A codominância ou herança codominante pode ser definida como força igual entre alelos. Se em dominância incompleta podemos falar de um efeito de dosagem genética (AA> Aa> aa), em codominância podemos dizer que observamos a manifestação conjunta de dois produtos de mesmo caráter no mesmo indivíduo, e com a mesma força.
Um dos motivos que permitiu a Gregor Mendel analisar de forma simples os padrões de herança por ele observados é que os personagens em estudo eram de total dominância.
Um exemplo de codominância: Camélia híbrida, rosa e branca (cultivar de camélia Rhododendron sp., Fam. Ericaceae). Foto tirada no Japão. Darwin cruz, via Wikimedia Commons Ou seja, bastava que pelo menos um alelo dominante (A _) estivesse presente para que o traço com o fenótipo associado se expressasse; o outro (a), retrocedendo em sua manifestação e parecia se esconder.
É por isso que, nesses casos “clássicos” ou mendelianos, os genótipos AA e Aa se manifestam fenotipicamente da mesma forma (A domina completamente o aa).
Mas nem sempre é o caso, e para traços monogênicos (definidos por um único gene), podemos encontrar duas exceções que às vezes podem ser confundidas: dominância incompleta e codominância.
No primeiro, o heterozigoto Aa manifesta um fenótipo intermediário ao dos homozigotos AA e aa; no segundo, de que estamos tratando aqui, o heterozigoto manifesta os dois alelos, A e a, com a mesma força, pois na realidade nenhum é recessivo no outro.
Exemplo de codominância. Grupos sanguíneos de acordo com o sistema ABO
Para finalizar a compreensão da codominância, entendida como força igual entre alelos, é útil definir a dominância incompleta. A primeira coisa a esclarecer é que ambos se referem a relacionamentos entre alelos do mesmo gene (e o mesmo locus) e não a relacionamentos ou interações gênicas entre genes de loci diferentes.
A outra coisa é que a dominância incompleta se manifesta como um produto do fenótipo do efeito da dose do produto codificado pelo gene em análise.
Considere um caso hipotético de uma característica monogênica em que um gene R, que codifica uma enzima monomérica, dá origem a um composto de cor (ou pigmento). O homozigoto recessivo para esse gene (rr) obviamente não terá essa cor porque não dá origem à enzima que produz o respectivo pigmento.
Tanto o RR homozigoto dominante quanto o Rr heterozigoto apresentarão cor, mas de forma diferente: o heterozigoto ficará mais diluído, pois apresentará metade da dose da enzima responsável pela produção do pigmento.
Deve ser entendido, entretanto, que a análise genética às vezes é mais complicada do que os exemplos simples fornecidos aqui, e que diferentes autores interpretam o mesmo fenômeno de maneiras diferentes.
É possível, portanto, que em cruzamentos di-híbridos (ou mesmo com mais genes de diferentes loci) os fenótipos analisados possam aparecer em proporções semelhantes às de um cruzamento mono-híbrido.
Somente uma análise genética rigorosa e formal pode permitir ao pesquisador concluir quantos genes estão envolvidos na manifestação de um personagem.
Historicamente, no entanto, os termos codominância e dominância incompleta foram usados para definir as interações alélicas (genes do mesmo locus), enquanto aqueles que se referem a interações gênicas de diferentes loci, ou interações gênicas per se, são todos analisados. como interações epistáticas.
A análise das interações de diferentes genes (de diferentes loci) que levam à manifestação do mesmo caráter é chamada de análise de epistasia - é basicamente responsável por toda a análise genética.
Referências
- Brooker, RJ (2017). Genética: Análise e Princípios. McGraw-Hill Higher Education, Nova York, NY, EUA.
- Goodenough, UW (1984) Genetics. WB Saunders Co. Ltd, Pkiladelphia, PA, EUA.
- Griffiths, AJF, Wessler, R., Carroll, SB, Doebley, J. (2015). Uma Introdução à Análise Genética (11 ª ed.). Nova York: WH Freeman, New York, NY, EUA.
- White, D., Rabago-Smith, M. (2011). Associações genótipo-fenótipo e cor do olho humano. Journal of Human Genetics, 56: 5-7.
- Xie, J., Qureshi, AA, Li., Y., Han, J. (2010) grupo sanguíneo ABO e incidência de câncer de pele. PLoS ONE, 5: e11972.