- Biografia
- Vida pessoal
- Educação
- Empregos
- Punição
- Contribuições
- Obras e publicações
- Papel da eletricidade nos impulsos nervosos
- Controvérsia com Volta
- Fim do conflito
- Tocam
- Prêmios e reconhecimentos
Luigi Galvani (1737-1798) foi um cientista que se concentrou no estudo da anatomia humana. Graças a seus experimentos com sapos, ele conseguiu descobrir que o sistema nervoso poderia reagir a estímulos elétricos, mesmo que os sapos estivessem sem vida.
Ele chamou sua descoberta de eletricidade animal, embora hoje essa teoria seja conhecida como galvanismo. Ele teve uma grande influência no trabalho de Alessandro Volta, que copiou as experiências de Galvani, embora tenha chegado a conclusões diferentes.
Fonte: domínio público, via Wikimedia Commons.
Volta foi creditado com a criação da célula voltaica trabalhando nas teorias de Galvani, e é por isso que esta célula também é frequentemente chamada de célula galvânica. Era um tipo de bateria que permitia a existência de uma fonte de eletricidade capaz de agir constantemente.
A importância de Luigi Galvani ficou evidente porque ele foi um dos nomes mais usados para definir um grande número de instrumentos, processos ou teorias. Ele teve muita influência em áreas como eletricidade, física e também engenharia.
Instrumentos como o galvanômetro ou técnicas como a galvanização foram nomeados em homenagem ao médico e pesquisador italiano.
Por curiosidade, Galvani estava perto de se tornar padre, mas seu amor pela ciência o levou a ser um dos médicos mais importantes de sua época.
Biografia
Vida pessoal
Luigi Galvani nasceu em Bolonha em 9 de setembro de 1737. Ele nasceu como resultado da união entre Domenico Galvani e Barbara Foschi. Eles eram uma família bem conhecida no antigo Estado Papal, embora não se caracterizassem por pertencer às classes sociais mais ricas ou importantes da época.
O pai de Galvani se dedicou à profissão de ourives, enquanto sua mãe foi a quarta esposa que o pai do cientista teve.
Aos 25 anos, Galvani começou sua própria família com Lucía Galeazzi, que foi a única filha de um dos professores de física de Galvani durante seus tempos de universidade, Domenico Galeazzi.
Lúcia também se dedicou ao mundo científico e ajudou o marido em muitos de seus trabalhos e experimentos. Ele morreu quando tinha apenas 47 anos de asma, em 1788. O casal nunca teve filhos.
Dez anos depois, Galvani morreu. Ele tinha 61 anos e estava na pobreza. Sua morte ocorreu em 4 de dezembro de 1798, na casa de seu irmão, na cidade natal do médico.
Educação
O primeiro interesse de Galvani foi realmente pela religião. O italiano fez parte de uma instituição religiosa durante a adolescência, mas nunca teve o apoio dos pais para se tornar sacerdote.
Algumas aulas de gramática e letras criaram um interesse pela filosofia. Embora os pais de Galvani não tivessem muito dinheiro, conseguiram mandar o filho para a faculdade. Galvani matriculou-se, mas após algumas primeiras aulas de filosofia decidiu mudar sua área de estudo para se dedicar à medicina.
Tornou-se assim aluno da Universidade de Bolonha, que na altura era uma das instituições mais importantes na área da física, química e história natural.
Ele finalmente se formou em medicina em 1759 e anos mais tarde tornou-se professor em sua alma mater.
Empregos
Galvani começou a trabalhar como médico e cirurgião nos hospitais da cidade de Bolonha, embora também trabalhasse na área privada. Galvani desempenhou diversos cargos no nível acadêmico graças à importância do sogro na comunidade universitária.
Galvani se encarregou da preservação das figuras anatômicas. Ele também se tornou professor de anatomia no Instituto de Ciências.
Tornou-se presidente da Faculdade de Medicina de Bolonha e ficou encarregado de dar licenças para que os médicos da época pudessem trabalhar. Ele também era responsável pelo controle da produção e comercialização de medicamentos. É nesta fase que começa seu interesse pelo tema movimento muscular em seres humanos.
No Instituto de Ciências, ele parou de dar aulas de anatomia para dar aulas de obstetrícia. Suas aulas caracterizavam-se por serem práticas e não eram voltadas apenas para estudantes de medicina, mas também para as mulheres que ajudavam no parto nessa época.
Punição
Pouco mais de um ano antes de sua morte, em 1797, foi fundada a República Cisalpina. Todos os funcionários públicos que se encontravam no território desta República deviam prestar juramento a este Estado.
Galvani discordou dessa ação porque contradiz suas crenças. A punição das autoridades foi tirar o cientista de todos os cargos acadêmicos nas universidades. Essa decisão fez com que o médico não pudesse mais ter salário e casa, nem pensão ao final da carreira.
Foi quando Galvani mudou-se para a casa que pertencia a seus pais, onde seu meio-irmão Francesco continuava morando. As autoridades da República vieram retificar sua decisão e em janeiro de 1799 o médico voltaria aos seus cargos, mas Galvani faleceu antes de a decisão entrar em vigor.
Contribuições
Embora Galvani tenha trabalhado em diferentes áreas como obstetrícia, anatomia e cirurgia, seus experimentos mais importantes tiveram a ver com a ligação que descobriu entre a eletricidade e a rede de nervos e músculos presentes no corpo de uma rã.
O italiano conseguiu, graças às suas experiências, refutar algumas das ideias que Descartes levantara quase 200 anos antes. O filósofo francês passou a se referir aos nervos como uma espécie de tubos que permitiam a circulação de líquidos.
Graças a Galvani, foi possível descobrir e compreender o real funcionamento do sistema nervoso. Poderia ser comparado a um eletrodoméstico, que tinha um desempenho muito eficiente.
Os estudos e teorias de Galvani tinham algumas limitações típicas da época e isso é que o italiano não possuía ferramentas suficientemente avançadas para medir e estabelecer o nível de tensão que passava pelo sistema nervoso.
As ideias de Galvani levaram à criação de uma nova ciência na área da fisiologia que foi denominada neurofisiologia.
O italiano também teve grande influência para que Alessandro Volta inventasse a pilha voltaica, o que foi o primeiro passo para que a energia elétrica fosse gerada posteriormente.
Além da influência que gerou em Volta, Galvani abriu as portas para que fosse possível fazer novos e diferentes testes de fisiologia muscular e nervosa.
Obras e publicações
Galvani é creditado com uma riqueza de ideias e pesquisas ao longo de sua carreira. Seu trabalho mais importante tinha a ver com a contração que uma rã experimentava no nível muscular quando o médico tocava os nervos ao remover a pele.
Isso ocorreu enquanto trabalhava com sua esposa e usava um bisturi que já havia sido usado em experimentos estáticos.
Papel da eletricidade nos impulsos nervosos
Galvani corroborou suas descobertas com outros experimentos. Caracterizou-se por ser exaustivo nos seus estudos, pelo que só até 1791 o italiano decidiu tornar pública a sua descoberta. O comentário sobre o efeito da eletricidade no movimento muscular foi o trabalho onde apresentou suas ideias.
Lá, ele falou pela primeira vez sobre o que chamou de "eletricidade animal" e se referiu à resposta dos músculos ou nervos ao ser perfurado por um objeto de metal.
Para Galvani, surgiu um novo tipo de eletricidade, diferente da natural que existia graças aos raios ou ao peixe conhecido como enguia elétrica. Além disso, havia também a eletricidade artificial que surgia graças ao atrito das coisas; isto é, da estática.
Em termos gerais, Galvani chegou a afirmar que havia um líquido elétrico no sistema nervoso e o cérebro desempenhava um papel proeminente na secreção desse conteúdo.
Controvérsia com Volta
As teorias de Galvani eram tão impressionantes que despertaram o interesse de outros cientistas. Volta foi um dos mais fascinados com as descobertas do médico e decidiu repetir as investigações realizadas e quase imediatamente conseguiu apontar alguns erros nas abordagens de Galvani.
Por exemplo, Volta refutou a eletricidade animal, pois descobriu que os músculos não eram relevantes durante o processo de produção de eletricidade, como acreditava Galvani. A reivindicação criou uma disputa entre os defensores da eletricidade animal e aqueles que apoiavam as idéias da eletricidade metálica.
A partir dessas ideias, Volta criou a pilha voltaica, invenção que acabou apoiando as anotações feitas pelo químico italiano.
No final, ambos tiveram um papel fundamental na compreensão das expressões elétricas. Embora os dois cientistas tenham encenado uma disputa para defender suas afirmações, Volta chegou ao ponto de provar suas hipóteses com experimentos consigo mesmo.
A diferença entre os dois é que Volta naquela época possuía o aparato necessário para calcular a corrente elétrica, graças ao fato de sua área ser a física.
Fim do conflito
Com o passar do tempo, Galvani não teve escolha a não ser aceitar que Volta estava correto ao refutar seus pensamentos. Foi uma derrota que afetou os últimos anos de sua vida.
Hoje em dia, é possível saber que ambos acertaram parte de suas abordagens. Galvani estava certo quando falou das correntes elétricas no corpo humano e foi o primeiro a fazê-lo, apenas falhou em interpretar os resultados.
Na época, Galvani passou a se dedicar exclusivamente ao ensino na universidade. Especificamente, ele se concentrou no ensino prático em áreas médicas, como obstetrícia e cirurgia.
Na disputa entre os dois cientistas apareceu também uma publicação, de autoria desconhecida, que apoiou as idéias de Galvani. Todos esses fatos foram de grande importância para a criação da eletrofisiologia como um ramo de estudo, onde são analisadas as características elétricas das diferentes células e tecidos do corpo.
Tocam
Não foram muitas as publicações feitas por Galvani ao longo de sua carreira profissional. Em 1761 ele publicou sua tese de doutorado. Em seguida, ele escreveu em Bolonha, em 1791, Comentários sobre a força muscular e o movimento da eletricidade. Um ano depois, esse trabalho foi ampliado com algumas contribuições e anotações do físico italiano Giovanni Aldini.
Vários de seus trabalhos apareceram após sua morte em 1798. Por exemplo, a Academia de Ciências de Bolonha foi contratada para coletar vários manuscritos Galvani para publicação posterior em meados do século 19, bem como trechos de suas aulas de anatomia.
Durante a década de 30 do século 20, uma obra sobre os experimentos inéditos de Galvani também foi publicada graças ao trabalho do editor Licinio Cappelli.
Prêmios e reconhecimentos
Apesar de todas as controvérsias e equívocos que alguns de seus experimentos podem ter, Galvani tem sido considerado uma das figuras mais importantes da área científica. Suas contribuições foram reconhecidas com diferentes ações.
Há uma cratera na lua que foi batizada em sua homenagem. A peça de Frankenstein é considerada uma amostra das ideias de Galvani no que se refere à ressuscitação, que é possibilitada pelo uso da eletricidade.
Além disso, Galvani foi um dos membros da Venerável Terceira Ordem, o que demonstrou sua propensão para assuntos religiosos. Hoje são conhecidos como Terciários Franciscanos. Os membros desta ordem não fizeram votos.
Durante 1766, o Senado o nomeou para servir como curador e preparador corporal no museu de anatomia.
Os reconhecimentos mais importantes podem ser observados no número de termos atribuídos a processos, teorias ou dispositivos em homenagem a Galvani. Engenheiros e físicos usaram muito seu nome, assim como no campo da eletricidade.
Atualmente algumas das palavras que se mantêm para definir os dispositivos são o galvanocautério, o galvanoscópio, o galvanômetro (nome que foi ideia de André-Marie Ampere.
Além disso, em diferentes áreas de estudo é feita referência ao italiano, como galvanismo, galvanocirurgia ou galvanoterapia. Galvânico é talvez um dos termos mais usados. Refere-se à eletricidade e seus processos no corpo humano.
- Bogdanov, K. (2008). Biologia em física: a vida é importante?. San Diego, CA: Academic Press.
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- Dibner, B. (1971). Luigi Galvani. Norwalk, Connecticut: Burndy Library.
- Keithley, J. (1999). A história das medições elétricas e magnéticas. Nova York: IEEE Instrument & Measurement Society.
- Schobert, H. (2002). Energia e sociedade. 2ª ed. Nova York: Taylor & Francis.