- Biografia
- Infância e estudos
- Primeiros estudos em filosofia
- Novum Organum
- Morte
- Filosofia
- Pensamento abstrato
- Ciência e religião
- Democratização da filosofia
- Rejeição da filosofia antiga
- Foco
- Método ciêntifico
- Contribuições mais significativas
- O ensaio
- Novum Organum
- Método indutivo
- O uso da tecnologia
- O novo mundo científico
- Rejeição da filosofia clássica: uma nova maneira de pensar
- Perguntas sobre a natureza
- Teoria empírica da filosofia
- Tocam
- O avanço do conhecimento
- Novum organum scientarum
- Referências
Francis Bacon (1561-1626) foi um notório filósofo, político, advogado e escritor inglês, cujas percepções o tornaram o pai do empirismo científico e filosófico. Suas contribuições são sintetizadas em três gêneros; literária, política e filosófica.
Este último foi o mais importante para obras-primas como O Avanço do Conhecimento (1605) e Indicações Relativas à Interpretação da Natureza (Novum Organum) (1620), sua principal criação.
Sua pesquisa se concentrou em reformular as técnicas do estudo científico, pois, em sua opinião, as conclusões obtidas sobre a natureza não apenas estavam erradas, mas também atrapalhavam o avanço da ciência.
Para Sir Francis Bacon, os sentidos representam a base fundamental do conhecimento, enquanto a descoberta da natureza e seus fenômenos é o objetivo da pesquisa.
Pelas reflexões expostas em seus trabalhos sobre moral e política alcançados no ano de 1597, ele se tornou conhecido como um dos grandes fundadores do ensaio na Inglaterra, método que além de proporcionar uma experiência intelectual compartilhada, é facilmente compreensível.
Biografia
Infância e estudos
Francis Bacon nasceu em 22 de janeiro de 1561, na cidade de Londres, Inglaterra. Ele era filho de Sir Nicholas Bacon, portador do importante selo de Elizabeth I, e Anne Cooke Bacon, uma das mulheres mais iluminadas e cultas de seu tempo.
Sua mãe se encarregou de educá-lo durante os primeiros anos de vida sob os princípios puritanos e calvinistas.
Depois de frequentar a Universidade de Cambridge e o prestigioso Gray's Inn Bar de Londres, Bacon tornou-se membro do Parlamento Britânico em 1584.
Apesar disso, Elizabeth I não gostava muito dele, e é por isso que sua carreira só floresceu quando o rei Jaime I assumiu o poder em 1603.
Nesse mesmo ano, Bacon recebeu o título de cavaleiro, junto com o direito de portar o selo da Coroa após a morte de seu pai.
Primeiros estudos em filosofia
No entanto, os reais interesses de Bacon estavam voltados para a ciência. É importante notar que a maior parte dos trabalhos científicos desenvolvidos naquela época centrava-se nas ideias da Grécia Antiga e do pensamento aristotélico.
Assim, Bacon começou estudando vários princípios científicos baseados na metodologia de Aristóteles.
Ela sustentava que a verdade científica poderia eventualmente ser revelada se vários homens inteligentes discutissem um determinado tópico por um período de tempo considerável.
Com o tempo, Bacon desafiou esse argumento autoritário, procurando evidências reais para provar sua veracidade.
Novum Organum
Foi assim que em 1620 decidiu escrever e publicar suas idéias no livro Indicações relativas à interpretação da natureza (Novum Organum). Lá ele apontou a maneira correta pela qual os seres humanos podem adquirir conhecimento naturalmente.
Antes da publicação do Novum Organum, a carreira política de Bacon continuou a crescer. Em 1618 foi nomeado chanceler, assumindo o cargo político mais poderoso da Inglaterra.
Também no ano de 1621 foi designado Visconde de St. Albans. Durante este período, foi apontado negativamente pelo Parlamento, admitindo a aceitação de vários subornos.
Graças às acusações feitas contra ele, Bacon foi multado, preso e dispensado do tribunal. Apesar do perdão público do rei, sua carreira pública e política chegaria ao fim durante esse período.
Morte
Depois de ser libertado da prisão, Bacon retirou-se para sua casa em Gorhambury, Hertfordshire, onde continuou seu trabalho de escritor. Ele morreu em 9 de abril de 1626, em Londres.
Filosofia
O pensamento de Francis Bacon é considerado um dos principais e pioneiros no contexto da filosofia moderna.
Desde muito jovem Bacon considerou que era necessário que a filosofia gerasse benefícios na vida cotidiana e que toda aquela doutrina de pensamento que restou no campo acadêmico era estéril.
Bacon acreditava que ainda havia muitos obstáculos que impediam uma filosofia da natureza mais realista e verdadeira de ser pensada. Portanto, sua intenção era remover esses obstáculos e oferecer um tipo diferente de pensamento.
Então, Francis Bacon se concentrou no que chamou de filosofia natural, que mais tarde ficou conhecida como física.
A verdadeira intenção de Bacon era chegar a compreender as situações do dia a dia e como as pessoas em geral poderiam fazer melhorias nessas situações.
Pensamento abstrato
Para Bacon, os aspectos abstratos eram preferidos pela chamada elite intelectual, e ele considerava que a superanálise desses assuntos não tinha efeito positivo nas pessoas, interessadas em reinos mais terrestres, por assim dizer.
Portanto, para Bacon o pensamento de Platão e Aristóteles estava focado de forma errada, de modo que desde muito cedo ele se tornou um adversário desses tipos de pensamento.
Para Bacon, tanto as ciências quanto todas as expressões artísticas deveriam estar à disposição do ser humano e prestar contas a ele.
Um dos pontos importantes do seu pensamento é que deu especial importância à análise e à descoberta do que consegue melhorar a qualidade de vida das pessoas, cuja real funcionalidade se traduz nos resultados obtidos pelas mesmas pessoas.
Ciência e religião
No que diz respeito à religião, para Bacon não era justificável que a Igreja se sentisse ameaçada pela evolução das ciências.
Bacon acreditava que era possível que muito pouco conhecimento da ciência influenciasse negativamente as crenças religiosas das pessoas, levando-as a considerar a inexistência de Deus.
No entanto, Bacon também afirma que, ao contrário, quando há um conhecimento profundo e amplo das ciências e suas implicações, faz com que o homem volte a acreditar em Deus.
Um aspecto que Bacon estabelece com clareza é seu desprezo pelas discussões de base teológica, uma vez que considera que elas desencadeiam muitos conflitos e que são desfavoráveis para gerar um contexto social pacífico.
Democratização da filosofia
Ao se referir a Francis Bacon, alguns autores destacam o fato de que esse cientista conseguiu democratizar a filosofia, já que o elemento mais interessante para ele eram os assuntos do ser humano.
Bacon acreditava que o progresso material era importante, mas por si só não geraria felicidade absoluta nas pessoas.
Para ele, a única maneira de esse progresso material resultar em maior felicidade é se o alicerce sobre o qual esse progresso se constrói for o amor, considerado não como uma ideia ou conceito, mas refletido em obras específicas.
Rejeição da filosofia antiga
Francis Bacon tornou-se um adversário ferrenho da filosofia antiga, especialmente da filosofia grega. Ele considerou que esse pensamento não tinha aplicação na vida cotidiana, portanto, não era útil.
Parte das abordagens de Bacon pode ser explicada na corrente protestante da época, que evidenciava uma rejeição da filosofia, basicamente porque não a considerava uma atividade para fins práticos. Bacon acreditava que a lógica aristotélica funcionava apenas para conduzir disputas verbais.
Francis Bacon pode ser considerado um representante do pensamento protestante, cujos fundamentos minimizaram a importância do pensamento contemplativo. É nesse contexto que Bacon considera que a chamada filosofia escolástica é contrária ao ser humano, na medida em que seu caráter é claramente contemplativo, e até especulativo.
Para Bacon, apenas o fato da praticidade dos elementos indica se eles são de fato verdadeiros.
Foco
O foco do pensamento de Francis Bacon está nos resultados. A filosofia que propõe assenta na lógica de um processo de natureza técnico-científica.
Bacon apresenta os experimentos como aquelas ferramentas que servem para dominar a natureza, por meio das quais é possível enumerar os dados e interpretá-los de acordo com o que os sentidos nos fizeram observar ou perceber.
Para Bacon, existe uma série de preconceitos, que ele chama de ídolos, que constituem um grande obstáculo à compreensão do mundo pelo ser humano. Bacon estima que a capacidade de compreensão do homem é muito menor, por isso é necessário se livrar dos preconceitos que obscurecem essa compreensão.
Os ídolos mencionados por Bacon são quatro: da caverna, da tribo, do teatro e da praça pública ou do fórum.
-Os ídolos da caverna são os preconceitos que as pessoas adquiriram com a educação recebida, bem como todos os hábitos adquiridos com o tempo.
-Os ídolos da tribo correspondem aos preconceitos que são comuns entre todas as pessoas que fazem parte da mesma sociedade.
-Os ídolos do teatro são aqueles que vêm do que Bacon considera falsa filosofia.
-Os ídolos da praça pública ou do fórum são aqueles que correspondem aos preconceitos apreendidos em decorrência do uso indevido da linguagem, muitas vezes sendo usados de forma imprecisa.
Método ciêntifico
Após elencar os principais preconceitos que o ser humano enfrenta, Francis Bacon estabelece a importância de ordenar as experiências, para que os resultados obtidos nas observações sejam o mais próximos possível da verdade.
É nesta área que introduz a indução lógica, como elemento fundamental do método científico.
Para Bacon, existem três elementos fundamentais para a organização e posterior interpretação dos dados gerados a partir da observação. Ele chamou o conjunto desses três elementos de Teoria das três tabelas.
A primeira mesa foi chamada por Bacon de “mesa de presença”, e corresponde ao cenário em que deve ser indicado em quais casos ocorre o fenômeno que está sendo observado.
A segunda mesa foi denominada "mesa de ausências", e é o espaço no qual devem ser indicados os casos em que o fenômeno em estudo não é gerado.
Por fim, a terceira tabela foi denominada “tabela de graus” e corresponde ao cenário em que serão indicados os casos em que o fenômeno em questão apresenta variações em termos de diferentes graus de intensidade.
Contribuições mais significativas
O ensaio
O ensaio é um texto escrito em prosa no qual um autor desenvolve suas ideias sobre um determinado tema com caráter e estilo pessoal.
Embora o ensaio tenha aparecido inicialmente em 1580 com uma obra do escritor francês Michel de Montaigne, foi em 1597 que Francis Bacon fez suas obras-primas Ensaios, composto por dez escritos que fariam dele - segundo seus contemporâneos - a principal referência do ensaio.
Esses escritos, - expandidos na segunda edição (1612) com 38 ensaios adicionais - designados por Bacon como "uma recriação de meus outros estudos", alcançaram grande popularidade por seu estilo simples, sem enfeites linguísticos, e abordaram questões de natureza pública ou privada., analisado de diferentes perspectivas.
Novum Organum
Em 1620 Francis Bacon escreveu sua obra Novum Organum (Indicações sobre a interpretação da Natureza), que defende a ciência como o método adequado para o homem ter o controle da natureza.
Na próxima seção, discutiremos esse trabalho em detalhes.
Método indutivo
O método indutivo fornece ao pesquisador dados gerais a partir de um mais detalhado. Este conceito sintetiza o que Mora (1990) levanta, que garante que:
Consiste naquele procedimento lógico formal que parte de princípios universais (método dedutivo) e depois se aplica a fatos ou casos específicos, ou que procede ao contrário (método indutivo), ou seja, que parte de fatos e dados concretos para daí inferir logicamente conclusões ou generalizações de caráter mais universal. (p.211)
Bacon procurou criar, por meio do método indutivo, uma ferramenta prática de análise de experiências, partindo de características muito específicas ou comuns entre os fatores analisados e chegando assim a uma conclusão mais generalizada.
Acredita-se que esse grande filósofo tenha incluído a lógica no indutivismo, fórmula que teve grande importância no desenvolvimento da pesquisa e no aprimoramento das hipóteses científicas.
O uso da tecnologia
Ao longo de sua carreira, Bacon produziu um extenso corpo documental. Embora suas análises do pensamento científico não tenham tido um impacto significativo, a forma como o trabalho da ciência deve ser realizado serviu de orientação.
Para Bacon, o uso da tecnologia era essencial e precisava ser democratizado. Ele argumentou que durante o século XVII as pessoas faziam uso de tecnologia melhor, em comparação com o que existia na Idade Clássica.
Alguns exemplos apontados por Bacon incluem a imprensa escrita, que permitiu a democratização do conhecimento; pólvora, que deu maior poder aos exércitos; e a bússola magnética, que facilitou a navegação dos navios e permitiu a descoberta das Américas.
O novo mundo científico
Em seu livro Instauratio, Bacon aponta que o conhecimento pode ser descoberto em todas as atividades humanas.
Graças a ele, os pensadores começaram a se distanciar das ideias dos pensadores clássicos (vindos de territórios mediterrâneos), e passaram a propor métodos de exploração da natureza, alguns deles vigentes até hoje.
O campo científico foi enriquecido econômica e intelectualmente graças aos postulados de Bacon e às descobertas deles derivadas.
Rejeição da filosofia clássica: uma nova maneira de pensar
Durante o século XVII, a maioria dos professores e pensadores foram encarregados de estudar as palavras de Aristóteles e seus estudos sobre a natureza, como se fossem verdades absolutas. Nenhum estudante permitiu que as ciências fossem estudadas de outra forma.
Bacon, ao contrário, assumiu a responsabilidade de substituir as obras de Aristóteles e Platão (com base em argumentos lógicos e filosóficos), por um novo corpo de estudo e conhecimento científico (baseado em experimentos e observações).
Ele também se opôs à tendência de Aristóteles, Platão e da maioria dos filósofos gregos de misturar idéias científicas e religiosas.
Bacon acreditava que ciência e religião deveriam ser estudadas independentemente uma da outra. Ele divergia amplamente daqueles que sustentavam que as leis da natureza faziam parte de um propósito "superior".
Bacon acreditava que as leis da natureza estavam no mundo prontas para serem descobertas e, quando possível, exploradas.
Perguntas sobre a natureza
Bacon acreditava que os segredos da natureza não são fáceis de descobrir. Ele afirmou que, para saber o que ela tem a oferecer, devemos trabalhar com vigor, fazendo o máximo de perguntas possível.
Para descobrir os segredos da natureza, devemos usar experimentação e perguntas. Só então podemos revelar a verdade nisso.
A verdade da natureza não se revela a partir da observação filosófica aristotélica, vai além da meditação e das idéias.
A verdade da natureza é revelada com o auxílio de dados, coletados de forma consistente e organizada. Esses dados são posteriormente analisados.
Teoria empírica da filosofia
Para Bacon, a natureza só pode ser conhecida pelos sentidos. Este deve ser o único objeto de estudo, visto que possui muitas qualidades e formas.
É assim que Bacon afirma que a interpretação que os sentidos fazem da natureza é sempre verdadeira e representa uma fonte primária de conhecimento.
Bacón deixou em seu legado a noção de obediência de uma natureza sempre mutante composta de leis.
Segundo o julgamento de Bacon, a natureza jamais poderia ser dominada, pois a matéria que a compõe está sempre em movimento.
Tocam
Francis Bacon produziu várias obras, enquadradas em diferentes áreas, entre as quais se destacaram o político, o literário e o filosófico. Duas de suas obras mais importantes no campo da filosofia são descritas a seguir:
O avanço do conhecimento
O Avanço do Conhecimento foi uma obra publicada por Bacon em 1605. Este livro foi considerado apenas um esboço do que é considerado a principal obra de Bacon, chamada Novum organum.
No entanto, várias investigações têm mostrado que The Advancement of Knowledge corresponde a uma obra em si. Com uma abordagem interessante, são discutidas as raízes e a evolução do pensamento de Francis Bacon.
Esta foi uma das primeiras obras de Bacon, que começou a ser produzida quando este autor já tinha 40 anos, porque antes se dedicava exclusivamente à política.
Novum organum scientarum
O título desta obra está traduzido para o espanhol como Novos Instrumentos da Ciência, e corresponde ao livro mais relevante da redação e publicação de Francis Bacon.
O livro foi criado com um propósito principal; desacreditar as obras aristotélicas conhecidas como Organon, que segundo Bacon refletiam uma série de erros conhecidos como "ídolos": da tribo, da caverna, da praça pública e do teatro.
Em Novum Organum (1620) Bacon explica que:
«O homem, com a sua queda, perdeu o seu estado de inocência e o seu império sobre a criação, mas ambas as perdas podem, em parte, ser reparadas nesta vida, a primeira pela religião e a fé, a segunda pelas artes e pela religião. ciência »(p.199).
Bacon desaprovava totalmente as teorias de Aristóteles e reprovava seus métodos, acreditando que eram inúteis porque gozavam de um estilo tedioso, voltado exclusivamente para debates e não para o benefício de originar obras de grande valor para a vida humana.
Bacon deduziu que a Revolução Industrial traria grandes desafios que forçariam as pessoas a encontrar ferramentas práticas que interferissem na lógica aristotélica.
No Novum Organum difere do Organon de Aristóteles em duas contribuições: um método para realizar induções avançadas e outro de exclusão, no qual Bacon propõe que inicialmente é necessário obter dados amplos e precisos para depois começar a eliminar alguns deles (teoria destrutivo).
Em seguida, ele propõe um método construtivo que chama de "teoria das três mesas"; a primeira é a mesa de presença em que se indica em que espaço ocorre esse fenômeno.
Na tabela de ausências é especificado o contrário, ou seja, em que essa natureza não ocorre. Por fim, existe a tabela de graus que indica os diferentes graus de intensidade em que o ambiente é observado.
Referências
- Bacon, F. (1984). Novum Organum. Aforismos sobre a interpretação da Natureza e do reino do homem. Tradução de Cristobal Litrán. Barcelona: Orbis.
- Bacon, F. (1620). Novum Organum. Primeira edição. Turnhout: Brepols Publishers.
- Mora, A. (1990). Perspectivas filosóficas do homem. Primeira edição. San José, CR: Euned, Ed. Univ. Estatal a Distancia, p.211.
- Weinberg, L. (2006) Trial Situation. Literatura e Ensaios na América Latina e no Caribe. Primeira edição. México: Unam, Centro Coordenador e Difusor de Estudos Latino-Americanos, p.1.
- História da BBC. (2014). Obtido de Francis Bacon (1561-1626): bbc.co.uk
- Cientistas famosos. (1 de dezembro de 2015). Obtido de Francis Bacon: famousscientists.org