- Antecedentes e história do Édito de Milão
- Características e influências do Édito de Milão
- Outras conotações sobre o Édito de Milão
- Referências
O Édito de Milão foi uma proclamação promulgada pelo Império Romano na década de 300 que declarava a liberdade de religião e a cessação da perseguição aos crentes de diferentes grupos religiosos em Roma.
O principal beneficiário dessa promulgação foi o cristianismo. Este édito foi o resultado de um encontro oficial entre o imperador Constantino I, o Grande (que governava a região ocidental de Roma) e Licínio (governante dos Bálcãs e da região oriental).
O Édito de Milão expande a tolerância religiosa ao conceder status legal ao Cristianismo dentro do Império Romano.
Só mais de meio século depois é que o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano. O Édito de Milão é considerado um importante antecedente desse acontecimento.
Quando o Edito de Milão foi promulgado, o cristianismo tinha uma presença no Império Romano que chegava a cerca de 1.500 sedes episcopais e pelo menos cerca de 6 milhões de paroquianos, dos 50 que formavam a população total do império.
Antecedentes e história do Édito de Milão
A partir do século II, o crescimento constante da população cristã resultou em medidas de perseguição e violência tomadas pelos imperadores da época: Diocleciano e Galério, que conspiraram uma série de medidas atrozes com o intuito de dizimar o Cristianismo dentro do Império Romano.
Demolição e queima de igrejas e templos cristãos, destruição de exemplares da Bíblia, captura, tortura e assassinato de padres e autoridades eclesiásticas, privação dos direitos civis de cidadãos que se proclamam fiéis cristãos, pena de morte para cristãos e sacrifícios como tributo para os deuses romanos foram algumas das medidas que procuraram destruir o Cristianismo.
No entanto, visto que os resultados dessas decisões não acabaram por erradicar a presença cristã nos territórios romanos, outras decisões tiveram que ser tomadas, desta vez dirigidas por Galério, que buscava um salvo-conduto que já fosse social e politicamente vantajoso para então.
O antecedente mais próximo ao Édito de Milão foi o Édito de Tolerância promulgado pelo imperador Galério apenas dois anos antes.
Isso, embora não oficializasse o cristianismo, o tornava legalmente tolerável, desde que os cristãos orassem a seu Deus pelo bem do império e de seus concidadãos. Apesar da tolerância com os crentes, as autoridades romanas confiscariam todas as suas propriedades.
Antes desse acontecimento, durante o século II, as culturas e grupos contrários ao trono imperial se encontrariam na diatribe de defender ou perseguir os cristãos, em consonância ou dissonância com as decisões imperiais.
Estudos históricos estimam que o Édito de Tolerância de Galério, que seria reforçado pelo Édito de Milão (momento em que todos os bens usurpados dos cristãos seriam devolvidos a eles), era uma conspiração contra o governante, na época de a região oriental do império: Maximinus Daia, que promoveu a perseguição cristã em seus territórios.
Outro fenômeno relacionado à concepção do Édito de Milão é atribuído a Licínio e sua ambição de reunificar o Império Romano, posicionando-se contra Constantino I.
Licínio libertou o exército sob seu comando da obrigação de obedecer ao Édito de Tolerância, permitindo-lhes continuar a perseguição e caça aos cristãos para obter seu apoio.
Desta versão nasceram algumas lendas sobre a horrenda tortura a que foram submetidos os cristãos e sobre o aparecimento e intervenção dos anjos de Deus em favor dos mártires que nunca abandonaram a fé diante dos romanos.
Características e influências do Édito de Milão
Há quem considere a possibilidade de o Édito de Milão nunca ter sido promulgado como tal.
Os vestígios e a correspondência descoberta pertencentes a Constantino I, apresentaram as intenções finais que o Edito teria, mas não neste formato, mas como desejo do Imperador.
Outra versão afirma que o Édito de Milão não foi promovido e promulgado por Constantino I, mas por Licínio. Ambas as versões da encenação de iniciação apresentam seu próprio lote de ceticismo e crítica.
Conforme mencionado, o Édito de Milão legitimava o respeito e o reconhecimento da religião cristã. A perseguição e tortura de paroquianos cristãos foi interrompida e todos os bens e bens confiscados foram devolvidos.
O Edito não significaria oficialização instantânea, mas proporcionaria aos cristãos, que representavam mais de 10% da população do Império Romano, a segurança para consolidar suas crenças e expandir sua comunhão.
Afirma-se que a promulgação do Édito de Milão gerou dois fenômenos de grande impacto: a expansão gradual da Igreja e uma forte transformação interna do Império Romano.
O poder e a influência da Igreja começaram a aumentar a ponto de introduzir sua religião nos escalões mais altos do império, o que serviu de impulso para acabar se consolidando como religião oficial.
Embora a promulgação do Édito de Milão seja considerada um dos principais atos de Constantino como imperador a favor do Cristianismo, estudos têm considerado que esta decisão não se deveu necessariamente a um alto nível de fé cristã inerente a Constantino e sua preocupação pelos cristãos Mas antes um medo da intervenção divina do Deus cristão, a quem o imperador considerava a única grande divindade.
Outras conotações sobre o Édito de Milão
Tem sido uma conjectura comum que o Édito de Milão não surge como uma promulgação concebida diretamente em termos do bem-estar dos cidadãos cristãos, mas com base na satisfação divina.
Ele tentaria decretar uma série de medidas que poderiam ganhar a simpatia de Deus e assim garantir a sobrevivência da prosperidade do Império Romano por décadas e séculos.
Talvez tenha sido a importância teológica que deu ao Édito de Milão um dos fatores que acabou transformando o Império Romano, após séculos de resistência, em uma sociedade cristã, dando à Igreja forças para superá-lo durante séculos, até hoje..
Referências
- Anastos, MV (1967). O Édito de Milão (313): Uma defesa de sua autoria e designação tradicionais. Revue des études byzantines, 13-41.
- Chapa, J. (12 de abril de 2016). Qual foi o Édito de Milão? Obtido no Opus Dei.
- Martínez, JM (1974). Constantino, o Grande e a Igreja. Janus, 80-84.
- Medina, C. d. (2013). Édito de Milão do ano 313. Obtido na Universidade Católica da Santa Conceição: ucsc.cl
- Petts, D. (2016). Cristianismo na Grã-Bretanha romana. Em The Oxford handbook of Roman Britain (pp. 660-681). Oxford: Oxford University Press.