- Poemas em destaque sobre o meio ambiente
- A Terra (trecho, Gabriela Mistral)
- O canto dos pinheiros (Excerto, Rubén Darío)
- Homem que olha para a terra (Mario Benedetti)
- Silva para a Agricultura da Zona Tórrida (Andrés Bello)
- Paz (Alfonsina Storni)
- Referências
Os poemas sobre meio ambiente demonstram a importância que esse tema representa para o escritor.
Embora a preocupação com os problemas ambientais só tenha ganhado força nos últimos tempos, os poetas sempre encontraram inspiração na Mãe Terra.
Nesse sentido, alguns temas recorrentes de muitos autores têm sido paisagens, estações do ano e vários elementos da natureza.
Poemas em destaque sobre o meio ambiente
Os cinco poemas ambientais nesta seleção são de autores premiados e renomados mundialmente.
Aliás, a quantidade de poemas sobre meio ambiente de uma das poetisas, Gabriela Mistral, valeu-lhe o título de poetisa da natureza.
A Terra (trecho, Gabriela Mistral)
Menino índio, se você está cansado,
deita-se na terra,
e o mesmo se você está feliz,
meu filho, brinque com ele…
Coisas maravilhosas se ouvem
do tambor índio da Terra: você
pode ouvir o fogo que sobe e desce
olhando para o céu, e não acalma.
Roda e roda, você pode ouvir os rios
em cachoeiras que não contam.
Os animais são ouvidos berrando;
o machado é ouvido comendo a selva.
Teares indianos são ouvidos soando.
Uma debulha é ouvida, as partes são ouvidas.
Onde o índio o chama,
o tambor índio o atende,
e badala perto e badala longe,
como quem foge e volta…
Tudo leva, tudo é carregado pelas
santas costas da terra: o
que anda, o que dorme,
que brincadeiras e que tristeza;
e carrega vivo e carrega morto
o tambor índio da Terra.
O canto dos pinheiros (Excerto, Rubén Darío)
Oh, pinheiros, oh irmãos da terra e do meio ambiente,
eu te amo! Você é doce, você é bom, você está falando sério.
Você diria uma árvore que pensa e sente
mimada por auroras, poetas e pássaros.
A sandália alada tocou sua testa;
Vocês foram um mastro, um proscênio, um assento,
oh pinheiros solares, oh pinheiros da Itália,
banhados em graça, em glória, em azul!
Sombrio, sem ouro do sol, taciturno,
no meio das brumas glaciais e nas
montanhas dos sonhos, ó pinheiros noturnos,
ó pinheiros do Norte, você também é linda!
Com gestos de estátuas, de mímicas, de actores,
cuidando da doce carícia do mar,
ó pinheiros de Nápoles, rodeados de flores,
ó pinheiros divinos, não te posso esquecer!
Homem que olha para a terra (Mario Benedetti)
Como eu iria querer outra sorte para esta pobre torta
que carrega todas as artes e ofícios
em cada um de seus torrões
e oferece sua matriz reveladora
para as sementes que podem nunca chegar,
como ela gostaria que um estouro de fluxo
viesse para redimi-la
e mergulhá-la com seu sol em ferver
ou suas luas onduladas
e cobri-las centímetro a centímetro
e entendê-lo palmo a palmo
ou que a chuva desceu, inaugurando-o
e deixou cicatrizes como fossos
e uma lama escura e doce
com olhos como poças
ou que em sua biografia
pobre mãe ressecada
irrompeu de repente as pessoas férteis
com enxadas e argumentos
e arados e suor e boas notícias
e as primeiras sementes colheram
o legado de velhas raízes
Silva para a Agricultura da Zona Tórrida (Andrés Bello)
Salve, zona fértil,
que no sol apaixonado circunscreves
o vago curso, e quanto ser se anima
em cada vários climas,
acariciado por sua luz, concebeis!
Você tece no verão sua guirlanda
de pontas de romãs; você
dá as uvas para o tanque de fervura;
não de frutas roxas, ou vermelhas, ou amarelas,
suas belas florestas
carecem de qualquer nuance; e
o vento neles bebe mil aromas;
e os cinzas passam sem história
pastando seus vegetais, desde a planície
que é margeada pelo horizonte,
até a montanha ereta,
de neve inacessível que é sempre branca.
Paz (Alfonsina Storni)
Vamos em direção às árvores… o sonho
se fará em nós pela virtude celestial.
Vamos em direção às árvores; a noite
será suave para nós, a tristeza leve.
Vamos em direção às árvores, a alma
adormecida de perfume selvagem.
Mas fique quieto, não fale, seja piedoso;
Não acorde os pássaros adormecidos.
Referências
- Figueroa, L.; Silva, K. e Vargas, P. (2000). Terra, índio, mulher: o pensamento social de Gabriela Mistral. Santiago do Chile: Lom Ediciones.
- Rubén Darío (1949). Antologia Poética. Berkeley: University of California Press.
- Benedetti, M. (2014). Amor, mulher e vida. Barcelona: Penguin Random House Grupo Editorial.
- Florit, E. e Patt, BP (1962). Retratos da América Latina. Califórnia: Holt, Rinehart e Winston.
- Carriego, E. (1968). Poemas completos. Buenos Aires: Editorial Universitaria.