- As bases da terapia emocional racional
- Principais teorias cognitivas
- Teoria -ABC
- Exemplo
- - Crenças irracionais
- Estágios
- -Fase 1: psicoadiagnóstico
- - Estágio 2: Visão Intelectual
- -Fase 3: Mudança de atitudes
- Referências
A terapia racional emotiva (TRE) é uma forma abreviada de psicoterapia que pode identificar pensamentos e emoções negativas, questionar sua racionalidade e reavaliar crenças mais adaptativas. Seu objetivo final é identificar problemas comportamentais e emocionais para levar uma vida com maior bem-estar e felicidade.
A Terapia Emocional Racional foi uma das primeiras terapias cognitivas implementadas no campo da psicoterapia. Na verdade, esse tratamento idealizado pelo famoso psicoterapeuta americano Albert Ellis, começou a ser usado já em 1955.
Albert Ellis propõe um estilo de psicoterapia diferente do comportamental e psicanalítico, indicando a importância dos pensamentos e estilos cognitivos frente aos problemas psicológicos.
No entanto, como todas as mudanças, a implementação da terapia emocional racional não foi fácil. Na verdade, Ellis passou quase 10 anos (de 1955 a 1963) sendo o único psicoterapeuta que utilizou essa terapia em suas intervenções psicológicas.
Posteriormente, os psicólogos começaram a se formar em terapia emocional racional e seu uso se generalizou até se consolidar como uma das principais terapias cognitivas.
As bases da terapia emocional racional
A terapia emocional racional baseia-se no trabalho de conceitos cognitivos quando surgem alterações psicológicas. O bem-estar mental não se limita mais a "o que as pessoas fazem" e se concentra principalmente no "que as pessoas pensam".
Nessa linha, o funcionamento psicológico começa a ser compreendido de um ponto de vista tridimensional, onde comportamento, pensamento e emoções desempenham papéis importantes que se retroalimentam mutuamente.
Albert Ellis
Uma pessoa que se sente ansiosa experimenta uma série de emoções ansiosas, que produzem uma série de pensamentos nervosos que produzem certos comportamentos que aumentam tanto as emoções de ansiedade quanto os pensamentos nervosos.
Diante dessas considerações, Ellis interpretou que o ponto fundamental da alteração é o pensamento, já que se uma pessoa com ansiedade conseguir eliminar seus pensamentos de nervosismo, deixará de sentir emoções ansiosas e evitará realizar comportamentos que aumentem a ansiedade.
Agora, como funcionam os pensamentos das pessoas? Como você pode intervir no estilo cognitivo? Bem, Ellis não apenas projetou uma terapia cognitiva como uma terapia emocional racional, mas também fez um amplo estudo sobre os pensamentos das pessoas.
Principais teorias cognitivas
A Terapia Emocional Racional é baseada em 2 teorias cognitivas principais.
Teoria -ABC
Esta teoria, que se baseia na personalidade e na mudança da personalidade, defende a importância das emoções e do comportamento, mas dá ênfase especial ao papel dos pensamentos e das imagens mentais.
A teoria é baseada no feedback entre A, B e C, onde A se refere a eventos desencadeadores, B se refere a crenças e pensamentos sobre esses eventos e C se refere a consequências emocionais e comportamentais.
Argumenta-se que os pensamentos são mediadores importantes entre os eventos e as respostas emocionais e comportamentais, pois dependendo do que se pensa, as situações serão interpretadas de uma forma ou de outra.
Exemplo
Vamos apresentar um exemplo resumidamente para entender mais exatamente como essa teoria funciona.
Uma pessoa chega atrasado para uma refeição em família e quando ele entra na sala de jantar todos os seus parentes o estão observando.
Essa situação na qual uma pessoa está envolvida atua como um evento ativador (A), que pode provocar uma resposta emocional e comportamental específica (C).
Porém, o C que causa essa situação vai diferir significativamente dependendo do que a pessoa pensa naquele momento, ou seja, de acordo com o conteúdo de B.
Desta forma, se a pessoa nesta situação (A) pensa que todos estão olhando para ela porque ela chegou tarde e eles estão com raiva dela, a resposta emocional e comportamental (C) é provavelmente triste, brava ou incômoda.
Porém, se a pessoa pensa que todos estão olhando para ela porque queriam que ela viesse, ela não a via há muito tempo e estão felizes por ela finalmente poder vir, a resposta emocional e comportamental será bem diferente.
Nesse caso, as emoções que você sente são provavelmente positivas, você sente felicidade, alegria e satisfação e seu comportamento subsequente é muito mais positivo.
Vemos que na mesma situação, a resposta de uma pessoa pode ser bem diferente dependendo dos pensamentos que aparecem naquele momento.
- Crenças irracionais
Seguindo a teoria do ABC, Ellis se concentrou em estudar os principais pensamentos que estão causando sofrimento psicológico e distúrbios mentais.
O psicoterapeuta americano agrupou 11 ideias irracionais básicas que as pessoas com transtornos mentais costumam ter e que explicam em grande parte seu desconforto psicológico. Estes são:
- Extrema necessidade de ser amado e aprovado por outras pessoas significativas.
- Preciso ser muito competente, suficiente, eficaz e realizar tudo o que me proponho a me considerar uma pessoa válida.
- Pessoas que não agem como "deveriam" são más, nefastas e deveriam ser punidas por sua maldade.
- É terrível e catastrófico que as coisas não funcionem como se gostaria.
- A miséria e o desconforto humano são causados por circunstâncias externas e as pessoas não têm capacidade de controlar suas emoções.
- Se algo é, ou pode ser perigoso, devo me sentir terrivelmente inquieto e pensar constantemente na possibilidade de que isso aconteça.
- É mais fácil evitar as responsabilidades e dificuldades da vida do que enfrentá-las.
- Devo aprender com os outros e preciso de alguém mais forte em quem confiar.
- O que aconteceu comigo no passado sempre vai me afetar
- Devo estar muito preocupado com os problemas e perturbações dos outros
- Existe uma solução perfeita para cada problema e se eu não conseguir encontrá-la seria catastrófico.
Mais tarde, Ellis agrupou essas 11 ideias irracionais em três mais básicas: as demandas absolutistas. Estes são:
- Egocêntrico
- Focado em outras pessoas.
- Focado na vida ou no mundo em geral.
Estágios
Ellis comenta que a terapia emocional racional é um tipo de psicoterapia ativa-diretiva em que o terapeuta leva o paciente a identificar a origem fisiológica de seus problemas psicológicos.
Da mesma forma, o psicoterapeuta se baseia em ajudar o paciente a enfrentar seus pensamentos e mostrar-lhe que suas atitudes irracionais perturbadoras podem ser modificadas. A terapia pode ser dividida em 3 fases principais:
-Fase 1: psicoadiagnóstico
O primeiro estágio concentra-se na avaliação do paciente e na descoberta de crenças ou idéias irracionais que podem produzir emoções ou comportamentos contraproducentes. Durante este primeiro estágio, o paciente é ensinado como seus problemas contribuem e os princípios que estabelecemos na seção anterior são explicados.
Nesta primeira etapa, são realizadas as seguintes tarefas:
- Os problemas do paciente são classificados como externos, internos ou mistos.
- Suas crenças irracionais são detectadas por meio do relato do paciente.
- Detectam-se "problemas sobre problemas", ou seja, surgem ideias irracionais sobre os problemas principais.
- Estabeleça metas flexíveis, como trabalhar em Cs contraproducentes ou modificar A's, aos quais o paciente está exposto e que causam desconforto.
- Explique as bases da TRE, usando os próprios problemas do paciente como exemplo.
- Inicie os registros próprios como a seguir.
- Estágio 2: Visão Intelectual
Na segunda etapa, os seguintes aspectos são esclarecidos ao paciente:
- As crenças irracionais atuais são o principal determinante dos problemas emocionais e comportamentais
- Embora tenham sido adquiridos na infância, são mantidos porque continuam a ser reintroduzidos neles.
- Entenda quais crenças irracionais causam problemas
- Esteja ciente de que não há evidências para apoiar ideias irracionais.
- Aceitam-se mesmo que tenham criado e ainda mantenham seus problemas
- Entenda que se você quiser se livrar de suas crenças irracionais aprendidas, você tem que trabalhar muito e muito.
Esses aspectos são expostos pelo terapeuta de tal forma que é o próprio paciente que acaba identificando seu funcionamento por meio desses princípios, e aumenta sua motivação para a mudança e seu envolvimento na terapia.
-Fase 3: Mudança de atitudes
Uma vez que os aspectos do estágio 3 estejam bem consolidados, pode-se iniciar a reestruturação cognitiva e a mudança de atitudes, crenças, emoções e comportamentos.
A eficácia dessa terapia baseia-se na forte crença de que a crença irracional é prejudicial e deve ser modificada por uma alternativa, pois esse fato aumenta a motivação e garante que o paciente fará um esforço para fazê-lo.
Dessa forma, terapeuta e paciente trabalham juntos para minar as atitudes irracionais do paciente e fortalecer as racionais.
Os autorregistros são de grande valor nesta fase, pois fornecem extenso material sobre as características das ideias irracionais do paciente.
Da mesma forma, nesta fase o terapeuta atua de forma bastante didática, ensinando o paciente a raciocinar e utilizando os diálogos socráticos para que o paciente alcance:
- Considere suas idéias como hipóteses a serem testadas.
- Valorize ideias novas, benéficas e racionais.
- Trabalhe duro para abandonar velhas crenças irracionais.
Referências
- Beck, AT (1976). Terapia cognitiva e transtornos emocionais. New York: International Universities.
- Burgess, PM (1990). Rumo à resolução de questões conceituais na avaliação dos sistemas de crenças no Rational Emotive
- Caballo, Vicente et al. (comp..) "Manual de Modificação de Comportamento e Técnicas de Terapia" Editorial Siglo XXI, Espanha. 1998.
- Ellis, A. (1957). Resultado do emprego de três técnicas de psicoterapia. Journal of Clinical Psychology 13, 344-350.
- Lega, L., Caballo, VE e Ellis, A. (2002). Teoria e prática da terapia racional emocional-comportamental. (2ª ed.). Madrid: século XXI.
- Sutton-Simon, K. (1981). Avaliando sistemas de crenças: concepções e estratégias. Em PC Kendall e SD Hollon (Dir.), Assessment Strategies for Cognitive Behavioral Interventions. Nova York: Academic.
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