- Caracteristicas
- Taxonomia
- Morfologia
- Concha
- Cabeça
- Massa visceral
- Pé
- Classificação
- Eogastropoda
- Orthogastropoda
- Habitat e distribuição
- Reprodução
- Rituais de namoro e acasalamento
- Fertilização e desenvolvimento embrionário
- Alimentando
- Digestão
- Comportamento
- Espécies apresentadas
- Achatina fulica
- Syrinx aruanus
- Helix aspersa
- Referências
Os caracóis são um grupo de animais pertencentes ao filo Mollusca, classe Gastropoda específica. Eles são caracterizados principalmente por terem uma capa protetora que é feita de compostos como o carbonato de cálcio.
De acordo com o registro fóssil, os caramujos apareceram durante o período cambriano da era paleozóica e permaneceram na Terra desde então, sobrevivendo a vários processos de extinção em massa.
Espécime de caracol. Fonte: Kgredi76
Foram descritos pela primeira vez pelo naturalista francês Georges Cuvier em 1797. Os caracóis são animais muito interessantes, tanto pela beleza de muitas das suas conchas, como pela utilidade que têm para certas indústrias como a gastronomia.
Alguns dos pratos mais famosos da gastronomia mundial têm os caracóis como protagonistas, sendo muito tradicionais em comidas como a francesa ou a espanhola.
Caracteristicas
Os caracóis são um grupo de animais que, como membros do reino animal, são organismos eucarióticos. Isso implica que, em suas células, o material genético (DNA) forma os cromossomos e estes são delimitados dentro de uma estrutura conhecida como núcleo celular.
Da mesma forma, os gastrópodes (grupo ao qual pertencem os caramujos) apresentam três camadas germinativas durante seu desenvolvimento embrionário conhecidas como mesoderme, endoderme e ectoderme. Além disso, possui uma cavidade interna denominada celoma, razão pela qual também são considerados celoma.
Os caracóis têm simetria bilateral, o que significa que, ao traçar uma linha imaginária ao longo do eixo longitudinal do animal, são obtidas duas metades exatamente iguais.
Os caracóis passam por um processo de torção durante um determinado momento de seu desenvolvimento embrionário, que é único neste grupo de animais. Durante esse processo, a massa visceral do animal sofre um giro no pé e na cabeça.
Taxonomia
A classificação taxonômica dos caracóis é a seguinte:
-Domínio: Eukarya
- Reino dos Animais
-Filo: Molusca
-Classe: Gastropoda
-Subclasse: Orthogastropoda
-Superorden: Heterobranchia
-Ordem: Pulmonata.
Morfologia
Quanto à morfologia dos caracóis, o que chama a atenção é a presença de uma concha, cuja textura é bastante rígida, forte e resistente. Da mesma forma, seu corpo é composto de três áreas ou regiões: cabeça, pé e massa visceral.
Concha
Geralmente é composto de três camadas:
- Nácar: é a camada mais interna e está em contato com o corpo do próprio animal.
- Mesostraco: camada intermediária de carbonato de cálcio.
- Periostracus: é a camada mais externa e é composta por uma escleroproteína chamada conchiolina.
Da mesma forma, as conchas dos gastrópodes são caracterizadas pelo fato de que durante seu período de desenvolvimento experimentam certas torções.
Exemplo de concha de caracol. Fonte: Indici
De acordo com sua morfologia, existem vários tipos de conchas: dextrorse, capped, holostome, synestrorse, não umbilicated, umbilicated, syphonostoma e holostome.
Cabeça
A cabeça dos caracóis é bem definida. Apresenta a abertura para a cavidade oral, dentro da qual se encontra a rádula, órgão de grande importância no processo de alimentação do animal.
Na cabeça também há um par de tentáculos cefálicos, que têm função sensorial. Na base ou no final desses tentáculos estão os órgãos de visão desses animais.
Massa visceral
Parte do corpo do animal na qual estão contidos os diferentes órgãos que o compõem. A massa visceral, juntamente com as brânquias e os diferentes orifícios do corpo, estão alojados em uma estrutura conhecida como cavidade paleal.
Pé
É o órgão locomotor dos caracóis e é composto por músculos. Sua morfologia varia de acordo com o tipo de habitat em que o animal se encontra. Por exemplo, no caso de caracóis que ficam presos ao substrato, o pé assume a forma de uma ventosa, o que permite que aí fique fixo.
Por outro lado, nos caracóis que se movem (lentamente) no meio, os pés são relativamente planos, estendem-se para a frente, fixam-se no substrato e depois o animal empurra o resto do corpo para a frente.
Classificação
A classe dos gastrópodes é classificada em duas subclasses: Eogastropoda e Orthogastropoda.
Eogastropoda
São um grupo de gastrópodes representados pelas chamadas lapas do mar. São animais com morfologia simples, com uma concha simples, embaixo da qual está a massa visceral que contém os órgãos do animal.
Orthogastropoda
É o maior grupo de gastrópodes e é constituído pelos chamados “caracóis verdadeiros”. Por sua vez, está dividido nas seguintes ordens: Neomphaloida, Neritopsina, Architaenioglossa, Sorbeoconcha, Heterostropha, Opisthobranchia e Pulmonata.
De todas essas ordens, Pulmonata é a que reúne o maior número de caramujos terrestres, sendo uma das que tem sido estudada com maior profundidade.
Ressalte-se que cada pedido, por sua vez, é dividido em subordens e infraordens.
O grupo dos gastrópodes é um dos mais abundantes e diversos do reino animal.
Habitat e distribuição
Os caracóis são um dos grupos de moluscos mais abundantes e diversos que existem e, como tal, conseguiram colonizar e habitar uma grande variedade de habitats.
Existem caracóis com hábitos marinhos, tal como outros que têm hábitos terrestres. Por sua vez, também existem caracóis que conseguem combinar os dois tipos de ambientes.
A maioria das espécies de caracóis prefere locais com altos níveis de umidade e temperaturas não tão altas. Isso significa que eles não se adaptam muito bem a locais onde faz muito calor. Se estão em um ambiente com essas condições, tendem a viver em lugares úmidos e escuros e saem principalmente à noite, quando as temperaturas são bastante baixas.
É importante mencionar que os caramujos não ficam estáticos no mesmo habitat, mas em constante movimento. Isso porque eles podem estabelecer sua casa em qualquer lugar, fazendo uso de sua concha protetora.
Reprodução
Os caracóis são animais hermafroditas. Isso significa que eles têm órgãos reprodutivos, tanto femininos quanto masculinos. No entanto, apesar disso, a autofecundação não é freqüentemente observada nesses animais.
Rituais de namoro e acasalamento
Os caracóis representam um dos rituais de namoro e acasalamento mais complexos e curiosos do reino animal.
Primeiro, eles começam com uma espécie de "dança", por meio da qual tentam atrair a atenção de outro espécime. Em seguida, um dos caramujos lança uma estrutura conhecida como “dardo do amor”, que tem a função de manter dois exemplares juntos durante o processo de acasalamento. O referido dardo é feito de cálcio (Ca).
Fertilização e desenvolvimento embrionário
A fecundação nos caracóis é interna, o que implica que haja um processo de cópula em que, de uma forma ou de outra, um ou ambos os caracóis transferem seus espermatozóides para o outro. Este processo é possível graças ao uso de seu órgão copulador ou pênis.
Uma vez que o esperma é depositado dentro do caracol, ocorre a fertilização dos óvulos. Eles começam a se desenvolver dentro do corpo, até que chega o momento em que ocorre a desova.
Antes da desova, o caracol localiza um local adequado para que seus ovos possam se desenvolver silenciosamente, sem qualquer perigo. No caso dos caracóis terrestres, geralmente são locais secos e frescos, não facilmente acessíveis a predadores em potencial.
Por outro lado, os caracóis que habitam ecossistemas aquáticos procuram locais sólidos nos quais os ovos estejam igualmente protegidos.
Uma vez que os ovos estejam localizados em um local adequado, o embrião começa a se desenvolver. O período de desenvolvimento embrionário desta, desde a fecundação, até o momento em que o caracol pode sair do ovo, é de aproximadamente quatro semanas.
Quando os ovos eclodem, surge um indivíduo que apresenta características de caramujo, embora não totalmente desenvolvido. Este até tem uma espécie de concha muito fraca, comparada com a dos caracóis adultos.
Para endurecer e fortalecer sua concha, o caracol deve se alimentar de alimentos que contenham cálcio. Ele inicialmente o obtém ingerindo seu próprio ovo e até mesmo os demais ovos próximos.
Alimentando
Os caracóis são organismos heterotróficos. Isso significa que se alimentam de outros seres vivos ou das substâncias nutritivas por eles fabricadas. Nesse sentido, é importante esclarecer que a grande maioria das espécies de caramujos existentes são preferencialmente herbívoros. Apenas alguns podem ser considerados carnívoros.
Levando isso em consideração, a dieta dos caramujos vai depender da disponibilidade de alimentos no habitat em que se desenvolvem.
Em geral, pode-se dizer que os caramujos herbívoros se alimentam de plantas e algas. Da mesma forma, também existem espécies que se alimentam de matéria orgânica em decomposição (são detritívoros) e outras, aquelas encontradas em habitats aquáticos, podem ser consideradas suspensívoras.
Conseguir comida não é problema para nenhum caramujo, pois eles possuem uma estrutura na cavidade oral que permite extrair partículas de qualquer tipo de superfície.
Isso é chamado de rádula e consiste em uma espécie de fita na superfície da qual estão estruturas quitinosas, semelhantes aos dentes. A rádula permite que os caracóis arranhem até as menores partículas de comida de vários lugares.
Digestão
Quando o caracol identifica algum alimento, o faz principalmente por meio do olfato, que é um dos mais desenvolvidos, e o ingere pela boca. Se o alimento for de difícil acesso ou muito grudado na superfície, o animal utiliza a rádula para obtê-lo.
Na cavidade oral, o alimento entra em contato com a saliva do animal, que contém uma série de compostos químicos chamados enzimas, que ajudam a começar a degradar os nutrientes presentes nos alimentos. Feito isso, o alimento, já transformado em bolo alimentar, é deglutido, passando pelo esôfago, para depois chegar ao estômago.
É importante mencionar que uma parte importante do processo de digestão ocorre no estômago. Ali está presente o protostilo, que ajuda a mexer e a misturar o bolo alimentar com os sucos digestivos produzidos no estômago, que, por sua vez, contribuem para continuar a digerir e degradar os nutrientes.
Em seguida, o alimento passa para o intestino, que é o local onde ocorre a absorção dos nutrientes. O que não foi absorvido passa para o reto, onde ocorre a reabsorção da água. Isso resulta na formação de fezes, que são liberadas pela abertura anal.
Comportamento
Em geral, pode-se dizer que os caramujos são animais que possuem um estilo de vida solitário. Isso significa que é improvável que haja mais de um no mesmo covil. A única maneira de isso acontecer é durante a época de acasalamento.
Da mesma forma, caramujos não são animais que apresentam qualquer tipo de comportamento agressivo para com indivíduos da mesma espécie, outros animais ou humanos.
Em geral, são animais que possuem hábitos noturnos, ou seja, durante o dia permanecem em sua toca, enquanto à noite é quando saem para se alimentar e beber água.
Espécies apresentadas
Achatina fulica
Esta é uma das espécies de caramujos mais conhecidas em todo o mundo. É nativa do continente africano, especificamente da zona tropical. Porém, por meio de diversos mecanismos, foi possível chegar a outros países, chegando até a América do Sul. É também conhecido como o caracol gigante africano.
Este caramujo tem sido considerado em muitos países uma importante espécie invasora, pois, indiretamente, pode ser a causa de certas infecções. Isso porque muitas vezes, seja no rastro de limo que deixam ou neles próprios, pode haver um nematóide parasita, conhecido como agente causador de várias doenças.
Syrinx aruanus
É a maior espécie de caracol conhecida até hoje. Também é conhecido como trompete australiano. Geograficamente, é encontrado em algumas áreas da Ásia, como Indonésia e na Austrália e Papua Nova Guiné.
Este caramujo tem a particularidade de ser uma das poucas espécies consideradas carnívoras, pois se alimenta de vermes poliquetas. Geralmente são encontrados enterrados no fundo do mar, podendo atingir até mais de 30 metros de profundidade.
Helix aspersa
Helix aspersa specimen. Fonte: Syrio
Esta é uma das espécies de caramujos mais reconhecidas em todo o mundo. É também conhecido como o caracol de jardim comum. Embora tenha suas origens no continente europeu, está amplamente distribuído em outras regiões da geografia mundial.
Apesar de em muitos países ter sido classificado como uma espécie invasora e nociva para as culturas agrícolas, este caracol é muito apreciado a nível gastronómico, sendo um ingrediente de luxo na cozinha francesa, onde tem sido protagonista de muitos pratos excelentes. reconhecido mundialmente.
Referências
- Brusca, RC & Brusca, GJ, (2005). Invertebrados, 2ª edição. McGraw-Hill-Interamericana, Madrid
- Curtis, H., Barnes, S., Schneck, A. e Massarini, A. (2008). Biologia. Editorial Médica Panamericana. 7ª edição.
- Hickman, CP, Roberts, LS, Larson, A., Ober, WC, & Garrison, C. (2001). Princípios integrados de zoologia (Vol. 15). McGraw-Hill.
- Martínez, S., Del Río, C. e Reichler, V. (1998). Clas eGastropoda. Capítulo do livro: Moluscos do Mioceno da Argentina e do Uruguai. Academia Nacional de Ciências Exatas, Físicas e Naturais.
- Ponder e Lindberg. (1997). Em direção a uma filogenia de moluscos gastrópodes; uma análise usando caracteres morfológicos. Zoological Journal of the Linnean Society, 119:
- Villarruel, I. e De la Torre, S. (2014). Estudo preliminar de caracóis terrestres na Ilha de San Cristóbal, Galápagos. Avanços em Ciência e Engenharia. 6 (2).