- História dos Sumérios
- Uruk
- Dinastia inicial
- Império acadiano
- Terceira dinastia de Ur
- Organização social
- Economia
- Religião e crenças
- Tecnologia
- Arquitetura e outras práticas
- Referências
Os sumérios eram uma civilização do Oriente Médio que habitava uma região ao sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates. É considerada a primeira civilização daquela região e uma das primeiras do mundo, junto com o Egito Antigo.
Estima-se que os sumérios tenham sua origem em 3500 aC. C., e uma existência histórica que durou mais de mil anos, até 2300 a. C., aproximadamente.
A eles se deve a invenção e implementação de técnicas e hábitos necessários ao homem que vive em sociedade. Eles foram os primeiros a desenvolver a escrita como forma de registro e comunicação.
O estudo da história suméria ao longo dos anos permitiu-nos descobrir qualidades que marcaram a vida do homem em sociedade, bem como os elementos que constituem uma civilização organizada e funcional.
A história suméria é decomposta a partir das principais dinastias de poder e das dinâmicas existentes nas grandes cidades da região.
Os vestígios deixados pelos sumérios também possibilitaram a criação de todo um imaginário em torno das formas expressivas, reconstruindo assim a mitologia da época.
História dos Sumérios
A história registrada dos sumérios remonta a aproximadamente 27 séculos AC. Nesse período, já havia uma grande população na Suméria distribuída em várias cidades-estado.
Os sumérios foram historicamente categorizados por diferentes estágios que são governados pela dinastia governante e pelos avanços e desenvolvimentos sociais que experimentaram.
No entanto, os períodos anteriores à consolidação dos sumérios como uma civilização também são estudados, que podem ser rastreados há alguns milênios.
Os períodos mais desenvolvidos da história suméria começam três milênios aC e são os seguintes: Uruk, o início da dinastia, o império acadiano e a terceira dinastia de Ur.
Uruk
A essa altura, a civilização suméria já possuía um sólido aparato econômico e de subsistência, que lhes permitia aproveitar ao máximo as trocas por meio de suas rotas comerciais, bem como a produção interna de mercadorias.
Os sumérios, devido à sua localização, aproveitavam a fertilidade das terras para maximizar sua produção agrícola.
As primeiras cidades estratificadas começaram a surgir, expandindo-se a partir de um templo como ponto central. Essas cidades apresentavam populações de até 10.000 cidadãos.
Essas cidades tinham uma administração centralizada. Devido ao boom populacional, eles recorreram à escravidão.
As maiores cidades podem ter colônias remotas; No entanto, os sumérios não tinham força militar para conquistar e preservar territórios muito distantes.
A expansão suméria influenciou fortemente as comunidades vizinhas, que desenvolveram e aprimoraram seus mecanismos internos tomando os sumérios como referência.
Durante este período, considera-se que o sistema de poder era teocrático e que as cidades-estado eram governadas por sacerdotes-reis independentes.
A maior cidade desse período, e que lhe dá o nome, era Uruk, que tinha mais de 50.000 habitantes em seu interior.
Dinastia inicial
O fim desse período dá origem ao início da dinastia, quando os nomes mais populares da civilização suméria vêm à tona, como Gilgamesh.
Esta etapa trouxe consigo mudanças nos sistemas políticos e de governo das diferentes cidades, deixando de lado o governo dos reis sacerdotes, para dar origem a um conselho de sábios liderado por um superior.
Muitos detalhes sobre esse período foram revelados a partir do que é considerado a mais antiga manifestação literária do homem: A Epopéia de Gilgamesh, uma série poética que narra a história de Uruk por meio de várias de suas dinastias reais.
Império acadiano
Após essa fase, viria o período do Império Acadiano, que é concebido como a integração dos acadianos e sumérios sob o mesmo poder, tornando-se o primeiro império da Mesopotâmia.
Este período durou aproximadamente três séculos, e um de seus governantes mais influentes foi Sargão.
A característica mais marcante deste período foi a imposição e proliferação do acadiano como linguagem de comunicação, deslocando o sumério para ramos mais especializados que apenas escribas e sacerdotes conheciam.
O poder do monarca Sargão levou-o a fazer conquistas territoriais consideráveis na Mesopotâmia, expandindo seu império e a força dos acadianos.
Terceira dinastia de Ur
Alguns períodos breves e não muito profundos se seguiriam após o declínio do Império Acadiano, para alcançar o último grande estágio da civilização suméria: o período da terceira dinastia de Ur, outra das cidades sumérias mais importantes.
Esta fase é considerada a Renascença Suméria, embora já houvesse muito mais semitas na região do que Sumérios, com insurgências acadianas em algumas áreas menores. Esta etapa seria o preâmbulo do desaparecimento da civilização suméria.
A influência semítica dentro das cidades passou a ocupar posições de poder e diferentes direções, o que não ajudou a perpetuar a condição suméria.
O uso da língua suméria foi cada vez mais limitado, passando a ser classificado como uma língua sacerdotal.
A civilização suméria veria seu fim alguns séculos depois. Entre suas causas está o aumento da salinidade das terras, dificultando a agricultura abundante que lhes dava sustento.
Os deslocamentos massivos para o norte da Mesopotâmia e as disputas de poder ocorridas entre diferentes cidades também são considerados causas de desaparecimento.
O fim dos sumérios está ligado à crescente importância da Babilônia sob o governo do rei Hammurabi.
Organização social
Os sumérios eram baseados em um sistema social vertical, com implicações particulares em diferentes níveis.
A posição de maior privilégio e importância era a do rei (ou suas versões semelhantes em diferentes períodos), seguido por sacerdotes e personagens de elite, como membros de um conselho ou prática especializada.
Posições militares de nível mais alto seguem, seguidas por oficiais juniores e de nível médio.
Após os níveis de poder real e militar, concebe-se a estratificação civil, dando maior importância aos comerciantes e artesãos experientes, seguidos dos pequenos artesãos e camponeses. No último nível estavam os escravos.
Economia
Sendo uma das primeiras civilizações consolidadas, os sumérios tiveram grande capacidade de crescimento graças às atividades econômicas que desenvolveram, aproveitando os solos férteis e demais recursos naturais que possuíam ao seu redor.
Os sumérios sustentaram seu desenvolvimento e economia por meio de trocas comerciais. Alguns dos produtos mais comercializados entre as cidades naquela época eram minerais e pedras preciosas, como obsidiana e lápis-lazúli.
Apesar de estar em uma área de rio, a madeira era uma mercadoria rara, o que a tornava um recurso de alto valor quando poderia ser comercializada.
Os níveis mais elevados da hierarquia social tinham seu próprio sistema monetário, com prata e grãos de cereais como moeda principal.
Eles também desenvolveram sistemas de crédito aos quais poderiam ter acesso limitado. A dívida era parte integrante das atividades econômicas dos sumérios.
No nível mais baixo de todos os níveis econômicos estava a escravidão. Os sumérios geravam alguma receita com essa atividade, mas não era alta o suficiente para serem considerados influentes.
Religião e crenças
Como muitas civilizações pré-históricas, os sumérios basearam suas crenças em uma cosmologia multi-deuses, diante da qual agiram com cautela e medo.
Eles eram muito respeitosos com assuntos como a morte e a ira divina. Isso condicionou a criação de inúmeras cerimônias e ritos relacionados a esses elementos.
Estima-se que existiram vários mitos que deram origem à religião dos sumérios: um relata o nascimento da civilização a partir de uniões anteriores entre personagens díspares, gerando a harmonia necessária à criação.
Outro mito parte de mitologias já presentes na região da Mesopotâmia, e que influenciaram durante a consolidação da civilização suméria.
Os sumérios adoravam muitos deuses, entre os quais Utu, deus do Sol; Pecado, deus da lua; An, deus dos céus; Inanna, deusa do amor, beleza e guerra; Enlil, deus do vento e da chuva; e Enki, o deus da cura responsável por dar aos homens conhecimento das artes e ciências.
Essas foram as principais divindades que constituíram o panteão dos sumérios no início.
Com o passar do tempo e a influência cultural de outras civilizações, a árvore divindade suméria começou a se expandir e se transformar, mudando alguns deuses e fazendo novos aparecerem.
Mesmo nos primeiros séculos, a importância, habilidades ou nomes de certos deuses variavam dependendo da cidade em que eram adorados.
É por isso que, ao longo dos anos, essas divindades ficaram muito mais suscetíveis a mudanças e transformações.
Tecnologia
Esta civilização é creditada com a criação e implementação de muitas ferramentas e técnicas que já são padronizadas na sociedade atual.
É possível pensar que, naquela época, os próprios sumérios não tinham ideia de que suas criações seriam cruciais para o desenvolvimento do homem e da sociedade.
Entre as contribuições mais significativas dos sumérios estão a invenção da roda e da escrita, especificamente a escrita cuneiforme, que vigorou até o desaparecimento total dessa cultura.
Eles também desenvolveram certos princípios de geometria e aritmética, que aplicaram a seus incipientes cenários econômicos, bem como o uso de tijolos de barro para suas construções.
Outras invenções dos sumérios incluem sistemas de irrigação agrícola, um calendário lunar e a manufatura e uso de bronze.
Eles também projetaram ferramentas de trabalho cotidianas, como serras, martelos, canivetes, espadas, flechas e pedaços de couro; barcos de pequeno e médio porte; carros de guerra e outros itens.
Arquitetura e outras práticas
Devido à ausência natural de árvores nas proximidades dos rios Tigre e Eufrates, os edifícios erguidos pelos sumérios consistiam apenas em tijolos de barro.
Embora fosse um método eficaz, templos, casas e edifícios feitos desse material estavam se deteriorando rapidamente.
Diz-se que os sumérios de vez em quando demoliam alguns de seus edifícios e os reconstruíam no mesmo local, como uma espécie de recomeço para garantir sua vida útil e funcional.
Os escombros dos desabamentos começaram a formar uma base que fez com que certos edifícios tivessem um nível de base muito mais alto do que outros.
A agricultura era uma das principais práticas de subsistência dos sumérios. Muitos dos vestígios estudados relatam a importância disso para a vida daquela época.
Por meio da agricultura, os sumérios foram capazes de obter e garantir vários recursos por séculos, até milênios.
Cereais, alho, cebola, alface, tâmaras, trigo e mostarda eram alguns dos principais produtos agrícolas apreciados pelos sumérios.
Eles também são creditados com a invenção da cerveja, que aparentemente teve um certo nível de popularidade entre eles. Eles são considerados a primeira civilização bebedora de cerveja.
Quanto à caça, os sumérios aproveitaram a presença de animais que conseguiram ser domesticados, como gado, ovelhas, cabras e porcos.
Eles usaram burros e bois como sua força de carga e cavalos como meio de transporte privado.
O legado que os sumérios deixaram para a história e o desenvolvimento da humanidade é claro. Vários elementos ainda estão sendo estudados a fim de tornar visível a capacidade inventiva desta civilização original.
Um olhar superficial e fugaz sobre os mecanismos dessa cultura pode ser mais do que suficiente para se ter uma noção de sua importância, não só histórica, mas também social.
Referências
- King, LW (1923). Uma história da Suméria e Akkad. Londres: Chatto & Windus.
- Kramer, SN (1963). Os sumérios: sua história, cultura e caráter. Chicago: University of Chicago Press.
- McNeill, WH (1963). The Rise of the West: A History of the Human Community. Chicago: The University of Chicago Press.
- Michalowski, P. (1983). História como Carta: Algumas Observações sobre a Lista de Reis Sumérios. Journal ofthe American Oriental Society, 237-348.
- Verderame, L. (2009). A imagem da cidade na literatura suméria. Rivista Studi Orientali, 21-46.