- Contexto repressivo anterior à crise de Porfiriato
- Crescente descontentamento
- Desvalorização
- Golpe de cananeia
- Golpe Rio Blanco
- Crise mundial
- Colheitas ruins
- Referências
A crise de Porfiriato está associada a um momento histórico do início do século XX no México, durante o governo do ditador Porfirio Díaz. Especificamente entre 1900 e 1910, onde ocorreram diferentes situações de conflito político e econômico, interno e externo, antecedentes ao fim do governo Porfirio Díaz.
O governo de Porfirio Díaz caracterizou-se por gerar grandes avanços para o México, especialmente em termos de industrialização, fomentando a indústria ferroviária e a agricultura. Muitos consideram o mandato de Díaz, que durou mais de 30 anos, o que mais avançou no México.
Mulheres presas em Queretaró (1905)
No entanto, durante o Porfiriato, muito descontentamento social foi gerado, porque as classes altas eram as únicas que gozavam dos privilégios da bonança. Os trabalhadores foram cruelmente explorados e os cidadãos em geral tinham muito poucos direitos.
As ações repressivas de um Estado controlador levaram os mexicanos a pensar em um sistema diferente, por meio do qual pudessem desfrutar de liberdade e oportunidades de trabalho decente.
A partir de 1900, o regime de Porfirio Díaz entrou em colapso. A crise do Porfiriato terminou em 1910, quando em consequência da fraude nas eleições presidenciais programadas para aquele ano, eclodiu a Revolução Mexicana, convocada principalmente por seu adversário nessas eleições, o empresário Francisco I. Madero.
Algumas das características mais marcantes da crise do Porfiriato, que antecedeu a saída do ditador Porfirio Díaz, serão detalhadas a seguir.
Contexto repressivo anterior à crise de Porfiriato
O governo de Porfirio Díaz caracterizou-se por ser de caráter militar centralizado, com instituições corruptas e voltado para as ambições do ditador.
No final do século XIX, o boom econômico gerado no início do Porfiriato diminuiu em certa medida.
A situação dos trabalhadores era devastadora, os trabalhadores sofriam péssimas condições de trabalho, e o descontentamento dos mexicanos começava a ser sentido, apesar da contínua repressão e das ações governamentais para impedir a geração de movimentos políticos com lideranças que poderiam eventualmente liderar um rebelião no México.
Crescente descontentamento
No início do século 20, os conflitos internos se aprofundaram, o que levou o governo Díaz a se fragmentar gradativamente até que, em 1911, deixou o poder.
A partir de 1900 já havia muito desgosto entre a população das classes média e baixa, e as organizações que se levantaram contra Díaz começaram a ganhar mais força. Foi assim que surgiu o clube “Ponciano Arriaga”, formado por intelectuais com ideias liberais que se opunham a Díaz.
Em agosto de 1900 apareceu o jornal Regeneración, plataforma a partir da qual a ditadura foi fortemente criticada. E mais tarde, em 1906, foi fundado o Partido Liberal Mexicano. Os principais dirigentes deste partido eram os irmãos Magón.
Esses exemplos dão uma ideia de como estava surgindo o descontentamento dos mexicanos, apesar da repressão existente.
Desvalorização
Em 1905, o governo de Porfirio Díaz executou uma reforma monetária: a partir de então, o valor do ouro passaria a ser considerado como lastro da moeda do México, ao invés do valor da prata.
Isso implicou que a moeda se desvalorizou, a inflação aumentou e também a dívida externa. Os salários caíram e os empresários americanos aproveitaram para adquirir negócios mexicanos e empresas a um custo muito baixo.
Golpe de cananeia
Em 1906, um evento muito relevante aconteceu. Foi a greve de Cananea, realizada pelos trabalhadores da mina “Cananea Consolited Cooper Company”, a cargo do americano William C. Grenne.
Os trabalhadores se organizaram sob a convocação do Partido Liberal Mexicano. A greve é gerada pela situação deplorável dos mineiros, que trabalhavam até 16 horas por dia sem folga, recebiam um salário baixíssimo e eram maltratados pelos patrões.
As reivindicações dos trabalhadores eram diversas: igualdade com os trabalhadores americanos, que recebiam benefícios maiores; aumento de salário; e que 75% dos trabalhadores eram mexicanos.
Os participantes da greve de Cananea foram reprimidos, nenhum de seus pedidos foi atendido e seus líderes foram punidos.
Golpe Rio Blanco
No final de 1906 aconteceu a Greve do Rio Blanco, da qual participaram os trabalhadores da fábrica têxtil que leva esse nome. Os trabalhadores exigiam melhores condições de trabalho.
Eles receberam uma resposta em janeiro de 1907: foram oferecidas algumas melhorias, como a redução da jornada de trabalho de 16 horas e meia para 14 horas. No entanto, eles foram obrigados a concordar em não promover greves.
Os grevistas o ignoraram e em 7 de janeiro de 1907, em vez de irem para o trabalho, não entraram nas fábricas, mas permaneceram nos portões, exigindo melhores condições de trabalho.
Após um incidente na loja do empresário Víctor Garcín, os manifestantes saquearam o estabelecimento, os ânimos explodiram e até invadiram a prisão para libertar seus companheiros de prisão.
As forças de segurança do Estado reprimiram os manifestantes. Estima-se que cerca de dois mil trabalhadores participaram da Greve Rio Blanco e que cerca de 700 foram mortos.
Crise mundial
Em 1907 houve uma crise econômica mundial. Essa crise financeira nasceu nos Estados Unidos e, como consequência, derrubou os preços das matérias-primas em nível internacional, o que afetou fortemente os países menos desenvolvidos que exportam esses produtos.
No caso do México, o item mais afetado foi a prata, um dos principais produtos de exportação do país.
Internamente, esta situação gerou um aumento do custo de diversos produtos e gerou despedimentos injustificados e encerramentos de fábricas, o que gerou um sentimento de desgosto gravíssimo que, juntamente com os acontecimentos anteriores, motivou a mudança de governo.
Colheitas ruins
Durante os anos de 1908 e 1909 houve sérios problemas com as lavouras. Isso gerou escassez e aprofundamento da crise para todos os mexicanos, embora os mais afetados fossem aqueles que pertenciam à classe mais baixa.
A escassez e o alto custo dos alimentos contribuíram para alimentar o descontentamento e foram um terreno fértil, junto com todos os aspectos anteriores, para a materialização da Revolução Mexicana.
Referências
- "Crisis del Porfiriato" da Universidade Nacional Autônoma do México. Obtido em 1 de agosto de 2017 da Universidade Nacional Autônoma do México: portalacademico.cch.unam.mx.
- Ríos, M. "1906: a greve Cananea" (2 de junho de 2016) em La Izquierda Diario. Retirado em 1 de agosto de 2017 de La Izquierda Diario: laizquierdadiario.com.
- Nájar, A. "Por que 100 anos depois os restos mortais de Porfirio Díaz causam polêmica novamente no México" (2 de julho de 2015) na BBC. Obtido em 1 de agosto de 2017 da BBC: bbc.com.
- Cruz, P. "A importância da greve do Rio Blanco em seus 110 anos" em Panorama Noticieros. Retirado em 1 de agosto de 2017 de Panorama Noticieros: medium.com.
- Romero, M. "Padrão ouro e estabilidade cambial no México, 1905-1910" (fevereiro de 2008) em Scielo. Obtido em 1 de agosto de 2017 de Scielo: scielo.com.mx.
- “A crise do porfirismo” na Krismar Educação. Retirado em 1 de agosto de 2017 de Krismar Education: krismar-educa.com.mx.