- Caracteristicas
- Flora e produtividade primária
- Janelas hidrotermais
- Vazamentos de frio
- Cadáveres de grandes organismos
- Fauna
- Olhos
- Bioluminescência
- Referências
A zona afótica, também conhecida como zona de escuridão absoluta, é a região dos ambientes marinhos em que a luz solar não consegue penetrar. A profundidade de início da zona afótica é de aproximadamente 1000 metros, porém depende do material particulado na coluna d'água, além do coeficiente de extinção da luz.
Batimetricamente, a zona afótica corresponde às zonas batipelágica, abissopelágica e hadopelágica. Devido à ausência de luz, os organismos autotróficos não podem viver nesta área e os produtores primários são representados apenas por bactérias quimiotróficas que se desenvolvem em janelas hidrotermais e outros ambientes particulares.
Aglomeração de caranguejos anomídeos do gênero Kiwa, em janela hidrotérmica. Retirado e editado de: AD Rogers et al..
As águas dessa região são frias, pobres em oxigênio e ricas em nutrientes. Por sua vez, a fauna habitante deve ter adaptações não só para a ausência de luz, mas também para suportar grandes pressões.
Caracteristicas
Como os raios solares (a = sin, fóton = luz) não podem penetrar nessa área, a existência de organismos fotossintéticos é inviável. A pouca luz presente vem de organismos bioluminescentes e um brilho fraco que foi descoberto recentemente em janelas hidrotermais e cuja origem é desconhecida.
A temperatura é bastante constante e está entre 0 e 6 ° C. Geralmente, a concentração de nutrientes nas águas da zona afótica é maior do que a observada na zona fótica, devido ao fato de não haver produtores primários que poderiam utilizá-los.
A concentração de oxigênio na água da zona afótica é muito baixa devido ao fato de não haver liberação desse gás pelos organismos fotossintetizantes e o processo de mistura com águas superficiais, com maior saturação de oxigênio, ser praticamente nulo.
Flora e produtividade primária
Todas as plantas são organismos autotróficos que produzem seus próprios alimentos a partir de nutrientes inorgânicos, dióxido de carbono e água na presença de luz solar, em um processo denominado fotossíntese, por isso nenhuma planta pode sobreviver na ausência total de luz solar.
A zona afótica é completamente desprovida de organismos fotossintéticos e sua produtividade primária provém exclusivamente de organismos quimiossintéticos. Esses organismos produzem matéria orgânica a partir de matéria inorgânica, usando fontes de energia diferentes da luz solar.
Neste espaço, e principalmente na parte correspondente aos fundos abissais, existem três ecossistemas característicos que representam “oásis” de vida em que neles abundam os organismos quimiossintéticos. Estas são janelas ou fontes hidrotermais, infiltrações frias e cadáveres de grandes organismos.
Janelas hidrotermais
As janelas hidrotermais, também chamadas de fontes hidrotermais ou fumarolas, são áreas localizadas nas dorsais oceânicas onde flui a água que foi aquecida pelo magma. Essa água contém uma grande quantidade de minerais, principalmente sulfetos que resfriam rapidamente e solidificam em contato com a água do mar fria circundante.
Nessas janelas, a produtividade primária vem de bactérias e arquiossintéticos que aproveitam o sulfeto de hidrogênio das fumarolas, assim como outros minerais de enxofre para a fabricação de matéria orgânica, constituindo-se na base das diferentes cadeias alimentares desses ecossistemas.
Vazamentos de frio
As infiltrações frias são regiões localizadas ao longo das bordas das plataformas continentais, bem como em bacias com sedimentos ricos em nutrientes, onde sulfeto de hidrogênio e metano emergem do fundo do mar, que são usados por bactérias quimiossintéticas de forma semelhante. que ocorre em janelas hidrotermais.
Cadáveres de grandes organismos
Os restos mortais de grandes animais mortos, que repousam no fundo do oceano, também são uma fonte de matéria e energia que as bactérias quimotróficas usam. Esses ambientes são muito menores que os anteriores, mas são mais abundantes.
Fauna
A fauna da zona afótica é diversa. Por exemplo, entre os invertebrados presentes estão camarões das famílias Benthysicimidae e Sergestidae, bem como ctenores, cnidários ou lulas. As ascídias, pepinos-do-mar, picnogonídeos são encontrados no fundo do oceano e os isópodes se destacam por seu grande tamanho em comparação com os de águas rasas.
Entre os vertebrados, destacam-se os peixes tamboril ou pescador, assim chamados porque atraem suas presas com iscas bioluminescentes, para capturá-las e devorá-las, outros peixes como o peixe-demônio e o peixe-machado também pertencem a essa área.
Peixe abissal Abyssobrotula galatheae. Retirado e editado de: California Academy of Sciences.
Nenhum mamífero é habitante exclusivo da zona afótica, pois todos devem subir à superfície para respirar. No entanto, algumas espécies, como o cachalote, descem a essas profundezas em busca de alimento. Além disso, algumas espécies apresentam diversas adaptações à ausência de luz, entre as quais podemos citar:
Olhos
Algumas espécies não têm olhos ou ocelos ou são pequenos. Por exemplo, o caranguejo Rhusa granulata tem uma ampla distribuição batimétrica e nesta espécie pode-se observar uma redução no tamanho dos olhos com a profundidade.
Os organismos desta espécie que vivem em águas bem iluminadas têm olhos bem desenvolvidos, mas à medida que a quantidade e a qualidade da luz diminuem com a profundidade, os olhos são menores, até estarem completamente ausentes nos espécimes que vivem em profundidades maiores que os mil metros.
Outras espécies, por outro lado, têm olhos muito grandes para captar a fraca radiação luminosa que ainda pode ser percebida até uma profundidade de 500 m.
Os camarões do gênero Rimicaris não têm olhos compostos, mas possuem manchas oculares capazes de perceber uma luz muito fraca, imperceptível ao homem, e foi esse fato que permitiu descobrir que nas janelas hidrotermais há um brilho de origem ainda desconhecida.
Bioluminescência
A bioluminescência, como o próprio nome indica, é a produção de luz por organismos vivos. Esta é uma propriedade compartilhada por animais de diferentes grupos, certos dinoflagelados e também alguns tipos de bactérias.
Essa capacidade se deve à presença de dois compostos, a luciferina e a luciferase, que são capazes de reagir entre si na presença de oxigênio e gerar luz.
Os organismos da zona afótica que são capazes de gerar luz pertencem a grupos zoológicos muito diversos, incluindo ctenóforos, cnidários (medusas), poliquetas, moluscos, crustáceos e peixes. Às vezes, os animais bioluminescentes não produzem realmente luz, mas sim bactérias simbióticas associadas a eles.
Peixe Pseudoliparis swirei, característico da zona afótica. Retirado e editado de: Gerringer ME, Linley TD, Jamieson AJ, Goetze E., Drazen JC.
Geralmente, essa luz é produzida em órgãos específicos e complexos chamados fotóforos que podem estar localizados em diferentes partes do corpo.
Referências
- R. Barnes, D. Cushing, H. Elderfield, A. Fleet, B. Funnell, D. Grahams, P. Liss, I. McCave, J. Pearce, P. Smith, S. Smith & C. Vicent (1978). Oceanografia. Ambiente biológico. Unidade 9 O sistema pelágico; Unidade 10 O sistema bêntico. A Universidade Aberta.
- G. Huber (2007). Biologia Marinha. 6 ª edição. The McGraw-Hill Companies, Inc.
- G. Cognetti, M. Sará & G, Magazzú (2001). Biologia Marinha. Ariel Editorial.
- Zona apótica. Na Wikipedia. Recuperado de: en.wikipedia.org.
- Zona apótica. Recuperado de: esacademic.com.
- Adaptação de organismos marinhos em relação à intensidade da luz. Recuperado de: cubaeduca.cu.