- fundo
- A revolução Mexicana
- Tendências francesas
- Características do estridentismo
- Culto ao progresso
- Influências
- Dinamismo como eixo
- Autores e trabalhos notáveis
- Principais representantes da vanguarda literária
- Poesia
- Experimentação
- Exemplo
- Referências
O estridentismo foi o único grupo de vanguarda artística e literária mexicana nos anos vinte. Foi um movimento artístico multidisciplinar de vanguarda fundado pelo poeta mexicano Manuel Maples Arce (1898-1981) no final de 1921 e dissolvido em 1927.
Apesar de ter nascido na Cidade do México, o movimento se desenvolveu formalmente em Xalapa, quando a Universidade de Veracruz optou por apoiá-lo. O estridentismo é mostrado como uma luta contra o academicismo e os patriarcas da literatura nacional mexicana, tentando dar voz própria às manifestações artísticas insurgentes.
Ilustração do livro Metropolis, de Manuel Maples Alce
fundo
O movimento estridentista é gerado em meio a um processo de transformação, ou seja, em um contexto de crise global. A eclosão da Primeira Guerra Mundial tem repercussões na América Latina, embora não tenha participado ativamente do conflito.
O México precisava se definir como nação, por isso são geradas obras pictóricas e literárias com uma identidade mexicana marcada. Na década de 1920, no México, um poderoso confronto geracional entre dois grupos de jovens foi evidenciado: aqueles que defendem a reconstrução nacional e as gerações anteriores, que tentam permanecer no poder.
A revolução Mexicana
No início da Revolução Mexicana (1910), o México sofreu uma estagnação artística. O momento da revolução surge como uma oportunidade de renovação; revela-se o questionamento dos valores tradicionais e, com ele, o movimento em direção à modernidade.
Tendências francesas
As sociedades modernas estavam imersas na era industrial, que aplaudiu o maquinismo e todos os elementos futuristas. O automóvel, o bonde, o avião, o telégrafo e o telefone, entre outras invenções, tornaram-se os protagonistas da modernidade.
Na literatura, as formas modernista e simbolista eram de atrito crônico: os escritores copiavam as tendências francesas ad nauseam.
Os escritores que viveram na época de Porfirio Díaz permaneceram em seus pedestais após a ascensão de Madero ao poder e após o golpe militar de Victoriano Huerta. No entanto, poucos escritores viram a urgência de uma nova arte.
Características do estridentismo
Culto ao progresso
O estridentismo se caracterizou por se delinear em direção ao espírito da modernidade, tendo o cosmopolitismo e o urbano como centro. Havia um culto ao progresso associado aos avanços mecânicos.
Este culto manifestou o seu desacordo com a estética em vigor na época, assumindo assim formas de humor negro, esnobismo e rejeição de tudo do passado. Nesse sentido, foi um movimento subversivo tanto na temática quanto na forma das obras.
Os poetas e pintores estridentistas tinham certa obsessão estética com a cidade moderna, chegando a conceber uma utopia chamada “stridentópolis”.
Influências
O estridentismo compartilha algumas características do cubismo, do dadaísmo, do futurismo e do ultraismo espanhol, mas seu foco está na dimensão social que assume com a Revolução Mexicana.
É por isso que os estridentistas também se relacionaram com os movimentos políticos insurgentes diante do elitismo do modernismo do grupo denominado Los Contemporáneos.
Dinamismo como eixo
O estridentismo é inspirado no caráter dinâmico do mundo moderno. O ritmo vertiginoso que clama por mudanças abruptas tanto no artístico quanto no econômico, político e social é o que impulsiona e define a vanguarda mexicana em todas as suas dimensões.
Autores e trabalhos notáveis
Os integrantes do Estridentismo foram poetas, pintores e escultores que souberam se promover após a Revolução Mexicana com o intuito de dar uma guinada na estética até então vigente.
Essa necessidade de mudança respondeu às variações político-sociais; todos os membros compartilhavam um projeto cultural modernizador semelhante.
Principais representantes da vanguarda literária
- Manuel Maples Arce, poeta, iniciador do movimento e guru espiritual do grupo.
- Arqueles Vela, escritor narrativo.
- German List Arzubide, escritor de crônicas.
Andaimes interiores. Poemas radiográficos foi o primeiro livro publicado pelo grupo em 1922. A obra foi escrita por Manuel Maples Arce.
Segundo o próprio autor, esta obra "está associada à ideia de que, ao mesmo tempo que o poeta constrói a sua obra, constrói a si mesmo". O livro funciona como uma radiografia que mostra o mundo interior do poeta.
Luis Mario Schneider, um crítico erudito do estridentismo, indica o seguinte sobre esse movimento:
«É, sem dúvida, o primeiro movimento literário mexicano a introduzir algo de novo neste século. Embora o mesmo não possa ser dito em relação às outras correntes de vanguarda com as quais coincide, visto que as influências do Futurismo, Unanirismo, Dadaísmo, Criacionismo e Ultraismo são muito visíveis - apenas o relativismo da primeira era estridentista - No momento em que a ideologia social da Revolução Mexicana é adotada e incorporada à sua literatura, o movimento adquire solidez, organização e, de alguma forma, se separa do resto da vanguarda internacional.
Poesia
Na poesia estridentista, vemos a ausência de lógica explicativa; também não há links gramaticais ou descrições anedóticas ou ornamentais. De acordo com Marple Arce, busca "relacionar ou fundir termos de comparação tão distantes entre si que produzam surpresa ou expectativa".
A poesia estridentista refletia esse culto ao progresso pela admiração dos avanços mecânicos e tecnológicos.
Experimentação
Os escritos estridentistas foram repletos de experimentação formal e linguística e foram ilustrados por artistas estridentes, desenvolvendo um estilo específico para o movimento.
Eles produziram seus próprios livros ilustrados, revistas, panfletos e manifestos. A combinação de texto e imagem deu origem a sua estética para moldar o caráter político e artístico do movimento.
Como os futuristas, vemos nos estridentistas símbolos da modernidade: arranha-céus, aviões, telefones, ferrovias e cabos elétricos são a prova disso.
O internacionalismo artístico e o nacionalismo político se combinam para revolucionar a cena mexicana tanto artística quanto politicamente.
Exemplo
"Os pára-choques literários não
entenderão nada
desta nova beleza suada do século."
(Urbe, Manuel Maples Arce).
Referências
- Prieto González, José Manuel (2011). “O estridentismo mexicano e sua construção da cidade moderna através da poesia e da pintura”. Scripta Nova: Revista Eletrônica de Geografia e Ciências Sociais. Universidade de Barcelona. Vol. XVI, no. 398. Disponível em ub.edu
- Mora, Francisco Javier (2000). “Estridentismo mexicano: sinais de uma revolução estética e política”. Annals of Hispano-American Literature. Universidade de Alicante. Disponível em magazines.ucm.es
- Benedet, Sandra María (2008). The Narrative Of Stridentism: La Señorita Etc. De Arqueles Vela. Revista Iberoamericana, Vol. LXXIV, No. 224. Universidade Roosevelt. Disponível em revista-iberoamericana.pitt.edu
- Caplow, Deborah (2016). Movimento Estridentista (1921–1928). Routledge Encyclopedia of Modernism. Disponível em rem.routledge.com