A Estela de Raimondi é um monólito feito pela cultura Chavín, uma civilização pré-histórica que se desenvolveu entre 1500 aC e 300 aC nos Andes peruanos. Acredita-se que a estela de Raimondi foi considerada um objeto sagrado para esta cidade. É também um objeto muito valioso para os estudiosos modernos, pois é um exemplo importante dessa arte.
A cultura Chavín deve seu nome ao sítio arqueológico de Chavín de Huántar. Ele está localizado em Huari, uma província do departamento peruano de Ancash. Acredita-se que o local tenha servido como um local cerimonial e religioso para o mundo andino.
Isso é evidenciado nos templos que foram descobertos em Chavín de Huántar, bem como nos artefatos que foram descobertos lá. De fato, um dos objetos que atesta o papel religioso de Chavín de Huántar é a estela de Raimondi.
Por outro lado, este monólito deve o seu nome a Antonio Raimondi, que, ajudado por um camponês, descobriu esta relíquia. Este naturalista e geógrafo italiano foi um dos grandes promotores do desenvolvimento das ciências naturais no território peruano. Ele chegou ao Peru em 1850 e, durante dezenove anos, observou sistematicamente rochas, plantas, animais e registros climáticos.
Principais características da estela de Raimondi
A estela de Raimondi representa uma figura de culto chamada Deus dos Bastões. Essa representação aparece em várias versões da Colômbia ao norte da Bolívia, mas sempre tem uma equipe. Em poucas ocasiões, porém, as representações têm o grau de elaboração encontrado em Chavín.
Nesse sentido, a estela de Raimondi dirige seu olhar para cima, franze a testa e descobre suas presas. Ele também tem um cocar elaborado com penas que domina o terço superior do monólito. Inverter a imagem mostra que o cocar é composto por uma série de faces sem mandíbulas. Cada um deles surge da boca do rosto acima.
Por outro lado, nesta figura existem muitas serpentes que se estendem desde o cinto da divindade. Estes fazem parte da equipe. Além disso, eles servem como bigodes e cabelos da divindade e das criaturas do cocar. Por sua vez, as cobras formam uma trança no final da composição. Em geral, é um ser antropomórfico com feições felinas. Seus braços estão estendidos e suas mãos são garras com as quais seguram os bastões.
Quanto às dimensões, mede 1,98 cm de altura, 74 cm de largura e 17 cm de espessura. Esta escultura de pedra é uma laje de granito de forma retangular. Em comparação com os relevos anteriores, é mais elaborado e complexo. Os primeiros relevos caracterizam-se por serem simples silhuetas frontais ou de perfil de homens, onças e condores com modestas decorações geométricas.
A estela de Raimondi ilustra a tendência artística andina à multiplicidade e leituras duais. Ao contrário, a face do deus se torna não uma, mas duas faces. A capacidade dos deuses de se transformarem diante dos olhos de quem vê é um aspecto central da religião andina.
Descoberta
Em 1860, Antonio Raimondi investigava o sítio arqueológico que hoje é conhecido como Chavín de Huantar. Lá ele foi abordado por um camponês chamado Timóteo Espinoza, natural do lugar.
Este fazendeiro falava a língua quíchua. Naquela época, o explorador italiano era fluente nisso, então ele não teve problemas para entender. Espinoza sabia que Raimondi estava à procura de objetos antigos e o levou para casa para ver uma grande laje de pedra usada como mesa de jantar.
Desse modo, quase por acaso, ocorre uma das descobertas mais importantes da história da arqueologia. Era uma estela muito antiga, fina e intrincadamente entalhada. Timóteo Espinoza o havia descoberto há vinte anos, quando estava removendo a terra em um campo muito próximo ao Templo de Chavín de Huántar.
Apesar de sua óbvia importância, esta relíquia foi esquecida por treze anos. Em 1873, o italiano o levou a Lima para estudo e conservação. No entanto, em 1881, este monólito foi atingido por soldados chilenos e caiu no chão.
A pedra ainda estava envolta em um cobertor pesado, mas se partiu em dois pedaços. Isso aconteceu durante a Guerra do Pacífico, quando soldados chilenos saquearam o Museu de História.
Após a morte de Raimondi em 1890, esta escultura de pedra foi colocada em custódia. Algumas opções foram acertadas: vendê-lo para o exterior ou transferi-lo para outros museus nacionais. Em 1940, durante um terremoto, ele caiu das escadas do Museu de Arqueologia e algumas partes da moldura quebraram. Após sua reforma, foi exibida no Museu de Antropologia e Arqueologia de Lima.
Hoje, o Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru se encarrega de sua conservação.
Simbolismo
Alguns especialistas consideram a estela de Raimondi a representação da expressão culminante da dualidade. Este monumento permite duas vistas radicalmente opostas se for colocado de cabeça para baixo. As divindades terrestres e celestiais aparecem dependendo da posição.
Por um lado, o deus parece apreensivo olhando para cima. A figura mostra dois pólos verticais. Isso inclui a vegetação, portanto acredita-se que esteja fortemente associado à agricultura e à fertilidade.
Agora, se for invertido, é visto que o deus está olhando com cobiça. As aduelas que caem dos céus também são observadas. Estes podem representar a divindade do relâmpago.
Nesse caso, o imponente cocar e as aduelas são inundados com rostos de animais como se fosse o lar de um estranho grupo de elementos sobrenaturais. Entre outras, duas cabeças de onça podem ser vistas logo acima dos cotovelos da divindade.
Referências
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