- Comportamento criminoso
- Fatores que afetam o comportamento criminoso
- Variáveis genéticas
- Fatores ambientais e sociais
- Explicações para o comportamento criminoso
- Teoria de César Lombroso
- A tese psicanalítica
- Teorias de má socialização
- Psicopatologia associada ao crime
- Diferenças entre transtorno de personalidade anti-social e transtorno e transtorno de conduta (dissocial)
- conclusão
A psicologia criminal se dedica a estudar o comportamento, o pensamento e o sistema de crenças dos criminosos e a investigar por que os crimes são cometidos.
Nos últimos anos, tem havido um crescimento do interesse popular que surgiu com o sucesso de séries como Criminal Minds ou CSI.
Esse fenômeno tem um nome dentro da comunidade científica: efeito CSI, por meio do qual as pessoas tendem a distorcer suas concepções de psicologia criminal, especificamente, e de trabalho forense, em geral, a partir de séries televisivas desse tipo.
Na Espanha, porém, o trabalho do psicólogo criminal está longe do que o mesmo profissional desempenha na América, onde tem mais destaque, por exemplo, nos tribunais ou no aconselhamento do juiz. Na Espanha, um psicólogo criminal frequentemente corresponde à figura do psicólogo forense, embora com diferenças.
Apesar de ter funções semelhantes, um psicólogo forense pode lidar com questões que fluem através do direito civil (por exemplo, tornar uma pessoa que sofreu um acidente incapacitada para o trabalho), enquanto um profissional de psicologia criminal trabalhará apenas com casos criminais em que pelo menos um crime ocorreu.
Comportamento criminoso
Acabamos de explicar qual é o trabalho do psicólogo criminal, bem como as diferenças entre um profissional da psicologia criminal e outro da psicologia forense. Porém, vale a pena perguntar agora como é o comportamento de um criminoso e analisar o que o diferencia de uma pessoa que atende aos critérios de normalidade.
Um agressor não precisa ser um indivíduo com um transtorno, seja de personalidade ou não, mas se olharmos do ponto de vista cognitivo-comportamental, pode haver estímulos antecedentes (comportamentos e cognições) que o levam a cometer um ato criminoso ou crime.
Tomemos o exemplo de uma pessoa sem histórico de transtornos mentais, com QI normal e personalidade não patológica, que é despedida do trabalho e expulsa de casa. Isso não significa que o roubo seja justificado nessas circunstâncias, mas este caso é a exemplificação de uma pessoa psicologicamente normal, sem recursos, que é "forçada" a sobreviver cometendo atos criminosos.
No entanto, existem casos reais de criminosos que cometem crimes graves (assassinatos, homicídios, agressões sexuais) que estão fora de todos os critérios de normalidade e dos quais falaremos nos próximos parágrafos.
Fatores que afetam o comportamento criminoso
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que nenhum fator ou conjunto deles leva, inexoravelmente, uma pessoa a cometer um crime. No entanto, e como é lógico pensar, um grupo de fatores de risco aumenta a probabilidade (ou predispõe mais) que alguém tenha tendência para o crime.
Tradicionalmente, e especialmente nas Ciências Sociais, dois tipos de variáveis são levados em consideração na explicação do comportamento: por um lado, a genética ou a biologia; de outro, fatores ambientais.
Hoje, além do background genético (traços temperamentais, predisposição a certas doenças, etc.) e ambiental (estimulação precoce, ambiente estimulante, educação e desenvolvimento, etc.), o comportamento ou interações sociais são levados em consideração como uma variável isolada. social.
Esse fator social torna-se ainda mais relevante quando se recorrem a explicações modernas do comportamento criminoso. Por exemplo, a teoria de E. Sutherland promulga que o criminoso age como tal porque opta por se cercar de um grupo de iguais que encoraja atos criminosos ou violentos.
Vamos agora listar quais questões, tanto genéticas quanto ambientais / sociais, favorecem a predisposição ao ato criminoso:
Variáveis genéticas
- Temperamento agressivo
- História de doenças mentais na família, como esquizofrenia. No entanto, deve-se ter cautela a esse respeito, pois estudos mostram resultados contraditórios quanto ao percentual de herdabilidade dos transtornos psicóticos, por exemplo. Porém, sabe-se que o componente genético está presente, em maior ou menor grau, na presença de doença mental.
Fatores ambientais e sociais
- Baixo nível socioeconômico.
- Problemas financeiros, como dívidas.
- Falta de apoio de instituições ou serviços sociais.
- Ter crescido em uma família cujos pais ou irmãos têm ficha criminal.
- Seja amigo de grupos que promovem comportamento agressivo ou criminoso e o uso da violência para atingir fins.
- Oportunidades de trabalho inexistentes ou reduzidas.
- Falta de suporte emocional.
- Hierarquias familiares de caráter predominantemente patriarcal.
Como já sugerimos, não existe um preditor quintessencial do comportamento criminoso, embora o que acabamos de listar constituam precursores ou "gatilhos" que podem desencadear atos criminosos.
Hoje, tanto psicólogos quanto criminologistas concordam que o mecanismo que leva uma pessoa a cometer um crime é muito complexo para ser previsto e controlado com 100% de confiabilidade, embora possamos tomar medidas para avaliá-lo e, mais tarde, evite.
Explicações para o comportamento criminoso
A seguir, revisaremos as correntes de pensamento e os vários pontos de vista que ao longo da história tiveram algo a dizer sobre a gênese do crime. Como todos os fatores que citamos se combinam para que alguém cometa um crime?
Controlar e prevenir o crime, examinar e explorar por que as pessoas cometem ações como essa é muito relevante, e é precisamente uma das teorias mais influentes na psicologia criminal sobre a qual falaremos agora.
Teoria de César Lombroso
Este médico italiano César Lombroso, pai da Criminologia, foi o precursor da sistematização e do positivismo científico da Psicologia Criminal, fazendo toda uma classificação dos tipos de criminosos e atingindo seu auge com sua obra "L'uomo delinquente" (1896).
Essa teoria veio dizer que um criminoso não é feito, ele nasce. Lombroso acabou admitindo que os fatores sociais têm seu peso na equação do crime, mas originalmente para ele o mais importante era a carga genética e biológica, chegando a dizer que a fisionomia e a anatomia tinham relação direta com a tendência ao crime. pessoa.
As características físicas que mais "predispõem" alguém ao ato criminoso eram, para Lombroso, uma testa proeminente, um queixo fortemente marcado e as costas arqueadas.
Embora no panorama científico atual as explicações biológicas que tomam a genética isoladamente para explicar o comportamento sejam praticamente obsoletas, ainda existem teorias que tomam os fatores hereditários como bandeiras. Um exemplo disso é a Sociobiologia do criminologista norte-americano Jeffery.
A tese psicanalítica
A criminalidade também pode ser analisada sob a ótica da Psicanálise. Segundo ele, o comportamento humano estava relacionado ao processo de formação da personalidade por meio da interação e do desenvolvimento desde a infância, período em que os conflitos pessoais estão mais fervilhantes do que nunca, segundo Freud e seu professor Charcot.
Como podemos ver, ao contrário de Lombroso, os autores da psicologia enfatizam os problemas que podem ocorrer na infância para explicar o psiquismo criminoso, pois é neste período que a personalidade se configura e, claro, a personalidade "delinquente" não o é. sem exceção.
Dessa forma, o comportamento criminoso é entendido como causado por conflitos psíquicos não resolvidos. Alguns dos conflitos psíquicos não resolvidos são sentimentos de culpa, incapacidade de se identificar com as figuras de referência ou o domínio dos instintos sobre a racionalidade.
Como já sabemos, a terminologia psicanalítica é muito complexa, por isso não vamos parar para nos aprofundar nela. É conveniente, entretanto, mencionar algumas das palavras mais populares ao explicar o comportamento criminoso de acordo com a psicanálise.
Do triunfo do Id (onde residem os nossos instintos mais primários), passando pela ausência do Superego (onde as convenções sociais e os comportamentos desejáveis estão alojados), até à irresolução do famoso complexo de Édipo freudiano.
Teorias de má socialização
Para as teorias de socialização defeituosa ou deficiente, o comportamento criminoso é um comportamento aprendido através das diferentes fases do processo de socialização: família, escola ou empresas são fatores a serem levados em consideração ao investigar a origem do crime.
Entre os autores contemporâneos de maior destaque está Sutherland, precursor da teoria dos contatos diferenciais: na sociedade há grupos que se comportam de acordo com as normas sociais e grupos que as violam. A inclinação de uma pessoa para um desses dois grupos marcará o futuro criminoso do mesmo.
Essas teorias encontram aplicação principalmente em gangues de jovens e no crime organizado: um grupo de pessoas (endogrupo) que compõe uma rede relacional cujo objetivo é a criminalidade e que mantém atitudes semelhantes em torno da ideia de justiça e ordem social, bem como a promoção de atos e crimes violentos.
Teorias de socialização pobre semelhantes às de Sutherland são as mais aceitas e estudadas hoje, especialmente se explorarmos os meandros do crime de uma perspectiva sociológica.
Psicopatologia associada ao crime
Embora o fato de ser diagnosticado com transtorno mental não signifique que uma pessoa tenha todas as características de ser um criminoso, é verdade que estatisticamente há um grande número de casos em que o crime foi cometido por pessoas com alguma doença ou condição especial como, por exemplo, psicopatia ou distúrbio anti-social.
Por falar nisso, surgem dúvidas que muitas vezes levam os profissionais à confusão: Sociopata é o mesmo que psicopata? O que os diferencia? Veremos a resposta abaixo.
Aludindo às grandes nosologias (a CID-10, da Organização Mundial da Saúde, e o DSM-V, da American Psychiatric Association), elas não contemplam a distinção entre sociopatas e psicopatas, mas referem-se às suas características como transtorno de conduta (anteriormente transtorno de conduta) e transtorno anti-social, respectivamente.
No entanto, Robert Hare, um especialista em psicopatologia criminal, continua a usar o termo psicopatia ao fazer um diagnóstico. Vamos ver onde esses conceitos diferem.
Diferenças entre transtorno de personalidade anti-social e transtorno e transtorno de conduta (dissocial)
Em relação ao transtorno de personalidade anti-social (TPA), falamos de pessoas extrovertidas e emocionalmente instáveis, caracterizadas pela hostilidade, rebeldia e ausência de medo diante de punições e situações de risco, bem como por uma baixa tolerância à frustração.
Eles tendem a ter uma longa história de violação dos direitos dos outros, sem se sentirem culpados por isso. Mentir e trapacear fazem parte de seu comportamento.
Sobre o transtorno de conduta, anteriormente denominado Transtorno de Conduta no DSM-IV-TR, geralmente é diagnosticado na infância ou adolescência e as crianças com essa condição costumam ingressar em gangues de jovens.
Essas pessoas apresentam limitação na atividade pró-social (altruísmo, por exemplo), falta de remorso ou culpa, insensibilidade, falta de empatia ou afetos superficiais. Também é muito comum o abuso de animais em idade precoce.
Existem também características que indicam uma alta probabilidade de uma criança desenvolver comportamentos anti-sociais graves na idade adulta. Isso se reflete na chamada tríade homicida de R. Ressler, que dedicou grande parte de sua vida a moldar a psique criminosa.
De acordo com Ressler, se uma criança abusou repetidamente de animais, sofreu de enurese noturna tardia (falta de controle do esfíncter da urina na cama no final da infância) e piromania, é provável que a pessoa cometa crimes no futuro e apresentará TOQUE.
Na verdade, nem todas as pessoas com diagnóstico de DAP ou todas as crianças ou adolescentes com transtorno de conduta são criminosos. Alguns apresentam comportamentos de risco, frustração ou, sendo normalmente pessoas muito inteligentes, podem apresentar habilidades de negócios e outras habilidades intelectuais.
conclusão
A título de conclusão, diremos que não existe um preditor universal para prever o comportamento anti-social, um crime ou a história criminal de uma pessoa, seja na infância, adolescência ou fase adulta.
Como psicólogos, podemos fazer uma estimativa ou uma aproximação dos traços comportamentais que podem de alguma forma melhorar o desenvolvimento desses comportamentos indesejados e prestar atenção especial àqueles que consideramos mais perigosos.
Em suma, um fator de risco isolado não significa o início de uma carreira criminosa, embora para cada fator de risco que identificarmos, a probabilidade de ocorrência desses comportamentos aumentará.
É para eles que os profissionais que se dedicam a esta área têm de se amortecer com fatores de proteção, que sensibilizam, educam e reforçam comportamentos pró-sociais e produtivos para as pessoas que têm maior potencial para apresentar uma TAP no futuro, por exemplo.