aposentado, o que chamou de Beatus Ille, Horacio é conhecido por criar uma máxima que se encaixa perfeitamente no epicurismo: carpe diem, que significa "aproveite o dia".
Lucrécio
Romano, como Horácio, Lucrecio foi um filósofo e poeta que viveu entre 99 aC. C e 55 a. Apenas um texto desse autor é conhecido, denominado De rerum natura (Sobre a natureza das coisas). Nessa obra, ele defende os ensinamentos de Epicuro, além da física atomística de Demócrito.
Lucrécio explicou o movimento e agrupamentos de átomos, além de apontar a mortalidade da alma. A intenção do autor, segundo os especialistas, era libertar o ser humano do medo dos deuses e da morte. Esses medos, para o poeta, eram as principais causas da infelicidade.
Referências
- Lozano Vasquez, Andrea. Epicurismo. Obtido em philosophica.info
- O novo diário. Epicurismo ou hedonismo? Obtido em elnuevodiario.com.ni
- EcuRed. Epicurismo. Obtido em ecured.cu
- Diano, Carlo. Epicuro. Obtido em britannica.com
- Busca da felicidade. Epicuro. Obtido em follow-of-happiness.org
- Konstan, David. Epicuro. Obtido em plato.stanford.edu
- Burton, Neel. A filosofia de Epicuro. Obtido em psychologytoday.com
- Gill, NS Epicurus e sua filosofia do prazer. Obtido em Thoughtco.com