- Psicologia social e comportamento social
- Comportamento social de acordo com traços de personalidade
- Como é alguém socialmente aberto?
- Timidez
- Pessoas coletivamente e em massa
- Linguagem: a ferramenta essencial
- Conclusões
O comportamento social é definido como qualquer conduta dirigida à sociedade e está sendo estudada principalmente sob a perspectiva da psicologia, biologia ou sociologia. Existem termos que da Etologia ou da Biologia convém esclarecer.
Existem poucos animais tão sociais quanto os humanos. Precisamos que os outros se conheçam, mantenham uma saúde mental equilibrada e até sobrevivam. Somos seres completamente gregários.
Existem padrões de comportamento animal que também são puramente sociais: enquanto as abelhas formam uma rede de relacionamentos, comunicação e hierarquia com outros membros de sua espécie, os ratos ficam literalmente deprimidos se estiverem sozinhos em uma gaiola (o que não acontece se eles têm outra com quem interagir).
O comportamento social ocorre dentro da mesma espécie, ou seja, trata-se apenas de comportamentos ou relacionamentos intraespecíficos. Por outro lado, outros comportamentos, como predação ou parasitização, envolvem membros de outras espécies (relações interespecíficas) e, portanto, não são considerados sociais.
Desde a antiguidade, e das mãos de filósofos tão influentes no pensamento ocidental como Aristóteles, a relevância do comportamento social e da sociedade para a vida das pessoas já estava sendo traçada.
Para o polímata, o ser humano era um animal social cuja esfera privada era indissociável da social, pois é na sociedade que as pessoas se formam moralmente, sendo cidadãos e se relacionando com o meio ambiente.
Hoje, a psicologia moderna bebe de pontos de vista como o cognitivismo ou o estudo da personalidade para abordar o comportamento na sociedade. Essa ótica será precisamente o que falaremos a seguir.
Não podemos esquecer um aspecto fundamental do comportamento social dos seres humanos: a linguagem. Isso é desenhado como a principal ferramenta para tornar isso possível. Também falaremos sobre comunicação e linguagem não verbal mais tarde.
Psicologia social e comportamento social
A psicologia social é responsável por investigar o comportamento social. Parte-se do pressuposto de que os processos psicológicos (cognitivos) estão por trás dos seres humanos quando se trata de perceber e se comportar em relação à sociedade e que são decisivos para saber como ela funciona. Da mesma forma, a psicologia social assume que somos constantemente influenciados pela sociedade (mesmo quando estamos sozinhos).
Da mesma forma, a psicologia social também estuda as leis e "contratos comportamentais" pelos quais a coexistência e a internalização das normas culturais são governadas.
Outros tópicos que se enquadram no estudo da psicologia social e sobre os quais falaremos neste artigo são:
─ Personalidade, destacando extroversão e introversão.
─ Timidez.
─ Coletividade e psicologia das massas.
─ Comunicação e linguagem.
Comportamento social de acordo com traços de personalidade
Sem dúvida, um dos campeões do estudo das características e atributos pessoais foi o psicólogo Eynseck, que criou um sistema multidimensional, ou seja, as seguintes categorias que compõem um continuum bipolar
Embora a intenção deste autor não fosse explicar o comportamento social, isso nos ajudará a enriquecer nossa visão desse fenômeno.
Eynseck classificou os traços de personalidade mais importantes e definidores em três categorias distintas que ainda hoje são levadas em consideração em vários testes e inventários. Estes são:
─ Psicoticismo: é o nível de impulsividade que uma pessoa demonstra para com outras pessoas ou para situações específicas, bem como uma tendência para correr riscos. Embora possamos associar essa dimensão a atributos negativos, Eynseck promulgou que as pessoas com altas pontuações em psicoticismo também são as mais criativas por serem dominadas por pensamentos divergentes e pela transgressão do convencionalismo social.
─ Neuroticismo: marca o quão emocionalmente estável uma pessoa é. Quanto maior a pontuação nesta dimensão, mais instável (neurótico) o indivíduo será.
─ Extroversão: é o traço que mostra mais interesse na explicação do comportamento social. Como dissemos, é um continuum em cujas extremidades está a extroversão, de um lado, e a introversão, do outro.
Esta dimensão define puramente o comportamento em relação à sociedade: ou você está aberto ou está sozinho. Enquanto o extrovertido se abre para a sociedade, é falante, interage com os outros e gosta de estar perto das pessoas, o introvertido se manifesta como uma pessoa reservada e tende à solidão buscada.
É importante diferenciar entre um tímido e um introvertido. Um introvertido prefere não se cercar de muitas pessoas. Podemos dizer que ele é melhor sozinho, o que não significa que ele não tenha habilidades sociais. A pessoa tímida, porém, é aquela que tem dificuldade em se cercar de pessoas e interagir com elas, apesar de seu desejo.
Com relação à introversão, Carl Jung, discípulo de Freud, definiu a introversão como uma atitude mais voltada para o nosso "conteúdo psíquico interno" do que para o mundo externo.
Como é alguém socialmente aberto?
Ou o que é igual, como é extrovertido, segundo Eynseck e Jung? como se comporta? Como disse Jung, os extrovertidos são mais orientados para o "mundo exterior" e, portanto, buscam mais interação social do que os introvertidos. Dessa forma, eles realizarão uma série de comportamentos que "atraem" as pessoas.
Por exemplo, não é incomum ver que pessoas mais sociáveis ou mais abertas tendem a decorar mais seus espaços de trabalho ou seus escritórios, manter as portas de seus escritórios abertas ou se vestir de forma mais visível.
Também podemos recorrer a outros exemplos mais cotidianos: se nos consideramos extrovertidos, raramente, quando chega o fim de semana, ficaremos em casa assistindo a um filme ou lendo, comportamentos muito mais típicos dos introvertidos.
Por outro lado, também existem trabalhos que se relacionam com extrovertidos ou introvertidos. Trabalhos de laboratório ou pesquisa exigirão perfis mais introvertidos, enquanto outros cargos, como coordenadores ou supervisores de projetos, relações públicas ou setores de turismo são propícios a uma pessoa extrovertida se sentir em seu elemento e desenvolver suas habilidades.
Embora cada um de nós esteja mais próximo de um pólo do que do outro, não há dúvida de que o ser humano tem capacidade de adaptação à situação e, portanto, haverá ocasiões em que nos comportamos de forma mais aberta ou reservada dependendo das circunstâncias.
Assim, em vez de falar de introvertidos e extrovertidos per se, seria mais correto dizer "predominantemente introvertidos" ou "predominantemente extrovertidos".
Timidez
Outro comportamento social (embora possamos chamá-lo de «comportamento anti-social») é a timidez, que é definida como o sentimento de insegurança ou mesmo vergonha que uma pessoa sente quando confrontada com novas situações sociais em geral (embora a timidez também possa ser vivenciada em contextos que não eles são novos para nós)
Também pode ser um estado de espírito que interfere nas relações sociais e que, em certos extremos, pode ser prejudicial ou patológico, pois impede a pessoa de usufruir de uma vida social plena que, como sabemos, é essencial para manter uma saúde mental equilibrada..
Como já dissemos em parágrafos anteriores, é muito comum confundir introversão com timidez quando a primeira é apenas um traço de personalidade que não impõe nenhum problema ou influencia a função social da pessoa, enquanto a timidez pode reduzir o desenvolvimento deste.
A timidez, por sua vez, vai muito além e pode estar associada a várias patologias e condições; por exemplo, transtornos de ansiedade: mais especificamente, ansiedade social, que pode levar a verdadeiros ataques de pânico.
No entanto, a timidez também tem seu lado positivo. Normalmente, as pessoas tímidas tendem a ter certas características ou atributos que as tornam especialmente leais a seus conhecidos, possivelmente devido à incapacidade de se relacionar com novas pessoas ou de fazer mais amigos.
Também se destacam pelo caráter calmo, prudente e não agressivo. Provavelmente não conhecemos uma pessoa tímida que tenha demonstrado comportamento violento ou expressado raiva.
Pessoas coletivamente e em massa
Outro fenômeno estudado pela psicologia social está relacionado ao comportamento de massa ou quando formamos um coletivo, as forças são otimizadas? Existe uma sinergia positiva ou acaba sendo o oposto?
O estudo da psicologia das massas surge principalmente da tradição psiconalítica. O que se tenta é explicar a influência das ações de grandes grupos sobre a pessoa isolada; ou seja, sobre a identidade deste, e como essas ações repercutem nos movimentos políticos ou culturais, entre outros.
Se nos voltarmos para o sociólogo LeBon, podemos encontrar uma definição muito precisa do comportamento das massas: agrupamento humano com os traços de perda de controle racional, maior sugestionabilidade, contágio emocional, imitação, sentimento de onipotência e anonimato para o indivíduo.
Como podemos ver, no comportamento de massa existem vários fenômenos comportamentais, cognitivos e emocionais que podem ser rapidamente identificados: há, por exemplo, a difusão da responsabilidade e até mesmo na loafing social (na presença de alguém ou de um grupo pessoas, as pessoas tendem a diminuir sua produtividade ou desempenho). Além disso, uma identidade de grupo muito forte é criada.
Vejamos por quais elementos a "entidade" é caracterizada, denominada por sociólogos e psicólogos de "massa":
─ Grupos que se unem em torno de uma necessidade ou objetivos comuns.
─ Um líder que toma as rédeas.
─ Sentimentos de identidade e pertença.
─ Coesão, totalidade e homogeneidade dos membros.
─ Seus componentes são maleáveis e facilmente manipulados.
Depois de ler essas características listadas, temos certeza de pensar em grupos sectários ou até mesmo em questões mais rudes, mas a verdade é que esses fenômenos podem ocorrer em quase qualquer grupo ou associação de pessoas praticamente sem perceber.
Nem são elementos negativos ou patológicos per se: por exemplo, é necessário haver um líder em quase qualquer grupo que se preze e, à medida que o grupo amadurece, os sentimentos de identidade e pertença vão parecer cada vez mais fortes.
Linguagem: a ferramenta essencial
Bem sabemos que a base do comportamento social é, nem mais nem menos, a linguagem, graças à qual podemos transmitir mensagens ou intenções complexas. Sem dúvida, um dos teóricos mais influentes no estabelecimento dos princípios da linguagem e, portanto, do comportamento social foi Watzlawick e seu grupo.
Ele estabeleceu 5 princípios ou axiomas que sustentam a comunicação humana, e são os seguintes:
─ É impossível não se comunicar: até o silêncio pode falar. Na verdade, basta pensar nos momentos de silêncios incômodos e nas sensações que eles nos transmitem e que certamente todos vivemos.
─ A comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto relacional: o aspecto de conteúdo refere-se ao que a mensagem, vazia (sem elementos de prosódia da voz, por exemplo) quer nos dizer. O componente relacional refere-se à "imposição" de comportamentos, como uma ordem, que pode denotar uma hierarquia vertical (de uma pessoa superior a uma inferior).
─ A natureza de um relacionamento depende da gradação que os participantes fazem das sequências comunicacionais entre eles: isso, que parece tão complexo, é simplesmente como o fluxo de comunicação é estruturado e como os comunicadores se retroalimentam.
─ A comunicação humana envolve duas modalidades: digital e analógica: digital sendo o que não se diz; isto é, comunicação não verbal, e o que é analógico é o que é dito corretamente.
─ Existem dois tipos de trocas comunicacionais -simétricas e complementares-: no primeiro caso, se, por exemplo, o nosso parceiro nos reprova por um determinado comportamento, iremos reprová-lo duas vezes mais. No segundo caso, se nosso pai ou mãe tem um comportamento autoritário e nós agimos obedientemente, estaremos complementando nossos comportamentos de forma recíproca.
Conclusões
Como vimos, o comportamento social é na verdade um amálgama bastante intrincado de relações de feedback, uma vez que o comportamento de uma pessoa afeta o comportamento de outra, formando um efeito borboleta.
Claro, entender o comportamento social em sua totalidade é uma tarefa praticamente infinita, em parte porque na sociedade somos ainda mais imprevisíveis do que individualmente.