- Origem e história
- Abolição da escravatura
- Características dos afro-equatorianos
- Comunidades afro-equatorianas do Equador
- Cultura e costumes (gastronomia, tradições, roupas)
- Vestuário e gastronomia
- Referências
Os equatorianos nascem no Equador, descendentes de escravos africanos. Eles chegaram ao país no século 16 e sua história no Equador começou na costa e nas montanhas do norte do país. Carecem de reforços documentais sobre sua história, que se baseia sobretudo na memória coletiva.
Desde 1998, o Equador incluiu em sua Constituição a definição de uma nação multicultural e multiétnica. Os afro-equatorianos passaram a ter visibilidade e reconhecimento como atores da sociedade, conquistando direitos coletivos.
Rede de jovens afro-equatorianos do território ancestral de Chota, La Concepción, Salinas e Guallupe. Por Rede de Jovens Afro-Equatorianos
A pobreza e a exclusão continuam a ser decisivas em suas vidas. Exigem que seja investigada sua participação nos diversos acontecimentos históricos do país. A consciência sobre a existência e relevância da etnia afro-equatoriana é praticamente nula no Equador.
Como resultado do início do Programa de Desenvolvimento dos Povos Indígenas e Negros (PRODEPINE), em 1998, não havia números que especificassem a quantidade de negros e mulatos no Equador. Os censos dessas comunidades começaram em 2001, mas algumas lacunas de informação permanecem. Atualmente constituem cerca de 5% da população do Equador.
Origem e história
A chegada dos africanos ao Equador ocorreu em várias etapas. Foi a primeira com a fundação do movimento cimarrón, que chegou entre os anos 1550 e 1560. Chegou como resultado do naufrágio de vários navios que saíram do Panamá com destino ao Peru. Alguns escravos eram originários de Moçambique e Angola.
Os quilombolas conquistaram a liberdade e constituíram suas próprias populações. A maioria deles se estabeleceu em Esmeraldas, embora tenham migrado com o tempo. Os quilombolas controlavam a região de Puerto Viejo a Buenaventura, por isso não era uma área de fácil acesso para os espanhóis.
Em 1690, outro grupo de africanos veio da África Ocidental para o Equador para trabalhar nas plantações de algodão e cana de propriedade dos jesuítas. Os carabalíes foram importados pelos ingleses do Golfo de Biafra.
Com a expulsão dos jesuítas de todos os territórios da Coroa, os escravos negros mudaram de dono. Alguns se tornaram propriedade do rei da Espanha.
Nos anos de 1748 e 1760, os quilombolas deixaram de ser uma resistência para a Coroa e iniciou-se uma segunda entrada de escravos, que fugiram das minas de Barbacoas na Colômbia. Nesta fase, chegaram ao Equador Mandingas (Gâmbia), africanos do Congo.
Abolição da escravatura
Em 1851, foi decretada a abolição legal da escravatura no Equador, por decreto do Chefe Supremo José María Urbina y Viteri. Quase um ano depois foi criado o Slave Freedom Protection Board, ratificando a medida imposta.
Para não prejudicar os proprietários de escravos, o governo aboliu os impostos sobre alguns produtos, mas os afro-equatorianos não receberam nenhuma indenização pelos anos de escravidão.
No início do século XX, os negros continuaram entrando no Equador, principalmente devido à construção da ferrovia Durán-Quito. O presidente Eloy Alfaro contratou um importante grupo da Jamaica para trabalhar como operário.
Existem alguns personagens afro-equatorianos importantes na história do Equador, mas o cimarrón Alonso Illescas tem uma importância especial. Considerado o herói mais importante da liberdade da população negra, reconhecida até pelo Congresso Nacional do Equador em 1997. Illesca fundou o reino Zambo, governo que funcionava pela coalizão entre indígenas e africanos.
Características dos afro-equatorianos
As comunidades afrodescendentes são identificadas por terem sobrenomes anglo-saxões, embora algumas tenham adotado os sobrenomes espanhóis de seus proprietários. Muitas de suas comunidades estão localizadas na parte noroeste do país, que faz fronteira com o Oceano Pacífico.
A língua deles é o espanhol, mas usam algumas palavras de origem africana. A população afro-equatoriana, especialmente a litorânea, passou a se localizar principalmente nas áreas rurais, embora as migrações para as áreas urbanas sejam cada vez mais frequentes.
Diferentes leis e organizações são responsáveis por garantir os direitos dos afro-equatorianos hoje. Em 1978 Jaime Hurtado se tornou o primeiro afrodescendente a fazer parte do Parlamento Nacional do Equador.
Foi criada a Confederação Nacional Afro-Equatoriana, onde as 24 províncias do Equador estão representadas e salvaguardam os interesses dos direitos humanos, econômicos e civis dos descendentes de africanos no Equador.
Na Constituição de 1998, foi feita a promessa de criar leis que permitissem a concessão de títulos a zonas ancestrais, mas em nenhum momento se definiu quais áreas se qualificam como Circunscrições Territoriais Afro-Equatorianas (CTA). Nenhum grau ainda foi concedido.
Durante 24 anos, os afro-equatorianos foram censurados em Esmeraldas, pois, por decisão das autoridades, a marimba estava proibida.
Comunidades afro-equatorianas do Equador
As comunidades afro-equatorianas estão localizadas principalmente na Costa (Esmeraldas, El Oro e Guayas), na Serra (Imbabura, Pichincha e Carchi) e no leste do Equador (Sucumbíos). Cidades como Guayaquil e Quito apresentam forte presença de afrodescendentes, devido às migrações das cidades rurais para a cidade.
A história dos africanos no Equador começa no litoral norte, que chegaram durante o período colonial e entraram no país por aquela região. A província de Esmeraldas é a mais representativa na renda dos negros. No Valle del Chota, os escravos eram vitais para o trabalho nas terras férteis desta região.
Enquanto no Litoral Sul a presença de escravos negros era maciça no século XVI. Em Guayaquil, foi realizada a compra e venda de escravos para posteriormente serem distribuídos por toda a região, tornando o Porto de Guayaquil um ponto de passagem obrigatório e um símbolo dos tempos da escravidão.
Na Serra, grupos afrodescendentes estão presentes desde a fundação da cidade de Quito em 1534. Nas mãos de Sebastián de Benalcázar, as comunidades afrodescendentes participaram da conquista e fundação da nova cidade de Quito.
Oriente, por sua vez, reuniu afrodescendentes que migraram de Esmeraldas, Guayaquil e grupos da Colômbia. Representam migrações de dados recentes e concentram-se principalmente na província de Sucumbíos.
Cultura e costumes (gastronomia, tradições, roupas)
A cultura e os costumes das comunidades afro-equatorianas mantêm algumas características africanas, mas existem algumas diferenças entre as comunidades da Serra e os grupos da costa do país.
A face mais visível da cultura dos afro-descendentes equatorianos é sua música, que nasce do uso de marimbas e bumbo. O litoral norte do Equador é onde as tradições musicais mais se preservaram, pois manteve suas raízes africanas mais fortes.
Na Serra se estabeleceu mais a bomba del chota, ritmo que se caracteriza pelo uso de violões e tambores, com maior influência das comunidades indígenas e mestiças.
Na religião das comunidades afrodescendentes do Equador, há uma notável ausência de cultos africanos, ao contrário de outras áreas do continente. Eles usam canções particulares nas missas católicas, no caso de Esmeraldas; Embora a população seja maioritariamente católica, no litoral não têm o costume de casar porque não consideram a união civil ou eclesiástica como algo irreversível.
A festa de San Antonio é muito popular porque serve para reunir toda a família. Tocam tambores, rezam, invocam os mortos e cantam. É uma tradição que visa a união familiar e transmitir a cultura afro às novas gerações.
Vestuário e gastronomia
Embora tenha praticamente desaparecido, as roupas costumam ser leves. As mulheres são caracterizadas pelo uso de saias longas e brancas, blusas na altura do umbigo e lenços para cobrir a cabeça. Os homens afro-equatorianos se distinguem por usar calças até o joelho e chapéus para se proteger do sol.
A comida que define os afro-equatorianos tem uma ligação muito forte com o que eles obtêm da natureza. Eles tendem a acompanhar o que obtêm da pesca e da agricultura.
Banana, coco, encocados e casabe estão presentes nos pratos das comunidades Afro-Esmeralda. No Vale do Chote você pode conseguir arroz com feijão, mandioca e arroz chichas.
Referências
- Afro-equatorianos: de escravos a cidadãos. Uma visão das reivindicações atuais. (2019). Recuperado da academia.edu
- Enciclopédia do Conhecimento Afro-Equatoriano. (2009). (1ª ed.). Quito. Recuperado de discover.ec
- Guerrero, F. (2019). População indígena e afro-equatoriana no Equador: diagnóstico sociodemográfico do Censo de 2001. Santiago: Nações Unidas. Recuperado de repository.cepal.org
- História dos povos negros do Equador. (2019). Recuperado de abacus.bates.edu
- Rangel, M. (2019). Políticas públicas para afrodescendentes Marco institucional no Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Santiago: Nações Unidas. Recuperado de repository.cepal.org