- Etimologia
- Origens na antiguidade clássica
- Plutocracia na Idade Média
- Do século 19 até o presente
- Caracteristicas
- Exemplos de países latino-americanos com plutocracia
- Os 24 amigos: a oligarquia no Peru
- Plutocracia hoje no México
- Escândalo da Odebrecht: plutocracia como modelo político?
- Consequências
- Referências
A plutocracia é uma forma de governo ou oligarquia em que uma comunidade é governada por uma minoria rica; em outras palavras, é um estado controlado por um grupo de pessoas pertencentes ao estrato mais rico da sociedade.
Geralmente, o termo plutocracia é utilizado em sentido pejorativo, uma vez que se considera que esta forma de governo viola os valores democráticos e os princípios da igualdade, uma vez que esta oligarquia se baseia na exclusão de outros grupos sociais que, por não possuírem dinheiro Não fazem parte das decisões políticas do Estado.
No entanto, autores como Rafael Atienza estabelecem que qualquer termo com o sufixo grego - cracia acaba sendo exclusivo, já que tal sufixo se refere a uma determinada forma de governo ou poder que marginaliza o resto da população, como teocracia, hierocracia - governo dos padres - ou burocracia.
Ou seja, segundo este autor, qualquer termo que tenha o sufixo - cracia será sempre exclusivo porque implica necessariamente que nem todos podem comandar; o poder só pode ser concedido a um determinado grupo de pessoas.
Da mesma forma, alguns especialistas consideram que as diferentes raças vêm perdendo sua autoria nas sociedades ocidentais modernas, visto que atualmente buscam defender a democracia sobre qualquer outra forma de governo.
No entanto, outros autores como Ariño Villaroya defendem a possível configuração de uma plutocracia global nos próximos anos, argumentando que esta categoria social está em constante crescimento desde o processo de globalização iniciado na década de oitenta.
Etimologia
Na plutocracia, uma minoria rica tem poder. Fonte: pixabay.com
O termo plutocracia (ploutokratía) vem da união de duas palavras gregas: é composta de ploutos, que significa “riqueza”; e kratos, que significa "poder". Por isso, Rafael Atienza defende que todas as classes são exclusivas, já que implica que kratos ou poder é característico de um determinado grupo de pessoas.
Ao contrário de outros sistemas de governo -como o capitalismo, a democracia ou o socialismo-, a plutocracia carece de uma teoria política para apoiá-la, o que significa que não tem argumentos filosóficos para apoiá-la como forma de governo.
Origens na antiguidade clássica
A primeira vez que a plutocracia apareceu como termo foi por meio do historiador e militar Xenofonte, que a usou para descrever os acontecimentos políticos que Atenas vivia antes das reformas políticas de Sólon.
Naquela época os cavaleiros abastados eram os principais donos da maioria dos territórios e dos escravos, por isso controlavam a organização social e econômica da polis e mantinham as classes populares excluídas de toda participação política, garantindo apenas o benefício próprio.
As políticas desses cavaleiros gregos causaram grande destruição social e econômica dentro da pólis, uma vez que os indivíduos que não podiam pagar os tributos solicitados pelos governantes se tornavam automaticamente escravos.
Como consequência, foi realizado um conjunto de reformas que introduziram o sufrágio cidadão pela primeira vez.
Plutocracia na Idade Média
Segundo Rafael Sánchez Saus, autor especialista em história medieval, durante a Idade Média não eram necessariamente as famílias mais velhas que tinham acesso ao poder, como geralmente se acredita. Houve também um percentual de hierarquias que, por meio de sua riqueza, consolidaram sua inserção nos direitos governamentais.
Da mesma forma, o autor propõe que, por baixo das armas e escudos familiares, é possível perceber como a riqueza tem sido mantida como único padrão que permite invenções, perpetuações ou suplantações de posições políticas ao longo do história.
Isso durou até o início do século 19, quando possuir riqueza equivalia a ter poder, o que garantia que qualquer perpetuação tinha que ser baseada no dinheiro, que sempre foi mais importante ou flutuante do que a linhagem.
Do século 19 até o presente
No final do século XIX, ocorreu uma mudança na percepção do poder, devido ao facto de a ligação entre os elementos dinheiro, prestígio e posição se concretizarem de formas diferentes e já não ser necessário complementar com nenhum dos outros.
Por exemplo, a Rainha Vitória decidiu conceder o último ducado a Hugh Wellington em 1874, que na época era o homem mais rico da Inglaterra e tinha pouca ligação com a nobreza.
Apesar do dinheiro, Wellington não manteve nenhum tipo de participação na cena pública, nem obteve qualquer tipo de prestígio.
Isso significa que naquela época o poder estava nas lideranças políticas, enquanto o prestígio era um emblema do mundo acadêmico, fosse ele científico ou intelectual, independentemente da capacidade econômica.
Hoje, muitos governantes continuam a manter grandes fortunas privadas, especialmente nos Estados Unidos; Porém, o Estado pode se manter sem a participação política dos grandes magnatas, pois tem administração própria.
No entanto, o poder é mantido por meio de uma relação estreita com o dinheiro, pois permite a aquisição de muitos bens. Apesar disso, os líderes políticos não são escolhidos por seu poder aquisitivo, mas por seu discurso e ideias.
Em outras palavras, por alguns séculos na história da humanidade o dinheiro foi poder, enquanto em nossos dias poder é dinheiro, pois os governantes são propriedade do Estado para o desempenho de suas atividades políticas.
Caracteristicas
A principal característica da plutocracia consiste no fato de que o controle de um governo é governado por forças ou poderes econômicos. Isso resulta na promulgação de leis que beneficiam apenas os ricos.
Levando isso em consideração, as seguintes características principais podem ser extraídas:
- Geralmente os governantes buscam favorecer suas próprias necessidades, deixando de lado o bem-estar da população.
- Em geral, os plutocratas podem revogar o direito de governar de determinado candidato eleito, sem levar em conta a voz do povo.
- Conseqüentemente, os governantes devem prestar contas aos plutocratas, e não aos cidadãos comuns.
- Quanto aos poderes públicos, estes também são governados por grandes e abastados empresários, pois as instituições só podem obedecer às suas instruções.
Exemplos de países latino-americanos com plutocracia
Os 24 amigos: a oligarquia no Peru
Durante a república aristocrática, que se estendeu de 1895 a 1919, havia uma oligarquia no Peru (ou seja, uma forma de governo em que o poder é controlado por um pequeno grupo de pessoas) que se dedicava também às finanças e à mineração bem como agroexportações.
Esse grupo de oligarcas peruanos constituía então o Partido Civil, por isso são conhecidos como “os vinte e quatro amigos”.
Esse grupo era formado por banqueiros, empresários, proprietários de terras, intelectuais ricos, rentistas e donos de jornais, que ocuparam o poder em seu próprio círculo por vários anos na história peruana.
Plutocracia hoje no México
Segundo Manuel Bartlett, economista e político mexicano, o México é governado por uma plutocracia, já que neste país a atividade social é condicionada pelos mandamentos de Washington DC e pelos poderes da gestão e da sociedade comercial.
Parte-se da ideia de que, no mercado mexicano, essas “holdings empresariais” apresentam uma posição de monopólio quanto à posse de alguns serviços e produtos básicos, como farinha ou cimento.
A plutocracia também pode ser vista em alguns meios de comunicação: seus acionistas respondem por até 70% do rádio, da imprensa e da televisão mexicana.
Escândalo da Odebrecht: plutocracia como modelo político?
Para alguns autores e pesquisadores como Hernán Gómez Bruera, o escândalo da Odebrecht responde a uma espécie de plutocracia na América Latina, pois se tratava de um aglomerado de transações corruptas em que o acesso ao poder era posto à venda como se tratasse de de mais um bom.
O caso Odebrecht é considerado um dos mais graves escândalos de corrupção em escala internacional, já que diversos líderes da América Latina e alguns da Europa estiveram envolvidos neste evento.
É uma espécie de plutocracia no sentido mais pejorativo da palavra, pois as grandes empresas obtinham favores e contratos por meio de diversos políticos latino-americanos, que se enriqueciam com a venda de recursos públicos.
Sabe-se que a empresa de infraestrutura Odebrecht financiou várias campanhas presidenciais, como a do ex-presidente Juan Manuel Santos, na Colômbia, e Michel Temer, no Brasil, que aceitou até três milhões de dólares para comprar a vice-presidência.
Consequências
Uma das principais consequências da plutocracia é que leva ao aumento da desigualdade social, uma vez que não há redistribuição equitativa da riqueza porque ela é distribuída por meio de atos de corrupção e favorecimento.
Este fato favorece apenas a elite econômica, deixando de lado a maioria dos cidadãos.
Além disso, a plutocracia também impede o desenvolvimento saudável e transparente da democracia, que resulta em uma série de interesses secretos ou ocultos dentro da margem política.
Consequentemente, pode haver tensões dentro da esfera econômica, que atende às necessidades das pessoas.
Referências
- Atienza, R. (sf) Considerações sobre o termo Plutocracia. Retirado em 1 de março de 2019 da Rasbl Magazines: institucional.us.es
- Bruera, H. (2017) Plutocracy as a model. Obtido em 1 de março de 2019 de El Universal: eluniversal.com.mx
- Reiner, R. (2013) Quem governa? Democracia, plutocracia, ciência e profecia no policiamento. Obtido em 1º de março de 2019 em ResearchGate: reseachgate.net
- Sanders, B. (2018) The Power of Plutocracy. Recuperado em 1 de março de 2019 de El Grano de Arena: archive.attac.org
- Villarroya, A. (2015) Rumo à configuração de uma plutocracia global. Obtido em 1 de março de 2019 de Fes Sociología: fes-sociología.com
- Vizcaíno, G. (2007) Ensino superior na América Latina, Democracia ou plutocracia? Recuperado em 1º de março de 2019 da Biblioteca Virtual CLACSO: Bibliotecavirtual.clacso.org.ar