- Interações ecológicas
- Recurso de competição
- Classificação da competição
- Por espécie
- Por mecanismos
- Competição por interferência
- Competição para exploração
- Competição aparente
- Modelo Lotka-Volterra
- Princípio de exclusão competitiva
- Referências
A competição interespecífica é um tipo de interação onde membros de diferentes espécies buscam um recurso comum limitado. A competição é um tipo de interação que não se aplica apenas aos animais, mas também a outros seres vivos.
Muitas vezes a competição não ocorre devido a uma luta direta entre as espécies (combates, agressões, entre outros). Também pode ocorrer indiretamente. A competição é um fator muito importante - além de outros componentes bióticos e abióticos - responsável pela formação das estruturas das comunidades. Em geral, as interações entre as espécies têm consequências ecológicas e evolutivas.
A competição interespecífica ocorre entre membros de espécies diferentes.
Fonte: Chris Eason de Londres
A competição interespecífica se opõe ao conceito de competição intraespecífica, em que os membros da interação permanecem a mesma espécie.
Interações ecológicas
Os organismos vivem no que chamamos de “comunidade ecológica”. A natureza da interação é determinada pelo contexto evolutivo e as condições ambientais em que ocorre.
Por essas razões, as interações ecológicas entre organismos são difíceis de definir, pois dependem da escala em que desejam ser quantificadas e do contexto em que a interação ocorre.
Nessas associações, indivíduos de diferentes espécies interagem direta ou indiretamente. Além disso, as interações podem favorecer ambas as partes ou ser antagônicas.
Recurso de competição
A competição é considerada como uma interação entre indivíduos que buscam um determinado recurso comum e, nesta circunstância, o recurso está em quantidades limitadas.
Em uma visão mais geral, a competição é uma interação direta ou indireta entre organismos que leva a mudanças em sua aptidão quando os organismos compartilham o recurso em questão. O resultado da interação é negativo, principalmente para a parte "mais fraca" da interação.
Classificação da competição
Por espécie
A competição é classificada de várias formas, sendo uma das mais comuns separá-la de acordo com as espécies envolvidas. Se a competição ocorre entre membros da mesma espécie, ela é intraespecífica e, se ocorre entre espécies diferentes, é interespecífica.
Por mecanismos
A competição é classificada em três tipos: interferência, exploração e aparente. Este último não é considerado um tipo de competição real.
A competição pela interferência ocorre entre indivíduos diretamente, enquanto os dois restantes ocorrem indiretamente. Expandiremos esses conceitos um pouco mais adiante.
Competição por interferência
Ocorre quando um indivíduo altera diretamente a obtenção do recurso de outro. Por exemplo, quando um macho de uma determinada espécie altera o acesso às fêmeas para o restante dos machos do grupo.
Isso pode ser feito por meio de comportamento agressivo e brigas. Nesse caso, o macho dominante restringe os outros machos.
Competição para exploração
Ocorre quando diferentes indivíduos interagem indiretamente por meio do mesmo recurso. Dessa forma, o uso do recurso por uma das espécies afeta indiretamente as demais espécies envolvidas na interação.
Suponhamos duas espécies de pássaros que se alimentam da mesma fruta. O consumo da fruta pela espécie A afetará a espécie B
O mesmo pensamento se aplica a leões e hienas. Ambas as espécies consomem presas semelhantes e afetam mutuamente suas populações - mesmo que a luta não seja "corpo a corpo".
Competição aparente
Ocorre quando dois indivíduos que não competem diretamente por um recurso são mutuamente afetados, por serem presas do mesmo predador. Ou seja, eles têm inimigos em comum.
Suponha que o predador A (pode ser uma coruja ou uma águia) tenha dois alvos de presa Y e X (pode ser pequenos mamíferos, como ratos ou esquilos).
Se a população de Y aumentar, isso favorecerá a população de X, pois agora Y será presa de A em maior proporção. Da mesma forma, um aumento em Y também leva a um aumento em A (o predador), afetando negativamente X.
O mesmo raciocínio se aplica ao declínio nas populações de Y e X. Portanto, a interação depende do contexto ecológico. Esse tipo de cenário competitivo é de difícil identificação na natureza, pois é complexo e envolve múltiplas espécies.
Modelo Lotka-Volterra
Se você deseja prever o resultado da competição, pode aplicar o modelo matemático Lotka-Volterra. O modelo relaciona a densidade da população e a capacidade de suporte dos membros da interação competitiva.
O modelo tem vários resultados possíveis: a espécie A exclui a espécie B; a espécie B exclui a espécie A, ou as espécies ganham devido à sua densidade populacional ou as duas espécies podem coexistir.
As espécies podem sobreviver no mesmo contexto se a competição intraespecífica for maior do que a competição interespecífica. O modelo prevê que duas espécies não podem competir de forma estável se ambas buscarem os mesmos recursos ecológicos.
Isso significa que cada espécie deve inibir sua própria população antes de inibir a população da espécie com a qual está competindo, e o resultado é a coexistência.
No caso em que uma espécie exclui a outra, é um evento denominado exclusão competitiva ou regra de Gause. Isso indica que uma espécie permanece na natureza e a outra está localmente extinta, devido à competição.
Princípio de exclusão competitiva
Esse princípio é resumido na frase: "concorrentes totais não podem coexistir." A seleção natural busca reduzir a competição e uma maneira de conseguir isso é desenvolvendo histórias de vida alternativas e explorando outros tipos de recursos. Em outras palavras, as espécies devem ser separadas em pelo menos um eixo do nicho ecológico.
O exemplo mais icônico da literatura envolve os tentilhões de Darwin das Ilhas Galápagos. A evolução do tamanho do bico foi exaustivamente estudada e demonstrou cumprir o princípio de exclusão.
Quando duas espécies que consomem as mesmas sementes vivem em ilhas separadas, os picos são semelhantes entre si. Porém, quando as espécies coexistem na mesma ilha, os picos apresentam diferenças morfológicas para evitar a competição e se separarem no tipo de sementes que consomem.
A separação pode não ser morfológica, pode também ser temporária (usar o recurso em momentos diferentes, como pássaros e morcegos insetívoros) ou espacial (ocupar regiões espaciais diferentes, como pássaros que se dispersam em áreas diferentes da mesma árvore).
Referências
- Andrewartha, HG, & Browning, TO (1958). Teoria da competição interespecífica de Williamson. Nature, 181 (4620), 1415.
- Case, TJ e Gilpin, ME (1974). Competição de interferência e teoria de nicho. Proceedings of the National Academy of Sciences, 71 (8), 3073-3077.
- Griffin, JN e Silliman, BR (2011). Particionamento de recursos e por que é importante. Nature Education Knowledge, 3 (10), 49.
- Hardin, G. (1960). O princípio da exclusão competitiva. Science, 131 (3409), 1292-1297.
- Lang, JM & Benbow, ME (2013) Species Interactions and Competition. Conhecimento em educação da natureza 4 (4), 8.
- May, R. e McLean, AR (Eds.). (2007). Ecologia teórica: princípios e aplicações. Oxford University Press on Demand.