- Origem
- Descoberta
- Distribuição geográfica
- Papel na evolução
- Homo habilis e Homo erectus
- Características físicas e biológicas
- Crânio
- Corpo
- Mãos
- Aparelho digestivo
- Alimentando
- Caçador ou necrófago?
- Capacidade craniana
- Evolução
- Ferramentas usadas
- Pontas de pedra
- Facas
- Forma de vida
- Socialização
- Linguagem e fogo
- Referências
O Homo habilis foi considerado o ancestral mais antigo da humanidade após a descoberta do primeiro fóssil. Seu aparecimento é datado de aproximadamente 2,4 milhões de anos atrás e não desapareceu até 1,6 milhão de anos atrás. No final desse período, passou a coincidir com outros ancestrais como o Homo erectus ou o Homo rudolfensis.
Os primeiros vestígios de Homo habilis ocorreram na África, um continente onde outros locais apareceram mais tarde. O nome com o qual a espécie foi batizada, habilis, vem de sua capacidade de manipular objetos e construir algumas ferramentas.
Fonte: Por Rama, do Wikimedia Commons
Este hominídeo apresentava uma inteligência superior aos seus ancestrais, o Australopithecus. Parte de seu desenvolvimento evolutivo parece ser devido à introdução de carne na dieta. O aumento da quantidade de micronutrientes causou um aumento em suas habilidades cognitivas. Os machos eram muito maiores do que as fêmeas.
O Homo habilis era bípede, embora ainda mantivesse uma certa morfologia separada da humana, com braços longos, mais semelhantes aos dos grandes macacos. Por outro lado, ele ainda tinha dedos que os permitiam subir em árvores com facilidade. Eles viviam em grupos, com uma estrutura muito hierárquica.
Origem
O Homo habilis, cujo nome é composto pelas palavras latinas “homo” (homem) e “habilis” (habilidoso), foi um ancestral hominídeo do Homo sapiens. O nome veio da descoberta de restos de utensílios feitos com pedra, que deveriam ser feitos por membros dessa espécie.
Sua origem está na África, onde surgiu há cerca de 2,6 milhões de anos e viveu até 1,6 milhão de anos atrás. Este período enquadra-se do início até meados do Pleistoceno, nas idades Gelasiana e Calabresa.
Essa era pré-histórica foi caracterizada, nas regiões africanas onde viviam os hominídeos, pela diminuição dos luvias até atingir um estado de seca bastante severo.
O Homo habilis, ao contrário do Homo erectus, não deixou o continente. Todos os restos encontrados, até agora, foram localizados lá. Destacam-se as do desfiladeiro de Olduvai, na Tanzânia, e as de Koobi Fora. A importância do primeiro desses depósitos é tanta que a área é conhecida como o “berço da humanidade”.
Na época de sua descoberta, o Homo habilis foi a primeira espécie conhecida do gênero Homo.
Descoberta
Os descobridores dos primeiros restos de um Homo habilis foram o paleontólogo britânico Louis Leakey e sua esposa, Mary Leaky. Os dois lideravam uma expedição científica na Tanzânia, na área do Grande Vale do Rift.
Em abril de 1964, a equipe encontrou uma série de fósseis, sem pensar que mudariam a história. Quando eles analisaram os restos mortais, tanto ossos como outros elementos, perceberam a importância do achado.
O hominídeo foi batizado de Homo Habilis, sendo classificado como uma nova espécie dentro do gênero humano. Na época, de fato, ele era descrito como o ancestral mais antigo do homem, embora a subsequente descoberta do Homo rudolfensis tenha tirado essa categoria dele.
Distribuição geográfica
O continente africano é considerado o berço da humanidade, embora existam algumas correntes científicas que qualificam esse fato, propondo outras teorias. O aparecimento do Homo habilis é um dos dados que sustentam a hipótese africana.
O hominídeo teve sua origem no sudeste do continente, há cerca de 2,4 milhões de anos. De acordo com especialistas, a espécie habitava partes da Etiópia, Quênia, Tanzânia e África Oriental.
Embora no mundo da paleontologia possam aparecer achados que alteram o estabelecido, até o momento não há provas de que irá migrar para outros continentes.
Papel na evolução
Quando os Leakys fizeram sua expedição, pensava-se que a linha evolutiva que levou aos humanos era muito simples. Assim, partiu do Australopithecus, depois desse Homo erectus e, mais tarde, dos Neandertais. Finalmente, o Homo sapiens apareceu.
O que não se sabia era se havia alguma espécie intermediária entre o Australopithecus e o Homo erectus, uma vez que não foram encontrados vestígios que se encaixassem entre eles.
Por outro lado, até a década de 60 do século 20, os únicos fósseis de Homo erectus haviam sido encontrados na Ásia e não se sabia se havia uma conexão com a África.
A descoberta feita na Tanzânia pelo casal britânico ajudou a preencher algumas lacunas que existiam no conhecimento da evolução humana.
Os pesquisadores concluíram que os restos encontrados pertenciam a uma nova espécie do gênero "homo", pois atendia a todos os requisitos necessários: postura ereta, ser bípede e possuir habilidade para manusear algumas ferramentas. O que estava mais distante das espécies posteriores era sua capacidade craniana, que era consideravelmente menor.
As diferenças com o Australopithecus eram muitas, então o Homo habilis era considerado o antecedente mais antigo do homem.
Homo habilis e Homo erectus
Até há relativamente pouco tempo, pensava-se que o Homo habilis e o erectus eram originários um do outro. No entanto, constatações feitas em 2007 abriram o debate sobre o assunto. Curiosamente, os autores da nova descoberta foram Louise e Meave Leakey, filhas do casal que encontrou os primeiros restos da espécie.
A pesquisa de ambos os especialistas indica que o Homo habilis sobreviveu mais do que se pensava. Isso implica que, por cerca de 500.000 anos, ele viveu com o Homo erectus.
Isso, para alguns cientistas, cria a dúvida da filiação entre as duas espécies. Outros, por outro lado, continuam sustentando que o erectus descendia do habilis, sem que a coexistência entre ambos o descarte. O que geralmente é apontado é que houve uma luta sangrenta por recursos. O vencedor foi o Homo erectus, que acabou substituindo o habilis.
Características físicas e biológicas
A principal característica comparativa do Homo habilis é que ele é a espécie menos semelhante de seu gênero aos humanos modernos. Junto com isso, destaca-se o aumento do tamanho do crânio contra o Australopithecus, bem como a diminuição de muitos de seus dentes.
Os pés, por sua vez, são muito semelhantes aos do Homo Sapiens. É claro que sua condição bípede e andar quase totalmente ereto também são importantes.
Crânio
A forma do crânio do Homo habilis era mais arredondada do que a de seus predecessores. Quanto aos ossos, existem certas peculiaridades que devem ter dado uma aparência muito diferente do homem moderno.
Desta forma, tinha uma cavidade occipital localizada mais no centro. A mandíbula, por sua vez, tinha incisivos em forma de espada, muito maiores do que os das espécies anteriores. Especialistas afirmam que a função desses dentes era cortar e rasgar, principalmente carne.
Os incisivos superiores não apresentavam diastema, o típico espaço interdental. Quanto aos molares, também eram grandes e cobertos por esmalte espesso e resistente.
A face, por sua vez, era altamente marcada por um prognatismo inferior ao do australopiteco, causando um achatamento das feições.
Corpo
Da perspectiva de hoje, o Homo habilis não era particularmente grande. Os homens da espécie atingiam, mais ou menos, 1,40 metros de altura e pesavam em torno de 52 quilos. As mulheres eram consideravelmente menores, medindo cerca de 100 centímetros de altura e pesando em média 34 quilos. Isso indica que o dimorfismo sexual foi muito acentuado.
Os membros superiores eram mais largos em proporção do que os do ser humano atual, mais semelhantes aos de alguns macacos. Os pesquisadores afirmam que o corpo estava completamente coberto de pelos, portanto, presume-se que eles não foram cobertos por nada no frio.
Como todos os bípedes, ele tinha uma pélvis adaptada para ficar em ambas as pernas. Esse osso era pequeno, causando maior dificuldade no momento do parto. Essa circunstância fez com que os recém-nascidos nascessem mais cedo, com muitos partos prematuros.
A consequência dessa fragilidade dos recém-nascidos fez com que as espécies, principalmente as fêmeas, tivessem que ter mais cuidados para sobreviver. Em última análise, isso levou ao crescimento dos laços sociais, uma vez que a colaboração do grupo era necessária para que os pequenos progredissem.
Mãos
Encontrando muitos utensílios ao lado dos fósseis de Homo habilis, os especialistas começaram a estudar as mãos e os dedos para ver se eram habilidosos o suficiente para construí-los. O resultado foi positivo, pois eles descobriram que tinham a capacidade de agarrar para fazer as manipulações necessárias.
Além disso, os dedos tinham uma curvatura um tanto pronunciada. Essa forma indica que o Homo habilis podia escalar e se mover entre árvores sem problemas.
Aparelho digestivo
Além do aspecto ósseo, o Homo habilis diferia de seus predecessores por seu sistema digestivo. Desta forma, seu aparelho digestivo foi reduzido, assim como o aparelho de mastigação.
O motivo foi o aumento do consumo de nutrientes de qualidade superior, especialmente proteínas animais e algumas gorduras. No longo prazo, além das mudanças mencionadas, isso causou um aumento na inteligência da espécie.
Alimentando
A dieta do Homo habilis também é motivo de certas discrepâncias entre os especialistas. Todos concordam que, principalmente, sua dieta era baseada nos restos de animais que encontrou, insetos e vegetais que coletou. No entanto, alguns acreditam que ele se tornou um caçador.
A maneira de descobrir que tipo de comida ele estava comendo é analisando seus dentes. Os do Homo habilis eram menores do que os do Australopithecus, mas ainda eram grossos o suficiente para mastigar elementos duros. Isso foi ajudado pela musculatura de sua mandíbula.
Por outro lado, ao analisar ao microscópio os entalhes causados pelo desgaste dos dentes, os especialistas concluíram que sua alimentação era muito flexível. Desta forma, partiu de raízes, folhas, plantas, sementes ou alguns frutos. E, claro, a carne.
Os testes realizados nos restos mortais mostraram que eles conseguiram aproveitar a medula óssea. Para alcançá-lo, usaram algumas ferramentas, além de triturar os vegetais mais duros.
Caçador ou necrófago?
Como observado acima, essa é a grande discussão entre os especialistas que estudaram os costumes do Homo habilis. Todos concordam sobre a importância da carne em sua dieta, que estava relacionada ao aumento da capacidade craniana. Eles estão divididos em como obter essa carne.
Em geral, essa espécie sempre foi considerada necrófaga no sentido de aproveitar os restos de animais mortos que encontrou. No entanto, algumas descobertas levaram um setor de especialistas a defender que poderiam caçar.
As principais evidências apresentadas por estes são os ossos de grandes animais encontrados em algumas cavernas. São os restos mortais de mamutes ou búfalos gigantes que, em teoria, teriam sido capturados pelo Homo habilis.
Capacidade craniana
Na época em que o Homo habilis viveu, seu cérebro cresceu de 550 centímetros cúbicos para 680 centímetros cúbicos, o que representa 50% a mais da capacidade craniana que o Australopithecus tinha, um avanço evolutivo notável.
Em comparação com o ser humano atual, a habilidade do Homo habilis foi bastante reduzida. Lembre-se de que o Homo sapiens atinge 1.450 centímetros cúbicos, mais que o dobro de seu ancestral.
Evolução
Algo que se destaca nessa questão é o já citado aumento da capacidade craniana que a espécie teve. A conclusão mais comum é que a dieta à base de carne teve muito a ver com o aumento da inteligência.
A ingestão de proteínas animais pode levar ao desenvolvimento do cérebro, tanto em tamanho quanto em capacidade. Isso, mais tarde, foi muito aumentado no Homo erectus, que também tinha a vantagem de lidar com o fogo.
Ferramentas usadas
Como o nome da espécie vem de sua habilidade em manusear instrumentos com destreza, fica claro que o Homo habilis era capaz de fazer alguns utensílios úteis para o seu dia a dia.
Os restos encontrados nos depósitos foram feitos com pedras. Segundo especialistas, eles os usavam para cortar, desfiar ou caçar animais.
Pontas de pedra
O Homo habilis usava paralelepípedos de pedra vulcânica para fazer pontas fortes e resistentes. Como observado acima, a estrutura muscular de suas mãos permitiu que eles adquirissem habilidade suficiente para criá-los com as mãos.
O método rudimentar consistia em segurar uma das peças com uma das mãos, acertando-a com uma segunda pedra mais forte que a primeira. Assim, aos poucos, ele conseguiu modelar a ferramenta, criando pontas afiadas.
O hominídeo usava essas dicas para muitas coisas, como quebrar ossos e extrair a medula nutritiva. Além disso, também podiam amarrá-los em paus ou ossos, formando uma espécie de pequenas lanças que davam a diversos usos, inclusive na defesa.
Facas
Além dos pontos mencionados, algumas ferramentas primitivas feitas de osso apareceram nos depósitos. Parece que seu propósito era duplo: cortar e bater. Os mais antigos datam de 2,5 milhões de anos e os cientistas os associam ao manejo da carne de animais de grande porte.
Forma de vida
A estrutura social desse hominídeo era muito hierárquica. No topo estava um macho dominante, com os outros machos e fêmeas abaixo dele em importância. Pesquisas indicam que o trabalho tornou-se especializado, com tarefas diferenciadas para cada indivíduo.
O habitat do Homo habilis era a savana africana. Apesar de ser uma área arborizada, o número delas era pequeno. Esse fato pode explicar porque começaram a se abrigar em cavernas. Por não perder a capacidade de escalar, como evidenciado pelo formato dos dedos, o hominídeo poderia usá-los para fugir de predadores.
Ao contrário do Homo erectus, que se mudou para deixar o continente, o habilis parece ter sido mais sedentário, formando grupos organizados e mais ou menos estáveis.
Socialização
A socialização do Homo habilis foi mais complexa do que a das espécies que a precederam, com uma existência mais comunal.
Uma das razões para isso era a necessidade de cuidar dos recém-nascidos, uma vez que o formato da pelve feminina fazia com que tivessem um estreito canal de parto; logo, ocorre o nascimento prematuro de recém-nascidos, ou seja, os nascimentos são precoces e eles têm filhos prematuros.
Isso levou, de acordo com algumas fontes, a esse hominídeo ser o criador do que hoje é chamado de "casa". Os cuidados especiais de que os filhotes precisavam, que também não podiam se agarrar às mães como os primatas, levaram a uma divisão de papéis: as fêmeas ficavam para cuidar deles, enquanto os machos saíam em busca de comida.
Linguagem e fogo
Embora não haja evidências de que o Homo habilis pudesse falar, ele apresenta um elemento em seu físico que significa uma evolução nesse sentido.
Assim, os crânios encontrados mostram um desvio de Broca altamente desenvolvido. Isso significa que, embora não dominassem uma linguagem estruturada, eles podiam se comunicar com sons.
Quanto ao fogo, acredita-se que o Homo habilis o conhecesse, mas não foi capaz de acendê-lo ou controlá-lo. Até o momento não há evidências de que o tenham usado, mesmo que fosse aproveitando o que foi causado por algum raio ou outro evento natural.
Referências
- Prepare as crianças. Homo Habilis O que é e onde morava? Origem do Homem. Obtido em preparaninos.com
- Wiki pré-histórico. Homo habilis. Obtido em es.prehistorico.wikia.com
- Abc.es. Homo habilis, um enigma 50 anos depois. Obtido em abc.es
- Instituto Smithsonian. Homo habilis. Obtido em humanorigins.si.edu
- Rightmire, Philips. Homo habilis. Obtido em britannica.com
- McCarthy, Eugene M. Homo habilis. Obtido em macroevolution.net
- Informações arqueológicas. Homo habilis. Obtido em archeologyinfo.com
- Fundação Bradshaw. Homo habilis. Obtido em bradshawfoundation.com