- Antecedentes da teoria indígena
- Caracteristicas
- Monogenista
- Autóctone
- Transformador
- Explicação da evolução de acordo com a teoria
- Dispersão do Cretáceo em direção à Austrália
- Dispersão do Cretáceo-Eoceno para a África
- Dispersão Oligo-Mioceno para a África
- Dispersão do Mioceno-Plioceno-Quaternário para a América do Norte
- Refutação
- Referências
A teoria autóctone ou autóctone é uma hipótese do paleontólogo e antropólogo argentino Florentino Ameghino sobre o surgimento do homem na América. É também conhecida como teoria monogênica autóctone ou teoria autóctone da origem do homem americano.
A teoria se baseia principalmente na demonstração de que a humanidade tem como local de origem o Pampa Argentino. Desse local, teria começado a emigração da espécie para a Europa e demais continentes, até que ela acabou sendo o animal dominante em todo o planeta Terra.
Região dos Pampas argentinos, onde segundo esta teoria surgiu o homem.
Ameghino, para formular sua teoria, baseou-se em fósseis coletados por ele e seu irmão Carlos na região da Patagônia. Através deles, eles sustentaram uma cadeia evolutiva da espécie. A origem do homem, conforme proposto pelos irmãos Ameghino, seria no período terciário ou cenozóico.
O autoctonismo de Ameghino deve ser entendido no contexto nacional da época, em que a Argentina era o país mais importante da região. Isso financiou parte dos estudos de Ameghino, que ele levantaria mais tarde na Europa, onde seriam bem-vindos.
Essa teoria foi rejeitada e refutada ao longo do tempo. A teoria foi substituída por outras, como a de Rivet, que propunha pela primeira vez a entrada do homem pelo Estreito de Bering.
Apesar de ser inválida, a teoria autóctone da origem do homem americano se firmou como uma das primeiras a ser encontrada na busca científica pela origem do homem na América, deixando de lado as referências religiosas que predominaram ao longo da colonização do continente.
Antecedentes da teoria indígena
Florentino Ameghino
O principal expoente da teoria autóctone foi Florentino Ameghino (Luján, Argentina, 18 de setembro de 1854 - La Plata, Argentina, 6 de agosto de 1911). Ameghino veio de uma família humilde, na qual sua própria mãe o ensinou a ler e escrever.
Desde cedo se interessou por fósseis e aos 14 anos começou a ler Charles Darwin, além de aprender francês, inglês e alemão por conta própria. (Subcomissão de Publicações da Associação Geológica Argentina, 2011).
Não só nisso ele foi autodidata. Também seu conhecimento sobre ciências veio de seu próprio interesse, pois não teve educação formal. A primeira fase de sua vida científica pode ser classificada como antropológica. Ameghino desde 1890 pensava que a Patagônia era o lugar de origem dos mamíferos mais antigos (Quintero, 2009).
Florentino desenvolveu suas coleções de fósseis e estudos posteriores junto com seu irmão, Carlos Ameghino. Ele estava principalmente encarregado do trabalho de campo, enquanto Florentino estava mais focado na área de pesquisa e financiamento de seu trabalho.
A Argentina tornou-se, pelo sucesso de suas exportações e sua influência direta europeia, o país mais poderoso e rico da América Latina, com influência em todo o mundo.
Isso levou o Estado argentino a financiar a obra mais notável de Ameghino: Contribuição para o Conhecimento dos Mamíferos Fósseis da República da Argentina, que foi apresentada em Paris em 1889 e premiada com a medalha de ouro da Academia Nacional Francesa de Ciências..
Caracteristicas
A teoria autóctone pode ser classificada, principalmente, em três grandes categorias, por sua composição e definição. Conforme proposto por Ameghino, a teoria pode ser classificada como monogenista, autóctone e transformista (Yépez, 2011).
Monogenista
É monogênico porque afirma e sustenta que a raça humana tem um único ponto de partida. Ou seja, a humanidade se origina em um lugar específico da Terra e desse lugar emigrou para o resto do planeta (Yépez, 2011).
Autóctone
Além disso, como o próprio nome diz, a teoria é autóctone, pois escolhe um lugar preciso no planeta como o pampa argentino para dar origem à espécie humana, sendo também argentino o autor da teoria. (Yépez, 2011).
Transformador
Por fim, a teoria também pode ser considerada transformista. Isso porque, segundo o que ela suscita, todo homoespécie, junto com todo o reino Animalia, é produto da evolução de seres que poderiam ser considerados inferiores (Yépez, 2011).
Explicação da evolução de acordo com a teoria
A teoria monogenista-autóctone sobre a emergência do homem no continente americano possui diversos paradigmas fundamentais, que determinam sua posterior formulação e abordagem.
O primeiro deles concebe um único predecessor de todos os mamíferos, que seriam os microbioterides. Da mesma forma, o predecessor do gênero Homo e dos macacos antropóides seria um pequeno animal, que Ameghino chamou de Homunculos Patagonicus.
Desta forma, Ameghino levantou a origem comum dos hominídeos e antropóides, propondo esses dois ancestrais (Yépez, 2011).
Ele afirmou que a Patagônia foi o ponto principal de sua evolução. Estes teriam se dispersado por todo o planeta em quatro grandes migrações, ocorridas em momentos distintos e devido a circunstâncias distintas (Morrone, 2011).
Dispersão do Cretáceo em direção à Austrália
O primeiro desses movimentos migratórios foi a dispersão do Cretáceo em direção à Austrália. Ameghino afirmou que, por meio de pontes móveis em regiões congeladas, elas uniram a Austrália à Patagônia e surgiu a emigração de mamíferos, que ficaram isolados naquela área (Morrone, 2011). Mais tarde, o tripotomo, um hominídeo, surgiria naquela área (Yépez, 2011).
Dispersão do Cretáceo-Eoceno para a África
Esse movimento teria ocorrido por meio da Ponte Archelenis, que ligava a América à Ásia. Nessa migração, segundo Ameghino, teriam participado mamíferos de todas as espécies, desde prosímios até alguns roedores.
No continente africano essas espécies evoluiriam e acabariam invadindo toda a Eurásia e a América do Norte, que ainda estava separada da América do Sul, dos mamíferos (Morrone, 2011).
Dispersão Oligo-Mioceno para a África
Após essa migração, teria ocorrido a dispersão do oligo-mioceno para a África, na qual a hipotética ponte Archelenis praticamente não existia mais. Por causa disso, apenas animais muito pequenos migraram.
Pela primeira vez, conforme proposto por Ameghino, de um continente diferente da América haveria uma emigração de mamíferos, pois nessa dispersão os mamíferos africanos também teriam chegado à América do Sul (Morrone, 2011).
Dispersão do Mioceno-Plioceno-Quaternário para a América do Norte
É a última migração a ocorrer. Teria lugar como resultado da formação do istmo do Panamá que uniria o continente anteriormente separado.
Entre o sul e o norte, haveria uma troca de qualquer espécie. Roedores e macacos histriocomórficos teriam passado de sul para norte, enquanto de norte para sul mastodontes, lhamas, veados e antas teriam migrado (Morrone, 2011).
Os hominídeos emergiriam mais tarde. Além do já citado tripotomo, que teria surgido na Ásia e na Oceania, haveria também o diprotomo, seu sucessor. O tetraprothomo, após emergir, teria emigrado para a Europa, tornando-se o homo heidelbergensis.
Por fim surgiria o prothomo, que se bifurcaria em dois ramos: o Neardenthal que emigrou para a Europa e o Homo sapiens, do continente americano. Isso teria acontecido na idade terciária (Yépez, 2011).
Refutação
No início, a teoria autóctone de Ameghino foi bem-vinda, ganhando o apoio de renomados paleontólogos americanos, como Edward Drinker Cope.
Ele promoveu a teoria por meio de artigos acadêmicos e a apoiou perante os paleontólogos americanos que se recusaram a aceitar que um país fora dos Estados Unidos e da Europa pudesse monopolizar a origem do ser humano (Quintero, 2009).
Para sustentar sua teoria e receber o apoio de diferentes intelectuais sobre o assunto de várias latitudes, Ameghino afirmou ter obtido diferentes provas. Eles eram um fêmur e uma vértebra cervical do tetraprothomo, uma abóbada cranial do diprothomo e um crânio do prothomo (Yépez, 2011).
Alguns anos depois, a teoria começou a se desfazer. A revista Science de 1892 chamou para rebaixar os espíritos com relação à teoria e anos depois o próprio Cope acabaria questionando-a.
Por isso, entre 1896 e 1899, a Princeton University organizaria duas expedições para acabar de refutar a teoria, coletando fósseis e datando-os. Como resultado, afirmou-se que os fósseis usados como evidência pertenciam ao Mioceno e não ao Eoceno (Quintero, 2009).
Com relação aos fósseis encontrados pelos irmãos Ameghino, aqueles que foram atribuídos ao tetraprothomo foram posteriormente considerados parte de um mamífero carniceiro não relacionado aos hominídeos. A abóbada craniana do diprothomo pertencia a um indígena do período colonial e o crânio do prothomo era moderno (Yépez, 2011).
Ameghino em sua teoria defende a existência de pontes intercontinentais que surgiram em certos momentos da evolução do planeta Terra.
Com eles, poderiam ter ocorrido migrações entre a América e a Oceania ou entre a América e a África. A partir da década de 1960, a teoria das derivas continentais se consolidaria, descartando a existência de pontes (Morrone, 2011).
Com o passar dos anos, outras teorias surgiram que acabariam descartando os autóctones americanos. Postulou-se um semelhante, de tipo asiático, que foi refutado e posteriormente acabou consolidando parte da teoria oceânica de Rivet, que proporia a migração pelo Estreito de Bering.
Referências
- Bonomo, M., León, D. e Scabuzzo, C. (2013). Cronologia e dieta alimentar na costa atlântica pampeana, Argentina. Intersections in Anthropology, 14 (1), 123-136. Recuperado de scielo.org.ar.
- Bonomo M. e Politis, G. (2011). Novos dados sobre o "homem fóssil" de Ameghino. Vida e obra de Florentino Ameghino. Publicação especial da Associação Palenteológica Argentina. (12), 101-119. Recuperado de researchgate.net.
- Guzmán, L. (S / F). Nossa identidade original: a colonização da América. Recuperado de miguel.guzman.free.fr.
- Matternes, H. (1986). Uma consideração de dados relativos à origem do índio americano. The Southern Anthropologist. 14 (2). 4-11- Recuperado de southernanthro.org.
- Quintero, C. (2009). Astrapoteria e dentes de sabre: relações de poder no estudo paleontológico de mamíferos sul-americanos. História crítica, 34-51.
- Yépez, Á. (2011). História universal. Caracas: Larense.