Fernando Chaves (1902-1999) foi jornalista e romancista de origem equatoriana, autor de obras como La embrujada ou La plata y el Bronze, escritas e publicadas durante a década de 1920. Sua relevância para a cultura equatoriana é que foi considerado um precursor do indigenismo onde a identidade nacional foi exaltada.
Chaves veio a especializar-se em áreas como a pedagogia e a sociologia, temas que também abordou em diversas publicações ao longo da sua carreira. Plata y Bronce foi sua segunda obra e foi considerada a precursora do estilo indígena.
Fonte: Otavalo.org, via Wikimedia Commons.
Caracterizou-se por aprofundar a condição humana de determinados grupos sociais, dando maior destaque aos trabalhadores e indígenas. Ele escreveu ficção em prosa, ensaios, mas suas obras também mostraram seu caráter crítico. Desde seu primeiro livro ele se distanciou do modelo modernista. Ele desenvolveu o aspecto social de seus personagens graças ao uso da psicologia e ao contexto ambiental das histórias.
Biografia
Vida pessoal
Otavalo é uma cidade que se localiza no norte do Equador e foi o local onde, em 18 de fevereiro de 1902, nasceu o escritor Fernando Chaves. Era filho de Alejandro Chaves Guerra, personagem muito importante durante o tempo no Equador por sua atuação como educador, embora também tenha exercido diversos cargos políticos.
Chaves Guerra foi o responsável pela educação do filho durante os primeiros anos de vida. Com ele Fernando aprendeu a ler e escrever. Embora a educação foi interrompida em 1913, quando seu pai morreu, após sofrer de problemas de fígado.
Sua mãe era Josefa Reyes Bilbao, natural de Otavalo e que se destacava pelo senso de humor. Com a morte de Alejandro Chaves em 1913, os filhos do casal foram separados e enviados com diversos parentes para zelar por seus cuidados e educação. Fernando Chaves, sendo um dos mais antigos, mudou-se para Quito, capital do país.
Chaves viveu desde então com seus tios Luis Andrade Montalvo e Dolores Reyes de Andrade. O casal não tinha filhos e financeiramente não tinha problemas. Chaves teve alguns conflitos com os novos tutores, nomeadamente com a tia, visto que o jovem não se interessava muito por religião.
Ele demonstrou grande cultura ao dominar vários idiomas, incluindo português, alemão, francês, inglês e, claro, espanhol. Seus livros de cabeceira incluem obras de González Suárez e do realista e naturalista francês Émile Zola, além de textos sobre biologia e outras áreas da ciência.
Fernando Chaves faleceu em 1999, quando já tinha 97 anos.
Treinamento e trabalho
Desde jovem decidiu que a sua carreira profissional seria orientada para o ensino e demonstrou grande paixão pela área das humanidades. Seu pai cuidou dos primeiros anos de sua educação, mas depois ele se matriculou na escola normal de Otavalo, onde conseguiu se qualificar como professor a nível nacional.
Ele fez uma viagem ao México para aprofundar sua formação. No país asteca obteve especialização na área da educação. Foi então que decidiu voltar ao Equador para começar a trabalhar como professor.
Aos 20 anos, demonstrou preocupação com a escrita. Seu primeiro trabalho foi La embrujada e foi publicado em 1923. Era um romance curto baseado em algumas experiências pessoais.
As boas críticas que recebeu o encorajaram a continuar a sua obra literária, mas nunca deixou de lado o seu papel pedagógico. De professor em escolas da zona rural, passou a ser professor em diferentes instituições do Equador, até se tornar professor na Universidade Central de Quito.
Política
Fernando Chaves também teve participação na política equatoriana e fez parte do partido socialista. Foi nomeado pelo Presidente da República do Equador Galo Lincoln Plaza Lasso (cujo mandato ocorreu entre 1948 e 1952) para ocupar o cargo de Ministro da Educação.
Foi cônsul em Lisboa, em 1944. Cargo diplomático que também ocupou na Alemanha e em França. Em países do continente americano como El Salvador, Nicarágua e México foi embaixador.
Grupo de 30
Chaves foi um dos integrantes da La Generación de los 30 que se formou no Equador no início do século XX. Constava de um grupo de romancistas com características muito marcantes de um estilo realista, voltado para o social.
Essa geração de escritores foi dividida em dois grupos de acordo com a localização geográfica em que se encontravam: o grupo da serra e o de Guayaquil. Chaves fez parte da primeira ao lado de outros autores muito importantes da época, como Humberto Salvador, Jorge Icaza e Enrique Terán.
Tocam
Suas obras mais importantes ocorreram no campo literário. O primeiro texto que escreveu foi La embrujada, obra publicada em revista de Quito.
Quatro anos depois, em 1927, Silver e Bronze vieram à luz. Foi tão popular quanto seu primeiro emprego. Uma família indígena foi o centro da trama que ele desenvolveu no romance e que se passava nas montanhas do Equador. Tratava do tema da vingança.
Com este trabalho, Chaves participou em concursos e foi o vencedor. Marcou um antes e um depois na literatura equatoriana.
Alguns anos se passaram até que Chaves republicasse uma obra de ficção. Foi em 1958 que publicou Escombros, a história de um casamento. Era bem diferente de seus trabalhos anteriores, principalmente porque 30 anos já haviam se passado entre as escritas.
Existem mais publicações de sua autoria, embora estejam longe do gênero ficcional. Em 1933, ele escreveu alguns ensaios sobre a situação da educação equatoriana.
Ele aproveitou a viagem que fez em sua juventude ao México para traduzir uma compilação de todas as suas experiências em uma obra.
Graças ao seu domínio do alemão, Carta ao Pai, do judeu Franz Kafka, foi disponibilizada em espanhol a milhões de pessoas. Sua tradução foi acompanhada por um ensaio em que analisou a obra em 1956.
Referências
- Fernando Chaves (Otavalo, 1902). Recuperado da literatura equatoriana.com
- Herbst, M. Fernando Chaves. Recuperado de essayists.org
- Otavalo. (2019). Fernando Chaves Reyes. Recuperado de otavalo.org
- Perez, G. (1972). Pensamento e literatura do Equador. Quito: Casa da Cultura Equatoriana.
- Valdospinos Rubio, M. (2003). Senhorio ético. Otavalo: Instituto Otavaleño de Antropologia.