- Biografia
- Nascimento e família
- Formação acadêmica
- Um casamento apressado
- Segundo matrimônio
- Começos literários
- A "Literatura da Onda"
- Outro trabalho do escritor
- Entre a prisão e o cinema
- Últimos anos
- Prêmios e reconhecimentos
- Estilo
- Tocam
- Romance
- Trabalho cinematográfico
- Breve descrição de algumas de suas obras
- Túmulo
- Fragmento
- De perfil
- Fragmento
- Cidades desertas
- Fragmento
- Frases
- Referências
José Agustín Ramírez Gómez (1944), mais conhecido no campo literário como “José Agustín”, é um escritor mexicano cuja obra abrange gêneros como romance, contos, ensaios e teatro. Fez parte do movimento “Literatura de la Onda”, que aconteceu em meados dos anos sessenta.
A obra de José Agustín caracteriza-se por ser crítica e irônica. Ele usou uma linguagem humorística e seu tema foi baseado na realidade da vida. O autor expressou em entrevista em 2013 que a validade de seus escritos se deve às questões da juventude e, principalmente, à forma como ele as desenvolveu.
José Agustín. Fonte: Secretário de Cultura da Cidade do México do México, via Wikimedia Commons
Entre suas mais de quarenta publicações estão: A tumba, Cidades desertas, Inventando que sonho, Não há censura e O hotel de corações solitários. O escritor teve ampla participação no cinema como roteirista, diretor e produtor. Seu trabalho foi reconhecido com diversos prêmios.
Biografia
Nascimento e família
José Agustín nasceu em 19 de agosto de 1944 em Guadalajara, Jalisco; embora tenha sido apresentado em Acapulco, Guerrero. Ele vinha de uma família culta de classe média, seus pais eram: Augusto Ramírez Altamirano e Hilda Gómez Maganda.
Formação acadêmica
Em sua infância mudou-se com sua família para a Cidade do México, onde estudou no ensino fundamental e médio. Nessa época mostrou talento para a escrita e nasceu o interesse pelos problemas sociais. Quando tinha dezessete anos, foi a Cuba para ajudar na alfabetização.
Em 1962 voltou ao seu país e começou a treinar por três anos nos cursos de literatura criados por Juan José Arreola. Mais tarde, ele estudou letras clássicas na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Ele também estudou composição dramática e direção em diferentes instituições.
Um casamento apressado
José Agustín casou-se com Margarita Dalton (atualmente historiadora e romancista) em 1961 com a intenção de se tornar adulto e poder viajar para Cuba. Naquela época, a Revolução Cubana estava em desenvolvimento e eles queriam se juntar ao sistema de alfabetização. Eles foram casados por apenas um mês.
Segundo matrimônio
Em 1963 ele se casou pela segunda vez quando tinha apenas 19 anos. Na ocasião, fez isso com uma jovem chamada Margarita Bermúdez, que se tornou sua companheira de vida. O casal concebeu três filhos: José Agustín, Jesús e Andrés.
Começos literários
O escritor começou na literatura muito jovem, vários de seus escritos foram publicados na mídia impressa na Cidade do México. Em 1964, seu primeiro romance veio à tona, que ele intitulou La tumba. Dois anos depois, publicou De Perfil y Autobiografía.
A "Literatura da Onda"
Em 1966 surgiu no México um movimento denominado “Literatura de la Onda”, que leva o nome da autora Margo Glantz as. José Agustín fazia parte dessa corrente (embora não concordasse). Esta "Literatura da Onda" foi principalmente orientada para dar um espaço de expressão literária e social à juventude rebelde da época.
Os membros da "Onda" eram vistos de forma depreciativa por muitos intelectuais da época. Isso porque com seus textos defendiam as liberdades sociais, a diversidade sexual e impunham novos elementos linguísticos que deslocavam as normas estabelecidas pela literatura formal.
Outro trabalho do escritor
Este escritor mexicano também trabalhou em outras áreas. Participou da criação do jornal Reforma e colaborou em diversas publicações impressas como: La Jornada e El Universal. Também tem participado regularmente na televisão e no rádio produzindo programas educacionais e culturais.
Sede do jornal Reforma, no México,. Este meio teve entre seus fundadores José Agustín. Fonte: Carolina López, via Wikimedia Commons
Entre a prisão e o cinema
No final dos anos 60, José Agustín foi levado para a prisão no antigo Palácio Negro de Lecumberri junto com alguns amigos por consumir maconha. Lá ele coincidiu com o escritor e ativista político José Revueltas, que foi preso pelos protestos estudantis de sessenta e oito.
Depois de sair da prisão, o escritor retomou as atividades que havia deixado pendentes. Retornou à produção cinematográfica e viajou à Espanha para trabalhar com Gabriel García Márquez no desenvolvimento do roteiro de um filme de Paul Leduc. Então ele voltou para o México, onde continuou seu trabalho.
Últimos anos
Nas últimas duas décadas de sua vida, José Agustín se dedicou ao que mais gosta: a escrita, o cinema e o teatro. Seus últimos títulos são Vida com minha viúva, Diário de um brigadista e Voo sobre as profundezas. Em 2009 ele sofreu uma queda de uma fase que causou fraturas graves.
Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM, local de estudos de José Agustín. Fonte: Vladmartinez, via Wikimedia Commons
Depois de mais de vinte dias na terapia intensiva, ele conseguiu se recuperar. Em 2011 foi reconhecido com o Prêmio Nacional de Ciências e Artes por sua obra literária. Sua última residência conhecida foi a localizada no município de Cuautla no estado de Morelos, às vezes participa de eventos culturais e literários.
Prêmios e reconhecimentos
- Bolsista do Centro Mexicano de Escritores de 1966 a 1967.
- Bolsa de estudos do International Writing Program da University of Iowa em 1977.
- Bolsa Fulbright em 1977-1978.
- Bolsa Guggenheim 1978-1979.
- Prêmio Colima Narrativa de Belas Artes por Trabalho Publicado em 1983, pelo romance Cidades Desertas.
- Prêmio Nacional de Literatura Juan Ruiz de Alarcón.
- Prêmio Nacional de Ciências e Artes na área de Lingüística e Literatura em 2011.
Estilo
O estilo literário de José Agustín tem se caracterizado pelo uso de uma linguagem desinibida e irônica, carregada de palavras típicas dos jovens e alguns termos em inglês. Em suas obras há humor, dinamismo e trocadilhos, é uma narrativa criativa, sem regras acadêmicas.
A realidade e o popular fazem parte da temática de suas obras, voltadas principalmente para a juventude. O autor se interessou em levantar questões de interesse social e cultural, estilos de vida e respeito às diferenças, razão pela qual e muito mais seus textos não perdem validade.
Tocam
Romance
- Bom amor (1996). Era composto por:
- “Qual é a onda”.
- “Quem sou eu, onde estou, o que me deram”.
- "Túmulo".
- "Amor do Bom".
Trabalho cinematográfico
- 5 chocolates e 1 morango (1968). Dirigido por Carlos Velo.
- E acho que podemos (1968). Roteiro escrito em parceria com Sergio García, diretor do curta.
- Alguém quer nos matar (1970). Diretor Carlos Velo.
- Eu sei quem você é (tenho te observado) (1971). Direção e roteiro original.
- Luto (1971). Roteiro original; curta-metragem dirigido por Sergio García.
- Luz externa (1973). Direção, produção e roteiro original.
- O apando (1976). Roteiro escrito em parceria com José Revueltas.
- O ano da peste (1979). Diálogos
- A viúva de Montiel (1979). Roteiro escrito em parceria com o diretor Felipe Cazals.
- O amor ao virar da esquina (1986). Roteiro com o diretor do filme.
- Stone disease (1986).
- Cidade dos cegos (1991). Roteiro com o diretor Alberto Cortés.
- Você está me matando, Susana (2016). Filme dirigido por Roberto Sneider.
Breve descrição de algumas de suas obras
Túmulo
Foi o primeiro romance publicado por este notável escritor mexicano, foi citado na "Literatura de la Onda". José Agustín desenvolveu o texto com uma linguagem comum, nada sofisticada, e o estilo adaptado também à moda social que prevalecia nos anos sessenta.
O autor contou a história de Gabriel Guía, um menino de dezesseis anos, rico. Sua vida foi gasta por rebelião, literatura, experiências sexuais e alcoolismo. O romance apresentava um argumento contrário ao que a sociedade impunha como "norma".
Fragmento
“Quando cheguei na casa de Martín, estacionei o carro e fui até a sala, Martín, preparando as bebidas, ergueu os olhos.
-Oi, Chekhov!
-Para de brincar, não estou disposto a suportar.
-Calma, menino.
-É que me cansei dessa música.
"Bem, desabafar", e acrescentou com ar de cumplicidade, "aí está Dora.
-Palavra?
-Sim. Como isso soa para você?
-Interessante.
-O que você quer beber?
-Não sei nada ”.
De perfil
Foi um dos romances mais conhecidos de José Agustín voltado para a juventude. A narrativa é um tanto emaranhada, embora a história seja contada no tempo presente, o autor incorporou eventos passados. Foi ambientado na capital do México.
O protagonista desta obra foi um jovem a quem o escritor não deu nome. Ele era caracterizado por ser inocente em muitos aspectos da vida e, até certo ponto, isso não o fazia se sentir bem. Então, ele decidiu assumir uma personalidade mais ousada e rebelde.
Fragmento
“Atrás da grande pedra e da grama está o mundo em que vivo. Sempre venho a esta parte do jardim por algo que não consigo explicar com clareza, embora entenda. Violeta ri muito porque eu frequento essa esquina.
“Isso me parece normal: Violeta é minha mãe e ela adora dizer que não sou totalmente sã. Agora tenho que ir para casa, porque a Violeta ia me ligar e eu não tolero coisas assim… ”.
Cidades desertas
Este romance de José Agustín reflecte a sua maturidade literária, já não é sobre os jovens mas sim sobre o amor. Foi uma narrativa expressiva, viva e penetrante, o escritor usou uma linguagem mais culta do que em suas obras anteriores. Ele também fez uma crítica irônica à sociedade norte-americana.
Fragmento
“Numa manhã de agosto a Susana levantou-se muito cedo. Ele tomou banho e escolheu vagarosamente o que vestir. Ele escolheu a jaqueta de couro e jeans. Felizmente, Eligio tinha ido ver os pais em Chihuahua, então Susana estava relativamente tranquila ”.
Frases
- "Eles sempre dizem que você tem muita sorte de estar aqui, e nunca dizem que têm a sorte de nos ter."
- "As pessoas se tornaram pequenos robôs, suas almas estão morrendo, elas se tornaram velhas quando na realidade você é muito jovem."
- "Seu sorriso tem sido um incentivo, e seus olhos (cinzentos, radiantes, lindos) têm prevalecido em minha mente desde que te conheci, aqueles que me fariam lutar contra tudo se eu soubesse que nunca os olharia."
- “Acho que se não entendo o que minha mulher escreve é porque não conheço partes essenciais dela.” “Ela quase nunca chorava, e quando acontecia era por desespero, impotência diante de algo que não cedia”.
- "Eles eram almas gêmeas, de alguma forma os dois estavam muito mais sozinhos do que os outros, compartilhando o mesmo buraco abismo."
- "O que você não entende é o que não é aparente, o que está por trás das coisas."
- "As raízes indígenas estavam muito mais próximas da superfície do que eu acreditava e do que todos os mexicanos acreditavam."
- "A verdade é que gostamos de fumar para irritar os intrometidos na saúde dos outros."
- "Você já era a mãe de tudo, e por isso saiu, mas aonde quer que vá é igual, porque a raiva não é de mim nem de ninguém, mas de você."
Referências
- José Agustín. (2019). Espanha: Wikipedia. Recuperado de: es.wikipedia.org.
- Gaxiola, M. (S. f.). 20 frases cativantes do grande José Agustín. México: MX City. Recuperado de: mxcity.mx.
- Mejía, F. (2018). O rei chega ao deserto. Retrato de José Agustín, audacioso cronista e romancista de uma só fala. México: Gatopardo. Recuperado de: gatopardo.com.
- Ramírez, E., Moreno, V. e outros. (2019). José Agustín. (N / a): Pesquisar biografias. Recuperado de: Buscabiografias.com.
- José Ramírez. (S. f.). Cuba: Ecu Red. Recuperado de: ecured.cu.