- Biografia
- Influência francesa
- Conspirações de independência
- Primeiras tentativas
- Contato com San Martín
- Golpe de Estado
- Características de seu governo
- Criação da marinha
- Apoio a San Martín
- Exílio e últimos anos
- Nova Constituição e eleições
- Presidente Provisório
- Últimos anos
- Tocam
- Referências
José de la Riva Agüero (1783-1858) foi um historiador, militar e político peruano que se tornou o primeiro presidente da República do Peru. Porém, ele não foi eleito pelo povo peruano, pois chegou ao poder por meio de um golpe.
Seu pai era José de la Riva Agüero -que era superintendente vinculado à Casa da Moeda- e sua mãe era Josefa Sánchez Boquete, cujos pais foram o Marquês de Montealegre de Aulestis. Crioulo e descendente da esfera aristocrática de Lima, Riva Aguëro herdou o título de Marquês de Montealegre.
Suas viagens pela Europa foram marcadas pela invasão de Napoleão, durante a qual ele se aliou às lojas maçônicas em favor da libertação americana. Esse espírito de luta o levou a uma vida militar e política cheia de conspirações e lutas pelo poder, que acabou alcançando. Por isso se tornou um dos precursores da Independência do Peru.
Biografia
José de la Riva Agüero Sánchez y Boquete nasceu em Lima em 30 de maio de 1783. Ainda jovem, foi enviado à Europa para completar sua formação acadêmica.
A primeira parada de Agüero foi na Espanha e depois ele viajou para a França. Durante sua estada neste país, ocorreu um dos eventos mais influentes na vida do jovem: o início das guerras napoleônicas.
Influência francesa
Em 1807, as tropas francesas e espanholas invadiram Portugal; no ano seguinte, a França dissolveu sua aliança com a Espanha e as tropas napoleônicas invadiram a península espanhola.
Um jovem e idealista Agüero voltou à Espanha para se envolver nesta guerra de libertação nacional, na qual conheceu diferentes grupos que sempre sonhavam com uma América livre.
Agüero, que fazia parte do lado espanhol, brandiu sua espada contra os franceses nas cidades de Burgos, Quipuzgoa e Córdova. Além de participar das escaramuças, fez aliança com a Loja Americana
Sua atuação nas tropas espanholas rendeu-lhe a Ordem de Carlos III, concedida em Madri em 1810. Com a ajuda de seus aliados, conseguiu viajar para a cidade de Buenos Aires, na Argentina. Ele voltou ao Peru logo depois, onde participou e acabou liderando os conspiradores da independência.
Na capital peruana, Agüero foi contador do Real Tribunal de Contas. Durante esse tempo, também se concentrou na realização de um de seus escritos mais importantes: Manifestação histórica e política da Revolução Americana, também conhecida como 28 causas para a Independência da América, impressa em 1818 na cidade de Buenos Aires.
Conspirações de independência
Nesse escrito, Agüero demonstrou um claro sentimento separatista: protestou contra o caráter despótico do governo espanhol sobre a América Latina e criticou a discriminação racial imposta pelos espanhóis; especificamente, a exclusão dos crioulos - classe à qual Agüero pertencia - da possibilidade de ocupar cargos públicos.
28 Causas da Independência também criticou o domínio total dos espanhóis sobre a economia peruana, que empobreceu os recursos do Peru para enriquecer a península espanhola.
Também protestou contra a censura que se exercia sobre o país, em que se proibia o acesso a livros de ideias revolucionárias, opiniões adversas e reuniões, consideradas conspirações.
Desde sua época como soldado na Espanha, José de la Riva Agüero participou de vários grupos clandestinos cujo objetivo era a emancipação. Na Europa, o inimigo foi revelado como o colossal Império Francês, liderado por um pequeno homem de aspirações titânicas: Bonaparte.
As fileiras das diretorias clandestinas estavam cheias de soldados latinos. Agüero, assim como muitos de seus outros camaradas de armas, viu a fragilidade do homem espanhol: aquele que se manteve como onipotente e invencível na sociedade latino-americana.
Quando voltaram para seus países endurecidos pela guerra, eles usaram sua experiência para se rebelar contra seus opressores.
Primeiras tentativas
As primeiras reuniões de demonstração aconteceram em Quito, La Paz e Chuquisaca em 1809. Um ano depois, mais cidades seguiram o exemplo: Buenos Aires, Santa Fé de Bogotá, Santiago do Chile e Caracas. Riva Agüero contribuiu como correspondente dos conspiradores no Chile e em Buenos Aires.
Os acontecimentos do continente latino-americano logo se deram a conhecer na sociedade de Lima; no entanto, a censura foi imposta contra qualquer discussão pública sobre a questão da independência.
No escuro, em círculos fechados e quartos privados, um grupo de patriotas residentes de Lima enfureceu suas idéias e traçou planos no máximo de segredos, uma furtividade que Riva Agüero soube manter muito bem.
Os corredores da casa do Marquês de Montealegre e do Conde de Vega del Ren, assim como as pequenas favelas suburbanas de Lima foram palco de reuniões clandestinas.
Os conciliadores eram sempre compostos pelos mesmos personagens: o conde Vega del Ren, Manuel Pérez Tudela - autor do Ato de Independência do Peru - e o padre jesuíta Méndez Lachica.
Esse movimento foi batizado como “A conspiração dos oratórios”. Seu objetivo era derrubar o vice-rei Fernando de Abascal, sendo então a principal figura das conspirações anticoloniais em Lima.
Contato com San Martín
Algum tempo depois, Riva Agüero se correspondeu com José de San Martín, com quem colaborou, enviando-lhe informações sobre a situação das tropas monarquistas, além de planejar uma invasão do Peru ao longo da costa. Os dados fornecidos por Riva Agüero ajudaram San Martín (que já havia libertado o Chile) a emancipar o povo peruano.
Eventualmente, Abascal descobriu sobre as reuniões e colaborações de Riva Agüero. O independentista foi enviado à província peruana de Tarma e o vice-rei Joaquín de la Pezuela ordenou a expulsão de Riva Agüero para a Espanha, mas seus planos foram frustrados quando o país ficou chocado com a invasão de San Martín.
Em seu confinamento, Riva Agüero contribuiu para desestimular as tropas monarquistas: arengou para que desertassem e instou-as a criar guerrilheiros armados que cortassem as estradas principais de Lima. Ele até transformou alguns soldados em espiões do exército.
Quando San Martín finalmente conheceu Riva Agüero, ele recompensou sua lealdade e esforço concedendo-lhe o posto de coronel. Em julho de 1821, quando a independência foi proclamada no Peru, Riva Agüero foi nomeado prefeito de Lima. Nesta posição, ele conseguiu recursos para ajudar as tropas de independência.
Golpe de Estado
Riva Agüero aproveitou a viagem que San Martín fez para se encontrar com Bolívar para expulsar Bernardo Monteagudo, a cargo do governo. Durante este tempo, o Congresso decidiu formar um conselho administrativo liderado por José de La Mar.
La Mar organizou uma campanha para derrotar as forças monarquistas no norte do Peru. Seus esforços fracassaram e causaram descontentamento nas forças espanholas, que se transformou em motim em 27 de fevereiro de 1823. Durante a revolta, as forças patrióticas exigiram a retirada da junta, bem como a proclamação de um presidente do Peru.
O candidato dos rebeldes era nada mais nada menos do que Riva Agüero. O Congresso aprovou a proposta e assim Riva Agüero entrou para a história como a primeira presidente do Peru. Poucos dias depois, em 4 de março, ele foi promovido a quarterback.
Características de seu governo
Criação da marinha
Quando Riva Agüero se tornou presidente, ele encontrou um Peru desprotegido. Quase imediatamente, ele se concentrou em criar o exército peruano.
Graças a um empréstimo que San Martín obteve em Londres, as fileiras da marinha puderam ser dotadas de recursos; a direção da instituição militar estava a cargo do inglês George Guise. Da mesma forma, o então presidente reorganizou o exército, que colocou sob o comando de Andrés de Santa Cruz.
Apoio a San Martín
O governo Riva Agüero se concentrou em apoiar a segunda campanha de San Martín. Esta expedição teve 5.000 homens que foram para o sul para libertar a Bolívia.
Duas divisões, com três batalhões cada, partiram para Oruro e La Paz. Apesar de conseguir tomar as duas cidades, a campanha não conseguiu expulsar as forças monarquistas do Peru.
Diante dos ataques que os monarquistas sofreram, o vice-rei La Serna marchou em apoio às tropas. Ele os encontrou três dias após a Batalha de Zepita, na qual as tropas realistas sofreram pesadas baixas.
O grande número de reforços motivou as tropas patrióticas a se retirarem para a costa. Durante a retirada, os patriotas foram brutalmente atacados por perseguidores monarquistas e conseguiram embarcar em Callao.
A situação melhorou para os peruanos quando Antonio José de Sucre, enviado de Bolívar, chegou ao Peru com 3.000 homens da Grande Colômbia.
A esperança não durou muito, pois as tropas espanholas - lideradas por Canterac - ocuparam Lima em 19 de junho de 1823. A crise obrigou o Congresso a migrar os poderes Executivo e Legislativo para Trujillo.
O comando militar estava sob o comando de Sucre. Em resposta ao fracasso e descontentamento, Riva Agüero foi destituído do cargo e o Congresso foi declarado ilegal. Quem quer que tenha sido o primeiro presidente do Peru foi preso e exilado em Guayaquil em novembro.
Em meio ao referido contexto, pode-se dizer que os grandes acontecimentos do governo Riva-Agüero foram:
-Reorganização e aperfeiçoamento do exército peruano, buscando ampliar suas fileiras.
-Criação do Esquadrão Peruano e da Escola Naval.
-Recebimento do primeiro empréstimo concedido ao Peru, realizado pelos comissários Diego Paroissien e Juan García del Río. Consistia em £ 1.200.000, destinados aos gastos do governo.
-Enviar missões para obter ajuda externa. Um deles conseguiu consolidar uma forte aliança com Bolívar, que enviou Antonio José de Sucre como treinador.
-Bloqueio das costas peruanas para defender a nação dos navios espanhóis.
-A Segunda Guerra Intermediária, uma campanha que buscou a expulsão das tropas monarquistas e terminou em fracasso.
Exílio e últimos anos
Em 1826, Riva Agüero casou-se com Carolina de Looz, uma aristocrata belga. Do casamento nasceram cinco filhos: Andrés, Alfonso, Carolina, Carlos e José. Este último serviu mais tarde como Chanceler da República do Peru.
Riva Agüero permaneceu na Europa até 1828. Depois mudou-se para Santiago do Chile em 1828, de onde foi para o Peru em 1831. Dois anos depois foi eleito deputado por Lima; durante este tempo, o país estava saindo do governo do caudilho autoritário Agustín Gamarra.
Nova Constituição e eleições
Tentando encontrar uma identidade e novas formas de funcionar, a Convenção Nacional promulgou uma nova Constituição e convocou eleições. Os candidatos neste plebiscito tiveram duas correntes distintas: a liberal, representada por Luis de Orbegoso; e o autoritário, de Bermúdez.
O resultado foi Luis José de Orbegoso como vencedor; em resposta, Bermúdez - apoiado por Gamarra - levantou-se. Uma guerra civil eclodiu e Orbegoso restaurou Riva Agüero como marechal, tornando-o um aliado.
Eventualmente, as tropas rebeldes se renderam e se juntaram ao governo, um evento conhecido como o Abraço de Maquinhuayo. Em recompensa por seus serviços, Orbegoso nomeou Riva Agüero como ministro plenipotenciário em 1835.
Presidente Provisório
Em 1837, Riva Agüero tornou-se presidente provisório do Norte do Peru. Sua segunda passagem pelo poder não durou muito. Após a dissolução da Confederação Peru-Boliviana, em 1839 Riva Agüero foi exilada para o Equador; em 1843 ele voltou para Lima.
Últimos anos
Anos de lutas, confinamentos e expedições deixaram Riva Agüero cansada da vida pública. Dedicou seus últimos anos a cultivar o campo e a escrever Memórias e documentos para a história da independência do Peru e as causas do mau sucesso que teve.
O herói pró-independência morreu em 21 de maio de 1858 aos 75 anos.
Tocam
Dada a natureza fundadora de seu governo, Riva Agüero se dedicou a criar e reorganizar constantemente o exército peruano. Como consequência de suas ações, também se destaca a criação da Escola Naval.
Defensora fervorosa das ideias de independência, Riva Agüero escreveu obras como:
-Manifestação histórica e política da revolução na América, escrito que enumera 28 motivos pelos quais o Peru deveria se tornar independente dos espanhóis.
-Origem que os patrões e tiranos do Peru me consideram seu inimigo, impresso em 1820.
-Memórias e documentos para a história da independência do Peru e as causas do mau sucesso que teve, obra publicada postumamente em 1858.
Referências
- Rosas, C. "Riva Agüero e Sánchez Boquete, José Mariano de la" em MCN Biografias. Recuperado em 27 de setembro de 2018 de MCN Biografias: mcnbiografias.com
- Tamarís, D. "José de la Riva Agüero, Primeiro Presidente do Peru" (2017) em El Peruano. Obtido em 27 de setembro de 2018 de El Peruano: Elperuano.pe
- "Napoleonic Wars" (2018) na Enciclopédia Britânica. Obtido em 27 de setembro de 2018 da Encyclopedia Britannica: britannica.com
- "José de la Riva Agüero" (2017) em História do Peru. Retirado em 27 de setembro de 2018 de History of Peru: historiaperuana.pe
- Vários autores "Peru" na Enciclopédia Britânica. Obtido em 27 de setembro de 2018 da Encyclopedia Britannica: Britannica.com